Cesar Camargo Mariano & Hélio Delmiro – Samambaia (1981)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Estou com vocês há quase 7 anos, um bom tempo, que já deu para provar as minhas reais intenções. Já deu prá ver que o Toque Musical, mesmo na sua formatação descompromissada e relativamente pessoal, segue sempre em seu propósito de levar a todos um de nossos maiores tesouros, a arte musical brasileira e consequentemente resgatar um pouco de histórias e coisas relacionadas ao universo musical e fonográfico. O Toque Musical não é um espaço sério, muito pelo contrário, chega às raias da descontração. Mas é respeitado e adorado por muitos, pois é acima de tudo uma fonte fonomusical inesgotável… Tô falando tudo isso meio que por nada. Talvez, apenas justificando o que as vezes me causa essa sensação, quando me deparo com outros blogs semelhantes ao TM buscando sua legitimidade através do esforço alheio. Me causa estranheza… Foi  por essas e por outras que resolvi mudar nossa política, criando um grupo mais fechado e limitando os prazos para compartilhamento. Penso que, como naturalmente tudo tem um prazo de existência, nossos links e postagens também tem. Desde outubro do ano passado eu adotei esse esquema de não mais repor links. Acho bastante justo, afinal os links ficam válidos por 6 meses! Tempo suficiente para se baixar todo o acervo ativo. Com dizem, a fila anda… E tendo aqui no Toque Musical quase dois mil títulos, fica mesmo muito difícil para mim ficar repondo diariamente o que é solicitado. Muita gente vem mandando mensagens pedindo reposição de links, mas como já informei, só serão repostos os links para as postagens exclusivas, ou seja, aquelas criadas originalmente para o Toque Musical. As demais podem até ser pedidas, mas nesses casos o atendimento é pessoal (via e-mail), direto (via correios) e cobrado uma pequena taxa (via depósito bancário). Creio que estou sendo justo dessa forma e espero que os amigos me compreendam, ok?
Segue hoje o belíssimo álbum “Samambaia”, do tecladista (no melhor sentido do termo) César Camargo Mariano e o violonista e guitarrista Hélio Delmiro. Um disco, obviamente,  instrumental e com apenas os dois músicos. Quando se coloca juntos dois ou três músicos talentosos como no caso, César e Hélio, pode ter certeza, é coisa muito boa! Não bastasse essas qualidades, ainda tem o tal do repertório: impecável! Uma escolha acertada, entre as composições autorais há também músicas de Milton Nascimento e seus parceiros, Ary Barroso com Lamartine Babo e Pixinguinha e João de Barro. Eu talvez seja suspeito para falar deste disco, porque é um dos meus instrumentais favoritos. Um belo trabalho, sensível como cabe a esse dois grandes músicos. Toca aí

samambaia
carinhoso
emotiva n. 4
curumim
das cordas
milagre dos peixes – cais – san vicente
choratta
no rancho fundo
ninhos
maria rita
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Valdênio – Esquinas E Bares (1992)

Boa noite, meus prezados amigos cultos e ocultos! O calor por aqui está bravo e a lombeira também. Não vejo a hora de cair na cama, mesmo sem um ar condicionado. Mas antes, porém, eu vou deixando um toque musical extraído aqui das Minas Geraes. Apresento, para os que não conhecem, o Valdênio, um dos grandes artistas mineiros, músico do grupo Zé da Guiomar em seu primeiro disco, lançado em produção independente no início dos anos 90. Valdênio estudou violão clássico com Cláudio Beato e violão popular com Juarez Moreira. No início de sua carreira participou de diversos festivais e formou o grupo “Queluz de Minas”, nos anos 80 (disco este, um compacto também já postado aqui no Toque Musical). Esteve envolvido em diversos projetos até lançar “Bares e Esquinas”. Um álbum, realmente, que merece a nossa atenção. Composições de qualidade, todas de Valdênio. Um time de músicos de primeiríssima (Juarez Moreira, Chico Amaral, Ezequiel Lima, Nenem, Ricardo Fiuza, Bauxita, André Dequech, Kiko Mitre, Carla Villar, Bill Lucas, Sérgio Moreira, Telo Borges, Eduardo Delgado…). A direção musical e os arranjos são de Juarez Moreira. Pô, sinceramente, este disco não tem o que se falar. Tem é que se ouvir!

esquinas e bares
alegre
hecatombe
santo oficio
saudades do dia que não fui a madrid
tez
jazzmim
69 blues
pé de moleque
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Carequinha – Os Grandes Sucessos Do Carequinha (1961)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Começamos logo cedo, porque a fila não pára e o tanto de coisa que eu tenho para fazer, talvez não me permita a postagem mais tarde. Trago para hoje o nosso tradicional palhaço Carequinha. Ele já fazia sucesso antes de eu nascer e na minha infância foi figura muito importante e querida. Eu sabia quase todas as músicas que ele cantava. Aliás, quem dessa geração não curtiu o Carequinha, não é mesmo? Segue aqui então este lp, lançado originalmente em 1961 pela Copacabana, reeditado em 1975. Nele, como se pode ver pela capa, encontraremos os seus maiores sucessos fonográficos, as 10 mais do Carequinha :), que vem sempre acompanhado por Altamiro Carrilho e o Coral Infantil de Irany de Oliveira. Sobe a lona, o espetáculo vai começar!

rock do ratinho
história de gago
parabéns, parabéns
menino legal
valsa da mãe preta
o bom menino
escolinha do carequinha
canção da primeira comunhão
canção da criança
alma de palhaço
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A Música De Ismael Silva Na Voz De… – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 85 (2014)

Olá, amigos cultos, ocultos e associados do TM!  Esta semana, o Grand Record Brazil apresenta a segunda parte da retrospectiva que está dedicando à obra musical de Ismael Silva (1905-1978), um grande expoente do samba e da música popular brasileira. Na semana passada, apresentamos composições de Ismael na voz de Francisco Alves (1898-1952), o eterno Rei da Voz. A seleção desta semana tem 14 faixas com intérpretes diversos, e nela Francisco Alves também está presente em duetos. Para começar, e muito bem, apresentamos duetos de Chico Alves com Mário Reis. Eles formaram uma dupla que gravou um total de 12 discos com 24 músicas, todos pela Odeon, legado esse imprescindível para quem estuda a história do samba e da MPB.  Desse legado, ouviremos seis peças simplesmente antológicas, autênticas joias do samba, com acompanhamento da Orquestra Copacabana, dirigida pelo palestino Simon Bountman:  na faixa 1,  “Não há”, da santíssima trindade Ismael Silva-Francisco Alves-Nílton Bastos, gravado em 5 de dezembro de 1930 e lançado em janeiro de 31 para o carnaval, disco 10747-A, matriz 4079. O lado B, na faixa seguinte, matriz 4080, é um autêntico clássico assinado pela mesma trinca de autores: o inesquecível “Se você jurar”, que atravessou os anos e até hoje é muito lembrado, e com justiça. Teve regravação inclusive pelo próprio Ismael Silva, em 1955. “O que será de mim?”, logo em seguida, e dos mesmos autores, é gravação de 28 de fevereiro de 1931, lançada em abril do mesmo ano pela “marca do templo” sob n.o 10780-B, matriz 4162, outra demonstração de bossa da dupla Chico Alves-Mário Reis (que, durante a gravação, chama o Rei da Voz para cantar com ele, no que, claro, é prontamente atendido).  “Ri pra não chorar” é da parceria Ismael Silva-Francisco Alves, que na edição homenageiam Nílton Bastos, que falecera. Gravação da notável dupla Chico Viola-Mário Reis, de 20 de agosto de 1931, lançada pela Odeon em dezembro do mesmo ano sob n.o 10850-B, matriz 4292. De Chico e Ismael é também “Liberdade”, gravação de 20 de novembro de 1931 lançada em janeiro de 32, evidentemente para o carnaval, disco 10871-B, matriz 4363, citando inclusive o “Hino da Proclamação da República, de Leopoldo Miguez-Medeiros e Albuquerque. O samba saiu na segunda tiragem desse disco, que trouxe no lado A, também cantada em dueto por Chico e Mário, a “Marchinha do amor”, de Lamartine Babo (na primeira, saiu um outro samba, “Oh! Dora”, de Orlando Vieira, com Chico Viola sozinho).  Terminando esse verdadeiro show de interpretação sambística da dupla Francisco Alves-Mário Reis, temos “A razão dá-se a quem tem”, já com Noel Rosa como parceiro de Ismael Silva e Chico Viola, gravação feita na “marca do templo” em 2 de julho de 1932 e lançada em dezembro seguinte com o n.o 10939-A, matriz 4472. A faixa 7 é um outro dueto de Francisco Alves, agora com Sílvio Caldas: “Tristezas não pagam dívidas”, gravado na Odeon em 23 de junho de 1932, e lançado com o n.o 10922-A, matriz 4463. Temos aqui duas curiosidades: no selo original, aparece como autor um certo Manoel Silva (havia na época um compositor com esse nome, cujo nome completo era Manoel dos Santos Silva). Mas, segundo depoimento de Sílvio Caldas ao pesquisador Abel Cardoso Júnior, o samba é mesmo de Ismael Silva. Sílvio não teve crédito no selo como intérprete por ser na época contratado da Victor, mas achou a omissão natural, “apenas uma colaboração”.  O samba também foi apresentado por Chico Alves no segundo espetáculo da série “Broadway Cocktail”, um espetáculo palco-tela apresentado no Cine Broadway. Aracy Cortes, grande estrela dos tempos áureos do teatro de revista, aqui comparece com o samba “Quero sossego”, da parceria Ismael Silva-Nílton Bastos (na edição Francisco Alves também aparece como co-autor), Lançado pela Brunswick por volta de março de 1931, sob n.o 10158-A, matriz 602, foi um dos derradeiros discos lançados no Brasil por essa gravadora, de origem norte-americana, que logo cerraria as portas da filial brazuca, levando para a sede, nos EUA, todas as matrizes de cera que gravou entre nós em pouco mais de um ano de atividades. Da parceria de Ismael Silva com Noel Rosa e Francisco Alves é a marchinha “Assim sim”, gravada na Victor por Cármen Miranda em 31 de maio de 1932 e lançada em dezembro desse ano sob n.o 33581-A, matriz 65502, claro que para o carnaval de 33. No acompanhamento, Harry Kosarin e seus Almirantes (o maestro, então vindo anos antes dos EUA, é considerado o introdutor do jazz no Brasil). Em 1930, a “pequena notável” vira e ouvira Noel com o Bando de Tangarás, no Cinema Eldorado, e, dois anos mais tarde, teria ocasião de trabalhar com o Poeta da Vila, Francisco Alves e Almirante no “Broadway Cocktail”. Cármen não teve oportunidade de solicitar um número especial para gravar. Porém, não ia passar muito tempo para isso acontecer, nascendo daí  este “Assim, sim”. Dando um ligeiro salto no tempo, apresentamos outra marchinha, “Ninguém faz fé”, de Ismael e Paulo Medeiros, com Linda Batista, então no auge da carreira, para o carnaval de 1953, em gravação RCA Victor de 19 de setembro de 52, lançada ainda em dezembro sob n.o 80-1039-A, matriz SB-093478. Aurora Miranda, irmã de Cármen, apresenta mais outras duas marchinhas, ambas de Ismael Silva sem parceiro: “Não vejo jeito”, gravação Victor de 3 de outubro de 1939, lançada em novembro do mesmo ano, por certo para o carnaval de 40, sob n.o 34519-B, matriz 33170, e “Não apoiado”, gravação Odeon  de 7 de janeiro de 1936 lançada bem em cima do carnaval desse ano, em fevereiro, disco 11327-B, matriz 5240. Ainda no campo da marchinha carnavalesca, e também só de Ismael, temos “Macaco me lamba”, da folia de 1951, lançada pela Sinter ainda em dezembro de 50 sob n.o  00-00.026-A, matriz S-50. A última faixa desta seleção, o samba “Fama sem proveito”, parceria de Ismael Silva com Heitor Catumbi, é um mistério. Quem o canta é a carioca Odaléa Sodré (1924-?), acompanhada por Netinho, Antônio Souza e regional, e que teve curtíssima carreira no disco. São conhecidos dois discos comerciaisda cantora, gravados na Columbia em 1936-37, e esta é uma gravação RCA Victor sem data, registrada no acervo do Instituto Moreira Salles com o número 196, o que leva a crer que se trate de disco particular, não comercializado (será que foi para as lojas?). Enfim, uma incógnita. Mas, de qualquer forma, aí vai mais uma contribuição do GRB para a preservação de nossa memória musical. Até a próxima!
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

