Bom dia carnavalescos cultos e ocultos! Parece mentira, mas até o momento eu ainda não vi e nem saí no carnaval. Não vi pela televisão e nem nas ruas. Aliás, Belo Horizonte em termos de carnaval é um caso sério. Existe até a tradição, mas a turma por aqui não é muito animada. Neste ano, parece, estavam querendo ressuscitar os velhos blocos carnavelescos, mas eu não tenho visto muitas manifestações pela cidade. Acho que o problema por aqui é a chuva. Todo ano chove nessa época, daí o belorizontino prefere viajar e pular o carnaval na chuva de outra cidade. Aqueles que dizem que odeiam carnaval também fogem da cidade, procurando um retiro de paz no feriadão. Bobagem, melhor ficar por aqui mesmo. Eu adoro o carnaval, mas para ir para o agito prefiro sair com antecedência e voltar depois sem pressa. Se tem uma coisa que eu não tolero e pegar uma estrada cheia ou ficar mofando em salas de embarque de aeroporto. Como um bom mineiro, gosto de fazer as coisas sem afobação. Na pior das hipóteses, fico em casa. Faço o meu carnaval por aqui mesmo. Discos e músicas são o que não me faltam. Faço a festa e ainda de sobra mando ver aqui no Toque Musical.
Passar o Carnaval sem Lamartine Babo é o mesmo que assistir na Avenida dos Andradas ao desfile carnavelesco de Belô, uma tremenda frustração. Por isso, para salvar o dia e também a festa, vamos com um álbum do Lalá. Temos aqui este lp lançado pela Moto Discos, que a exemplo de outros selos como o Collectors, Revivendo e Filigranas Musicais, ajudou em muito no resgate e restauração de velhos fonogramas, dos primeiros discos e artistas da música popular brasileira. O álbum “Lamartine Babo – A música popular no Rio de Janeiro”, como diz o próprio texto da contracapa, procura prestar uma homenagem a um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos, reunindo algumas de suas famosas criações. As músicas selecionadas aqui são da década de 30, em gravações feitas pelo artista ou outros intérpretes como, Carmen Miranda, Francisco Alves, Aracy de Almeida, Castro Barbosa, Mario Reis, Almirante, Diabos do Céu e outros… Em todas as músicas temos, de alguma forma, a presença de Lalá, mesmo quando na música ele não é o astro principal. Ele intervém para dar a essa um definitivo ‘toque’ lamartinesco. Confiram…
Carnaval 1970 (1970)
Bom dia foliões cultos e ocultos! Para o embalo do nosso carnaval, mantendo a linha ‘Toque Musical’, eu hoje trago um obscuro álbum lançado em 1970 pelo não menos obscuro selo Bandeirante. Este disco teria sido postado no carnaval do ano passado, não fosse o fato de que a capa e o disco estavam trocados. Pela capa seria “Carnaval do bons tempos – A banda do Pixinguinha“, mas no interior, o disco era “Carnaval 1970”. Por conta disso, acabei deixando a postagem de lado, fiquei com dois discos incompletos. Mas neste ano eu resolvi postá-lo, usando da criatividade, transformei a capa do Pixinguinha num novo encarte para o “Carnaval 1970”. Teria sido mais interessante se fosse o contrário, mas infelizmente esse grau de magia eu ainda não domino. Vamos então curtir essa seleção, orquestrada e dirigida pelo Maestro Severino Silva. Encontraremos aqui quatorze faixas onde predominam as marchinhas. São músicas carnavalescas pouco conhecidas do público, pelo menos eu suponho, considerando que eu também conheço dessas muito poucas. Os intérpretes também não são nomes muito comuns, apenas Alvarenga e Ranchinho aparecem na segunda faixa com a marcha “Pau de arara”. Mesmo assim, o lp não deixa de ser muito interessante, apresentando um carnaval como nos bons tempos. Vale a pena conferir… 😉
Baile de Gala – Teatro Municiapal Do Rio De Janeiro (1967)
Eu fiz hoje a chamada para o Carnaval, mas a postagem do dia está chegando agora.
Abrindo o nosso carnaval, vamos logo cair na folia e com toda a pompa. Começamos com um baile memorável. Vamos para o Baile de Gala do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no ano de 1967. Temos aqui um raro disco lançado pelo selo Sideral, da Rozenblit, apresentando o que foi o baile daquele ano, numa gravação ao vivo muito empolgante. Este álbum eu escalei meio que encima da hora. Tive que refazer a capinha que se encontrava um pouco amarelada e desgastada pelo tempo. Ficou até bem próxima da original.
