III Festival Internacional Da Canção Popular Vol. 2 (1968)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Segue aqui mais um disco do III Festival Internacional da Canção Popular, o volume 2. Confesso que li pouco sobre os antigos festivais de música popular da década de 60. Aliás, sempre faço confusão, pois foram tantos e com nomes, as vezes, até parecidos. O interessante nessa época é que a indústria fonográfica investia pesado nesses projetos. Produziam não apenas o disco com as ’12 mais`, aquelas finalistas, mas também e na sequência, lançavam aquelas músicas que chegavam a classificação. Isso era muito legal, pois permitia que o público apreciasse as outras músicas (que em muitos casos eram tão boas ou melhores que as finalistas. Mas enfim, essa é uma questão polêmica, envolve o gosto do freguês e os planos das gravadoras.
Segue assim este que é o volume 2, trazendo novas canções, mas se repetido em alguns intérpretes. Músicas   de alto nível, principalmente pelos arranjos e batutas dos nossos grandes maestros. Vale uma conferida!

engano – morgana
visão – taiguara
mestre sala – elza soares
filho de iemanjá – mary lauria
américa, américa – luiza
praia só – maria creuza
maria é só você – maria creuza
o tempo terá tua paz – mariá
corpo e alma – clara nunes
mergulhador – luiza
despertar – doris monteiro
canto do amor armando – mary lauria
.

Carmen Costa & Henricão – Seleção 78 RPM do Toque Musical – Vol. 75 (2013)

Em sua edição de número 75, o Grand Record Brazil apresenta a segunda parte da retrospectiva dedicada à grande cantora Cármen Costa (1920-2007). Agora, apresentamos aqui sete gravações que ela fez com o cantor e compositor Henricão, pessoa importantíssima em sua carreira, e cuja história de vida conheceremos agora. Henrique Felipe da Costa nasceu em Itapira, interior de São Paulo, no dia 11 de janeiro de 1908, e, por conta da alta estatura (quase dois metros!), ganhou o apelido de Henricão. Em certa época, ganhava a vida como motorista de uma “socialite” que morava na Rua Augusta, e considerava sua a família da própria patroa, que muito o admirava. Cantou em circos, parques de diversões, rádios e festas populares do Nordeste, sozinho ou em dupla com algumas parceiras, a mais famosa, evidentemente, Cármen Costa, que obteve muito mais êxito de público e mídia do que ele, seu lançador. Além das adaptações de “Cielito lindo’ (“Está chegando a hora”) e “Caminito” (“Carmilito”), Henricão assina composições juntamente com Rubens Campos (o parceiro mais constante), Bucy Moreira, Caco Velho e Príncipe Pretinho, entre outros.  Entre suas várias parceiras de cantorias, antecessoras de Cármen Costa, destacam-se a paulistana Risoleta – que faria sucesso no teatro de revista, só e desacompanhada – e a carioca Sarita. Embora tenha composto inúmeras músicas de sucesso , tais como “Só vendo que beleza”, e sua sequência “Casinha da Marambaia” (até hoje muitos pensam que é esse o título da primeira música) e mesmo famoso, Henricão sempre enfrentou dificuldades financeiras, passando fome, mas era constantemente ajudado por amigos,  e levava a vida sempre com otimismo e esperança.  Trabalhou também como ator de cinema, em filmes como “Sinhá moça” (1953), “A estrada” (1956), “Uma certa Lucrécia” (1957), “Cidade ameaçada” (1960), “O puritano da Rua Augusta” (1965),  “Betão Ronca Ferro” (1970) e “Jeca e seu filho preto” (1978), os três últimos produzidos e estrelados pelo eterno jeca, Mazzaropi, com quem também contracenou em “O gato de madame” (1956). Na televisão, atuou na novela “Os imigrantes”  (1981), maior sucesso da Rede Bandeirantes no gênero, e na minissérie “O tronco do ipê” (1982), da TV Cultura de São Paulo, Já tinha feito também alguns episódios do “Vigilante rodoviário” (1961-62), primeiro seriado de TV produzido no Brasil. Seu último trabalho em disco foi o álbum “Recomeço”, lançado pela Eldorado em 1980, e no qual reencontrou a antiga parceira Cármen Costa. Em 1984, já no final de sua vida, foi eleito o primeiro Rei Momo negro da história do carnaval de São Paulo. Faleceu em 11 de junho do mesmo ano, também em São Paulo, de enfarte, aos 76 anos.
Neste volume do GRB,  apresentamos sete  gravações que Henricão fez em dueto com Cármen Costa. Abrindo a seleção, “Samba, meu nêgo”, de Bucy Moreira e Miguel Baúso, lançado pela Columbia em julho de 1941 com o n.o 55286-A, matriz 421. Depois tem “Onde está o dinheiro?”, samba de Henricão sem parceria, em gravação Odeon de 24 de maio de 1939, lançada em  agosto seguinte com o n.o 11749-A, matriz 6105. “Não quero conselho”, samba de Príncipe Pretinho e Constantino “Secundino” Silva, foi gravado na Columbia em 19 de julho de 1940 e lançado em agosto do mesmo ano com o n.o 55239-B, matriz 308. “Não posso viver sem você”, samba da parceria Henricão-Rubens Campos, é o lado B de “Samba, meu nêgo”, matriz 422. “Não dou motivo”, de Max Bulhões e Felisberto Martins, é outro  lado B, este  de “Onde está o dinheiro?”, matriz 6106. “Dance mais um bocado”, de Henricão e Príncipe Pretinho, é o  lado A de “Não quero conselho”, matriz 307. E, para encerrar, a marchinha “A festa é boa”, dos inseparáveis Henricão e Rubens Campos, gravação Victor de 19 de dezembro de 1942, lançada um mês antes do carnaval de 43, em janeiro, disco 80-0045-B, matriz S-052661. Esta é a homenagem do GRB a esses dois nomes importantíssimos na história de nossa música popular.  Até a próxima!
Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

III Festival Internacional Da Canção Popular – Vol. 1 (1968)

Olá amigos cultos e ocultos! Hoje a noite estou indo para o Rio buscar um tocadiscos que eu comprei. De quebra, claro, vou dar umas garimpadas nas lojas, sebos e feiras pela cidade. Se alguém aí tiver uma boa dica de compra, me avise. Tô ligado! Estou indo para a Cidade Maravilhosa, mas volto no domingo (tempo é curto!)
E como já dizia o Geraldo Vandré: prá não dizer que não falei de flores… quer dizer, que não postei nada nesta semana… aqui vai um disquinho bem legal. Uma seleção da Odeon da músicas classificadas no III Festival Internacional da Canção, de 68. Como vocês podem ver (e também ouvir, claro), temos uma seleção de ótimas músicas e excelentes intérpretes. Interessante notar que aqui também destacaram os maestros em cada música, um dado importante que deveria estar contido em todos os discos do gênero. Deixo aqui o volume 1, quando voltar postarei o volume 2, ok? No mais, aquele abraço! Pois o Rio, mesmo violento e manifestante, continua lindo! 😉

amada canta – luis claudio e grupo de ensaio
razão de cantar – doris monteiro
terra santa – maria creuza
passacalha – vocalistas modernos
capoeira – elza soares
rainha do sobrado – luiz claudio
sabiá – clara nunes
roda de samba – miltinho
salmo – luiza
a noite, a maré e o mar – mary lauria e grupo de ensaio
rua da aurora – clara nunes
herói de guerra – vocalistas modernos
.

Carmem Costa – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 74 (2013)