Escola De Samba Da Cidade E Paulinho E Sua Bateria – Batucada (1982)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou trazendo aqui um disco que há muito eu venho querendo postar, porém, ao longo do tempo, percebi que o álbum já estava sendo compartilhado. Daí, achei melhor deixá-lo guardado para uma próxima ocasião. Agora, acho que já é hora de botá-lo novamente para rodar.
“Batucada” é um álbum clássico, lançado originalmente na década de 60, teve uma nova edição em 1982, na série “Reprise” do selo Fontana. É sem dúvida um disco excepcional, tão bom quanto o “Batucada Fantástica” do Luciano Perrone, disco esse já postado aqui. “Batucada” é apresentado pela Escola de Samba da Cidade e por Paulinho e Sua Bateria. Entre os diferentes tipos de batucada, temos aqui também o ‘sorongo’, ritmo criado pelo percurssionista Pedro Santos, também presente no disco. Vale a pena conferir este toque, eu recomendo 😉
estilo clássico
sorongo
bossa nova
cruzado e bossa nova
marcha e frevo
samba do morro
partido alto
baião rojão e maracatú
samba de rua
samba de carnaval
teleco teco
batuque em três andamentos
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Roberto Faissal – Canção Da Mulher Amada (1961)

Olá amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou trazendo um disquinho aqui que tem a minha idade e somente hoje é que eu vim a conhecê-lo, ou melhor dizendo, ouví-lo. Eu sempre achei que fosse este um disco de poesia, pois pelo pouco que sei, Roberto Faissal era um rádio-ator da Rádio Nacional. Nunca tive a curiosidade nem de ler a contracapa, embora o álbum já tivesse passado pelas minhas mãos várias vezes. Pois é, mas tudo tem seu tempo e sua hora. Eis que chegou a vez…
Este lp foi lançado em 1961 pela Columbia. Um disco diferente até então. Mal recebido pela crítica, que não pôs muita fé no ator como cantor. Segundo uma nota do jornal carioca A Noite, Roberto Faissal forçava muito a voz nos tons graves ‘sem ter o necessário preparo técnico para tanto’. Mas, distante há mais de meio século, ouvindo hoje eu não tenho essa impressão. Acho mesmo diferente, principalmente porque se trata de uma gravação fora dos padrões da época. Um disco gravado apenas por voz e violão. Coisa que só se ouvia e à maneira da turma da Bossa Nova. Eis aí a ‘canção’ como um estilo. “Canção da mulher amada” é um disco bacana, romântico e sensível. Traz em seu repertório composições muito boas de Roberto Faissal, que surpreende como compositor. Há também canções de autoria de Luiz Antonio, Antonio Maria, da dupla Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Este último também é figura importante no disco. É Evaldo Gouveia quem acompanha, ao violão, o cantor.

canção da mulher amada
canção pra saudade ir embora
cantiga de quem está só
canção de onde vem a saudade
canção de eu e tu
canção do amor que volta
canção do amor que lhe dou
canção pra ninar gente grande
canção da rosa que te dou
canção do amor que não vai
canção da procura de mim
canção do que não pode esquecer
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Jorginho Do Império Serrano – Pedra 90 (1974)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Antes que esta quinta feira se transforme em sexta, deixa eu dar um toque musical aqui. Vou trazendo para vocês um disco de samba. Temos aqui o cantor e sambista Jorginho do Império em seu ‘debut’ fonográfico. “Pedra 90” é o nome do disco lançado por ele em 1974, através do selo Equipe. Um disco muito interessante, mas o sucesso só viria mesmo no segundo lp, com a música “Na beira do mar”. “Pedra 90” foi relançado pela Editora Discobertas, do Marcelo Fróes. Jorginho do Império é filho de Mano Décio da Viola, um dos fundadores da Escola de Samba Império Serrano. Hoje, mais que nunca, um artista consagrado, um sambista e passista respeitado, com muitos discos gravados!

pedra 90
olêlê ola lá
volta pro morro
malandro é malandro mesmo
deixe-me viver com ela
quem tem medo de perder nao ganha
dendeca de briga
mais uma casa de bamba
a timidez me devora
minha história
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Raimundo Sodré – Coisa De Nêgo (1981)

Olá amigos cultos e ocultos! Na ligereza do dia aqui vou eu… Variando o variado, aqui vai mais um disco ‘da massa’, do cantor e compositor baiano Raimundo Sodré. Este foi o segundo disco gravado por ele, lançado também pela Polydor, no ano de 1981. Poxa, como o tempo passa de pressa. Esse som ainda está bem presente no meu passado, me lembro como se fosse ontem. Para não estragar o meu prazer, nem vou procurar saber por onde anda o Raimundo Sodré. Espero que ele não tenha entrado como ingrediente na ‘massa’ do bolo baiano que só mesmo na Bahia se consegue consumir. Ele tá sumido, né? Bom, mas o importante é que este é mais um dos seus bons discos, segue mais ou menos a mesma linha do primeiro. Músicas boas, tipicamente baianas sem contaminação e sem serem ordinárias. Muito legal, vale a pena ouvir de novo!

coisa de nêgo
não deixe de sorrir
canto da ‘vorta’ sêca
povo a vista
canto de aprendiz
temperamento latino
realismo fantastico
regaça a manga
desaforo desafio
bebericando
odara odesce
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Raul Caruso – Eu Serei Teu Cantor (1968)

