Leny Andrade – Estamos Aí (1965)

Feliz Natal, amigos cultos e ocultos! Diferente dos anos anteriores, neste eu não fiz festa e nem publiquei discos com músicas natalinas. Sinceramente, não é de hoje que eu perdi o tesão com isso aqui. E não é por culpa do cansaço ou falta de tempo… É mesmo pela atual conjuntura política e social que passamos. Confesso, estou muito desanimado, decepcionado e desiludido com muita gente. A tamanha ignorância, estupidez e burrice tomaram conta desse nosso povo. Na verdade, as flores do mal se desabrocharam, um pensamento radical direitista, xucro e ignóbil se lançaram como uma onda sobre o Brasil. Vivemos hoje momentos tristes com a polarização social, um povo que antes era unido, agora se deixa levar por um plano diabólico de autodestruição. O país está partido, dividido entre conservadores adestrados de Direita com seu ‘baixo clero’ e uma Esquerda desunida e vaidosa, que não tem força para desbancar um idiota miliciano. Sinceramente, estou enojado com tanta estupidez e burrice. E isso, claro, se reflete também aqui, no Toque Musical. Sei que há muitos ‘bolsominions’ orbitando por aqui. Gente que até pouco tempo se dizia amigo culto. Gente que fazia parte desse nosso metiê. Por certo, eu não dou corda pra esse povo (a não ser que seja para eles se enforcarem), mas sei que estão por aqui e isso me incomoda, pois não penso mais em dividir com eles o que compartilho aqui. O Toque Musical é para pessoas com sensibilidade, pessoas que prezam e respeitam a cultura e arte, a música e sua história. Tenho tentado me livrar dessa gente, assim como faço nas redes sociais. Mas isso é uma praga, toda hora aparece. Daí, vem o desânimo… ficar aqui dando de bandeja esse toque musical pra gente ruim? Eu não! Por essas e outras é que o TM perdeu o encanto, o tesão diário. Porém, ainda assim, a gente continua, pois também sei que metade da maçã ainda está boa e é por essa que eu inspiro. O Toque Musical continua até não poder mais. E mais uma vez eu desejo, a este lado bom, um feliz Natal com muito amor, paz e consciência de classe! Classe musical, social e política. Somente a Educação é capaz de salvar o Brasil!
Dito isso, segue aqui o meu presente de Natal para vocês. É claro que não é uma grande surpresa, mas é sem dúvida um grande disco, talvez o melhor de uma das nossas maiores cantoras, a excepcional Leny Andrade, que aqui dispensa maiores apresentações, pois há tempos já faz parte do nosso ‘cast’ de artistas. “Estamos aí” é uma obra fina, cujo o repertório nos apresenta um valioso leque da atmosfera do samba bossanovista, sendo também responsável por essa pérola Eumir Deodato quem cuidou dos arranjos. Não deixem de conferir no GTM.

estamos aí
a resposta
deixa o morro cantar
o morro não tem vez
opinião
enquanto a tristeza não vem
reza
clichê
olhando o mar
banzo
samba de rei
tema feliz
razão de viver
esqueça não
samba em paris
coisa nuvem



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Márcia (1973)

Bom dia, prezados amigos cultos e ocultos! Devido a algumas atualizações feitas nas plataformas dos nossos blogs (WordPress e Blogspot), acabei também mudando o layout das edições, coisa simples, mas que alguns poderão notar. Temos que nos adaptar as mudanças. Além do mais, estamos sempre sendo invadido por idiotas que pensam em surfar em nossa onda, mas aqui o mar é bravo!
Muito bem, temos para hoje a cantora Márcia, uma das nossas grandes intérpretes, figura já apresentada aqui em outros discos, mas que merece sempre estar em nossas fileiras pela qualidade, talento e repertório. Este lp é na verdade o álbum “Rimas”, de 1973. Curiosamente lançado no mesmo ano pela Série Coronado, mas também trazendo no selo o ano 1972, isso por conta da faixas “Última forma”, “Pra não ser mais tristeza” e “Rimas”, que foram editas um ano antes, talvez em algum compacto, mas esse eu nunca vi. O certo é que se trata do mesmo disco, um excelente disco, diga-se de passagem, como se pode ver pela seleção musical. Não deixem de conferir no GTM.