Estamos de volta com o Grand Record Brazil, em sua edição de número 74. Desta vez, apresentamos a primeira de duas partes de uma retrospectiva dedicada a uma das maiores cantoras do Brasil, Cármen Costa. Carmelita Madriaga, seu nome na pia batismal, nasceu na pequena cidade de Trajano de Morais, Estado do Rio de Janeiro, no dia 5 de janeiro de 1920. Seus pais eram meeiros (agricultores que trabalham em terras que pertencem a outras pessoas) na Fazenda Agulha, onde a nossa Carmelita, ainda criança, começou a trabalhar como empregada doméstica, em casa de uma família de protestantes. Foi lá que aprendeu hinos religiosos, assim demonstrando seu talento de cantora. Em 1935, vem a inevitável mudança para o Rio de Janeiro, e, com apenas 15 anos, empregou-se como doméstica na residência de nada mais nada menos que Francisco Alves.  É ele quem incentivará Carmelita a seguir carreira artística, fazendo-a cantar numa festa para os convidados, entre eles outra Cármen famosa, a Miranda. Carmelita, em seguida, apresenta-se como caloura no programa do sempre rigoroso Ary Barroso, saindo-se vencedora, e em gravações começou participando de coros em gravações dos “medalhões” da MPB de então. Em 1937, Carmelita conhece o compositor Henricão (Henrique Filipe da Costa), que a batiza artisticamente como Cármen Costa e com quem inicia sua carreira profissional, apresentando-se em feiras de amostras como a do Arraial do Rancho Fundo (Juiz de Fora, MG). Em 1939 Cármen e Henricão se apresentam juntos numa feira de amostras da Praça Quinze, no Rio de Janeiro, ao lado dos maiores cartazes da época (Irmãs Pagas, Alvarenga e Ranchinho, Cármen e Aurora Miranda, etc.). Gravam discos em dupla, cujas músicas iremos apresentar em nosso próximo volume. No carnaval de 1942, consegue seu primeiro grande sucesso com “Está chegando a hora”, presente nesta seleção. Alguns de seus hits: “Só vendo que beleza”, “Carmilito” (também aqui presentes), “Chamego”, “Busto calado”, “Quase”, “Marcha do Cordão da Bola Preta (Segura a chupeta)”, “Tem nêgo bebo aí”, “Cachaça”,  “Jarro da saudade”, “Eu sou a outra”, “Obsessão”, etc. Em 1945, casa-se com o americano Hans Van Koehler, e vai viver com ele nos EUA, onde passa uma temporada em Los Angeles e até trabalha como prensadora de discos na RCA Victor! Ela também participou do histórico concerto de bossa nova no Carnegie Hall de Nova York, em 1962, marco da internacionalização do movimento.  Ao voltar para o Brasil, nos anos 1950, conhece o compositor Mirabeau Pinheiro, com quem viveu por cinco anos e teve sua única filha, Silésia, também conhecida como Lu. Entre 1959 e 1963, excursiona por diversos países e passa temporadas no Brasil, voltando aos EUA em 1964, e atua em vários shows ao laod do acordeonista Sivuca.  Cármen retorna definitivamente à nossa terra no início dos anos 1970, cantando em boates do Rio e de São Paulo. Também gravou muitos LPs, inclusive um de ladainhas e benditos.  Apareceu cantando em filmes, tais como “Pra lá de boa” (1949), “Carnaval em Marte” (1955), “Depois eu conto” (1956) e “Vou te contá” (1958). Em 2003, por iniciativa do Museu da República, é “tombada” como patrimônio cultural do Brasil, através de projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal do Rio. Sua última gravação foi com o cantor Elymar Santos, de quem era convidada especial em alguns shows. Cármen Costa faleceu em 25 de abril de 2007, no Rio de Janeiro, de insuficiência renal e  parada cardíaca. Mas será sempre lembrada como uma de nossas maiores intérpretes femininas. Nesta primeira parte do retrospecto que a ela dedicamos, apresentamos  onze de suas melhores gravações como solista, todas pela Victor.  E começamos muito bem, com o samba “Só vendo que beleza”, de Henricão e Rubens Campos, gravação de 19 de fevereiro de 1942, lançada em abril seguinte com o n,o 34892-B, matriz S-052483 (regravado inclusive por Elis Regina). É claro que iremos também ouvir, na faixa 5, o lado A, justamente o clássico “Está chegando a hora”, adaptação em ritmo de samba que, feita pelos mesmos Henricão e Rubens Campos, da canção rancheira mexicana “Cielito Lindo”, composta em 1882 por Quirino Mendoza e Cortés (c.1859-1957) e abriu as portas do estrelato para Cármen Costa. Como não conseguissem gravar a música, Henricão e Cármen  pagaram uma tiragem particular na Victor, distribuída somente às emissoras de rádio (gravação de 30 de dezembro de 1941, matriz R-236). Mesmo divulgada precariamente, “Está chegando a hora” obteve sucesso no carnaval de 1942, o que convenceu a Victor a contratar Cármen Costa e a relançar essa mesma matriz, agora em tiragem comercial. Até hoje a música é sucesso no carnaval e em qualquer ocasião em que se precise de uma canção de despedida. Henricão e Rubens assinam também “Siga seu destino”, samba gravado por Cármen em 15 de março de 1946 e lançado em  maio seguinte com o n.o 80-0403-A, matriz S-078443. “Não me abandone”, outro samba dessa dupla inseparável, aqui em companhia de José Alcides, foi gravado por Cármen em 24 de novembro de 1943, com lançamento um mês antes do carnaval de 44, janeiro, sob n.o 80-0153-B, matriz S-052889. Dos mesmos Henricão e Rubens é o samba “Já é de madrugada”, gravação de 10 de fevereiro de 1943 lançada em abril do mesmo ano, disco 80-0071-B, matriz S-052717. De Bucy Moreira (ilustre neto da lendária Tia Ciata), Carlos de Souza e Antônio Morais é o samba “Festa na roça”, gravação de 5 de agosto de 1942 lançada em outubro seguinte com o n.o 80-0004-B, matriz S-052591. “Chorei de dor” é outra adaptação de Henricão e Rubens Campos, em ritmo de samba,  de canção internacional, esta americana, de autoria de Kennedy e Carr, gravada por Cármen em 24 de novembro de 1943 e lançada em janeiro de 44 (para o carnaval, claro) com o n.o 80-0153-A, matriz S-052888. O samba “Casinha da Marambaia” vem a ser a continuação de “Só vendo que beleza”, dos mesmos Henricão e Rubens, e Cármen irá imortalizar esta sequência  no selo do cachorrinho Nipper em  15 de fevereiro de 1944, com lançamento em abril, sob n.o 80-0172-B, matriz S-052927. Em seguida, temos a adaptação sambística, feita por Henricão, para o tango argentino “Caminito”, de Juan de Diós Filiberto. Rebatizada “Carmilito”, é o lado A de “Festa na roça”, matriz S-052590. Depois, Henricão assina com Príncipe Pretinho o samba “Caramba”, destinado ao carnaval de 1943, gravação de 19 de novembro de 42 lançada um mês antes da folia, em janeiro, com o n.o 80-0045-A, matriz S-052660. Completando o programa, o samba-exaltação “Bahia, terra santa”, dos inseparáveis Henricão e Rubens Campos, gravação de 15 de março de 1946, lançada em julho seguinte sob n.o 80-0412-A, matriz S-078445. E na próxima semana, apresentaremos as gravações feitas por Cármen Costa em dueto com Henricão. Encontro marcado! Até lá…
* Texto de Samuel Machado Filho

Vinícius De Moraes – Poesias (1959)

Boa noite, meus prezados amigos cultos e ocultos! Como as nossas postagens não seguem mais aquele obsessivo ritmo diário, posso me desculpar por só estar celebrando os 100 anos de Vinícius agora, um dia depois. Acho que tudo bem, não é mesmo? Afinal, uma figura como Vinícius de Moraes e em seu centenário, merece comemoração por pelo menos uma semana! O Toque Musical não poderia deixar esse momento passar em branco. Como a obra do Poetinha já está prá de bem divulgada, fica difícíl achar alguma coisa diferente, rara, como cabe ao TM. Acabei optando por este álbum de poesias, lançado em 1959, pelo selo Festa, que muito se dedicou a promover a poesia brasileira. Neste pequeno lp de 10 polegadas vamos encontrar cinco de seus mais famosos poemas e, claro, recitado pelo próprio autor.
Parabéns, Vinícius! Que seja eterno por toda a vida 🙂

o mergulhador
soneto n. 2 de meditação
os acrobatas
a hora íntima
receita de mulher
.

Ataulfo Alves – Tradição (1967)

Olá amigos cultos e ocultos! Depois de alguns dias ausente, aqui estou eu novamente, trazendo sempre um velho novo toque musical. E para compensar, nada melhor que um disco inédito ‘nas bocas’ (pelo menos as que eu conheço). Vamos trazendo mais uma vez o grande Ataulfo Alves, figura sempre em destaque aqui no nosso TM.
Temos assim,”Tradição”, um álbum lançado em 1967, pela Polydor. Creio eu que este foi o seu último disco de carreira. Os que vieram depois são gravações antigas, ou registros em apresentações ou coletâneas. Este álbum também não deixa de ter algumas regravações, inclusive na “Polêmica”, uma espécie de pot-pourri que ele fazia em par com a cantora Carmen Costa, em seu disco anterior, o “Eternamente Samba”, de 66. Neste álbum ele traz uma nova “Polêmica”, com outros sambas e ao lado da cantora Diana. “Miraí” e “Requebrado da mulata” foram sambas de muito sucesso e estão presentes na bolacha.. Ele grava também “Quando o samba acabou”, música de Noel Rosa e “Favela”, de Roberto Martins e Valdemar Silva. Bom disco, não deixem de conferir. 🙂

cabe na palma da mão
quando o samba  acabou
requebrado da mulata
miraí
favela
saudade da saudade
nem que chova canivete
polêmica:
infidelidade
o pavio da verdade
nunca mais
errei sim
atire a primeira pedra
fenix
o homem é o cão
gente bem também samba
.

Ary Toledo – No Fino Da Bossa (1988)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Diante a sempre falta de atenção dos amigos em ler as informações sobre o funcionamento do blog e principalmente os textos, continuo batendo na mesma tecla: NÃO ESTAREI MAIS REPONDO LINKS NO GTM DE POSTAGENS ANTIGAS, SOLICITADAS A PARTIR DESTE MÊS DE OUTUBRO. QUEM TIVER INTERESSADO, PODE ATÉ PEDIR (VIA E-MAIL), MAS VOU COBRAR UMA DOAÇÃO, UMA AJUDA DE CUSTO.
Seguimos agora com este disco do Ary Toledo, uma gravação feita em 1966, ao vivo em apresentação no auditório da TV Record, durante o programa O Fino da Bossa, apresentado por Elis Regina. Nessa época o Ary era tido também como cantor. Aliás, ele era um cantor e compositor, mas logo nos primeiros discos e apresentações já demosntrou talento para o humor. Foi aconselhado por amigos a seguir a carreira de comediante. Colecinando piadas ele acabou por se tornar um dos mais importantes no gênero. Este disco é sem dúvida seu melhor trabalho musical. Aqui encontraremos aquelas músicas que tanto fizeram sucesso. Coisas como o seu primeiro sucesso: “Tiradentes”, composição sua em parceria com Chico de Assis. Ou, mais ainda, “Pau de Arara”, de Carlos Lyra e Vinicius de Moraes. Essas duas músicas, por sinal, eu já postei aqui em um compacto lançado na mesma época. Mas temos outras, também muito boas e na mesma linha. Este disco foi lançado originalmente em 1966, parece ter tido uma reedição em 68 e outra (esta), lançada em 1988. Vamos dar uma conferida? 😉

descobrimento do brasil (chegança)
testamenteo do padre cícero
peba na pimenta
os ovos que a galinha pôs
pau de arara
tiradentes
as virgens rezadeiras
incelença
o anúncio
romance de dona juliana
.