Olá amigos cultos e ocultos! Em meio a pressa, na minha sempre falta de tempo, vou aproveitando o ensejo para apresentar aqui mais um raro e curioso lp, daqueles que só aparecem mesmo aqui, no Toque Musical. Estou me referindo, claro, a este lp, lançado em 1968 pelo selo Hot. Nosso artista em questão chama-se Raul Caruso. Procurei rapidamente alguma informação sobre ele no Google, mas infelizmente não achei nada. Daí, vou me pautando nos dados contidos no próprio álbum. O texto da contracapa é do inesquecível Chacrinha. Nele, o “Velho Guerreiro” nos apresenta sua descoberta, um cantor que imitava a voz do grande Vicente Celestino. Deram a ele o nome de “Raul Caruso” e deve ter sido batizado pelo próprio Chacrinha, que era o seu ‘padrinho’. Foi Abelardo Barbosa quem introduziu o cantor em seu programa e deu a ele a chance de brilhar ainda mais ao conseguir um contrato para gravar o seu primeiro disco. Bem propício para o momento, naquele ano de 68, muitos ainda estavam em choque com a morte de Vicente Celestino. Raul Caruso foi apresentado no programa “Hora da Buzina” e causou sensação, emocionando o público ao cantar as músicas de e ao estilo de Vicente Celestino. De imediato, conseguiu naquela mesma noite um contrato com a Rio-Som (Riversong) para lançar dois lps. Este, como eu já disse, foi o primeiro. Na verdade eu nem sei se ele chegou a gravar o segundo (nunca vi). No presente disco temos, evidentemente, uma série de músicas do repertório daquele que foi chamado ‘a voz orgulho do Brasil’. Pela curiosidade, acho que já vale a pena conhecer Raul Caruso. Vamos lá?

eu serei teu cantor
modinha
noite cheia de estrelas
coração materno
porta aberta
jura-me
helena, helena
o ébrio
a mulher que ficou na taça
castelos de areia
pra que mentir
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A Música De Ismael Silva Na Voz De Francisco Alves – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 84 (2014)

Olá, amigos cultos, ocultos e associados do Toque Musical! É com muita alegria que apresentamos nesta semana a primeira edição do Grand Record Brazil de 2014, a de número 84. Nela, apresentamos a primeira parte de uma série dedicada à obra musical de um dos maiores expoentes do samba, Ismael Silva.
Batizado como Mílton de Oliveira Ismael Silva, o compositor nasceu em Niterói, na praia de Jurujuba, em 14 de setembro de 1905, filho do cozinheiro Benjamin de Oliveira Chaves e da lavadeira  Emília Corrêa Chaves, e era o caçula de um grupo de cinco irmãos. Aos três anos de idade, em decorrência de complicações financeiras enfrentadas após a morte do pai, mudou-se com a mãe para o Rio de Janeiro, estabelecendo-se no bairro do Estácio de Sá. Ismael frequentou a escola primária e concluiu o ginásio aos 18 anos, após residir em outros bairros cariocas, tais como  o Rio Comprido e o Catumbi. Sua primeira composição, feita quando tinha 15 anos de idade, foi um samba chamado “Já desisti”, nunca levado ao disco. E foi em 1928 que teve seu primeiro samba gravado, “Me faz carinhos”, na voz de Francisco Alves (nesta seleção, juntamente com outras 14 faixas também gravadas por ele). Ambos formaram, ao lado de Nílton Bastos, um trio conhecido como Bambas do Estácio. Em 1928, constituiu-se em um dos fundadores do bloco precursor da primeira escola de samba de que se tem notícia: a Deixa Falar, que desfilou entre 1929 e 1931, e acabou por causa da mudança de Ismael para o centro do Rio, após as mortes de Nílton Bastos e Edgar Marcelino dos Passos, o Mano Edgar. Com a morte de Nílton, passou a compor com Noel Rosa, parceria esta que resultou em 18 músicas, fazendo de Ismael o mais constante parceiro do Poeta da Vila. Mais tarde, porém, acontece uma virada radical na vida de Ismael Silva. Envolvendo-se numa briga do bar, por razões controversas (ou por ciúme ou para defender sua irmã Orestina), atira em Edu Motorneiro, cidadão conhecido nas rodas boêmias cariocas, sem no entanto matá-lo.  Condenado a cinco anos de prisão, cumpriu apenas dois, por bom comportamento. Depois, tornou-se recluso, passando por dificuldades financeiras, só voltando à cena artística em 1950 com o samba “Antonico”, sucesso na voz de Alcides Gerardi. Como intérprete, Ismael Silva gravou três discos de 78 rpm com seis músicas, e mais quatro LPs reunindo  suas composições, um pela Sinter, outro pela Mocambo e outros dois pela RCA. Em 1960, por iniciativa do jornalista Sérgio Cabral, recebeu o título de Cidadão Samba e, da Câmara Municipal do Rio, o de Carioca Honorário, provas de reconhecimento  de sua arte como verdadeiro sambista. Participou dos shows “O samba nasce do coração”, na boate Casablanca (1954) e “O samba pede passagem” (1965), este ao lado de Aracy de Almeida, no Teatro Opinião, além de se apresentar no restaurante Zicartola. Em 1970, recebeu homenagem da boate Jogral, de São Paulo. Um de seus últimos shows foi “Se você jurar”, em 1973, ao lado de Cármen Costa, com produção de Ricardo Cravo Albim. Este também é o título de um de seus sambas mais conhecidos, lista que  inclui “Novo amor”, “Me diga o teu nome”, a já citada “Antonico”, “Ao romper da aurora” (este feito com o grande Lamartine Babo), “Tristezas não pagam dívidas”, “Uma jura que eu fiz”, “Sofrer é da vida”, “Nem é bom falar” (nesta seleção), “O que será de mim?”, “Contrastes” etc. Ismael Silva faleceu no Rio de Janeiro, em 14 de março de 1978, de um infarto causado por complicações surgidas após uma cirurgia para tratar de uma úlcera varicosa que tinha em uma das pernas.

A presente seleção nos traz quinze composições de Ismael Silva interpretadas pelo Rei da Voz Francisco Alves (1898-1952), várias delas em que o cantor figura como parceiro, e a maior parte sambas.  A primeira faixa, porém, é de Ismael sem parceiro: “Choro, sim”, gravação Victor de 21 de novembro de 1934, e, apesar de constar na edição ter sido feita para o carnaval de 35, só lançada em julho desse ano  sob n.o 33946-B, matriz 79784. “Ando cismado” é uma parceria de Ismael com Noel Rosa, gravação Odeon de 27 de outubro de 1932, lançada em dezembro seguinte com o n.o 10936-A, matriz 4532. Um pouco antes, a 29 de junho de 32, e também pela “marca do templo”, Chico gravara uma autêntica obra-prima dos mesmos parceiros, “Para me livrar do mal”, disco 10922-B, matriz 4467. Da parceria Ismael-Chico Viola é “Gandaia”, lado B do disco Odeon 10906, gravado em 23 de março de 1932 e lançado em maio seguinte, matriz 4420. Ambos também fizeram a marchinha ‘Você gosta de mim”, lançada pela Parlophon em dezembro de 1931, visando, claro, o carnaval de 32, sob n.o 13377-B, matriz 131307. Logo em seguida você encontrará o lado A, o samba “Sonhei”, de Chico, Ismael e Nílton Bastos (não creditado na edição), matriz 131306. Também da folia de 1932 são as faixas do Parlophon 13375, lançado junto com o anterior, em dezembro de 31, e que temos logo em seguida: o samba “Amar”, também da santíssima trindade Chico Alves-Ismael Silva-Nílton Bastos, no lado B, matriz  131308, e, no lado A, matriz 131302, a divertida marchinha “Gosto mas não é muito”, inspirada num fato real acontecido após a subida de Getúlio Vargas ao poder: muitos de seus adeptos, antigos e de última hora, almejavam cargos públicos, em tempo de crise braba, e para amenizar a coisa, passou-se a exigir, dos postulantes a tais cargos, requerimento estampilhado, com foto e selo (“Traz o retrato e a estampilha”). Obviamente, aqueles mais chegados ao círculo do poder, os “adeptos do Gegê”, passavam longe de tais exigências, sendo nomeados militares.  Aqui, Ismael e Chico são parceiros de Noel Rosa, que fez a segunda parte mas não foi creditado no selo do disco e na partitura impressa. Em seguida, outro produto da santíssima trindade Ismael Silva-Francisco Alves-Nílton Bastos, o samba “É bom evitar”, lançado pela Odeon por volta de outubro de 1931 sob n.o 10837-A, matriz 4271. Eles assinam ainda as faixas seguintes: “Ironia”, lançada pela “marca do templo” em março de 1931, disco 10767-B, matriz 4136, com provável participação ao bandolim de Luperce Miranda, “Meu batalhão”, em que Chico Alves é acompanhado de seu “Esquadrão”, lançada pela Odeon em janeiro de 1931, claro que para o carnaval, com o n.o 10748-B, matriz 4091, “Olê-leô”, para a mesma folia, gravação de 27 de novembro de 1930 também saída em janeiro de 31 pela “marca do templo” (10745-B, matriz 4068) e o lado A desse disco, o conhecidíssimo “Nem é bom falar”, matriz 4067. Comenta-se que Roquette Pinto, criador do radiodifusão brasileira, ao ouvir o verso “Eu quero uma mulher bem nua”, declarou:  “Todos nós queremos, mas não é preciso dizer”…  “Não é isso que eu procuro”, parceria de Chico Alves e Ismael Silva, gravado na mesma Odeon em 10 de agosto de 1928 e lançado em setembro do mesmo ano com o n.o 10251-B, matriz 1876, foi interpretado pelo Rei da Voz, em dupla com Célia Zenatti, na revista “Eu quero é nota”, encenada no Teatro Carlos Gomes do Rio, e depois incluída em outra revista ali encenada, também com o nome de “Não é isso que eu procuro”.  E, para encerrar, justamente o primeiro samba que Ismael Silva teve gravado: “Me faz carinhos”, que a Odeon de sempre lançou em janeiro de 1928 com o n.o 10100-B, matriz 1480 (diz-se que teria sido antes gravado instrumentalmente pelo pianista Cebola, mas esse disco nunca foi localizado). A autoria de “Me faz carinhos”, no selo e na edição, é atribuída apenas a Francisco Alves, que o comprou de Ismael mais por necessidade imediata de dinheiro por parte do compositor, sem esperar o resultado das vendas dos discos e das partituras. Entretanto, por mais que Chico Viola comprasse parcerias, contribuía, e muito, para o aprimoramento das composições de Ismael quando as gravava e, sem o Rei da Voz, é pouco provável que o sambista niteroiense surgisse na MPB de maneira tão decisiva. Chico Viola também cantou ”Me faz carinhos” numa revista muito adequadamente chamada “Você quer é carinho”, igualmente encenada no Teatro Carlos Gomes. Enfim, uma amostra da genialidade de Ismael Silva, a primeira que o GRB  oferece para deleite de tantos quanto apreciem o melhor do samba e da MPB. Semana que vem teremos mais Ismael Silva. Encontro marcado!