É interessante notar como, naquela época, se lançavam discos como este, literalmente uma gravação ao vivo de um baile de carnaval. A qualidade do som chega a ser um pouco sofrível, muito pelo fato de que o ambiente e as condições técnicas não deveriam ser lá muito propícias. Mesmo assim, não deixa de ser interessante e saudosista. Me faz lembrar dos bailes que um dia eu fui também.
Um fato interessante e de destaque neste disco é que nele aparece pela primeira vez a marcha rancho “Máscara Negra”, de Zé Ketti e Pereira Matos, gravada ao vivo e no melhor estilo carnavalesco. Esta música passaria a fazer parte do repertório de carnaval deste e de todos os bailes desde então, se tornando um verdadeiro clássico. Confiram aí…
Olá foliões cultos e ocultos! Estão todos prontos para enfrentar o Carnaval?
Para aqueles que ainda não sintonizaram, o Toque Musical tem um bom acervo de postagens dedicado à outros carnavais. Não deixem de conferir… AQUI
Gilson Peranzzetta – Portal Dos Magos (1985)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Quando todos esperavam pelo meu ‘grito de carnaval’, eu ainda continuo me guardando e tocando outros sons. Acho que eu ainda não entrei no embalo, no ‘espírito da coisa’. Mas a gente ainda chega lá… 🙂
Como hoje é sexta feira, dia do artista/disco independente, eu até pensei em unir o útil ao agradável e partir logo para o ataque carnavalesco. Mas, sinceramente ainda não estou no ‘pique’. Prova disso é que hoje eu vou bater de música instrumental. Estou postando aqui um disco do pianista e arranjador Gilson Peranzzetta, um nome que começou a se destacar na música brasileira e no cenário internacional a partir dos anos 70, quando ele fez parte do grupo Central do Brasil. Antes, porém Gilson já estava na estrada, sua relação com a música vem desde a infância, quando com seu irmão, fazia dupla no acordeon. Eram conhecidos como a dupla “Ping-Pong”, pois eram patrocinados pela marca da goma de mascar. Na segunda metade dos anos 60 ele estréia em disco, no álbum “Tema Três”, de 1967. Em 69 ele cria o grupo Gilmony e lança o disco “Algo Novo”. Ainda em 1969, lança o álbum “Madrugada 1:30” (editado também na Inglaterra). Quando vai para a Europa junto com o grupo Central do Brasil, acaba fixando residência na Espanha, onde passa um bom tempo estudando e fazendo apresentações. Quando volta ao Brasil passa a fazer arranjos para diversos artistas, principalmente para o Ivan Lins com quem passa então a trabalhar e compor, criando também a banda de apoio “Modo Livre”, que depois seguiria sozinha como um grupo instrumental. Sua fama cresce ainda mais, transformando-o num dos músicos instrumentistas brasileiros mais importantes. Em 1985 ele resolve partir para vôos solos, mostrando também o seu lado compositor, que já era interpretado por figuras como George Benson, Dianne Schurr, Quincy Jones, Sarah Vaughn e outros do mesmo ‘naipe’. Grava “Portal dos magos”, seu primeiro disco solo. Um álbum instrumental que eu considero como sendo um dos seus melhores trabalhos (não é por acaso que ele está aqui). Gilson vem acompanhado por um time de músicos de primeira linha. Tocam no disco Rafael Rabello no violão de sete cordas, Luizão e Arthur Maia no baixo, João Cortez na bateria e percussão, Ricardo Pontes na flauta e sax e Jorginho no pandeiro. O álbum traz sete faixas, todas assinadas por Gilson, sendo algumas em parceria. Belo trabalho que não pode deixar de ser conferido, mesmo já estando fantasiado para os bailes de carnaval.
Carlos José – Revelação (1958)
Bom noite, amigos cultos e ocultos! Vou aos poucos voltando a normalidade, depois de alguns dias meio pra baixo. Música é mesmo um santo remédio. Quem tem a música a seu lado nunca está sozinho. Acho que é por isso que eu tenho tantos amigos 🙂
Antes que seja decretado o Carnaval e caia todo mundo na folia, eu vou até sexta mantendo o mesmo ritmo. Talvez, a partir de sábado eu comece a postar alguma coisa relacionada à festa. Por enquanto, vamos de raridades e outras curiosidades. Tenho aqui o primeiro lp do cantor e seresteiro Carlos José. Dono de uma voz vigorosa, foi o cantor revelação do ano de 1957, descoberto e apoiado pelo polêmico apresentador Flávio Cavalcanti. Estreou muito bem em disco com um 78 rpm, trazendo duas grandes músicas, “Foi a noite” de Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça e “Ouça” de Maysa. O sucesso deste lançamento deu a ele a oportunidade de, no ano seguinte, gravar pelo mesmo selo Polydor, este que foi o seu primeiro lp. Começou mesmo muito bem, com um repertório fino e selecionado.