Odete Amaral (Parte 2) – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 73 (2013)

Estamos de volta com o Grand Record Brazil, apresentando a segunda parte da retrospectiva que estamos dedicando à “voz tropical do Brasil”, Odete Amaral  (1917-1984). Desta feita, apresentamos  onze gravações desta intérprete notável, dona de bela voz.  E começamos muito bem, apresentando um samba do grande Geraldo Pereira, em parceria com Ari Monteiro, “Carta fatal”, gravação Odeon de 5 de abril de 1944, lançada em junho do mesmo ano, disco 12450-B, matriz 7537. A faixa seguinte, “Na chave do portão”, é de autoria de Djalma Mafra e Alberto Maia. Este samba foi gravado na Victor em 29 de novembro de 1945, e lançado bem em cima do carnaval de 46, em fevereiro, com o número 80-0382-B, matriz S-078404. O samba “Sorris de mim” é de Babaú da Mangueira (Waldemiro José da Rocha, 1914-1993) e João da Baiana, gravação Victor de 9 de julho de 1940, lançada em setembro seguinte com o número 34657-B, matriz 33463. Voltando à Odeon, apresentamos a marchinha “Salve o inventor da mulher”, gravação de 13 de outubro de 1944, lançada um mês antes do carnaval de 45, em janeiro, com o número 12535-B, matriz 7681. João da Baiana, agora sem parceiro, assina o samba “É melhor confessar do que mentir”, gravado na Victor em 14 de dezembro de 1937 e lançado bem em cima do carnaval de 38, em fevereiro, disco 34283-A, matriz 80626. Geraldo Pereira se faz de novo presente, agora em parceria com Arnô Provenzano, com o samba “Resignação” , lado A do Odeon 12330, gravado em 2 de junho de 1943 e lançado em julho do mesmo ano, matriz 7305. O mestre Ary Barroso também bate ponto aqui com um dos maiores hits da carreira de Odete, o samba “A batucada começou”, por ela gravado na “marca do templo” em 24 de abril de 1941 e lançado em junho seguinte com o número 11999-A, matriz 6627. “Só você” é um samba-canção de Hanibal Cruz (tio de Vinícius de Moraes e parceiro de Vicente Paiva no clássico “Diz que tem”,  hit de Cármen Miranda em 1940), gravado por Odete na Victor em 25 de maio de 1937 e lançado em julho do mesmo ano, disco 34183-B, matriz 80418. De José Alvarenga, o Alvarenguinha, e Marcílio Vieira, é o samba “Lágrimas sentidas”, gravado por Odete na marca do cachorrinho Nipper em 21 de julho de 1937 e lançado em dezembro seguinte, visando o carnaval de 38, sob número 34241-A, matriz 80550. Temos em seguida um retumbante sucesso da cantora nesse mesmo carnaval, a bem-humorada marchinha “Não pago o bonde”, dos mestres J. Cascata e Leonel Azevedo, que Odete imortalizou no dia seguinte, 22 de julho de 1937, e a Victor lançou também em dezembro, com o número 34256-A, matriz 80551. É uma crônica do tempo em que o bonde era o principal meio de transporte no Rio de Janeiro. Se habitualmente os passageiros já procuravam fugir ao pagamento da passagem, em tempo de carnaval era quase inútil atender ao apelo (“por favor”), do cobrador, geralmente português. Alguns se atreviam a desafiar o coitado, pedindo “mande a Light me cobrar”. Na época, a empresa, conhecida como “polvo canadense”, era concessionária do serviço de bondes na então Capital Federal.  Para encerrar, em clima de conto de fada, temos o samba “A bela adormecida”, samba de outra festejada dupla de autores, Roberto Roberti e Arlindo Marques Jr., gravação Victor de 26 de abril de 1938, lançado em junho do mesmo ano sob número 34324-B, matriz 80766, e evidentemente baseado na famosa história do escritor francês Charles Perrault. Em algumas gravações da Victor aqui incluídas, vale ressaltar, quem acompanha Odete Amaral é a orquestra Diabos do Céu, formada e dirigida pelo mestre Pixinguinha. E é com muita alegria que o GRB apresenta a segunda parte desta retrospectiva dedicada àquela que será para sempre “a voz tropical do Brasil”!
*Texto de SAMUEL MACHADO FILHO
.

Côro Infantil Do Clube Do Guri Com Orquestra Sob Direção De Lyrio Panicali – Cantigas De Roda (1961)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Quando o Dia das Crianças cae no sábado, o domingo automaticamente passa a ser uma prorrogação. Afinal, todo domingo é dia da criança, quando os pais levam seus filhos para os parques, jardins, clubes… tudo em nome da diversão.
Assim sendo, aqui vai mais um disco relacionado ao universo infantil. Claro que estamos falando aqui do universo das crianças de 40, 50 ou 60 anos atrás, quando, por exemplo, dar com um pau num gato era coisa mais natural desse mundo. Tem gente, hoje em dia, que fica horroziado com essa letra. Mas os tempos eram outros e gato só servia mesmo para fazer tamborim.
Temos aqui um disco de cantigas de roda, lançado pelo selo Columbia, em 1961. Nele encontraremos doze temas clássicos interpretados pelo Côro Infantil do Clube do Guri, de Samuel Rosenberg, acompanhados de orquestra sob a orquestração e regência do maestro Lyrio Panicali. Taí, mais um disquinho para matar a saudade daquele tempo de criança. Aaah…

ciranda, cirandinha
carneirinho, carneirão
eu entrei na roda
de marré, marré, marré
passarás, não passarás
onde está a margarida
nesta rua tem um bosque
terezinha de jesus
atirei o pau no gato
passa, passa gavião
eu fui no tororó
o cravo brigou com a rosa
.

José Vasconcelos Conta Histórias De Bichos (1962)

Bom dia criançada culta e oculta! Com tantas manifestações relacionadas ao ao universo infantil e principalmente por conta de ser hoje o Dia das Crianças, aqui vamos nós com uma homenagem a altura e bem ao gosto do Toque Musical. Apesar de reduzir o fluxo de postagens, o TM não pára e continua mandando vê… e ouvir, claro!
Olha aí, que legal! Trago para vocês este raro e interesantíssimo lp do saudoso comediante José Vasconcellos, figura que foi muito popular, principalmente nos anos 60. Este álbum tem um quê de especial porque não se resume apenas a mais um disco do humorista. Trata-se de um disco voltado para o público infantil. As músicas são criações do maestro Lindolfo Gaya, com letras de Pascoal Longo. Eu mesmo, quando criança, ouvi este disco até acabar e sabia até cantar as músicas de introdução. Taí outro e importante valor agregado, a cada história contada pelo Zé, vem de abertura um trecho musical cantado por algumas estrelas do ‘cast’ da Odeon na época. Daí, já deu para perceber… Celly Campello, Moreira da Silva, Anísio Silva, Stellinha Egg, Elza Soares, Noriel Vilela, Trio Irakitan, Norma Bengell e até o João Gilberto. Curiosamente, tem por aí alguns fãs do João que nunca ouviram essa faceta, vão gostar. Ë nessa hora que eu fico pensando e me perguntando, quando que a indústria fonográfica conseguiria repetir algo parecido, ou, do mesmo nível. Ah, que bobinho sou eu… isso tudo já é coisa do passado. (acho que é por isso que eu sou tão saudosista)

o presunto do jacaré – celly campello
a roupa do leão – joão gilberto
o elefante tarzan – noriel vilela
vicente, o peru diferente – norma bengell
o rato cangaceiro – trio irakitan
rosa, a macaca formosa – anísio silva
a barata serafina – elza soares
panchito, o galo tenor – trio esperança
a pirraça da tartaruga – stellinha egg
o gato raulino – moreira da silva
.

Fellini – 3 Lugares Diferentes (1987)

Olá amigos cultos e ocultos, bom dia! Pelo visto, creio que muitos por aqui ainda não se tocaram com relação as mudanças que tenho feito. Eu até entendo, pois sei que a maioria que passa por aqui têm preguiça de ler. Preferem escrever solicitando algo ou perguntando aquilo que não leram. Bom, mais uma vez eu informo: NÃO ESTAREI MAIS REPONDO LINKS PEDIDOS A PARTIR DE OUTUBRO. APENAS AQUELES (MILHARES) QUE FORAM SOLICITADOS ANTES DISSO TERÃO REPOSIÇÃO NO GTM. NO MAIS, ESTARÃO APENAS OS LINKS DAS POSTAGENS RECENTE E (OBVIAMENTE) DE ACORDO COM O TEMPO LIMITADO PELO PROVEDOR DE ACESSO. FORA DESSE PADRÃO, SÓ NA BASE DE ‘SERVIÇO PRESTADO’. INTERESSADOS, FAÇAM CONTATO ATRAVÉS DE E-MAIL (toquelinkmusical@gmail.com).
Ok, vamos ao disco do dia. Hoje eu trago para vocês a banda paulista Fellini, forma nos anos 80 por Cadão Volpato, Thomas Pappon, Jair Marcos e Ricardo Salvagni. “3 Lugares Diferentes” foi o terceiro disco  do grupo, lançado em 1987 pelo selo independente Baratos Afins. De quarteto inicial, passaram a dupla no segundo disco (apenas Catão e Thomas Pappon) e a trio neste trabalho, com a volta de Salvagni.
É claro que também eles sempre contam com colaboradores, as participações de outros músicos. O Fellini viria ainda a gravar mais discos e também participar de coletâneas nacionais e internacionais. Para muitos fãs da banda, este é seu disco mais experimental e inovador. Gosto, em especial, de “Teu inglês”. Mas no geral, o disco é muito bom. Eu recomendo…

ambos mundos
rosas
la paz song
teu inglês
zum zum zum zum zazoeira
pai
valsa de la revolucion
massacres da coletivização
rio-bahia
lavorare stanca
onde o sol se esconde
.