* Texto de Samuel Machado Filho

Djalma Dias – Destaque (1973)

Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Nunca tive muito interesse no YouTube, que fosse além do de espectador, para ver vídeos e ouvir música. Foi justamente pensando no ouvir que de uns tempos pra cá eu passei a flertar com essa telinha digital. Ainda estou nos primeiros passos, mas acho que logo vou incrementar minha conta por lá com alguns vídeozinhos de música. Quem sabe até eu crie alguns clips mais elaborados. Acho que mais essa dobradinha pode dar pé 😉 Precisamos divulgar mais esse Toque Musical, afinal, de ocultos aqui já bastam vocês, não é mesmo?
Hoje eu estou trazendo o álbum “Destaque”, do cantor Djalma Dias. Eu já havia postado aqui, anteriormente, outros dois discos onde o cantor e sambista é também destaque. Aproveito até para replicar o que já havia escrito. Djalma foi cantor de boate, intérprete vitorioso em festivais e de trilhas de novelas da Rede Globo. Gravou diversos sucessos, entre os mais famosos temos “Capitão de Indústria”, de Marcos e Paulo Sérgio Valle para a novela “Selva de Pedra”. Aliás, é bom dizer, Djalma gravou diversas músicas dos irmãos Valle. Isso muito se deve ao fato de que Marcos Valle tinha contrato com a Som Livre, era um dos principais compositores para os programas da Globo e Djalma Dias era também contratado, principalmente como cantor e atuando em coros de trilhas e especiais da emissora. Ele gravou vários discos, os quais ainda hoje são difíceis de ver (e ouvir) na blogosfera.
Em “Destaque”, vamos encontrar um repertório muito bom, amarrado por músicas de qualidade de compositores como Adoniran Barbosa, Antonio Adolfo, Djavan, Johnny Alf, Antonio Carlos & Jocafi, Marcos e Paulo Sergio Valle e outros mais… Este disco foi produzido por Estáquio Sena, com arranjos de Waltel Blanco.

saudades de lá
menino levado
dono de casa, boa noite
as moças
só lágrimas
num arredo pé
tocar na banda
o galo cantou
marina, marina
de ontem pra hoje
desgruda
minha serenata
.

A Turma Do Pererê (1983)

Olá amigos cultos e ocultos, boa noite! Acabo de voltar da Feira de Vinil. Achei que este sábado não iria render muito por lá. Mas, ao contrário, o dia foi puxado, com muitas compras, muitas vendas e também muitas trocas. Um dia integralmente musical e divertido. Mas depois de carregar meia dúzia caixas de disco, posso dizer que estou esbodegado. Só quero mesmo saber de um banho, comer alguma coisa e dormir cedo.
Antes, porém, deixa eu postar aqui alguma coisa. Para não dizerem depois que não publiquei nada no fim de semana. Numa escolha do acaso, puxando do fundo do gavetão, veio na sorte o presente lp que agora eu apresento a vocês. Trata-se da trilha de um musical exibido na Semana da Criança, pela Rede Globo, em 1983. Um criação de Ziraldo, com direção de Guto Graça Mello. A história é inspirada na revista em quadrinho criada por Ziraldo nos anos 50. No programa da tv a história é contada em forma de um musical e as músicas são interpretadas por nomes como Fagner, Grupo Céu da Boca, Luiz Melodia, Sérgio Reis, Marlui Miranda, Wanderléa, Zezé Motta e outros, conforme se pode ler na capa do disco. Um trabalho muito interessante, quando a Rede Globo ainda produzia coisa que presta. Embora seja voltado para um público infantil, o resultado em disco agrada também aos adultos. Confiram

grande final – gal costa
canção dos caçadores – sergio reis
espantalho – fagner
estrela – ricardo graça mello
acorda saci – wanderléa
mata fundão – turma do pererê
tininim – zezé motta
canção do tuiuiú – marinella graça melo
turma do pererê – turma do pererê
agulha no palheiro – luiz melodia
canção do vento – céu da boca
não se vá tininim, não se vá – marlui miranda
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Dick & Claudette – Tudo Isso É Amor (1976)

Olá amiguíssimos cultos e ocultos! Hoje foi um dia de sorte. Ou melhor dizendo, uma tarde de sorte. Voltava eu do Centro a pé para casa quando passei por uma pequena lojinha do tipo ‘topa tudo’. Resolvi dar uma entrada (essas coisas me atraem) e por achei uma caixa cheia de discos. De cara eu vi que tinha lá coisas boas. Além de bons discos, estavam perfeitos. Garimpei uns vinte e poucos discos, sei lá… e pelo tanto acabei tendo um belo desconto. Saíram todos por menos de 5 reais. Que maravilha!
Entre os lps comprados havia este aqui do Dick Farney ao lado da Claudette Soares. Um álbum excelente, que com certeza muitos por aqui já devem conhecer, pois já foi publicado em diversos blogs. Mesmo assim e pela alegria de tê-lo entre as minhas últimas aquisições, faço questão de postá-lo.
Este álbum foi lançado em 1976, numa boa fase dos dois artistas, que aqui nos apresentam um repertório fino com onze canções memoráveis, verdadeiros clássicos. E isso inclui também a internacional “Tenderly”, de Jack Lawrence e Walter Gross.

o que é amar
minha namorada
este seu olhar
de você eu gosto
é preciso dizer adeus
castigo
tudo isso é amor
fotografia
tenderly
o nosso olhar
somos dois
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Aracy De Almeida – O Samba Em Pessoa (1966)

Olá amigos cultos e ocultos! 2014 começou bem… bem quente! Pô… que calor fdp! Me tirou até o pouco ânimo que tenho tido para fazer as postagens. Mas com a ajuda do ventilador e uma jarra de água gelada, tudo dá uma refrescada.
Trago para vocês este disco da cantora Aracy de Almeida. Álbum lançado pela RCA, através de seu selo RCA Camden, em 1966. Este selo foi o responsável por algumas reedições de antigas gravações da Victor, feitas no período do 78 rpm. Trata-se, obviamente, de coletâneas tais como as que fazemos hoje na série “Grand Record Brasil”, do Toque Musical. Nesta seleção intitulada “O Samba Em Pessoa”, vamos encontrar doze fonogramas extraídos de gravações feitas pela cantora entre os anos de 1937 a 42. Não precisa nem dizer, uma dúzia de clássicos da melhor qualidade. Muitas das músicas apresentadas neste disco também estão na seleção GRB, mesmo assim eu achei interessante de postarmos um álbum bacana como é esse. Foi na época a oportunidade do público vir a ter e ouvir gravações que até então só eram possíveis em bolacha de 78 rpm. Esta série RCA Camden ajudou a difundir artistas e músicas esquecidas, resgatando um pouco de uma produção fonográfica história. Vamos ouvir

tenha pena de mim
oque foi que eu te fiz
século do progresso
com razão ou sem razão
camisa amarela
rapaz folgado
último desejo
quem mandou coração
o mair castigo que eu te dou
eu sei sofrer
fez bobagem
qual o quê
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Orlando Silva – Compacto Odeon (1959)