Aqui podemos encontrar, além das duas músicas gravadas anteriormente na bolacha de 78, uma série de boa média. Do lado A temos “Eu e Deus”, de Evaldo Gouveia e Pedro Caetano; “Se alguém telefonar, de Alcyr Pires Vermelho e Jair Amorim, música esta premiada no 1º Festival da Penha; “O amor acontece”, de Celso e Flávio Cavalcanti; “Aula de matemática” (Bossa Nova de primeira mão), de Antonio Carlos Jobim e Marino Pinto; a belíssima “Só louco”, de Dorival Caymmi e “Ouça” de Maysa. No lado B vamos encontrar também um bom repertório, com “Canção da volta”, de Ismael Neto e Antonio Maria; “Viva meu samba”, Billy Blanco; “Eu não existo sem você”, outra de Tom Jobim com Vinicius de Moraes; “Oferta”, música do próprio cantor; “Laura”, de Alcyr Pires Vermelho e Braguinha. Finalizando o disco, mais uma vez com Tom Jobim em parceria com Newton Mendonça, na belíssima “Foi a noite”. Vamos conferir? 😉
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Pedrinho Mattar – Rapsódia (1966)
Olá, amigos cultos e ocultos! Enquanto o Carnaval não vem, vou mantendo a linha, com as nossas sortidas postagens. Como dizia o Chico Buarque, “estou me guardando pra quando o Carnaval chegar”.
Temos aqui o pianista Pedrinho Mattar, numa fase que eu chamaria de ‘agradável’, quando ele ainda, em seu virtuosismo, era um pouco mais contido e comedido em suas performances. Pessoalmente, nunca gostei muito do jeito dele tocar de maneira rebuscada, floreando demais nos arranjos, principalmente nos seus discos a partir dos anos 70. No meu entender, ele trocou o concerto pelo espetáculo, se tornando uma espécie de ‘showman’. Este seu estilo iria fazer escola, mas poucos ou quase nenhum conseguiu supera-lo. Pedrinho, por sua vez, parece ter seguido a escola do espalhafatoso Liberace, aquele pianista americano que se apresentava como se estivesse num carro alegórico de uma escola de samba, cheio de brilhos e lantejoulas.
Felizmente o disco que temos aqui ainda não é da época do ‘Pianíssimo’, programa de televisão da Rede Viva apresentado por ele. Em “Rapsódia”, temos o instrumentista em dois momentos distinto. Do lado A, abrindo o disco, temos a famosa “Rhapsody in blue”, de George Gershwin, aqui apresentada por ele em solo e com acompanhamento, também no piano, de sua irmã, a renomada professora de música, Mercedes Mattar Sciotti. A segunda e última faixa do lado A é “Abismos de rosas”, de Canhoto, num belo mas bem retocado arranjo (quase me escapa aos ouvidos a melodia). No lado B o pianista vem acompanhado de orquestra, sob a regência do Maestro Cyro Pereira. Ele nos apresenta seis temas pós (in) Bossa Nova, músicas de Edu Lobo e Vinícius, Chico Buarque, Menescal e Bôscoli, Maurício Einhorn e também músicas do Maestro Cyro Pereira.Disco bacana, valorizado ainda mais pela qualidade RCA de gravação e também pela belíssima capa de Telbado, com um desenho de Carlos Alberto Sartoretto. Confiram aí mais um toque musical de qualidade 😉
José Luciano – Seu Piano E Seu Ritmo (1957)
Faça chuva ou faça sol, lá vou eu (na rima) com um novo toque musical. Sem muitas delongas, tenho para hoje o pianista José Luciano Studart. Um nome, talvez, pouco conhecido ou lembrado para a maioria dos mortais. Vindo do Ceará, de uma tradicional família de Fortaleza, iniciou seus estudos de piano ainda na infância. Na adolescência, veio morar no Rio de Janeiro, onde se encontrou totalmente com a música. Tocou no rádio, na televisão, em clubes e boates. Acompanhou os mais diversos artistas da nossa música. Seu piano está presente em muitos discos famosos. Gravou este que foi o seu primeiro lp, pela Copacabana, em 1957. Um disco bem sortido, com samba, fox, beguine e outros ritmos, dançantes, ou não.
Escolhi este lp muito por conta da postagem anterior, vi que havia nele o samba “Pois é” de Ataulfo Alves. Estão vendo? Uma coisa leva a outra. Acabei também na curiosidade e na dúvida. Há uma música, a primeira do lado B, de autoria de José Luciano e Mário Flávio, o samba “Brasilia”. Pelo título, imaginei que o disco tivesse sido lançado em 1960 ou 61, uma referência à nova capital federal. Mas só que o disco é de 1957. De onde será que veio ou qual foi a razão desse título? Deixo essas considerações para os amigos cultos e ocultos.
