Ismael Silva & Noel Rosa – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol.87 (2014)

Estamos de volta com o Grand Record Brazil, agora em sua edição de número 87, apresentando a terceira e última parte de nosso retrospecto sobre Ismael Silva (1905-1978), um dos grandes nomes do samba. Focalizamos aqui o Ismael intérprete, apresentando sete gravações , com seis músicas de outros autores ( em 78 rpm Odeon) e uma regravação de samba dele próprio (em LP Sinter). Nossa primeira faixa é “Louca”, samba de Bucy Moreira, neto da lendária Tia Ciata, gravado por Ismael na “marca do templo” em  3 de setembro de 1931, disco 10835-B, matriz 4297. Na faixa  3 está o lado A, “Samba raiado”, de Marcelino de Oliveira, matriz 4296. Em seguida temos outro samba, “Escola de malandro”, um dueto de Ismael Silva com Noel Rosa, feito pelo Poeta da Vila em parceria com Orlando Luiz Machado (só este foi creditado como autor no selo). Gravação de 15 de setembro de 1932, disco 10949-B, matriz 131447 (por esse número, a matriz é certamente é uma “sobra” da Parlophon, subsidiária da Odeon, desativada naquele ano).  O lado A, matriz 131292, gravado em 25 de novembro de 1931, é outro samba, que desta vez Ismael canta solo, “Carinho eu tenho”, de autoria do lendário Sylvio Fernandes, o Brancura, célebre malandro do Estácio. Em seguida, mais um dueto de Ismael Silva com Noel Rosa, a marchinha ‘Seu Jacinto”, composição só de Noel, gravada na “marca do templo” em 27 de outubro de 1932 e lançada em janeiro de 33 para o carnaval, disco 10953-A, matriz 4534. No lado B, Ismael e Noel também cantam juntos “Quem não dança”, samba só do Poeta da Vila, gravado dias mais tarde, em 17 de novembro de 1932, matriz 4552. Em ambas as faixas, com acompanhamento do Grupo Gente Boa, está bem destacada no coro a voz de Francisco Alves.
Em seguida, uma regravação de Ismael Silva para um hit seu de 1932, em parceria com Noel Rosa  e Francisco Alves, lançada  originalmente pela dupla Jonjoca-Castro Barbosa: o samba “Adeus”, faixa 2. Teria sido composto em homenagem póstuma a Nílton Bastos, falecido pouco antes, mas a dúvida fica por conta dos versos “Sem teu amor/ esta vida não tem mais valor”. Este registro foi lançado pela Sinter em novembro de 1955, no primeiro LP-solo do compositor, o 10 polegadas “O samba na voz do sambista”.  E, para completar este programa, já que Ismael canta três faixas em dueto com Noel Rosa (1910-1937), ele aqui aparece como nosso “convidado especial”, com cinco antológicas gravações Columbia, todas elas sambas, feitos por ele com a maestria e a genialidade de sempre.  Pra começar, “Felicidade”, parceria de Noel com Renê Bittencourt, lançado em fevereiro de 1932, disco 22083-B, matriz 381159. Na edição impressa, levou o subtítulo “Que bom, felicidade, que vai ser!”, verso final do estribilho. Em seguida, temos o magnífico e não menos genial “Coisas nossas”, em que Noel sintetiza e apreende a alma e os costumes do povo de seu Rio de Janeiro natal,  Teria sido apresentado  também no  filme “Coisas nossas”, um musical de sucesso de bilheteria, cujo título  teria sido tirado exatamente deste samba (informação esta passível de confirmação),  e do qual não restaram cópias. Saiu pela Columbia em março de 1932, sob n.o 22089-B, matriz 381168. O verso, matriz 381176, é ‘Mulher indigesta”, que, se fosse lançado hoje, provocaria a indignação de muitas feministas…  Noel é aqui acompanhado pelo misterioso grupo Os Sete Diabos, nome talvez aleatório.  “Mentiras de mulher” é o outro lado de “Felicidade”, matriz 381158, e é cantado por Noel, que o fez sem parceria, junto com Artur Costa, ator de revistas e também compositor, que no entanto só participa do estribilho, e Noel o interpreta praticamente sozinho. Finalizando a especialíssima participação de Noel nesta edição, ele canta sua obra-prima em parceria com Orestes Barbosa, “Positivismo”, que a Columbia pôs nas lojas em setembro de 1933 sob n.o 22240-B, matriz 381530. Não poderia encerramento com melhor chave de ouro do que este, para esta edição do GRB. Até o nosso próximo encontro, amigos cultos, ocultos e associados!
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

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