Olá amigos cultos e ocultos! Feliz 2014 para todos! Aqui estamos de volta, trazendo sempre algo para se ouvir com outros olhos. Discos raros, curiosos, bootlegs, gravações e coletâneas exclusivas.
Como maneira de provar o quanto são poucos aqueles que perdem alguns minutinhos lendo nossas postagens, vou deixar aqui uma mensagem interessante, a qual eu não pretenndo repetir novamente. Quem leu, entendeu e vai aproveitar bem a dica. É o seguinte, a partir desta postagem estarei deixando um link relativo ao título apresentado, de maneira bem discreta, na última letra do texto (antes da relação da músicas). Clicando na letra final vocês terão acesso ao arquivo direto, através de seu provedor (no caso e até o momento, o Deposit Files). Essa é uma alternativa que estou criando, inicialmente como um teste. Vamos ver quantos vão ‘pescar’ a ideia 😉
Começamos o ano bem, trazendo o grande Orlando Silva em um raro compacto de 1959, um dos primeiros lançados no Brasil pela Odeon. Trata-se de um compacto duplo trazendo quatro temas marcantes, que Orlando Silva interpreta com toda a sua classe. Me parece que foi também a última gravação feita pelo cantor na Odeon. Imagino também que este compacto tivesse uma capinha ilustrada, como era comum nos primeiros disquinhos de 7 polegadas. O que eu tenho, infelizmente, não tem capa. Daí, para embalar o presente, criei essa aqui, exclusiva do Toque Musical.
rosalina
quando as aves emigram
timidez
lago da esperança
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Os Originais Do Samba – Pra Que Tristeza (1974)

Boa noite, meus prezados amigos cultos e ocultos! Eis que me surgiu mais uma folguinha e um leve desejo de fazer uma última postagem neste ano de 2013 que vai se encerrando. Eu havia pensado em criar uma coletânea para embalar os festejos de fim de ano, mas creio que já está meio em cima da hora. Para garantir pelo menos um final feliz, aqui vai um dos melhores discos do grupo Os Originais do Samba. “Pra que tristeza”, álbum lançado me 1974, fase muito boa. No disco temos pelo menos duas músicas de muito sucesso, “Tragédia no fundo do mar”, também conhecida como “Assassinaram o camarão”, que fez muito sucesso e se tornou hoje um samba clássico. E falando em clássico, temos o “Samba do Arnesto”, de Adoniran Barbosa, que também participa nesta swingada versão.
E ficamos então assim… Se a gente não se ver amanhã, fica aqui e já os meus votos de boas festas. Um feliz ano novo para todos. Muita paz, amor, saúde e música! Que em 2014 a gente consiga realizar tudo aquilo que ainda não foi possível. que seja o ano das muitas realizações. Saudações musicais a todos!
saudade e flores
samba do arnesto
cabeça que nao tem juízo
tragédia no fundo do mar
pra que tristeza
mulata faceira
boato
canto de amor
buchicho
complicação
quem me dera
não sei de anda
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Massafeira Livre (1980)

Olá amigos cultos e ocultos! Como já deu para perceber, nos últimos dias eu não postei nada. Depois do Natal me deu uma preguiça daquelas. Aliás, vou ser sincero, ando meio cansado de tudo isso aqui. As postagens diárias já não me despertam interesse. Embora eu tenha aqui uma infinidade de discos ainda para apresentar, ando meio desanimado. Deve ser o ano que vai chegando ao fim, assim como a minha energia. Sinceramente, os dias já não são mais os mesmos e essa onda de blog musical está ficando aborrecida e obsoleta. Parece que poucos são aqueles ainda interessados em música editada. Discos, naturalmente. Como os livros. Só mesmo os apaixonados… Tô meio cansado.
Eis aqui um álbum o qual eu há tempos venho querendo postar, bem antes de seu relançamento, em 2010, na versão digital. “Massafeira Livre” é um daqueles álbuns que todo bom amante-colecionador de MPB em discos tem que ter. Eu entendo que existem músicas, projetos e até mesmo artistas/bandas que foram feitos para existirem no mundo fonográfico, coisa de uma época que parece já não mais existir. “Massafeira” me passa essa ideia de uma verdadeira produção fonográfica. Talvez pela sua variedade e riqueza musical, felizmente apresentada em dois discos, um álbum duplo. “Massafeira Livre”, em disco, é uma produção de Ednardo. Uma síntese do que ocorreu no histórico evento cultural, em março de 1979. Ctrl+C, Ctrl V:
Durante quatro dias de março de 79, o Teatro José de Alencar foi envolvido por uma magia que despertou os habitantes da pacata cidade de Fortaleza. Artistas das mais variadas formas de expressão cultural se juntaram numa grande festa de interação. Um projeto comunitário de manifestações artísticas tomou corpo, vida, brilho próprio e registrou a energia criadora da sensibilidade humana numa feira livre de artes.  Englobando música, cinema, teatro, literatura, dança, pintura, escultura, fotografia, artesanato, cultura popular, usos e costumes da terra, a massa, em massa, digeriu esse acontecimento como força atuante, geradora de impulso. E Fortaleza foi seduzida por esse movimento, por essa explosão de anos. E aconteceu a MassaFeira Livre.
Em julho de 79, mais de cem pessoas, entre músicos, instrumentistas, cantores e compositores cearenses foram levados ao Rio de Janeiro, para a gravação do álbum duplo Massafeira Livre. Uma verdadeira algazarra ocorria nos estúdios da CBS. Um fato inédito estava sendo prensado por aquela gravadora: a feira livre de manifestação artística, liderada pela música, que ocorreu na cidade de Fortaleza-Ce., nos dias 15, 16, 17, 18 de março / 79. A feira livre em massa. Quinze meses passaram e “por razões de força maior” * o álbum ficou retido nas gavetas da CBS. As razões não foram esclarecidas, cresciam as expectativas em torno deste lançamento, os artistas presentes no disco reivindicavam o acordo feito com a gravadora.
Ednardo, como produtor do álbum, como artista e como cabeça pensante que iniciou o projeto Massafeira, veio ao Rio; realizaram-se as conversações e o disco Massafeira Livre foi finalmente anistiado. De volta a Fortaleza, e aproveitando o lançamento de seu lp “Imã”, Ednardo impulsiona a II Massafeira, outra grande festa comunitária artística, que aconteceu de 16 à 19 de outubro de 1980, onde o álbum duplo é finalmente lançado.

aurora – ednardo e belchior
como as primeira chuvas do caju – angela linhares
pé de espinho – rogério e regis
vira vento – vicente lopes
aviso aos navegantes – lucio ricardo
o que foi que você viu – chico pio
brejo – regis
atalaia – ferreirinha
frio da serra – lopes, ednardo e fagner
isopor – wagner costa
buenos aires (citroen) – sergio pinheiro
senhor doutor – patativa do assaré
o sol é que é quente – ednardo e aninha
em cada tela uma história – lucio ricardo
cor de sonho – mona gadelha
vento rei – cale
rei – teti e tania
jardim do olhar – coro massafeira
o sol acordou – ednardo
estradeiro – rogerio
pelos cantos – graco
não haverá mais um dia – pachelli jamacaru
último raio de sol – ednardo e teti
reizado – ednardo
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Especial De Natal Parte 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 83 (2013)

Nesta que é a semana do Natal, o Grand Record Brasil apresenta a segunda parte de sua seleção de músicas do gênero, gravadas na era das 78 rotações por minuto, feita a partir de uma compilação realizada em 2006 por nosso amigo e colega Thiago Mello, para seu blog Bossa Brasileira (http://bossa-brasileira.blogspot.com). São as últimas onze gravações de nosso retrospecto, perfazendo um total de vinte.
Orlando Silva (1915-1978), o sempre querido e lembrado “cantor das multidões”, abre esta segunda parte com o fox-canção “Noite de Natal”, de Maugéri Neto e Maugéri Sobrinho, lançado pela Copacabana em outubro-novembro de 1952 sob n.o 5010-B, matriz M-260. Nessa época, Orlando retornara ao convívio do grande público, após um período marcado por problemas de ordem pessoal, inclusive amorosa, e substituiu Francisco Alves, morto em acidente rodoviário naquele ano, em seu programa de domingo na Rádio Nacional do Rio de Janeiro.  Em seguida, as duas partes de “Cantigas de Natal”, pot-pourri de conhecidas músicas do gênero (“Noite feliz”, “Tannenbaum”, “Jingle bells”, “Amanhã vem o Papai Noel”, etc.), com arranjo de Radamés Gnattali e Paulo Tapajós, e interpretadas pelos trios Melodia (do qual Tapajós fazia parte, junto com Albertinho Fortuna e Nuno Roland) e Madrigal (Edda Cardoso, Magda Marialba e Lolita Koch Freire). Esta seleção saiu pela Continental em 1951 com o número 20106, matrizes 2720 e 2721. Já que falamos em Francisco Alves (1898-1952), o eterno Rei da Voz aqui comparece com duas faixas. A primeira é a marchinha “Meu Natal”, parceria sua com Ary Barroso, em gravação Victor de 19 de outubro de 1934, lançada em dezembro seguinte sob n.o  33857-A, matriz 79762. No acompanhamento a orquestra Diabos do Céu, do mestre Pixinguinha. A outra é a canção-marcha “Natal”, de Herivelto Martins e Rogério Nascimento, gravação Odeon de 23 de outubro de 1945, lançada em dezembro seguinte com o n.o 12650-B, matriz 7926. Junto com ele está o Trio de Ouro em sua primeira formação, com Herivelto, Dalva de Oliveira e Nilo Chagas, todos acompanhados plea orquestra de Fon-Fon  (Otaviano Romero Monteiro).  Carlos Galhardo, “o cantor que dispensa adjetivos”, vem com outras duas faixas, em gravações RCA Victor. A primeira é a singela canção “Feliz Natal”, de Peterpan (cunhado da cantora Emilinha Borba, que regravaria a música um ano mais tarde) e Giuseppe Ghiaroni, gravada por Galhardo em 4 de agosto de 1950 e lançada em outubro do mesmo ano sob n.o  80-0697-A, matriz S-092728 (na verdade a música fora lançada um ano antes, na Star, pelo coral da Rádio Nacional do Rio). O registro de Galhardo, curiosamente, seria reeditado com o n.o 80-1061-A, em dezembro de 1952. A outra faixa dele aqui é exatamente a música que inaugurou entre nós o gênero natalino: a marcha “Boas festas”, de Assis Valente, aqui em seu registro original, de 17 de outubro de 1933, lançado em dezembro seguinte pela então Victor com o n.o 33723-A, matriz 65864. Foi, aliás, o primeiro grande hit nacional do cantor, que a gravaria mais duas vezes. Em seguida, vem o grande Blecaute (Otávio Henrique de Oliveira, Espírito Santo do Pinhal, SP, 1919-Rio de Janeiro, 1983), com a conhecidíssima “Natal das crianças”, de sua autoria, lançada pela Copacabana em dezembro de 1955 sob n.o 5502-A, matriz M-1273, Blecaute rotulou a música, modestamente, como “valsinha de roda”, sem ao certo imaginar que seria um dos maiores hits do cancioneiro natalino brasileiro em todos os tempos!  Temos depois outra “Noite de Natal”, desta vez uma valsa de Newton Teixeira em parceria com (Murilo) Alvarenga, que a gravou na Odeon com Ranchinho (Diésis dos Anjos Gaya) em 30 de outubro de 1941 com lançamento em dezembro seguinte, disco 12079-A, matriz 6826. Para encerrar, temos Dick Farney (Farnésio Dutra e Silva, Rio de Janeiro, 1921-São Paulo, 1987), interpretando “Feliz Natal”, singela canção da festejada dupla Armando Cavalcanti-Klécius Caldas, lançada pela Continental entre outubro e dezembro de 1949 sob n.o 16123-A, matriz 2173, com acompanhamento da orquestra do também compositor José Maria de Abreu. Curiosamente, este registro teve reedição em 1955, sob n.o 17230-B. A todos os amigos cultos, ocultos e associados do Toque Musical , os nossos mais sinceros votos de um Natal maravilhoso e um ano novo de 2014 repleto de alegria, paz, saúde e realizações positivas!

* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

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Coleção Momentos De Ternura – Coledisc (1966)

Olá amigos cultos e ocultos! Enfim, o Natal está chegando e como sempre, eu deixo tudo para a última hora. Ainda nem comprei os meus presentes. Vou ver se faço isso hoje e domingo. Por certo o comércio vai estar aberto. Em virtude dessa confusão natalina, eu resolvi adiantar as coisas por aqui. Já, previamente, postei alguns discos com temas natalinos. No domingo vou dar uma pausa e só volto para fechar o fim de ano. Por enquanto e para tanto, eu hoje vou presentear os amigos com uma super postagem. Vou dar de cara para vocês uma coleção completa com músicas que vão ajudar a embalar os festejos natalinos e de passagem de ano. É claro que eu estou falando aqui para pessoas como eu (amigos cultos e ocultos), que escutam música com outros olhos. Por gosto e por curiosidade. Por amor ou simples vontade. Por hoje e por ontem 😉 É isso aí! As pessoas precisam ouvir mais música e tê-las em suas vidas não apenas por diversão. Conhecer, reconhecer, entender e perceber. São verbos com intensões semelhantes, mas que nos dão uma dimensão muito maior do que é a música. Se malandro soubesse…
Pois é, ouvindo com outros olhos, eu trago então para vocês seis álbuns que fazem parte da “Coleção Momentos de Ternura”, do selo Coledisc. Em outros momentos eu cheguei até postar alguns desses discos separadamente. A Coledisc era um selo que produzia e distribuía música de maneira estritamente comercial, voltada para um formato, geralmente, de coleções como esta. A impressão que eu tenho é que a Coledisc trabalhava com estoques, sobras e projetos fonográficos da chamada ‘segunda linha’, muitas vezes versões de sucessos da época interpretadas por músicos fantamas, ou melhor dizendo, músicos cujos os créditos eram dispensados em troca de outros, pomposos e pretensos nomes internacionais. A ideia era criar gêneros e a esses dar um nome apropriado. Em outras palavras, produziam discos com artistas inventados, pseudônimos internacionais, que ajudavam a vender melhor seus produtos. A mineira Paladium foi outra que seguiu a mesma linha, inclusive trocando figurinhas com a Coledisc. Alguns dos fonogramas que estão nesses discos também podem ser encontrados nas coleções da Paladium. Esses discos eram vendidos por correspondência, através de vendas domiciliares ou  pelo correio.
Nesta coleção que eu lhes apresento temos gêneros musicais diversos, que vão da Bossa Nova, Jovem Guarda, temas de cinema, música mexicana, paraguaia e italiana. Tudo de acordo para agradar a toda a família. Embora cada disco tenha lá a performance de uma artista ou conjunto, suponho eu que muitos desses álbuns foram gravados pelos mesmos instrumentistas, músicos até famosos, mas que aqui aparecem ocultos por trás de nomes como o Conjunto Balambossa; Conjunto Românticos del Mexico; Paulo Contreras Y Su Harpa; The Honey Boys; The Romantic Players of Beverly Hills e The Veneto Quartet.
drink na praia
people
and i love you
nature boy
fio de esperança
preciso aprender a ser só
não quero ver você triste
the shadow of your smile
adventures in paradise
naked city
limelight
three stars will shine tonight
historia de un amor
perfidia
cuando calienta el sol
cuando tu me queiras
oracion caribe
y
sabore mi
la hiedra
amor amor amor
el loco
encadenados
la barca
fantasia oriental
aquellos ojos verdes
mi dicha lejana
mis noches sin ti
pájaro chogui
harpa paraguaia
tren lachero
nunca aos domingos
el reloj
como ti extraño mi amor
fantasia paraguaia
cuando calienta el sol
a taste of honey
roberta
arriverdeci amore mio
n’avoue jamais
allora si
isabelle
non son degno di te
il silenzio
dear heart
sob o céu de paris
querida
se piangi si ride
ma vie
the sound of music
abraça-me forte
que c’est triste venise
dançando sobre a estrela
io che non vivo senza te
rosas vermelhas para uma dama triste
casa d’irene
o home que não sabia amar
o mio signore
comiciano ad amarci

torna a sorriento
arrivederci roma
santa lucia
o sole mio
anema e cuore
mattinata
cuore ‘ngrato
picolissima serenata
mamma
accarezzane
dicintello vuie
marechiare
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Carioca & Devas – Mistérios Da Amazônia (1980)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Para não esquecermos que as sextas feiras por aqui já foram mais independentes, eu hoje vou postar um legítimo disco de produção paralela. Temos aqui um disco, o primeiro de Ronaldo Freitas, o “Carioca” e seu grupo Devas. Quem não conhece e vê de relance este disco há de pensar que se trata de uma produção regional e pelo título, “Mistérios da Amazônia”, deve pensar que é algo  bem distante, soando como o carimbó. Mas não, não se trata de música regional. O papo aqui  é instrumental. Música de qualidade, bem construida e trabalhada. Composiçoes e arranjos do proprio Ronaldo Carioca, que aqui faz uma incurssão quase progressiva. Música instrumental inspirada em elementos ambientais das regiões norte e nordeste. Por se tratar de música instrumental com um desenvolvimento progressivo, muitas pessoas colocam este disco no hall do rock progressivo nacional, mas sinceramente, creio que não era essa a postura dos músicos envolvidos. Carioca e o Grupo Devas trilharam por outros caminhos, prova disso são seus outros discos, pautados numa música insturmental muito própria, com influencias jazzisticas e experimental. Eles vem ainda acompanhados por outros músicos da cena de vanguarda paulista, como é o caso de Zé Eduardo Nazário.

canto dos pescadores
homenagem a são salvador
lamento do recife
manhã oriental
amanhecendo
mistérios da amazônia
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Orquestra Sonora La Habanera – Jingle Bells (1969)

Boa noite amigos cultos e ocultos. Confesso que hoje o astral por aqui não está nada bem. O Galão fez a proeza de perder logo de cara, afastando de vez o sonho atleticano de ser campeão. A cidade está tão arrazada que até abafou a gozação das ‘marias’. Eu, por aqui, quase desisti de fazer esta postagem, mas por fim achei melhor me focar naquilo que realmente é um grande prazer, música e discos. Bola pra frente!
Continuando as postagens natalinas, aqui vai mais um… Orquestra Sonora La Habanera. Eis aí uma orquestra sobre a qual eu não achei nenhuma referência e a julgar pelos detalhes da capa e também pelo seu repertório, presumo que seja alguma daquelas orquestras famosas da época, que aqui se traveste de Papai Noel para brindar seus ouvintes com temas natalinos. O álbum foi lançado em 1969 pela RCA e traz em seu diferencial os arranjos que dão às músicas, geralmente melancólicas, um tom mais alegre e vibrante. Xô, tristeza! 2014 já está chegando aí!

