Deo e Marco (1967)

O TM já ofereceu a seus amigos cultos e ocultos vários álbuns de Marku Ribas (pseudônimo de Marco Antônio Ribas, Pirapora, MG, 19/5/1947-Belo Horizonte, MG, 6/4/2013), cantor, compositor, dançarino, percussionista e ativista político, filho de pai negro e mãe descendente de índios caiapós. Dono de um estilo musical peculiar, com diversos elementos da blackmusic, ele inovou ao utilizar o próprio corpo como instrumento de percussão. Em sua voz, harmonias e melodias improvisadas em qualquer ritmo, o seu estilo de cantar e inventar palavras e frases com diferentes sonoridades influenciou e continua a influenciar diferentes gerações de músicos, de estilos variados. Entre eles, Ed Motta, grande admirador de sua obra, que inclusive organizou a compilação “Zamba bem”, lançada em 2007. Pois hoje o TM oferece um disco que hoje tem inestimável valor histórico, pois documenta o início da carreira de Marku Ribas. Ele atuava, desde 1962, como baterista e cantor do grupo Flamingo. Cinco anos mais tarde, 1967, ele transferiu-se para São Paulo junto com o amigo e parceiro Deo. E é justamente quando gravam, para a Continental, então sob a direção artística de Alfredo Borba, seu único LP juntos, este “Deo e Marco”, ficando os arranjos e regências por conta do maestro Antônio Porto Filho, o Portinho. Na capa, eles aparecem ao lado de um avião biplano Fleet, encomendado  especialmente para servir durante a Revolução Constitucionalista de 1932 (Marco, o futuro Marku Ribas, é o que está de pé). Outra curiosidade fica por conta da contracapa, na qual são relacionadas as características do avião e da própria dupla. Nessa época, a Jovem Guarda ainda estava no auge, e era preciso aproveitar a onda. Tanto que as doze faixas do disco, todas de autoria dos próprios intérpretes, seguem o estilo da época, alternando iê-iê-iês e baladas românticas. Mesmo tendo passado despercebido à época de seu lançamento, “Deo e Marco” vale como precioso documento, como diz a contracapa, das “inimagináveis” possibilidades de seus intérpretes, particularmente Marco, quer dizer, Marku Ribas, que depois iria revelar-se um dos músicos mais criativos e inovadores que a música popular brasileira já conheceu em toda a sua história. A conferir, sem falta.

sinta comigo
vou lhe dar tudo de bom
tentei fugir
um dia de sol
serei sincero
ri
meu tempo de criança
sozinho na praia
teu olhar em meu olhar
jardim de primavera
prisioneiro da ilha
esperança

*Texto de Samuel Machado Filho

Programa Especial Vol. 2 (1979)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Intercalando as postagens do amigo Samuca, aqui vai mais um volume da série “Programa Especial”, da Polygram. Neste segundo volume temos Gilberto Gil, Marku Ribas, Jorge Ben (Benjor) e Emílio Santiago distribuídos democraticamente nas doze faixas deste lp. Uma seleção impecável, exceto pelo número de músicas. No mais, excelente 😉

nega – emílio santiago
sítio do picapau amarelo – gilberto gil
barrankeiro – marku ribas
taj mahal – jorge ben
vida mare – emílio santiago
refazenda – gilberto gil
eu só quero um xodó – gilberto gil
cruzeiro do sol – marku ribas
que pena – jorge ben
por uma vez só – emílio santiago
ô mulher – marku ribas
xica da silva – jorge ben
.

Marku Ribas – Marku (1973)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Domingo triste esse… Ontem a noite faleceu o Mestre Marku Ribas, vítima de um câncer. Ele estava nessa peleja desde o ano passado, quando então foi contatada a doença. Imagino como deve ter sido a barra neste seu último ano, principalmente sendo ele um cara tão ativo e irriquieto. Tive o prazer de conviver com ele em várias situações. Chegamos certa vez a dividir um quarto num hotel em Diamantina, quando então participavamos de um Festival de Inverno, da UFMG. Ele era realmente um Ser Musical, até nas nossas conversas a coisa rolava em forma de música. Sempre batucando com as pontas dos dedos, caminhavamos pelas ladeiras geladas da cidade. Numa dessas noites viramos sozinhos uma garrafa de whisky. Eu nem acreditei que tivesse bebido tanto. Mas ainda bem que foi um scotch, pois se fosse vodka eu nem nem lembraria desse caso. Pois é… a vida é assim, as coisas são assim… Tô mesmo muito triste 🙁
Em sua homenagem, faço aqui este post, trazendo o que foi um de seus primeiros trabalhos, lançado em 1973 pelo selo Underground (que muitos pensam ser o nome do trabalho).O disco foi uma produção dirigida por Cesare Benevenutti e contou arranjos e regências do maestro Erlon Chaves e supervisão musical de outro maestro, Leo Peracchi. No álbum vamos encontrar um repertório inteiramente autoral, com um originalidade abusiva e influências das mais distintas, fruto de suas pesquisas viajando pela Africa e Caribe. O álbum, em sua primeira edição saiu em capa dupla. Teve alguns problemas com a Censura, mas malandro que é malandro não bobeia… Conseguiu fazer o disco assim como queria. Aqui, o grande destaque é a faixa “Zamba Ben”, música que a cada nova década ganha mais admiração, atualíssima!
Este disco, assim como toda a discografia do artista, voltou à tona muito graças ao trabalho de divulgação em blogs e sites especializados. E isso que eu estou dizendo são praticamente as palavras do artista.
Valeu Mestre! Vai com Deus! Vai tocar ao lado de tantos outros que se foram, lá no céu.
zamba ben
5,30 schoelcher
o adeus segundo maria
n’biri n’biri
porto seguro
pacutiguibê iaô
madinina
matinic moins
orange lady

