Arnaud Rodrigues – Sound & Pyla Ou Homenagem Do A Ao Z (1970)

Bom tarde, meus prezados amigos cultos e ocultos! Eu as vezes costumo fazer umas retrospectivas na linha de postagem do Toque Musical e fico mesmo abismado com tanta coisa errada que escrevi em algumas delas. Daí, quando vejo algo errado, o certo é corrigir, não é mesmo? “Sound & Pyla…”, do Arnaud Rodrigues foi um deles e portanto, agora volta em uma nova postagem, um tanto mais descente e completa. Este disco até uns quinze anos atrás se encontrava no obscurantismo dos álbuns esquecidos, em plena era do digital. Voltou a luz muito por conta de blogs musicais como o Toque Musical. Foi a partir daí que muitas pessoas puderam ter o primeiro contato com este que foi, creio eu, o primeiro disco de Arnaud Rodrigues como artista da música, acompanhado pelo grupo (seria isso mesmo?) Unidade C. “Sound & Pyla ou Homenagem do A ao Z” foi lançado em 1970 pelo selo Copacabana. Na capa, como podemos ver, temos um texto escrito a mão e assinado pelo Roberto Carlos, uma apresentação do artista para um público jovem. Passados tantos anos este disco é hoje uma raridade que muitos colecionadores tem paixão. Virou objeto de desejo até de quem nunca ouviu a bolacha no prato. É isso que fazem os formadores de opinião, levantam a lebre e douram-lhe as pérolas. Sem dúvida, o disco é bem legal e merece toda essa pompa. Afinal, raridade é raridade… hehehe…

turma do pô yeah
tema de cristina
sound & pyla
um tanto emocionado
a espera de um beijo teu
projeto apollo (minha canção é um jornal)
reginella
mônica
o que ficou
big mama
esse mundo é nosso
tributo ao sonoplasta
 
 

Luiz Vieira E Orquestra – Prelúdios De Amor (1963)

O Toque Musical presta hoje uma homenagem póstuma a um dos maiores cantores e compositores de nossa música popular. Luiz Rattes Vieira Filho, ou como ficou para a posteridade, Luiz Vieira, nos deixou a 16 de janeiro deste ano, vítima de parada cardíaca, aos 91 anos de idade. Nasceu em Caruaru, Pernambuco, em 12 de outubro de 1928, e seu nome foi uma homenagem ao avô. Perdeu sua mãe com apenas dois anos de idade. Antes de completar dez anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, sendo criado pelo avô em Alcântara, distrito da cidade de São Gonçalo. Aos oito anos de idade, produziu sua primeira composição. Em criança, cantou em circos e parques de diversões, e exerceu diversas atividades no Rio, antes de ingressar na vida artística: foi domador, caminhoneiro, taxista, guia de cego, engraxate e lapidário. Em 1943, começou a se apresentar em programas de calouros do rádio e em casas noturnas da Lapa. Em 1946, foi contratado pela Rádio Clube do Brasil para apresentar, junto com Zé do Norte, o programa “Manhãs da roça”, destinado a músicas nordestinas, onde também foi secretário, diretor musical e redator. Trabalhou ainda no programa “Picolino”, de Barbosa Júnior, e transferiu-se depois para a Rádio Tamoio, onde passou a se apresentar no programa “Salve o baião”, onde recebeu o título de “príncipe do baião”, apresentando-se ao lado de Luiz Gonzaga, o “rei do baião”, Carmélia Alves, a “rainha”, e Claudette Soares, a “princesinha”. No mesmo período, a convite de Almirante, passou a trabalhar na PRG-3, Rádio Tupi. Em 1951, gravou seu primeiro disco, na Todamérica, interpretando “Baião da Vila Nova” e “Coreana”, composições de sua autoria e Ubirajara dos Santos. No mesmo ano, com a inauguração da TV Tupi do Rio, participou do primeiro programa musical da televisão, “Espetáculos Tonelux”, apresentando-se ao lado da vedete Virgínia Lane. Apresentou também programas nas TVs Record e Excelsior de São Paulo. Teve mais de quinhentas composições e muitos sucessos, gravados por ele próprio e por outros artistas. Entre seus maiores sucessos podemos citar “O menino de Braçanã”, “Estrada de Colubandê”, “Estrela miúda”, “Na asa do vento”, “Balada do amor sublime”, “Guarânia da saudade”, “Guarânia da lua nova”, “Estrela de veludo”, “Inteirinha”, “Os olhinhos do menino”, “Paroliado”, “Maria Filó (O danado do trem)”, “Cantiga pra Ribeirão Preto” e “Estrada da saudade”. O TM oferece hoje a seus amigos cultos e ocultos este compacto duplo dos anos 1960, lançado pela Copacabana, que inclui os dois prelúdios de sucesso de Luiz Vieira, “Paz do meu amor” e “Prelúdio para ninar gente grande”, mais conhecido pelo subtítulo “Menino passarinho”. “Temporal em nosso amor” e “Caminhos do amor” completam o disco, cuja postagem, sem dúvida, é uma singela homenagem do TM a este grande cantor e compositor brasileiro que partiu, mas deixou uma obra musical que ficará para sempre!