jingle bells
o tannebaum
greensleves
santa mouse
the christmas song
adeste fideles
white christmas
boas festas
my favorite things
have yourself a little merry christmas
holy night, silent night
ave maria
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Helena De Lima – Vale A Pena Ouvir Helena (1969)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! E aqui vamos nós, trazendo hoje este ótimo disco da cantora (e compositora) Helena de Lima. Álbum este que, creio eu, deve ser um relançamento. Não tive tempo de confirmar, mas creio que seja uma coletânea da Continental, através de seu selo Disco Lar. Uma seleção muito boa de sambas e para os quais eu destacaria “Ave Maria no morro”, de Herivelto Martins; “Por causa de você”, de Jobim e “Bom dia tristeza”, samba canção de Adoniran Barbosa e Vinícius de Moraes. Destaco de maneira bem pessoal, considerando apenas o meu próprio gosto. Mas, é claro que temos outras jóias aqui. E na voz poderosa da cantora tudo fica mais bonito. Confiram…

ave maria no morro
por causa de você
ausência
nunca é tarde
descrença
prece
o amor acontece
sombras
bom dia tristeza
mundo novo
luz de vela
velho bar
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Especial De Natal Parte 1 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 82 (2013)

Vem chegando mais um final de ano, e mais um Natal! Tempo de reunir a família, preparar o presépio, a árvore e a ceia, trocar presentes (com direito até ao chamado “amigo oculto”)… sem, é claro, esquecer que é o aniversário de Jesus. Tempo também de cantar músicas alusivas à chamada festa máxima da cristandade. Evidentemente, o Grand Record Brazil  entra nesta semana em clima natalino, apresentando a primeira de duas partes de uma seleção de músicas gravadas na era do 78 rpm para comemorar a data. Ela foi extraída de uma compilação realizada em 2006, por nosso colega e amigo Thiago Mello, para o seu blog Bossa Brasileira (http://bossa-brasileira.blogspot.com). Serão ao todo vinte gravações (algumas já aparecidas em nosso volume 4, agora voltando com melhor qualidade sonora), e aqui apresentamos as primeiras dez.  Abrindo esta seleção, temos a introdução, apenas instrumental,  a cargo do grande Radamés Gnattali, de “Cantigas de Natal”, um pot-pourri  de canções do gênero interpretadas pelos Trios Melodia e Madrigal em disco Continental 20106, de 1951, do qual apresentaremos as duas partes em nosso próximo volume.  Em seguida, Neyde Fraga (São Paulo, 1924-Rio de Janeiro, 1987) apresenta, de seu terceiro disco, o Elite Special (selo então coligado da Odeon) N-1020-A, editado em 1950, a marchinha “Quando chega o Natal”, de autoria de Sereno (Inácio de Oliveira, São Paulo, 1909-idem, 1978), matriz FB-539, muito bem acompanhada pelos Demônios da Garoa (que, como ela, também eram do cast da Rádio Record de São Paulo, então “a maior”) e pela orquestra e coro do maestro Edmundo Peruzzi (Santos, SP, 1918-idem, 1975). Curiosamente, em outra tiragem desse disco, o número da matriz foi alterado para MIB-1097. Aurora Miranda (Rio de Janeiro, 1915-idem, 2005), irmã de Cármen, comparece com duas faixas que gravou na Odeon:  “Natal divino”, marchinha de Mílton Amaral, do disco 11288-A, gravado em 4 de dezembro de 1935 e lançado logo em seguida, matriz 5173, e o samba “Sinos de Natal”, de Djalma Esteves e Vicente Paiva, do disco 11174-B, gravado em 18 de outubro de 1934 para lançamento, é claro, em dezembro, matriz 4935. Leny Eversong (Hilda Campos Soares da Silva, Santos, SP, 1920-São Paulo, 1984), notável intérprete de hits nacionais e internacionais, nos brinda com a marchinha “Prece de Natal”, de José Saccomani, Lino Tedesco e Walter Mello, lançada em dezembro de 1953 pela Copacabana sob n.o 5172-B, matriz M-559. “Noite de Natal”, interpretada por Dalva de Oliveira com a orquestra de Roberto Inglez, é o famoso “Noite feliz  (Stille nacht, heilige nacht)”, com letra diferente da que costumamos cantar, assinada por Mário Rossi, em gravação feita em 1952, nos estúdios da EMI, em Londres, durante a longa e vitoriosa excursão da cantora pela Europa, e lançada no Brasil pela Odeon com o n.o X-3372-A (série azul internacional), matriz CE-14164. A música nasceu por um capricho de ratos que, em 1818, entraram no órgão de uma igreja da cidade austríaca de Arnsdorf e roeram seus foles. Preocupado com a possibilidade de um Natal sem música nesse ano, o padre Joseph Mohr foi logo procurar um instrumento para substituir o antigo.  Nessas peregrinações, imaginou como teria sido o nascimento de Jesus, em Belém. Fez anotações, levou-as até o músico Franz Gruber para musicar… e pronto! Assim nasceu “Noite feliz”.  Já que falamos em Aurora Miranda, sua irmã Cármen (1909-1955), ainda hoje uma referência em termos de Brasil no exterior, aqui interpreta a marchinha “Dia de Natal”, de Hervê Cordovil, gravação Odeon de 16 de outubro de 1935, lançada  em dezembro seguinte sob n.o  11289-A, matriz 5170. Ângela Maria e João Dias interpretam, em dueto, a singela toada ‘Papai Noel esqueceu”, da parceria Herivelto Martins-David Nasser, lançada pela Copacabana para o Natal de 1955, sob n.o 20022-B (série “de exportação”), matriz M-1412. Um ano depois, em dezembro de 1956, nessa mesma série (20033-A, matriz M-1706), a Copacabana lançou o registro de Elizeth Cardoso para a canção “Cantiga de Natal”, de autoria da compositora e pianista Lina Pesce (Magdalena Pesce Vitale, São Paulo, 1913-idem, 1995), gravada originalmente por Mário Martins, em 1954, no mesmo selo.  Encerrando esta primeira parte, uma marchinha da dupla Alvarenga e Ranchinho, “Presente de Natal”, interpretada por Zelinha do Amaral com doce voz de menina e delicioso sotaque de caipirinha. Foi sua única gravação, feita na Victor em 12 de novembro de 1936 e lançada em dezembro seguinte sob n.o 34116-B, matriz 80250. Semana que vem, apresentaremos a segunda parte desta seleção natalina do GRB. Até lá!
*Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

Terreno Baldio (1976)

Olá amigos cultos e ocultos! O fnal de semana foi corrido, deixei o sábado passar batido e se não me atendo, hoje também ficaria sem postagem. Mas enquanto faço a minha digestão pós almoço, vamos aqui postando um disquinho para esse domingo. O dia está nublado e o astral está ótimo para ouvir uns rock progressivo. É, eu também gosto e nessa altura já passaram por aqui Yes, Genesis, Pink Floyd, um time de bandas italianas e alguns krautrocks. Diante de um domingo progressivo e frente a eminência de uma nova postagem, escolhi para hoje o Terreno Baldio, uma super banda de rock dos anos 70, referência importantíssima do ‘progue’ nacional. O Terreno Baldio é uma banda surgida no início dos anos 70 e fez a sua estréia em disco a partir de 1975, quando gravaram este álbum homônimo, de capa dupla. O disco só viria ser lançado em 76 pelo selo Pirata, em uma tiragem de 3000 cópias. A banda, depois deste disco gravou um segundo, “Além das lendas brasileiras”, já com outra formação e seguindo já um outro rumo onde o instrumental se aproximava mais da música brasileira. Deram por encerrada as produções a partir de 1978, mas, uma década e meia se passou e eles acabariam voltando para regravar este primeiro disco em inglês, com direito a faixas extras. Há tempos este disco e sua lenda correm soltos pela rede, mas nunca ninguém se prontificou em apresentá-lo na íntegra, principalmente para aqueles que sempre ouviram falar, chegaram até a ouvir em mp3, mas não conhecem nem a capa direito. Assim, aqui vai o Augusto, fazendo direito, principalmente para pessoas exigentes, que não se contentam apenas em ouvir o mp3. A propósito, este lp que eu estou apresentando, originalíssimo, raro e em prefeitas condições está a venda. Quem se interessar, basta me dar um toque por e-mail. Estou vendendo por 200 pratas, descobrindo um santo para cobrir outro… Fazer o quê? Estou precisando de dinheiro para comprar mais presentes para os meus amigos cultos e ocultos 🙂 Quando a situação aperta, me vejo obrigado a defazer das minhas jóias. Nessas lá se foram meus Novos Baianos, Mutantes, Som Nosso, o compacto original dO’Seis, Pedro Santos e tantas outras raridades que agora só existem como lembranças no Toque Musical.

pássaro azul
loucuras de amor
despertar
água que corre
a volta
quando as coisas ganham vida
esse é o lugar
grite
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Joelho De Porco (1978)

