Diana – Uma Nova Vida (1975)

Hoje, o Toque Musical põe em foco uma das cantoras mais populares da década de 1970, representante  da chamada música brega, termo que já foi extremamente pejorativo e negativo, sinônimo de cafona, mas que hoje tem um outro significado, designando música popular de fácil assimilação. Estamos falando de Ana Maria Siqueira Iório, mais conhecida como Diana. Ela é carioca de Botafogo, tendo crescido no do Leblon, e veio ao mundo no dia 2 de junho de 1954, filha de Regina Siqueira e Osvaldo Iório. Sua batalha por um lugar ao sol nos meios artístico-musicais iniciou-se em 1968, quando gravou seu primeiro disco, na Philips, um compacto simples com as músicas “Não me deixe mais” e “Confia em mim”. Um ano mais tarde, grava o segundo single, na Caravelle, interpretando “Menti pra você” e “Sítio do Pica-Pau Amarelo”. Nessa época, ela conheceu um outro cantor que também estava em início de carreira, Odair José, e ambos passaram a viver juntos. Em 1970, Diana é contratada pela CBS, com o objetivo de substituir Wanderléa, que tinha ido para a Philips, e seu compacto de estreia nessa gravadora (selo Epic) trouxe as músicas “Não chore, baby” e “Eu gosto dele”. Passou então a ser produzida por Raul Seixas, futuro ícone do rock brazuca, então conhecido como Raulzito. E ele compôs, em parceria com Mauro Motta, o primeiro grande sucesso de Diana, lançado em 1971: “Ainda queima a esperança” (”Meus parabéns agora/ e feliz aniversário, amor/ Estás feliz agora/ depois que tudo acabou”…). Foi o pontapé inicial para inúmeros outros sucessos, bastante executados pelas rádios AM de cunho popular (o FM ainda engatinhava no Brasil): “Por que brigamos?” (versão de um hit de Neil Diamond, “I am… I said”, regravada até mesmo por duplas sertanejas), “Canção dos namorados”, “Hoje sonhei com você”, “Estou completamente apaixonada”, “Esta noite minha vida vai mudar”, “No fundo de minha alma”, “A música da minha vida”, “Uma vez mais”, “Foi tudo culpa do amor” etc. Diana e Odair José casaram-se oficialmente em 1973, mas já nessa época os dois já viviam às turras, o que desencadeou a conturbada separação do casal, em 1975. Um ano depois, nasceu a filha de ambos, Clarice, e, entre idas e vindas, a união de Odair e Diana só terminou definitivamente em 1981. Conhecida como “a cantora apaixonada do Brasil” e “a voz que emociona”, Diana tem, em sua discografia, nove álbuns, entre LPs e CDs, e inúmeros compactos. A partir dos anos 80, afastou-se progressivamente do disco e da mídia, mas nunca deixou de fazer apresentações por todo o Brasil, continuando a receber os aplausos e o carinho do público. “Uma nova vida”, que o TM hoje nos oferece, é o quarto álbum de estúdio da nossa Diana, lançado pela Polydor/Phonogram em 1975. O  disco traz músicas que diferem substancialmente  dos trabalhos anteriores da cantora, que ainda expressavam fortes reminiscências do iê-iê-iê e da Jovem Guarda. Com a produção dos competentíssimos Jairo Pires e Tony Bizarro (que por sinal assina uma das faixas, “Se você tentasse”, aliás a primeira música soul gravada por Diana), este álbum tem arranjos muito bem elaborados, levando a assinatura de José Roberto Bertrami  (líder da banda Azymuth, que também participou dos acompanhamentos em algumas faixas) e Luiz Cláudio Ramos, que oscilam da MPB à “soul music”. Das doze faixas, sete são de autoria da própria Diana, entre elas a divertidíssima “Lero-lero” (“Vou arranjar um alguém/ que ponha você no chinelo”), por certo a música desse trabalho que mais repercutiu. Outro destaque fica por conta da faixa de abertura, “Ainda sou mais eu”, versão do clássico do reggae “I can see cleary now”, de Johnny Nash.  O curioso é que a faixa-título, “Uma nova vida”, foi composta pelo ex-marido de Diana, Odair José, e gravada originalmente por Rosemary, em 1974, mas o sucesso da música, ironicamente, só aconteceria na voz de Diana! Com essas e outras credenciais, além do impecável padrão técnico de gravação da Phonogram na época, este “Uma nova vida”, além de ser bastante representativo na carreira discográfica de uma intérprete de forte apelo popular, como Diana, é mais um grande álbum que o TM tem orgulho em oferecer, para alegria e deleite de tantos quantos apreciem o que nossa música popular tem de significativo em seu precioso legado!

ainda sou mais eu
lero lero
momentos
vem morar comigo
eu tenho razão
promessa de amor
uma nova vida
eu preciso fazer você feliz
o tempo e a distância
muito obrigada
eu amo você demais
se você tentasse (vem tentar a sorte)

*Texto de Samuel Machado Filho

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