paz do meu amor – preludio n.2
prelúdio para ninar gente (menino passarinho)
temporal em nosso amor
caminhos do amor




*Texto de Samuel Machado Filho 

Amado Maita (1972)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje o nosso encontro é com Amado Maita, músico paulista que lançou em 1972 este que foi o seu primeiro e único disco. Lançado em uma única tiragem pelo selo Copacabana, certamente não vingou por ser bom demais, acima da média. Um disco feito com esmero, música popular brasileira de qualidade. A música de Amado Maita me lembra um misto de Milton Nascimento e Gonzaguinha, também naqueles tempos. O repertório e quase todo autoral ou em parceria com José Wilson Lopes. Há ainda espaço para sua interpretação nas faixas, “Piedade”, de Miguel e Lindolfo Lage; “Sabe você”, de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra e o antigo samba “Não me diga adeus”, de Paquito, Luiz Soberano e João Corrêa da Silva. Amado Maita conta com o apoio de um time de músicos de primeira. Figuras como Hamleto, Guilherme Vergueiro e Edson Machado são alguns dos destaques, juntamente como os arranjadores Antonio Barbosa e Mozar Terra que dão ao trabalho uma pegada mais jazzística. As regências ficaram por conta do maestro Leo Peracchi. A produção foi do italiano Cesare Benvenuti, aquele que também produziu uma onda de artistas brasileiros, com nomes gringos e cantando em inglês. Este disco esteve esquecido por muito tempo e só veio a aparecer a partir do bum dos blogs musicais e das redescobertas fonográficas, por conta de pesquisadores e colecionadores. Quem muito chamou a atenção para este disco foi o músico Ed Mota, levantando a poeira e fazendo neguinho correr sebos e também Mercado Livre em busca da bolacha. Foi aí que o preço subiu e chegou as alturas fazendo com que ele viesse a ser relançado em 2018, pela Patuá Discos. Como a segunda edição também foi limitada (1500 discos), hoje é possível que já não seja mais encontrado, ou talvez até encontre, mas com um precinho salgado. Maita faleceu em 2005. Infelizmente, não há muita informação sobre sua trajetória pessoal ou artística. Ele é pai da cantora Luísa Maita, uma das boas revelações do cenário atual da música brasileira. Confiram no GTM.

samba de amigo
mariana
os mergulhadores
cemitério dos vivos
piedade
gestos
o mostro verde do mal
sabe você
não me diga adeus
reflexão
 