última forma
e mais um samba
caminhos
pra não ser mais tristeza
minhas mãos
chorar chorei
rimas
só pode ser você
fez bobagem
tema da cidade longe
lua aberta
 
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Gao, Seu Piano e Orquestra (1964)

Olá amiguinhos cultos e ocultos! Hoje nós vamos com um disco do renomado pianista Gaó, Odmar Amaral Gurgel. Músico paulista, foi maestro, arranjador, compositor e instrumentista. Gaó foi inspirado em suas iniciais ao contrário. Foi diretor artístico da gravadora Columbia e da famosa Orquestra Colbaz, a qual gravou pela primeira vez a música “Tico-tico no fubá”, de Zequinha de Abreu. Não bastasse, ele foi muito além seguindo uma carreira internacional. Gaó teve um currículo extenso que merece um aprofundamento, mas por hoje ficaremos apenas nessa breve apresentação. O disco que hora apresentamos é uma seleção musical com temas nacionais e internacionais. Um disco gravado por ele, segundo consta no texto de contracapa em um momento de sua passagem pelo Brasil, quando na época morava nos Estados Unidos. Confiram aí mais esse resgatado no GTM.

diamante azul
in other words
mimoso
my beloved
roberta
minha garota sincopada
odeon
au revoir
anema e cuore
história de um amor
samba em prelúdio
greensleeves

 

George Kenny – Uma Noite No Beguin (1956)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Aqui, mais um náufrago resgatado, outro disco que merece o nosso toque musical. Hoje vamos com o organista argentino George Kenny, que segundo a contracapa nos informa ser este, na época, um dos grandes mestres dos teclados. Veio ao Brasil para se apresentar na lendária boate Beguin, do também lendário Hotel Glória, no Rio de Janeiro. Embora tenha todo esse mérito no texto de contracapa, George Kenny é hoje um ilustre desconhecido, pois nem mesmo fazendo uma busca no Google conseguimos encontrar mais informações sobre esse artista. Fica então mais essa chance, imortalizado no TM enquanto existir. Confiram no GTM!

holiday for strings
guacyra
laura
apanhei-te cavaquinho
andalucia
chuá chuá
all the things you are
liza

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Sergio Ricardo – Depois Do Amor (1961)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Hoje estou trazendo para vocês um disco que há muito eu queria ter postado aqui, mas como vocês sabem, eu gosto de um serviço completo, ou melhor dizendo, gosto de apresentar arquivos completos. Tenho preguiça até de ouvir quando o arquivo não traz capa, contracapa, selo e encartes. Por essa razão o “Depois do Amor”, de Sérgio Ricardo ficou na gaveta, esperando por uma capa, contracapa e selo. Mas, finalmente apareceu, o meu amigo Fares me presenteou com essa pérola e agora então posso compartilhar a alegria com vocês.
Temos aqui um Sergio Ricardo intérprete, bem ao estilo do artista que se apresentava na noite com seu piano. “Depois do Amor” é um disco onde ele seleciona 12 canções de outros autores, algumas, ou quase todas, verdadeiros clássicos da nossa canção popular. Sem dúvida, um disco bem bacana, hoje também um clássico, indispensável em qualquer discoteca de Bossa Nova. E aqui também 😉

depois do amor
errinho atoa
maria dos olhos grandes
foi a noite
serenata branca
duas contas
poema dos olhos da amada
passarinho
dorme dorme menininha
eu sonhei que tu estavas tão linda
ilusão atoa
quem quiser encontrar o amor

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Blackout – É Prá Todo Mundo Cantar (1959)

Olha aí mais um disquinho bacana… vocês podem ir guardando para quando o carnaval chegar 🙂 Mas a música carnavalesca não se limita a esta ocasião, pois sua característica é a absorção da música popular. Ela é basicamente fundamentada nos ritmos tradicionais como o samba, a machinha, o frevo e por aí a fora… Daí, dizer que vivemos um eterno carnaval, musicalmente, nosso povo brasileiro vive sim! Somos privilegiados, graças a Deus!
Aqui temos o cantor Blackout desfilando uma série de sucessos que muito cantamos nos bailes de salão – em forma de ‘pot-pourri’ – sendo acompanhado por um côro de cinqüenta vozes e uma completa bateria de escola de samba. Um disco de carnaval para ser ouvido em qualquer época.
é bom parar
o orvalho vem caindo
general da banda
jardineira
grau 10
aurora
a voz do morro
atira a primeira pedra
é com esse que eu vou
quem sabe, sabe…
saca-rolha
touradas em madrid
madalena
enlouqueci
império do samba
chiquita bacana
pierrot apaixonado
allah lá ô