Odete Amaral (Parte 1) – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 72 (2013)

Esta semana o Grand Record Brazil apresenta a primeira de duas partes de uma retrospectiva dedicada à cantora que ganhou o slogan de “a voz tropical do Brasil”: Odete Amaral.  Nossa biografada veio ao mundo na cidade de Niterói, litoral fluminense, no dia 28 abril de 1937, e era a filha caçula do casal de lavradores Alfredo Amaral e Albertina Ferreira do Amaral. Quando ela tinha um ano de vida, a família mudou-se para o Rio, então a Capital da República, onde seu pai se empregou como caminhoneiro.  Aos seis anos, ingressou no Colégio Uruguai, onde fez o curso primário completo. Em 1929, empregou-se como bordadeira na Américas Fabril, continuando seus estudos no período noturno. Dona de bela e primorosa voz, era sempre convidada a cantar no teatro da escola, e em festas de aniversário. Foi aí que sua irmã, que sempre a admirava, e muito, levou-a para a Rádio Guanabara, em 1935, para fazer um teste.  Acompanhada pelo pianista Felisberto Martins, interpretou o samba “Minha embaixada chegou”, de Assis Valente, hit de então na voz de Cármen Miranda. Aprovada pelo diretor da emissora, Alberto Manes, Odete é de pronto escalada para o ”Programa suburbano”,  onde também batiam ponto nomes como Sílvio Caldas, Maríla Batista, Noel Rosa, Linda e Dircinha Batista, e Almirante. Por iniciativa deste último, passa a se apresentar também na Rádio Clube do Brasil. Ainda em 1935, participa da inauguração do Cassino Atlântico e apresenta-se em rádios como Ipanema, Sociedade, Philips e Cruzeiro do Sul, além de atuar em uma revista no Teatro João Caetano interpretando a marchinha “Ganhou mas não leva”, de Mílton Amaral. É ele quem assina as músicas do primeiro disco de Odete, gravado na Odeon em 1936, apresentando os sambas “Palhaço” (parceria com Roberto Cunha) e “Dengoso”.  No mesmo ano, assina seu primeiro contrato profissional, com a Rádio Mayrink Veiga, e participa do filme “Bonequinha de seda”, produção da Cinédia, onde, um ano depois, fará outra produção cinematográfica, “O samba da vida”. Ainda em 1936, participa da inauguração da PRE-8, Rádio Nacional, e é levada por Ary Barroso para a Victor, onde ela estreia com duas músicas do mestre de Ubá  para o carnaval de 1937, a marchinha “Colibri” e a batucada “Foi de madrugada”.  Em 1938, casou-se com o cantor Cyro Monteiro, da união, que durou onze anos, resultando um filho, Cyro Monteiro Júnior. Odete e Cyro fariam inúmeras apresentações juntos por todo o país. A cantora teve também uma curta passagem pela Columbia, voltando à Odeon em 1941. Gravou ainda nos selos Star, Todamérica, Polydor, Copacabana, RMS e Carper, entre outros. Entre seus hits destacam-se “Não pago o bonde”, “Murmurando” , “A batucada começou” e “Chicletes com banana”.  Em 1939, Odete Amaral muda-se para São Paulo, contratada pela Rádio Cultura, onde permanece um ano e meio, e em 1941 volta ao Rio de Janeiro natal e à Rádio Mayrink Veiga, onde permanece seis anos, indo depois para a Mundial e, em 1951, para a Tupi (“o cacique do ar”).  Gravou também LPs, e um dos mais interessantes foi “Do outro lado da vida – Os que perderam a liberdade contam sua história”, ao lado do filho Cyro Monteiro Júnior, em que ambos interpretam músicas compostas por presidiários do Rio e de São Paulo. Em 1968, gravou o álbum “Fala, Mangueira!”, a lado de Cartola, Carlos Cachaça, Nélson Cavaquinho e Clementina de Jesus. Em 1975, participou de uma série de 30 programas da Rádio MEC, “MPB 100 ao vivo”, na qual, ao lado de Paulo Marquês, interpretava hits dos anos 1930. Da série resultaram oito álbuns produzidos por Ricardo Cravo Albim. Em 1977, Odete e Paulo, mais o flautista Altamiro Carrilho, participam do show “Café Nice”, igualmente produzido por Cravo Albim. Falecida no dia 11 de outubro de 1984, aos 67 anos, Odete Amaral, embora não tenha atingido o estrelato de outras cantoras de sua época  (Cármen Miranda, Aracy de Almeida, irmãs Batista), é ainda hoje considerada uma das melhores intérpretes brasileiras dos anos 1930 e de todos os tempos. E isso começaremos a constatar nesta primeira parte da retrospectiva que o GRB lhe dedica, apresentando 12 gravações suas na Odeon e na Victor. Para começar, a divertida marchinha “Vitaminas”, de Amaro Silva, Djalma Mafra e Domício Augusto, gravação Odeon de 11 de novembro de 1942, lançada em janeiro de 43, para o carnaval, logicamente, com o número 12244-A, matriz 7137 (a vitamina T, de trabalho, ainda incomoda muita gente…). Temos também aqui, na faixa 5, o verso desse disco, matriz 7131: o samba “Você quis”, de Nicola Bruni e Alvaiade, gravado seis dias antes, ou seja, a 5 de novembro. A faixa 2 nos traz o sambatucada  “É mato”, também de Alvaiade, agora com Wilson Batista, gravação Odeon de 13 de outubro de 1941, lançada em dezembro seguinte para a folia de 42, disco 12071-B, matriz 6806. Geraldo Pereira e Djalma Mafra assinam o samba da faixa 3, “Jamais acontecerá”, gravado por Odete na “marca do templo” em 9 de novembro de 1943 e lançado em janeiro de 44, também para o carnaval, sob n.o 12398-B, matriz 7421. A faixa 4 é o samba “Vem, amor”, de Jorge de Castro, Isaías Ferreira e Enézio Silva, gravado igualmente na Odeon em 4 de novembro de 1953 e lançado para a folia momesca de 54, em janeiro, disco 13580-B, matriz 9963. Na faixa 6, temos uma marchinha de meio-de-ano, “Eta Rio”, de Nicola Bruni, Alvaiade A. F. Silva, gravada em 20 de agosto de 1943 e lançada pela Odeon em outubro seguinte com o n.o 12359-A, matriz 7365. O samba “Por causa de alguém” leva a respeitável assinatura de Ismael Silva, em gravação de 6 de abril de 1942, lançada pela “marca do templo” em junho seguinte com o n.o 12157-B, matriz 6932. Da fase de Odete Amaral na Victor é “Chinelo velho”, samba de Wilson Batista e Marino Pinto, gravação de 14 de outubro de 1940, lançada ainda em dezembro para o carnaval de 41, disco 34683-B, matriz 52023. O lírico samba-canção “História de criança”, também de Wilson Batista, agora em parceria com Germano Augusto, teve sua gravação em  10 de maio de 1940, com lançamento pela marca do cachorrinho Nipper em julho seguinte sob n.o 34683-B, matriz 33426. Em seguida temos o lado A, matriz 33425, outra composição do mestre Wilson Batista com Marino Pinto, o samba “Depois da discussão”.  Wilson Batista também assina, agora com outro mestre, Ataulfo Alves, o samba “Quando dei adeus”, gravação Victor de 18 de novembro de 1939, lançada em janeiro de 40 para o carnaval sob n.o 34558-B, matriz 33281. Para finalizar, e também em clima carnavalesco, a marchinha “O gato e o rato”, outra música de Wilson Batista, agora acompanhado por Arnô Canegal e Augusto Garcez, também para a folia de 1940, gravada igualmente na Victor em 24 de outubro de 39 e lançada um mês antes do carnaval, em janeiro, sob n.o 34542-A, matriz 33241. E semana que vem a gente se encontra com mais Odete Amaral. Até lá!
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

Carlos Careqa – Os Homens São Todos Iguais (1993)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Aqui estou eu, sem mais aviso prévio e sem tarefas diárias. Sigo agora nas postagens de acordo com a minha vontade e meu tempo livre. Isso é muito bom, pois não fico mais ancioso ou preocupado, pensando em qual vai ser o disco do dia. Agora eu inverti, qual vai ser o dia do disco 😉
Para encerrar de vez esse domingo, vou deixando aqui postado este álbum independente do cantor e compositor catarinense, Carlos Careqa. “Os homens são todos iguais” foi um álbum lançado em 1993. Creio eu que foi este o primeiro álbum do Careqa. Nele há algumas músicas que marcaram época, pelo menos para mim. Começando por “Não dê pipocas aos turistas”, uma visão tão divertida de Curitiba que vale até um repeteco. “Acho” é outra música que eu também adoro, com uma letra bem criativa. Aliás, este é o grande mérito do Carlos Careqa, letras bem construídas, com tiradas inteligentes e poéticas. Há outras músicas também muito boas que fazem deste um de seus melhores oito discos 🙂 Há nele a participação especial de figuras como Arrigo Barnabé e o falecido Itamar Assumpção. Com mais esses aditivos, não há o que duvidar da qualidade deste trabalho. Muito bom e eu recomento 😉

não dê pipoca ao turista
acho
os homens são todos iguais
subway
a última quimera de s.a.p
o outro lado
não dê pipoca ao turista II
alles plastik
menudo’s theme
tá na cara que é
deus não pensa
cidade
.

Beth Carvalho – Nos Botequins Da Vida (1977)

Olá amigos cultos e ocultos! Boa noite! Como já informei, a partir deste mês de outubro o Toque Musical deixa de ser obrigatoriamente diário. Infelizmente, não estou dando conta da tarefa, apesar de ter ainda uma infinidade de discos para apresentar a vocês. De agora em diante, as postagens acontecem dentro da minha disponibilidade. Também, como informei, não estarei mais repondo links para solicitações feitas apartir deste mês. Estarei sim, repondo links no GTM para quem já me pediu há meses atrás. Como sempre digo, tardo, mas não falho 😉
Para começarmos bem uma nova era, aqui vai um disco da Beth Carvalho. Este é um daqueles álbuns de boa safra que todo artista tem. Lançado em 1977, o lp nos traz doze faixas primorosas, com sambas de alguns dos nossos mais consagrados compositores do gênero. Temos aqui alguns dos grandes sucessos de Beth, como “Saco de feijão”; “Olho por olho”; “Lá vem ela chorando” e “O mundo é um moinho”. Vamos conferir os detalhes?

saco de feijão
olho por olho
la vem ela chorando
deus não castiga ninguém
vingança
as moças
se você me ouvisse
carro de boi
cuidado com a minha viola
desengano
sempre só
o mundo é um moinho
.