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The Angels – Compacto (1963)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Compactando as emoções, tenho hoje para vocês este raro disquinho, um compacto duplo, com quatro faixas do conjunto The Angels, lançado em 1963 pela gravadora Copacabana. Este grupo pode ser considerado um dos pioneiros do rock nacional. Surgiu no final dos anos 50, quando o rock’n’roll começou a se espalhar pelo mundo. Formado no Rio de Janeiro pelos irmãos Carlos e Sérgio Becker (voz/guitarra e sax tenor), tendo ainda Jonas Damasceno no contrabaixo, Romir Andrade na bateria e Carlos Roberto na guitarra solo. Gravaram, inicialmente, três compactos pela Copacabana, sendo este o primeiro, se não me engano. Pouco tempo depois mudariam o nome da banda para The Youngsters, passando a gravar pela CBS e ainda na Polydor, já nos fins dos anos 60. O grande exito do grupo foi ter acompanhado Roberto Carlos em seus primeiros discos. Também gravaram acompanhando outros artistas, principalmente os da Jovem Guarda.
No disquinho que aqui apresento temos quatro músicas, autênticos rock’n’roll, sendo dois deles autorais, da própria banda. Confiram mais essa raridade no GTM, como sempre completo! 😉

gravy (for my mashed potatoes)
hully gully baby
hully guitar
the hully gully



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Leci Brandão (1985)

Cantora, compositora, atriz e política. Assim é Leci Cristina Brandão da Silva, ou simplesmente Leci Brandão, que o Toque Musical põe em foco no dia de hoje. Ela nasceu no Rio de Janeiro, em 12 de setembro de 1944, e começou sua carreira no início dos anos 1970, tornando-se a primeira mulher a participar da ala de compositores da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Começou a chamar a atenção do grande público em 1975, ao participar do festival Abertura, da TV Globo, defendendo seu samba “Antes que eu volte a ser nada”, mais tarde faixa-título de seu primeiro LP. Uma das mais importantes intérpretes de samba da MPB, Leci Brandão gravou, ao longo da carreira, 13 LPs, 8 CDs, 2 DVDs e 3 compactos, um total de 26 obras. É também madrinha da Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé, bicampeã do carnaval de São Paulo. Em 2010, elegeu-se deputada estadual por São Paulo, pelo PCdoB, reelegendo-se em 2014 e 2018. Como parlamentar, Leci Brandão dedica-se à promoção da igualdade racial, ao respeito às religiões de matriz africana e à cultura brasileira. Também levanta a questão das populações indígena e quilombola, da juventude, das mulheres e do segmento LGBTQ+. Na televisão, atuou na novela “Xica da Silva”, da extinta TV Manchete (1996/97), como a líder quilombola Severina, e foi ainda comentarista dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e de São Paulo pela Globo.  No cinema, participou dos filmes “Antônia” (2007), “Tropa de elite 2” (2010) e “O samba” (2015). Este álbum que o TM nos oferece hoje é talvez o melhor trabalho da carreira de Leci Brandão. Lançado pela Copacabana em 1985, o disco foi puxado pelo hit “Isso é fundo de quintal”, dela própria em parceria com Zé Maurício. Porém, é óbvio, tem mais a destacar. É o caso de “Zé do Caroço”, uma das músicas mais regravadas de Leci, e de uma versão de Martinho da Vila para “Gracias a la vida”, da chilena Violeta Parra. Martinho ainda assina “Tá quase odara”, parceria com Zé Catimba, e a própria Leci, “Belém meu bem”, “Deixa, deixa”, “Assumindo” e a adaptação de “Saudação ao rei das ervas”. Com direito até a um forró (“Entra no forró”). Tudo isso e muito mais fazem deste disco uma verdadeira joia que o TM oferece com a grata satisfação de sempre. Confiram.

papai vadiou

isso é fundo de quintal

tá quase odara

zé do caroço

belém meu bem

quero eu

agradeço a vida

deixa deixa

entra no forró

maria de um só joão

quebra-queixo

assumindo

saudação ao rei das ervas



*Texto de Samuel Machado Filho

Jorge Alfredo – Quem Fica É Quem Traz O Sol (1979)