Marku Ribas – Mente & Coração (1980)

Boa noite, amigos caros cultos, ocultos e associados. Hoje eu estou aqui apenas por honra da firma. Tô que não me agüento em pé. Parece que eu levei uma surra. Não sei se é gripe ou dengue (vixiii…)

Lá vou eu recorrer aos ‘discos de gaveta’. Vou trazendo para vocês, “Mente & Corção”, quinto álbum lançado pelo cantor e compositor mineiro, Marku Ribas, em 1980, através selo Philips. Disco super inspirado, com praticamente quase todas as músicas de sua autoria. Na banda tocam com ele Helvius Villela, Arthur Maia, Téo Lima e Renato Piau. Para completar tem também os convidados que engrossam mais o caldo, como é o caso de Ed Maciel e João Donato. Quem ainda não conhece, eu dou o toque, vale conferir… 😉

mente & coração

choro verde

será bem melhor

quem pede, pede

as vozes não mentem

nunca vi!!!

só você

olha a brecha

novo dia

limites naturais

Rock Bamba (1985)

Prenunciando um novo momento, vamos gradualmente saindo do rock em busca de outros ritmos e gêneros, que fazem da música popular brasileira um leque dos mais variados. Hoje eu estou trazendo uma coletânea chamada Rock Bamba. Uma copilação de músicas e artistas tão insólita quando o desenho da capa. Rock Bamba estaria mais para rock samba ou samba rock, mas vai entender o que passa na cabeça de quem produziu este disco? Isso sem falar no desenho amador representando mais um estilo ‘break-street-dance’ (será que existe?) do que rock ou mesmo o samba rock. É preciso ser muito bamba para entender isso. Contudo e apesar dos pesares, eles conseguiram reunir alguns artista/fonogramas muito interessantes. Este disco, pelo que tudo indica, não foi feito para ser comercializado. Me parece que foi criado como brinde. Daí a razão pela qual ele não segue um padrão. Temos aqui quatorze faixas com músicas que foram sucesso no período de dez anos, de 1968 a 78. Algumas inclusive, gravações raras. Vejam só o que temos para ouvir com outros olhos…

como vovó já dizia – raul seixas
beira d’água (a festa) – erasmo carlos e marku ribas
magnólia – jorge ben
colcha de retalhos – marku ribas
a minha menina – mutantes
domingas – jorge ben
cuidado com o buldog – wilson simonal
haroldo o robot doméstico – erasmo carlos
a noite vai chegar – lady zu
a lenda de bob nelson – erasmo carlos
eu também quero mocotó – banda veneno de erlon chaves
sofre – tim maia
coqueiro verde – trio mocotó
a princesa e o plebeu – jorge ben

Marku Ribas – Autoctone (1991)

Azeitando um pouco mais o dia (ou noite?) ou somando a este, temos a presença do grande Markú Ribas e seu “Autoctone”, álbum independente lançado em 1991. Um disco realmente genial e repleto de feras da música mineira (ou porque não dizer brasileira?). Só para se ter uma idéia, paricipam figuras como Toninho Horta, Célio Balona, Dércio Marques, Juarez Moreira, Titane e muitos outros, que vocês podem conferir no encarte anexo. No repertório encontramos composições próprias da melhor qualidade, como “Tamarrêra”, “Favela Blues” e “Mussulo”. Mas chamo a atenção para “Banana Boat Song” e “Mais Que Nada”. Ficaram muito boas… 10!

kalimba
favela blues
made in brasil
mas que nada
karijó
banana boat song (day-o)
mussulo
retrato latino
n’biri n’biri
tamarrêra

Marku Ribas – Barrankeiro (1978)

Este é um artista que eu conheço bem. Um talento nato que ao longo se sua carreira nunca teve o merecido reconhecimento. Talvez, em parte, isso acontece porque o cara é meio avesso a modismo e normas estabelicidas por produtores e gravadoras. Isso faz dele um rebelde, um ser autônomo no mundo da música. Ele está em todas, mas não entra em nada. Já tocou com deuses (Stones) e o mundo. Tem emprestado seu talento para dezenas de artistas e de um tempo prá cá, graças principalmente a rede, tornou-se cultuado pelas novas gerações. Embora esteja na estrada a muito tempo, de seus foram poucos discos. Mas em todos, esbanjando um brutal talento. Não entrarei em detalhes sobre este disco, deixo para que vocês o descubram. Aos poucos, irei postando seus outros discos. Toque este toque…
01 – colcha de retalho
02 – quem sou eu
03 – barrankeiro
04 – cruzero do sol
05 – maleme
06 – a lua e o rio
07 – com o apito do vapor
08 – nessa ela me amarrou
09 – kelé
10 – ô mulher x
11 – delícia de damasco
12 – kalenda