Paulo Cesar Pinheiro, Eduardo Gudin & Marcia – O Importante É Que A Nossa Emoção Sobreviva

Mais uma contribuição para o Toque Musical, aqui em dose dupla. “O importante é que a nossa emoção sobreviva” 1 e 2. Originalmente eles foram lançados em separados, um em 1975 e outro em 76. Na edição em cd, para a nossa felicidade, os dois vieram juntos (oba!). Para os que não sabem, trata-se de um registro ao vivo, uma seleção de shows realizados no Rio e em SP no início dos anos 70. PC Pinheiro é genial, além de um grande poeta, tem aquela voz do Nelson Cavaquinho. Aliás, em shows, ele se apresenta com filho do Nelson. Embora não seja, tem tudo a ver. No álbum aqui apresentado ele faz um breve comentário sobre seu suposto parentesco com Nelson Cavaquinhho. Este é mais um registro sonoro que não pode faltar em uma discoteca básica de MPB. Vamos ouvir?

Rosa de Ouro II – Hermilio Bello de Carvalho (1967)

O segundo Rosa de Ouro não foi diferente em brilho e grandeza do primeiro. Parece que um completa o outro. Viva Hermilio Bello de Carvalho! Esse cara é o bicho! O estrategista do samba. Neste número dois estão presentes além de Clementina e Aracy, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaco e Nelson Sargento. Mais um grande disco que, por honra, eu não poderia deixar de postar aqui no Toque Musical.

e a rosa voltou / rosa de ouro / quatro crioulos / cântico a natureza
isso é que é viver
flor do lôdo
a harmonia das flores
francesa no morro
palmares / psiquiatra
degraus da vida / mulher fingida / o que será de mim /
que samba bom / só pra chatear
dona maria devagar / clementina cadê você / santa barbara
mulato calado
minha vontade
quem sabe um dia? / rosa de ouro

Rosa de Ouro – Aracy Cortes e Clementina de Jesus (1965)

Esta é a trilha sonora de um espetáculo que marcou época, apresentado no Teatro Jovem do Rio de Janeiro e dirigido por Hermínio Bello de Carvalho. O musical e lp apresentaram para o grande público Clementina de Jesus e o samba de partido alto. O sucesso desse trabalho acabou gerando uma segunda edição dois anos depois, o Rosa de Ouro II. Por enquanto vamos curtir essa jóia, depois falamos do segundo (e também maravilhoso) álbum. Foi re-lançado em CD, mas claro que já está fora de catálogo.

Nelson Cavaquinho – Quando Eu Me Chamar Saudade (1996)

Já que começamos a cutucar a genialidade do samba, vamos abrir alas para um Grande: o maravilhoso Nelson Cavaquinho. Este disco é bem interessante, uma coletânea com 18 de suas mais conhecidas composições/gravações, interpretadas por ele e outros artistas como Paulinho da Viola, Clara Nunes, Elza Soares… Tem também o seu parceiro maior, Guilherme de Brito, na faixa 7 “A flor e o espinho” e “Quando eu me chamar saudade”. Discão!

Beth Carvalho – Andança (1968)

Taí o primeiro disco da Beth Carvalho. Não é exatamente um álbum de samba, mas está dentro do contexto. Lp muito legal, com aquele clima de anos 60, de festivais… “Andança”, uma composição de Paulinho Tapajós, Edmundo Souto e Danilo Caymmi foi defendida por ela e os Golden Boys no III Festival Internacional da Canção”. A música ficou em terceiro lugar, se tornando um clássico do nosso cancioneiro popular. Não há quem esqueça de cantá-la numa roda de viola. Além da canção homônimo, o álbum traz outras faixas interessantes como “Sentinela”, gravada e sucesso na voz de Milton Nascimento. Disco importante da MPB, básico!