Moreira Da Silva – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 71 (2013)

Continuando sua vitoriosa trajetória, o Grand Record Brazil chega a sua edição número 71, desta vez homenageando o eterno e festejado rei do samba de breque: Moreira da Silva!
Batizado como Antônio Moreira da Silva, nosso biografado nasceu, e isso não é nenhuma mentira, no dia primeiro de abril de 1902, no bairro carioca da Tijuca, tendo sido criado no morro do Salgueiro. Era o filho mais velho de Bernardino de Sousa Paranhos, trombonista da Polícia Militar, e Pauladina de Assis Moreira (sim, o nome dela era Pauladina mesmo!). Moreira tinha 11 anos quando teve a infelicidade de perder seu pai, o que o obrigou a abandonar precocemente a escola para ingressar no mercado de trabalho. Foi empregado de fábricas de cigarros e tecelagens, e também motorista de praça (comprou um táxi aos 19 anos) e de ambulância, tendo-se casado em 1928. Ao mesmo tempo, freqüentava rodas de malandros e boêmios.
Em 1932, Moreira lança seu primeiro disco, na Odeon, interpretando dois pontos der macumba de Getúlio “Amor” Marinho: “Ererê” e “Rei de umbanda”. Mais tarde, obtém seu primeiro grande sucesso, na Columbia, com o samba “Arrasta a sandália”, uma das músicas mais cantadas no carnaval de 1933. Outros sucessos, além dos presentes nesta edição do GRB: “Implorar”, “Jogo proibido”, “Na subida do morro”, “Amigo urso”, “Doutor em futebol”, “É batucada”, “O rei do gatilho” (com o qual ganhou o apelido de Kid Morenguera), “O último dos moicanos”, “Os intocáveis” (inspirado no seriado americano de TV de mesmo nome), “Morenguera contra 007”, “O sequestro de Ringo”, “Supermorenguera” (que gravou em dupla com Cyro Aguiar), etc. Seu último trabalho em disco, lançado em 1995, foi o CD “Os três malandros in concert”, gravado juntamente com Bezerra da Silva e Dicró, uma brincadeira com os “três tenores”, Luciano Pavarotti, José Carreras e Plácido Domingo.
Segundo os que conheceram o grande Morenguera, sua imagem de malandro e boêmio não passava de um tipo, um personagem. Era um cidadão exemplar, de vida regrada, não bebia, não fumava, e sempre cumpriu à risca seus deveres, em uma trajetória de vida longa e repleta de acontecimentos surpreendentes. Primeiramente como seresteiro, depois como um autêntico mestre do samba de breque, tornou-se um verdadeiro mito, uma autêntica unanimidade na história da música popular brasileira. Moreira da Silva faleceu no dia 6 de junho de 2000, em seu Riode Janeiro natal, vítima de falência múltipla de órgãos.
Para esta edição do GRB, foram pinçadas treze faixas de excelente qualidade, uma seleção que agradará a todos aqueles que conhecem o trabalho do grande Morenguera e vai permitir os que não conhecem de desfrutar um pouco de seu trabalho. Para começar, temos “Esta noite eu tive um sonho”, que o próprio Moreira assina com Wilson Batista, gravação Victor lançada em junho de 1941, disco 34754-A. Mostra como um alemão é enganado no jogo de chapinha, no qual se usavam três tampinhas de cerveja, com um miolo de pão dentro de uma delas. “Antes porém” leva a assinatura de Djalma Mafra e Cyro Monteiro, e saiu pela Odeon em junho de 1943, com o número 12315-A. “Acertei no milhar” é um clássico indiscutível, assinado por Geraldo Pereira e Wilson Batista, tendo sido editado pela mesma Odeon em agosto de 1940 sob número 11883-B. Teve regravações pelo próprio Moreira e por Jorge Veiga, entre outros. “Olha a cara dela” é uma marchinha do Morenguera em parceria com Geraldo Pereira, e saiu pela Victor bem em cima do carnaval de 1941, em fevereiro, sob n.o 34717-A. Ismael Silva e José de Almeida assinam “Maestro, toque aquela”, editado pela Odeon em dezembro de 1943, visando evidentemente o carnaval de 44, sob n.o 12390-B. Desse disco também foi escalado o lado A, “Samba pro concurso” (faixa 10 de nossa seleção), outra parceria do Morenguera com Geraldo Pereira. “Com açúcar”, a faixa 6, é também do Moreira, em parceria com Darcy de Oliveira, e saiu pela Victor em dezembro de 1940 para o carnaval de 41, com o número 34686-B. “O que tem Iaiá”, de Getúlio “Amor” Marinho e Antonico do Samba, é de 1937, lançado pela Columbia sob n.o 8249-B. “Amor” também assina sozinho “Na Favela”, lançado pela Odeon em 1932 com o número 10896-A. Em seguida temos o lado B, “Eu sou é bamba”, do mesmíssimo autor. “Nicolau” é de João da Baiana e Ari Monteiro, e saiu pela Odeon bem em cima do carnaval de 1942, em fevereiro, com o n.o 12107-A. Para finalizar, dois sambas de Geraldo Pereira em parceria com o próprio Morenguera, gravados na Odeon: “Lembranças da Bahia”, parceria com o próprio Morenguera, editado em agosto de 1942 com o n.o 12186-A, e “Voz do morro”, lançado para o carnaval de 1943, em janeiro, sob n.o 12252-B. Uma homenagem à altura que o GRB presta ao eterno Moreira da Silva, que foi, é e sempre será “o tal”!
Texto de SAMEUL MACHADO FILHO

12 Toques Musicais Com Oscar Castro Neves (2013)

Boa noite, amigos cultos e ocultos. Aqui estamos em mais um domingo, hoje, inesperadamente chuvoso. Aproveito que tudo está calmo, para preparar minha homenagem a um dos grandes nomes da geração Bossa Nova, Oscar Castro Neves, falecido há dois dias atrás, Infelizmente, lá se foi mais um importante músico brasileiro. Este é um que eu não poderia deixar de lembrar em nosso toque musical. Criei assim esta pequena coletânea com músicas extraídas de alguns de seus discos. Podia ter sido mais extensa a coletânea, mas preferi me conter em apenas doze músicas, visto que seus discos se encontram a venda (no mercado internacional, claro). O importante é termos deixado aqui a nossa homenagem. Valeu, Oscar Castro Neves!

manhã de carnaval – prelude #3
zelão
caruso
por causa de você
chega de saudade
canto triste
feitico da vila
auda de matemática
coisa mais linda
groovin’ high-whispering
samba de uma nota só
feitio de oração
.

Copa-Leme Orquestra – Músicas Imortais Álbum Coleção De Ouro (1971)

Olá amigos cultos e ocultos! Como eu sei que por aqui há uma legião de fãs de orquestras, vou hoje caprichar na postagem para essa turma. Temos aqui um disco que só mesmo no Toque Musical vocês poderiam encontrar. Trata-se de um obscuro álbum duplo, lançado possivelmente em 1971, através de um selo chamado ‘Disc News’. Curiosamente, mesmo sendo um álbum duplo,não há nele qualquer tipo de informação que vá além da própria lista de músicas. Pesquisando pelo Google também não chega muito longe, vamos vê-lo apenas no Mercado Livre. Em resumo, temos aqui um álbum duplo de uma orquestra chamada Copa-Leme Orquestra, a qual nos apresenta um repertório clássico, com todas aquelas músicas que sempre fazem o sucesso. Por conta, inclusive, de alguns ‘pot-pourri’ eu achei melhor não nomear as faixas. De qualquer forma, através do selo é fácil fazer essa identificação.
Taí um bom disco para o sábado 😉

mi españa
siboney
la cucaracha
frenesi
samba do teleco teco
lobo bobo
a felicidade
saba de orfeu
petit fleur
suas mãos
tom thomb’s tune
estupido cupido
eu sei que vou te amar
tu
manhã de carnaval
my reverie
clair de luna
mon couer est um violin
over the rainbow
coimbra
story weather
le gondolier
cuando tu me quieras
sonhando contigo
mi oracion
que quero um samba
faceira
sal e pimenta
sonho e fantasia
.

Vestidos De Espaço – Pipi Popô (1988)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Ontem eu vi no Facebook que o Charles Gavin postou um antigo vídeo, um programa da MTV, onde ele é entrevistado pelo Fábio Massari em casa, mostrando sua coleção de discos. Entre tantos discos que foram mostrados por ele havia este EP, ou melhor dizendo, LP, com apenas duas faixas que poderiam ter sido impressas em um compacto. Acontece que em plena década de 80 o vinil estava em baixa, mais ainda os compactos que pareciam já terem sido extintos. Foi então a época dos discos de 12 polegas, mas com apenas uma música de cada lado, utilizados geralmente para os remix e demos. Creio que nessa época, já sucateada, a indústria brasileira do vinil, não devia ter mais as formas de compacto, daí eles lançavam o que antes viria em disco de 7 polegadas em um disco de formato long play. Este disco surgiu por acaso, do tempo livre e das pausas de gravação dos Titãs durante a realização do álbum “Õ Blésh Blom”. Segundo Gavin, durante as pausas e em um outro estúdio, diversos artistas da gravadora se reuniram para se descontrair, fazendo um som paralelo. Entre esses estavam também a Paula Toller, Jorge Mautner e outros. Criaram lá essas duas divertidas músicas, de autoria de Pepino Carnale, que receberam o aval do poderoso Antoine Midani para serem lançadas em disco numa pequena edição. Na época  do vídeo/programa da MTV Gavin já dizia ser este um disco raro. Imagina hoje então. Este que eu apresento pertecem ao amigo paulista/mineiro Carlos, que deixou comigo por empréstimo há mais de uns três anos. Prometi que um dia ainda eu lhe devolvo. E com certeza eu o farei. Por certo, estando comigo vai estar muito mais bem guardado do que se estivesse com ele. Sou o melhor banco de discos que existe 🙂 Seu rendimento é a certeza de que os discos estarão sempre muito bem cuidados. E a taxas… oras… essas são as menores do mercado. Só aviso que se o cliente não se manifestar anualmente, depois de cinco anos perde seus direitos, hehehe…
pipi popô
a marcha do demo
.