Olá amigos cultos e ocultos! Já quase terminando a sexta feira, eu ainda encontro uma brecha para carimbar aqui mais um álbum raro. Estou trazendo aqui, mais uma vez o conjunto metido a punk, Joelho de Porco. Este grupo nasceu no início dos anos 70, apresentando uma proposta de rock bem original para a época e com boas pitadas de humor. Ao longo de sua existência oscilante, passou por diferentes formações o que lhe garantiu uma produção musical diversificada. O álbum que eu hoje apresento foi o segundo lp gravado por eles, ainda nos anos 70 e traz um repertório com releituras de duas músicas do primeiro disco. A formação aqui é outra, sendo que apenas Tico Terpins integrante da fase inicial. É dele praticamente todas as músicas. Pessoalmente, eu prefiro o primeiro disco, mas este também é ótimo e vale dar uma conferida 😉

o rapé
são paul by day
paulette mon amour
rio de janeira city
feijão com arroz
aeroporto de congonhas
golden acapulco
boeing 723897
mandrake
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Carlos José – Uma Noite De Sereta Vol. 5 (1970)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Tem dias, como hoje, em que eu estou bem disposto e com tempo para nossas postagens. Porém, como um pinto no lixo, me afogando em discos e músicas, fico aqui perdido, sem saber o que melhor postar. Nessas horas, o melhor a fazer é partir para um sorteio. Enfio a mão no meu baú digital, ou melhor dizendo, no HD dos últimos mil discos digitalizados e escolho à sorte o primeiro que o cursor me apontar. Esse processo é bem parecido, ou quase a mesma coisa que os meus já habituais ‘discos de gaveta’. E nessa escolha aleatória, o disco sorteado para hoje é “Uma noite de seresta”, com o cantor Carlos José. Para contrariar a ordem, este é o volume 5. Mas não se preocupem, outros dias virão e por certo os quatro primeiros volumes logo serão também disponibilizados.
Temos então este lp, trazendo na interpretação de Carlos José doze temas bem conhecidos do público seresteiro. Músicas, algumas que até se repetem através de outros artistas e discos postados aqui. Mas o que vale é também a interpretação, os arranjos e preferências. Carlos José vem acompanhado pelo regional de Canhoto, o que garante ainda mais a qualidade dessa produção. Que tal ouvirmos…

mimi
falsa felicidade
se ela perguntar
cigana
você
modinha
há um segredo em teus cabelos
chão de estrelas
dona da minha vontade
talento e formosura
estella
rapaziada do braz
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Osmar Navarro – Este É Osmar Navarro (1960)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Pela milésima nona vez volto a informar ao visitantes: os links para baixar os discos postados aqui estão no GTM (Grupo do Toque Musical). Para ter acesso aos links é preciso estar associado. A associação se faz no próprio site do grupo e deve ser aguardada a sua aprovação. Após aprovada a participação o ‘amigo’ passa a ter acesso a todo o acervo disponível. Como já disse também, os links tem prazos limitados (geralmente 6 meses). Após estarem vencidos eles não mais terão reposição. Quem procura por títulos já vencidos eu poderei até atendê-los, mas será fora do ambiente do Toque Musical, através de solicitação pessoal, por e-mail. Aviso também que para isso, estarei cobrando por um serviço extra, ok?
Dando sequência as nossas postagens eu trago hoje este raro compacto duplo do cantor e compositor Osmar Navarro. Este foi o primeiro disco em 33 rpm gravado pelo artista. Na verdade, este compacto reúne as quatro primeiras músicas gravadas por ele no final dos anos 50, ainda na versão 78 rpm. Neste disquinho, lançado em 1960, um dos primeiros compactos fabricados no Brasil, Navarro nos apresenta quatro sucessos, sendo “Quem é”, a canção mais expressiva e que veio a ser seu ‘carro chefe’. Curioso, existe muita gente que acha que quem canta essa música é o Agostinho dos Santos. Tem a ver com o timbre da voz, certamente…

candidato a triste
encontrei-te afinal
quem é
imaginemos
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Altamiro Carrilho E Sua Bandinha – Natal (1959)

Olá meus prezados amigos cultos e ocultos! Como disse, vamos ao longo do mês postando alguns discos de  natal. Desta vez, trago para vocês o “Natal” de Altamiro Carilho e sua Bandinha. Disco gravado para o Natal de 59. No repertório temos aquela clássica seleção, que muda aqui e ali, mas vai sempre nas mesmas. Mas isso não quer dizer que seja ruim. Muito pelo contrário. É bom ouvir diferentes interpretações de uma música. E no pique natalino todas, mesmo se repetindo, são sempre muito bem vindas. Eu pessoalmente adoro este disco do Altamiro, principalmente por conta da belíssima capa, cuja a imagem ficou marcada na minha memória (e já naquela época eu achava este disco velho, ora vejam vocês!).

jingle bells
o tannenbaum
saudade de papai noel
lapinha de jerusalem
boas festas
lá vem papai noel
natal das crianças
natal branco
noite silenciosa
o velhinho
24 de dezembro
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A Música De Geraldo Pereira – Parte 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 81 (2013)

Estamos de volta com o Grand Record Brazil, em sua edição de número 81. Desta vez, focalizamos mais uma substancial parcela da preciosa obra de Geraldo Pereira (1918-1955), interpretada por cantores contemporâneos do compositor.  O programa compõe-se de onze gravações de importância  histórica, artística e cultural indiscutíveis. Abrindo a seleção desta semana do GRB, temos Roberto Paiva (Helim Silveira Neves) interpretando dois sambas do mestre Geraldo, em gravações Victor.  O primeiro é “Lembras-te daquela zinha?” , parceria com Augusto Garcez, em registro de 9 de junho de 1941, lançada em agosto seguinte com o n.o 34784-A, matriz S-0522238. O segundo é “Já tenho outra”, em que Geraldo Pereira conta com a parceria de Augusto Garcez, gravado por Paiva em 11 de junho de 1943 e lançado em  11 de junho de 1943 e lançado em setembro do mesmo ano com o n.o 80-0113-B, matriz S-052791. Bem mais adiante, na faixa 8, Roberto Paiva interpreta “Brigaram pra valer”, parceria de Geraldo com José Batista. É um samba do carnaval de 1949, lançado pela Continental em janeiro desse ano sob n.o 15983-A, matriz 2003. Orlando Silva (1915-1978), o sempre lembrado “cantor das multidões”, comparece com outros dois sambas. “Jurei” é uma parceria de Geraldo Pereira com o “amigo velho” Cristóvão de Alencar,  destinada ao carnaval de 1946. Gravação Odeon ainda de 45, feita a 8 de novembro,  e lançada bem em cima da folia, em fevereiro, disco 12662-B, matriz 7934. Depois, Orlando interpreta um samba de Geraldo sem parceiro, só gravado seis anos após a morte do compositor. É “Vai”, registro RCA Victor (gravadora à qual Orlando havia retornado definitivamente) datado de 20 de abril de 1961, e lançado em maio seguinte sob número 80-2326-A, matriz M2CAB-1254, sendo também  incluído no compacto duplo de 45 rpm “Ontem à tarde”. Outro expressivo intérprete da obra de Geraldo Pereira, Déo (Ferjallah Rizkallah, 1914-1971), “o ditador de sucessos”, interpreta dois sambas só de Geraldo Pereira, que gravou na Continental em 2 de junho de 1946 com lançamento em agosto sob n.o 15660. Abrindo-o, matriz 1507, “Só quis meu nome”, e no verso, matriz 1506, “Ainda sou seu amigo”. No acompanhamento, o regional de Benedito Lacerda, com sua flauta inconfundível. Conhecido como “o príncipe do samba”, Roberto Silva (Rio de Janeiro, 1912-idem, 2012) interpreta aqui um samba de Geraldo Pereira sem parceria, lançado pela Star em 1949 sob número 147-B. É “Minha companheira”, inspirado em Isabel, a grande paixão da vida do compositor. Segundo depoimento dela própria, o samba foi composto por Geraldo bem antes deste registro, quando ambos ainda moravam juntos no bairro carioca da Cruz Vermelha. Um dos pioneiros da gravação em disco no Brasil, o  já veterano Patrício Teixeira (1893-1972) aqui comparece com “Adeus”,  samba da parceria Geraldo Pereira-Augusto Garcez, gravação Victor de 12 de março de 1942, lançada em maio do mesmo ano, disco 34926-A, matriz S-052497. Canto de discografia escassa mas bastante significativa (oito discos 78, um LP e um compacto duplo, Abílio Lessa (Rio de Janeiro, 1926-idem, 1975), morto prematuramente, aos 49 anos, de câncer no esôfago,  aqui comparece com “Liberta meu coração”, samba da parceria Geraldo Pereira-José Batista, destinado ao carnaval  de 1948. Foi gravado na RCA Victor ainda em 47, no dia 27 de outubro, com lançamento em dezembro seguinte sob n.o 80-0563-B, matriz S-078803. E para encerrar, o samba-canção “Promessa de um caboclo”, parceria de Geraldo Pereira com Arnaldo Passos. A referência, na letra, às festas de São João, pode ser lembrança dos tempos de menino de Geraldo, em sua cidade natal (Juiz de Fora, Minas Gerais). Quem canta é Francisco Carlos (Francisco Rodrigues Filho, 1928-2003), o eterno “El broto”, astro da Rádio Nacional e dos filmes da Atlântida, em gravação RCA Victor de 27 de março de 1952, lançada em junho seguinte sob n.o 80-0909-B, matriz S-093229. Enfim, é mais um trabalho do GRB que certamente será bastante apreciado por nossos amigos, cultos, ocultos e associados. Ouçam e desfrutem!
*Texto de Samuel Machado Filho