Olá, amigos cultos e ocultos! O Toque Musical traz para vocês hoje o primeiro (e ao que parece único) álbum-solo do baiano Jorge Alfredo, lançado pela Copacabana em 1979. Conforme o pouco que se sabe a seu respeito, ele foi um dos primeiros artistas brasileiros a misturar elementos do reggae jamaicano com os ritmos baianos. É o que transparece nas onze faixas deste disco, feito um ano antes de ele fazer parceria com Chico Evangelista, com muito de pegada rock e batidas sertanejas, trazendo também letras de poesia e sensibilidade extremas. Segundo comentário que li no YouTube, “é um disco tão raro que parece que nem foi lançado”. Portanto, é mais uma raridade que o TM tem a grata satisfação de oferecer. Confiram…

rodapé
menina maluca
jeito de viver
nani nere cohrau
doideira
forró no escuro
de olho na esquina
assim preto – brasa branca
antiga mesma tristeza
parecendo piqui
daqui da lua



*Texto Samuel Machado Filho 

José Luciano – Seu Piano E Seu Ritmo (1957)

Faça chuva ou faça sol, lá vou eu (na rima) com um novo toque musical. Sem muitas delongas, tenho para hoje o pianista José Luciano Studart. Um nome, talvez, pouco conhecido ou lembrado para a maioria dos mortais. Vindo do Ceará, de uma tradicional família de Fortaleza, iniciou seus estudos de piano ainda na infância. Na adolescência, veio morar no Rio de Janeiro, onde se encontrou totalmente com a música. Tocou no rádio, na televisão, em clubes e boates. Acompanhou os mais diversos artistas da nossa música. Seu piano está presente em muitos discos famosos. Gravou este que foi o seu primeiro lp, pela Copacabana, em 1957. Um disco bem sortido, com samba, fox, beguine e outros ritmos, dançantes, ou não.

Escolhi este lp muito por conta da postagem anterior, vi que havia nele o samba “Pois é” de Ataulfo Alves. Estão vendo? Uma coisa leva a outra. Acabei também na curiosidade e na dúvida. Há uma música, a primeira do lado B, de autoria de José Luciano e Mário Flávio, o samba “Brasilia”. Pelo título, imaginei que o disco tivesse sido lançado em 1960 ou 61, uma referência à nova capital federal. Mas só que o disco é de 1957. De onde será que veio ou qual foi a razão desse título? Deixo essas considerações para os amigos cultos e ocultos.

 
 
tarde demais
conceição
love is a many splendore thing
pois é
crepúsculo de amor
teus olhos entendem os meus
brasília
amar outra vez
quitandinha
so in love
canção da volta
dancing in the dark
do-ré-mi
sinfonia verde amarelo

 

 
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Arnaud Rodrigues – Sound & Pyla ou Homenagem Do A ao Z (1970)


Eu tenho as vezes a impressão de que certos casamentos (ou parcerias) acabam implicando um dos parceiros. O mais forte acaba moldando o mais fraco. Um sempre fica na sombra do outro. Sinto algo parecido na relação do Arnaud Rodrigues com o Chico Anisio. O talento musical do Arnaud acabou ofuscado pelo humor e de uma certa forma pela dupla com o Chico.
Para quem não sabe, os dois formavam a caricata dupla “Baiano e Os Novos Caetanos”. Inicialmente tudo não passava de mais um quadro no programa de humor do Chico. Acabaram virando disco que também foi sucesso. O fato é que esse artista foi mais um que deixou pérolas esquecidas no mundo da MPB. Quantos ainda se lembram desse disco? Acho que vai ser mais fácil lembrar das última piadas que ele contou nA Praça é Nossa. Vale conferir… (quem vê cara, não vê conteúdo)

*esta postagem foi reeditada aqui em outro momento (texto completo)