Anisio Silva (1970)

Puxando do fundo da gaveta e sem olhar, me saiu este álbum do cantor e compositor romântico, Anísio Silva. Este disco eu ensaiei várias vezes a postagem, mas sempre acaba ficando. Desta vez ele veio no acaso e por acaso, num momento bom. Pessoalmente, o que mais me chama atenção neste disco não são as músicas e sim a foto da capa. Bacana, não? Uma bela composição, que nos remete mais a algum disco de jazz. Contudo, o que temos aqui é a autêntica música popular, a música que o povo com seu ingrediente mais importante, o romantismo. Confiram…

meu tema é você
o home e a vida
botãozinho de flor
ficamos sós
tem pena de mim
meus desejos
se eu te perder
o que eu queria
o amor que não vivi
indiferente
você é saudade
você tem tudo para ser feliz
.

Régis Duprat E Rogério Duprat – A Bela Época Da Música Brasileira (1978)

Olá amigos cultos e ocultos! Sinceramente, às vezes tenho a impressão de que além do habitual há algo mais tramando contra mim. Ou melhor dizendo, contra o ritmo do nosso blog. Nesta semana eu tive que refazer por umas três vezes as postagens, tudo por conta do computador que trava e acaba me fazendo perder tudo. Aqui vou eu refazendo esta postagem… vamos lá…
Temos para hoje a música feita no Brasil no final do século XIX e início do século XX, num período da História conhecido como “Belle Époque”, expressão francesa que quer dizer bela época, um momento de muita agitação cultural na Europa, que veio a se refletir em outros cantos do mundo e principalmente o Brasil. Por aqui, a “Belle Époque Tropical” se estendeu até os anos 30.
Como parte integrante da série “Três Séculos de Música Brasileira”, criada e dirigida por Marcus Pereira, temos o exemplar, “A Bela Época da Música Brasileira”, fruto da pesquisa histórico-musical dos irmãos Régis e Rogério Duprat, responsáveis também pela direção musical deste disco. No álbum iremos encontrar uma variedade de gêneros e ritmos comuns da época, que vai de 1870 a 1920. São regravações revistas e reorquestradas pelos Duprat, de maneira mais fiel, nos oferecendo a atmosfera musical daquele momento. As faixas são todas instrumentais, exceto em “De que me serve esta vida” e “Eu adoro”, duas modinhas anônimas interpretadas aqui por Luis Carlos Sá (da dupla Sá & Guarabyra)
desafio
abigail
tetéia
voluptuosa
de que me serve esta vida
alerta rapaziada
ouverture n. 25
izaura magalhães de carvalho
cavatinha
eu adoro
maria
é só na ginga
.

Orquestra Victor Brasileira – Músicas De Zequinha De Abreu (1968)

Olá amigos cultos e ocultos! É, está ficando cada dia mais difícil eu manter esse ritmo de postagens (diárias) e ainda cuidar de reposição de links no GTM. Como disse outras vezes, são tantas as solicitações que eu até já me perdi. E a coisa vem se acumulando… Por essas e por outras é que a partir de outubro eu estarei reduzindo o número de postagem, em função da reposição de velhos links. Porém, devo deixar claro que novas solicitações de links, eu não mais estarei atendendo, pelo menos num curto prazo. Aqueles que por ventura estiverem com muita pressa, ou quiserem algo muito específico, devem entrar em contato direto por e-mail e aí a gente negocia pessoalmente, ok?
Seguindo em nossas postagens, tenho para hoje um pouco da obra do compositor paulista José Gomes de Abreu, mais conhecido como Zequinha de Abreu. Temos aqui uma seleção rara de algumas de suas composições. Este disco foi lançado em 1968, reunindo dez fonogramas da década de 30. Gravações feitas com a Orquestra Victor Brasileira, ou seja, a orquestra da gravadora RCA Victor. Realmente um disco interessante, pois nos apresenta gravações muito raras de velhas bolachas em 78 rpm, a música de um dos mais importantes compositores brasileiros e a performance de uma excelente orquestra.

primavera de beijos
lágrimas de amor
beijos divinais
saudoso adeus
minha valsa
ressurreição
morrer sem ter amado
só pelo amor vale a vida
último beijo
sururu na cidade
.

Geraldo Pereira – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 70 (2013)

Chegamos à edição de número 70 do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil. Desta vez focalizamos outro grande sambista que marcou época na história de nossa música popular: Geraldo Pereira.  Geraldo Teodoro Pereira (seu nome completo na pia batismal) nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, no dia 23 de abril de 1918. Ainda criança, com 10 ou 12 anos, foi para o Rio de Janeiro, levado por seu irmão mais velho, Mané Araújo, filho do primeiro casamento de sua mãe. Mané era ferroviário e sanfoneiro, residente no lendário morro de Mangueira, onde Geraldo foi criado. Além disso, o Mané era dono de uma birosca e uma espécie de xerife de sua localidade. Ali, seu irmão Geraldo cresceu ouvindo samba e depois participando das rodas no meio dos bambas e valentes. Fez o curso primário (que não se sabe se chegou a concluir) em uma escola da Rua Oito de Dezembro, na Vila Isabel, de onde saía para entregar marmitas. Mais tarde, aos 14 anos, trabalha nas proximidades do morro, até que, por volta de 1936, consegue um emprego de motorista de caminhão da limpeza urbana. Nessa época, já arranhava seu violão – que aprendera a tocar com Aluízio Dias e com o mestre Cartola, moradores da Mangueira -, fazia acompanhamentos e começava a compor seus sambas, segundo depoimentos de contemporâneos.  Em 1939, o cantor Roberto Paiva é procurado por Nélson “Gravatinha” Teixeira, que queria apresentá-lo a um compositor novo, insistindo para que ouvisse a música que tinha composto com ele. Era o samba “Se você sair chorando”, que acabou sendo a primeira composição gravada de Geraldo Pereira, e foi hit no carnaval de 1940. Nesse meio tempo, conhece a grande paixão de sua vida: Isabel, inspiradora de alguns de seus antológicos sambas. De espírito boêmio e mulherengo, Geraldo foi um inovador do samba, e compôs sucessos inesquecíveis, com ou sem parceiros: “Acertei no milhar”, “Falsa baiana”, “Escurinho”, “Chegou a bonitona”, “Pisei num despacho”, “Quando ela samba”, “Escurinha”, “Sem compromisso”, “Você está sumindo”, etc. Geraldo Pereira faleceu em 8 de maio de 1955, em consequência de uma hemorragia, provocada por uma briga mal explicada com Madame Satã, lendário personagem da Lapa, quando teria batido com a cabeça no meio-fio, na porta do restaurante Capela.  Como intérprete, segundo José Ramos Tinhorão, Geraldo Pereira “tinha perfeita noção de ritmo, coerência da forma escolhida para traduzir o sentido dos versos, valorização da melodia e, acima de tudo, caráter e estilo próprio na forma de interpretar”. É o que iremos comprovar nesta edição do GRB, que focaliza o Geraldo cantor, apresentando 12 preciosas gravações de músicas, não apenas dele próprio, como também de outros autores, e todas sambas. Para começar, tem “Olha o pau peroba”, de Bucy Moreira e Albertina da Rocha, lançado pela Columbia em janeiro de 1954 para o carnaval desse ano, disco CB-10010-A, matriz CBO-147. Depois, temos “Domingo infeliz”, de Arnaldo Passos e Abelardo Barbosa (sim, o lendário Chacrinha!), lançado pela Sinter em agosto de 1951, disco 00-00.071-A, matriz S-136. No verso, matriz S-150, Geraldo Pereira mostra sua faceta de cronista do dia-a-dia, como parceiro do mesmo Arnaldo em “Ministério da Economia”, alusão à criação da pasta pelo então presidente Getúlio Vargas, na qual acreditava que com esse ministério tudo ficaria mais barato…  “Ela” é de Arnaldo Passos e Osvaldo Lobo, lançado pela mesma Sinter em dezembro de 1950, disco 00-00.021-B, matriz S-48. Foi em seguida escalado o lado A, matriz S-47, o samba-canção “Pedro do Pedregulho”, do próprio Geraldo sem parceiro. Embora seja considerado uma tentativa de adaptação ao gosto comercial vigente nessa época, é uma das melhores criações de Geraldo Pereira, inspirado em uma figura real, um valente da Mangueira chamado Pedro Veneno, conforme depoimento de Carlos Cachaça. Apresenta também um tema presente em outras obras de Geraldo, o do malandro regenerado. Esteve presente também no segundo LP lançado pela Sinter, o 10 polegadas “Parada de sucessos”, já oferecido aos amigos cultos, ocultos e associados do Toque Musical.  A faixa seguinte, “Fiz tudo”, é de Raimundo Olavo e Geraldo Queiroz, em gravação RCA Victor de 13 de agosto de 1952, lançada em outubro do mesmo ano, disco 80-1003-A, matriz SB-093398. Aqui também está presente o lado B, “Tombo no chapéu”, de Alberto Rego e Arnaldo Passos, matriz SB-093399. “Falso patriota” é de David Raw e Victor Simon (o autor dos clássicos “Vagabundo” e “Bom dia, café”), e foi gravado por Geraldo na RCA Victor em 26 de junho de 1953, indo para as lojas em setembro seguinte com o n.o 80-1192-A, matriz BE3VB-0185. O tema do falso nacionalista, consumidor exclusivamente de produtos importados, presente aqui, seria retomado em 1962 por Billy Blanco no samba “João da Silva”. Desse disco RCA Victor também foi escalado o verso, matriz BE3VB-0186: o divertido “Cabritada mal sucedida”, do próprio Geraldo com Wilton Wanderley. “Maior desacerto”, samba do próprio Geraldo mais Ary Garcia e A. J. C. Silva Jr., é o lado B de “Olha o pau peroba”, disco Columbia CB-10010, editado em janeiro de 1954 para o carnaval, matriz CBO-148. Para finalizar, as duas faixas do Columbia CB-10070, lançado em agosto de 1954: o samba-choro “Professor de natação”, de Avarese (Abimael Nascimento Álvares, pernambucano do Recife) e Maurílio Santos, matriz CBO-269, e  o samba “Juraci”, do próprio Geraldo sem parceiro, matriz CBO-270. É a homenagem do GRB e do TM ao grande sambista que foi Geraldo Pereira. E logo, logo a gente volta a focalizá-lo aqui, tá?
*Texto de  SAMUEL MACHADO FILHO.

Banda Dos Coroas – Em Todas… (1967)

Olá amigos cultos e ocultos! Embora o domingo já tenha praticamente acabado, ainda assim aqui vou eu trazendo um disco que é bem a cara deste dia: Banda dos Coroas, no álbum “Em todas…”. Lançado em 1967, parece ter feito lá o seu sucesso, pois nos anos seguintes novos discos foram lançados. Informações sobre quem eram os integrantes ou qualquer coisa que nos sirva de apresentação é praticamente impossível, pelo menos através do Google. Por certo era mais um desses discos feitos sem grandes pretensões, apenas a rotina comercial. Mesmo assim, trata-se de uma proposta bem legal. A Banda dos Coroas é uma autêntica banda ao estilo tradicional, como aquelas de coreto. Até os anos 60 esse tipo de banda era muito comum, bem apreciada por todos. Mas ao longo do tempo veio perdendo a força e hoje quase não se vê (e se ouve, claro!), principalmente em cidades grandes. Mas aqui, a Banda dos Coroas procura estar em todas… Apesar do nome, “Banda dos Coroas”, que nos remete a coisa velha, seu repertório para a época era de música jovem. Uma banda muito afinada tocando uma seleção bem popular. Confiram aí…

acorda maria bonita
seu eu soubesse
prova de fogo
i was kaiser bill`s batman
maria carnaval e cinzas
c’era un ragazzo che come me amava i beatles e i rolling stones
o ciúme
meu grito
pára pedro
súplica cearense
o caderninho
eu te amo mesmo assim
whiter shade of pale
.

André Christovam – Mandinga (1989)

Olá amigos! Hoje eu passei o dia numa feira de vinil que tem acontecido sempre no último do sábado de cada mês, lá no bar do Marilton (Borges), em Santa Tereza. Adorei a feira, que para a minha sorte, embora pequena, tinha de tudo e para todo gosto. Melhor ainda, tinha mais gente interessada na cerveja do que em discos, assim, pude garimpar a vontade e conseguir bons preços. Me senti como um pinto no lixo, todo a vontade 🙂 Lógico, comprei muitos discos. Entre eles este do André Christovam, que saiu pela bagatela de 5 reais! Resolvi então postá-lo para mostrar que o álbum vale muito mais que 5 reais. Não me refiro só ao vinil, mas principalmente ao artista, um dos mais conceituados guitarristas brasileiros, expoente do blues nacional. Aqui ele aparece em seu trabalho de estréia, primeiro disco, gravado em 1988 e lançado pelo Estúdio Eldorado. O disco é produzido pelo próprio artista e todas as músicas são de sua autoria. Tocam com ele Márcio Vitulli, no baixo e Alaor Neves na bateria. Conta ainda com a participação de Roberto de Carvalho (Rita Lee) e Flávio Guimarães (Blues Etílicos).

sebo nas canelas
confortável
duvidoso (mas tô tentando)
blind dog
mandinga
so long boemia
genuíno pedaço do cristo
dados chumbados
palhaço de gesso
.

Arrigo Barnabé – Suspeito (1987)

Olá, amigos cultos e ocultos! A sexta feira já está indo embora e eu ainda nem fiz a postagem do dia. Isso, para não falar que eu ainda tenho compromisso daqui a pouco com uma loira gelada no bar da esquina. Mas  antes, vou deixando aqui o nosso toque musical.
Vamos com o Arrigo Barnabé em seu álbum de 1987, lançado pelo selo 3M. “Suspeito”é um álbum suspeitamente romântico. Uma fase em que o artista devia estar vivendo altas paixões em sua vida. Ou seriam os seus parceiros? Eu imagino que em parcerias o Arrigo se dedica mais à música do que a letra. Mesmo assim, fica clara a sua intenção de fazer um disco em que o foco é o amor, as relações amorosas e coisa e tal… Pessoalmente, eu gosto tanto das músicas, quanto das letras. Porém esse uso de teclados sintentizados, muito comum nos anos 80, mata qualquer música. Já falei disso outras vezes. O jeitão da música nos anos 80 nunca me convenceu, só na época mesmo. Mas independente do meu gosto pessoal, o trabalho tem muita qualidade, como cabe a um artista do calibre do Arrigo. Quando se faz um disco como “Clara Crocodilo”, qualquer outro que não estiver no mesmo nível pode parecer suspeito.

êxtase
amor perverso
suspeito
a serpente
mr. walker e  garota fantasma
uga uga
diabo no corpo
dedo de deus
so cool
já deu pra sentir
tchau touxa
.

Claude Taylor E Sua Orquestra – Sax E Boleros (1964)

Boa noite a todos, amigos cultos e ocultos! Mais uma vez chegando na última hora. Infelizmente não tem jeito, é o tempo que me sobra. E a cada dia vai sobrando menos. Por isso é que a partir de outubro o Toque Musical deixa de ser diário. Ou melhor dizendo, sem compromisso com postagens diárias. Estarei a partir de então repondo os links de solicitações feitas até o final deste mês. Daí pra frente.. tudo vai ser diferente…
Seguimos aqui com “Claude Taylor e Orquestra”. Certamente, mais uma daquelas jogadas de artistas com nomes falsos. Quem olha apenas para a sequência de músicas apresentadas, sem muita atenção, há de pensar que ser trata de um artista estrangeiro. O repertório é formado por diferentes ‘standards’ da música internacional, em ritmo de bolero. Contudo, podemos notar que a equipe de produção deste lp é formada por figuras bem conhecidas no cenário fonográfico da época. Direção artística de  Milton Miranda, direção musical de Lyrio Panicalli e orquestração por conta de Severino Araújo. Bom, já deu pra saber que a orquestra é por conta do Severino Araújo. Agora resta saber quem é o sax que se faz passar por “Claude Taylor”. Alguém aí tem a resposta? (é nessas horas que a gente sente qual é o ‘feedback’)

smoke gets in your eyes
temptation
i’m in the mood for love
body and soul
stardust
dancing in the dark
as time goes by
i only have eyes for you
blue moon
deep purple
tenderly
these foolish things
.

Grupo Queluz De Minas (1981)

Boa noite, amigos cultos e ocultos. Hoje eu vou mandar aqui um compacto, produção independente aqui de Minas Gerais. Apresento aos que não conhecem o grupo Queluz de Minas. Um conjunto vocal nascido no final dos anos 70, na cidade de Conselheiro Lafaiete. Segundo eles contam, o grupo foi criado no intúito de fazer um show em homengem ao um músico da cidade, João Salgado que vem de uma das famílias de fabricantes da famosa ‘Viola de Queluz”. Queluz é uma região no município de Conselheiro Lafaiete onde, entre o final do século XIX e o início do século XX, eram fabricadas por duas famílias (Meirelles e Salgado) as violas de pinho, que hoje se tornaram raríssimas e cobiçadas por todo bom violeiro.
O Grupo Queluz de Minas, pelo que sei só gravou este compacto e (me parece) um lp (ou cd?). Não encontrei nada a esse respeito, mas é possível saber. Alguns de seus integrantes prosseguiram em carreira individual e com outros grupos. Ao que parece eles continuam na ativa, pelo menos no Facebook onde mantem uma página.

poeira
existindo
contra o canto nesta hora
alvorecer
.

Os Indios Tabajaras – Always In My Heart (1965)

Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Como eu sei que a maioria não costuma ler sempre os textos de postagens, acredito também que acabam sem saber dos toques e resoluções que tomo aqui Toque Musical. Daí, vez por outra, eu estou sempre voltando a repetir a mesma ladainha: Eu infelizmente não tenho como atender a todas as solicitações de imediato, principalmente quando se trata de reposição de links de postagens antigas. Já tenho aqui uma lista de uns quase 300 pedidos e que a cada dia cresce mais. Já expliquei várias vezes e continuo a repetir, os links, em seus provedores de acesso, tem prazos curtos e dependem muito do fluxo. As vezes caducam antes do tempo, por falta de procura. Ao contrário, outras vezes, costumam ser censurados ou apagados por conta de denúncias idiotas. Dessa forma, vivemos esse eterno faz-desfaz. E como a cada dia cresce mais o nosso acervo, fica cada vez mais difícil manter tudo ‘de bandeja’, como é o desejo de alguns por aqui. Diante disso e de tudo mais é que venho repetindo, a partir do mês de outubro teremos novas mudanças. Ou seja, as postagens deixam de ser necessariamente diárias, acontecendo agora na medida do meu possível. Quem não acompanha o TM perde a chance de encontrar no GTM o link que procura. Continuarei, claro, atendendo aos pedidos, mas tudo dentro do meu tempo. Quem tiver com pressa, eu também atendo, porém, vou cobrar por isso. Começarei a atender, por e-mail, as encomendas pessoais. Estarei cobrando uma pequena taxa, a título de uma compensação pelo serviço prestado. Isso, de uma certa forma, me incomoda um pouco, pois sugere que eu esteja realmente pirateando direitos autorais. Não, não é essa a minha intensão! Não estou vendendo fonogramas. Estarei sim cobrando pelo meu tempo extra, por uma solicitação pessoal e especial. Afinal, sempre tem aqueles que precisam de um determinado arquivo musical ‘prá ontem’. Para esses que tem pressa, estão aflitos atrás do álbum X ou da música Y, eu poderei atender sim, mas mediante a uma compensação. Afinal, nem relógio trabalha de graça, depende sempre de algum coisa, no mínimo dar corda… Vão se preparando…
Seguindo em nossas postagens, tenho para hoje e mais uma vez os internacionais Indios Tabajaras. Desta vez eu trago o álbum que marcou o retorno da dupla. Como todos já devem ter lido, ou já devem saber, Mussaperê (Antenor Moreira Lima) e Herundy (Natalício Moreira Lima), os Indios Tabajaras foram descobertos na década de 40. Fizeram fama internacional graças ao virtuosismo em contraste com o exótico de suas origens. Por conta de uma formação musical de influência internacional, onde predominava um repertório estrangeiro, a dupla passa meio que à margem da história musical brasileira, sendo por muitos até desconhecidos como artistas naturalmente brasileiros.
“Always In My Heart” foi o disco de retorno dos Tabajaras, o segundo gravado nos Estados Unidos, lançado pela RCA Victor. Seis anos após terem gravado o primeiro em Nova York, o qual na época de lançamento não fez sucesso. A faixa com a música “Maria Helena” viria a ser redescoberta por uma rádio americana que passou a utilizá-la na abertura de um de seus programas, o que despertou o interesse do público. A RCA Victor, percebendo o filão correu atrás dos artistas que nessa altura já haviam ‘pendurado as chuteiras’ e nem pensavam mais em mexer como música. Voltaram novamente para os Estados Unidos onde vieram a gravar não apenas este, mas dezenas de outros discos, consolidando assim como verdadeiros artistas internacionais. Neste segundo álbum vamos encontrar um repertório recheado de ‘standards’ da música latina e americana. Um disco muito bem gravado, como cabe a todos os lançamentos da RCA Victor naqueles tempos.

always in my heart
por que eres asi?
over the rainbow
more brandy – please
amapola
wide horizon
moonlight and shadows
you belong to my heart
central park
magic is the moonlight
new orleans
maria my own
.

A Música De Nelson Cavaquino – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 69 (2013)

Depois de Cartola, na semana passada, o Grand Record Brazil, em sua sexagésima-nona edição, homenageia mais um nome que faz parte da história da Mangueira, e, por tabela, do samba e da MPB: Nélson Cavaquinho.
Nélson Antônio da Silva, seu nome verdadeiro, nasceu no dia 29 de outubro de 1911, na Rua Mariz e Barros, no bairro carioca da Tijuca. Seu pai, o Sr. Brás Antônio da Silva,  era músico da Banda da Polícia Militar, tocava tuba, e seu tio Elvino era exímio violinista, e também organizava rodas de samba em sua casa. A mãe de Nélson,  a sra. Maria Paula da Silva, foi lavadeira do Convento de Santa Tereza. Por volta de 1919, a família, fugindo do aluguel, muda-se para a Lapa, ocasião em que Nélson  frequenta a escola primária Evaristo da Veiga, abandonando o curso para trabalhar como eletricista. Nesse bairro boêmio carioca, fez amizade com os “valentes” de então, Brancura, Edgar e Camisa Preta.  Na adolescência, transferiu-se para  o subúrbio de Ricardo de Albuquerque, para finalmente se estabelecer em uma vila operária na Gávea.  Ali, frequenta os bailes dos clubes Gravatá, Carioca Musical e Chuveiro de Ouro, conhecendo músicos decisivos em sua formação, alguns deles  empregados de uma fábrica de tecidos local, tais como Edgar Flauta da Gávea, Heitor dos Prazeres, Mazinho do Bandolim e o violonista Juquinha, de quem receberia lições de cavaquinho, .daí nascendo o pseudônimo com que ficaria para a posteridade: Nélson Cavaquinho. Já na maturidade, optaria pelo violão, desenvolvendo um estilo inimitável de tocá-lo, usando apenas dois dedos da mão direita.
Em 1931, com apenas 20 anos de idade, Nélson conhece  Alice Ferreira Neves, com quem se casa meses depois, da união resultando quatro filhos. Em seguida, graças a seu pai, consegue um emprego na Polícia Militar, fazendo rondas noturnas a cavalo. E é durante essas rondas, montado no seu querido “Vovô”, que conhece  e passa a frequentar o morro da Mangueira, travando contato com sambistas como Cartola e Carlos Cachaça. Isso lhe rendeu várias detenções, pois passava dias sem ir ao quartel, em decorrência da boemia. O ambiente da prisão era tranquilo, e ele ficava lá compondo… Em 1938, antes de ser expulso da polícia, consegue dar baixa  e, separado da mulher e afastado dos filhos, ingressa definitivamente na boemia e na música, mudando-se para o morro da Mangueira em 1952. Teve diversos outros relacionamentos até finalmente, no início dos anos 1960,  encontrar Durvalina, 30 anos mais nova que ele, com quem viveria pelo resto de sua existência.  Entre suas mais de 400 composições, várias  em parceria com Guilherme de Brito, destacam-se: “Rugas”, “Degraus da vida”,  “Luz negra”, “A flor e o espinho”, “Pranto de poeta”, “Quando eu me chamar saudade”, “Juízo final”, “Cuidado com a outra” e “Eu e as flores”.  Eram canções feitas com extrema simplicidade, e letras quase sempre remetendo a questões como o violão, botequins, mulheres e, principalmente, a morte. Que, inevitavelmente, aconteceria na madrugada de 18 de fevereiro de 1986, aos 74 anos, de enfisema pulmonar.  Como intérprete, estreou em disco no ano de 1966, gravando algumas faixas em um álbum que a cantora Thelma  Costa dedicou à sua obra. Depois, em 1970, viria seu primeiro LP-solo, “Depoimento do poeta”, pela Castelinho (que não passou desse disco!). O segundo viria dois anos mais tarde, pela RCA, primeiro volume da Série Documento, e o terceiro pela Odeon, em 1973.  Também participou, em 1977, do álbum da RCA ”Quatro grandes do samba”, ao lado de seu mais constante parceiro, Guilherme de Brito, mais Candeia e Elton Medeiros.
Nesta edição do GRB, apresentamos dez gravações originais em 78 rpm, com sambas de Nélson Cavaquinho interpretados por vários cantores e feitos com parceiros diversos. Abrindo a seleção, “Palavras malditas”, feita com seu mais constante parceiro, Guilherme de Brito, gravação de Ary Cordovil na Todamérica em 6 de setembro de 1957, disco TA-5724-B, matriz TA-100091, que seria regravada em 2011 por Beth Carvalho.  Ary também canta “Cheiro de vela”, de Nélson com  José Ribeiro (faixa 3), lançada no extinto selo Vila em 1958 (ou 61, não há certeza), disco 10003-B, matriz V-7801-B. Ruth Amaral, também compositora, interpreta outras duas faixas nesta seleção, ambas em gravações Columbia: “Cinzas”, de Nélson e Guilherme mais Renato Gaetani, lançada em novembro de 1955 sob n.o CB-10210-A, matriz CBO-584, e “Garça”, só de Nélson e Guilherme, lançada pouco antes, em maio desse ano, com o n.o CB-10192-A, matriz CBO-192 (faixa 5). A faixa  4 traz também a regravação de Nerino Silva para “Cinzas’, lançada pela Chantecler em janeiro de 1963, disco 78-0677-B, matriz C8P-1354. “Negaste um cigarro”, parceria de Nélson Cavaquinho com José Batista, foi gravada em fins de 1962 por Orlando Gil em outro selo extinto, o Albatroz, disco A-121-B. A “Divina” Elizeth Cardoso aqui comparece com um samba do carnaval de 1954, de Nélson, Roldão Lima e Gilberto Teixeira, gravação Todamérica de 12 de novembro de 53, lançada ainda em dezembro sob n.o TA-5380-B, matriz TA-591.  Francisco Ferraz Neto, o Risadinha, apresenta  “Minha fama”, de Nélson Cavaquinho com Magno de Oliveira, gravação Odeon de 4 de setembro de 1952, só lançada em junho de 53, disco 13455-B, matriz 9413. O grande Jorge Veiga interpreta “O fruto da maldade”, de Nélson com César Brasil, lançado pela Continental entre julho e setembro de 1951 com o n.o 16434-B, matriz 2632. Por fim, Vítor Bacelar interpreta outro samba de Nélson Cavaquinho em parceria com César Brasil: “Não brigo mais”, gravado na Todamérica em 23 de agosto de 1954 e lançado em setembro seguinte sob n.o TA-5471-B, matriz TA-723. Esta é a homenagem do GRB a mais este poeta da Mangueira e do samba carioca que foi Nélson Cavaquinho!
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

Grande Orquestra Sob Regência De Renato De Oliveira – Fascinação (1957)

Olá amigos cultos e ocultos! Ontem eu acabei furando com vocês. Infelizmente não tive mesmo condições nem para postar um ‘disco de gaveta’. Trabalhei o dia todo. Hoje a situação foi a mesma, ralação em pleno domingo. Não fosse as contas para pagar, eu talvez estivesse em casa descansando e
selecionando discos para postar durante a semana.
Mas vamos ao que interessa. Vamos com a Grande Orquestra Columbia sob a regência do maestro Renato de Oliveira. “Fascinação” é um álbum lançado pela Gravadora Columbia no final dos anos 50. Este disco, de uma certa forma, buscava apresentar ao público o seu novo maestro, o então jovem Renato de Oliveira. O disco traz uma seleção musical, segundo o próprio texto de contracapa de Ary Vasconcelos, ‘de melodias  inesquecíveis do repertório denominado ‘semi-clássico’. Temas internacionais famosos que aqui neste disco ganham ainda mais brilho sob a batuta do maestro Renato de Oliveira. Confiram!

fascinação
serenata
amoureuse
a lenda do beijo
avant de mourir
os milhos de arlecrim
leda
csardas
.