Ataulfo Alves – Eu, Ataulfo Alves (1969)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Espero mesmo que seja um bom dia. Os últimos, sinceramente não foram dos melhores. Como diz aquele samba do Cartola: “Quem me vê sorrindo pensa que estou alegre…” Mas eu não estou não. Está me voltando aquele velho estado depressivo. Se eu não me cuidar, não sei o que vai ser… Minha fuga, meu refugio, são talvez os 15 minutos que me dedico diariamente a compor este blog. Por mim, hoje, eu ficaria aqui sentado, ouvindo música, ou talvez voltasse para a cama, fugindo num sonho para um lugar que não existe. Desculpem a lamentação, mas eu realmente não estou legal.
Para espantar um pouco o bode, vamos logo ao disco do dia. Escolhi para hoje e mais uma vez, o grande Ataulfo Alves. Temos aqui um raro exemplar lançado em 1969, pelo selo Polydor, um mês após a morte do compositor. Trata-se de um registro histórico. São trechos de um depoimento dado por ele ao Museu da Imagem e do Som, quase três anos antes. Como disse Ricardo Cravo Albin, este lp tem a responsabilidade de mostrar algo do que o hoje lendário Ataulfo declarou para a história. Acompanhado apenas de seu violão, ele nos conta passagens importantes da sua vida e entre uma fala e outra, toca e canta alguns de seus maiores sucessos. Taí um disco depoimento que vale a pena ouvir. Confiram…
vai na paz de deus
Toninho Horta – Ao Vivo Em Moscou (1992)
Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Hoje, para variar, eu acordei tarde. Dormi como uma pedra até as 10 da manhã. Tudo que eu havia planejado no sábado deu errado, inclusive a postagem. Só agora eu estou percebendo que não cheguei a publicá-la. Sinto muito, mas imprevistos acontecem, mesmo para um cara prevenido como eu. No caso aqui não foi só falta de atenção, esta foi apenas uma consequência. No sábado, a bruxa por aqui esteve solta. Nem a folia de pré carnaval, com Banda Mole e tudo mais conseguiram dar jeito no meu astral. Fui dormir as oito da noite e nem lembrei de blog. Mas hoje eu voltei com força total.
Estou trazendo para os amigos mais um albinho ‘made in TM’. Há poucos dias atrás o ‘brother’ Chris Rousseau me enviou vários arquivos interessantes, entre eles uma seleção que ele fez de Toninho Horta, extraída de uma caixa com três cds, o álbum triplo e internacional “Mockba MCMXCII – Live in Moscow”. Trata-se de uma edição que reúne apresentações ao vivo de grandes nomes do jazz moderno, como Airto Moreira & Fourth World, Eddie Gómez Trio, Igor Butman Quartet, Willian Galison e o nosso Toninho Horta e seu grupo, realizadas na cidade russa em 1999. Segundo informações colhidas no site do artista, este é um cd raro, difícil de achar até na Rússia. Tem neguinho aí vendendo a caixa com os três cds por 400 reais, pode? (até que se fosse um álbum em vinil eu aceitaria este preço). Vinil, para mim, é objeto. CD é quase dejeto.
Manfredo Fest – Brazilian Dorian Dream (1976)
Olás! Quando penso em postar discos de Bossa Nova, fico sempre na dúvida se já foi ou não postado no Loronix. Às vezes eu acabo desistindo quando vejo que o disco já passou por lá e já está em outras fontes também. Mas como hoje em dia, no blog do loro, de ativo e crescente só tem mesmo o quadro de seguidores (talvez esperando o seu retorno), eu daqui vou postando os meus sem preocupação. Acontecem também coincidências com postagens de outros blogs, mas eu já vi que se for ficar preocupado com isso, acabo me limitando e seguindo uma linha que não me interessa. Quando percebo a tempo que o disco também foi postado em outro blog, daí eu posso até fazer uma menção. Mas nem sempre eu saio procurando pela rede para saber se o disco que quero postar foi ou não publicando. Minhas postagens não dependem disso.
O álbum de hoje não é de Bossa Nova, porém já foi publicado no Loronix. Eu o comprei ontem, mais como um investimento, pois trata-se de um álbum raríssimo do Manfred Fest, gravado nos Estados Unidos (importado) em sua fase internacional. No quesito raridade ele está no mesmo pé de igualdade do álbum “Krishnanda” de Pedro Sorongo, cotado no mercado internacional de colecionadores a mais de 500 pratas! Depois de devidamente digitalizado, eu o coloco a venda para quem se interessar, pela metade do preço. Aproveitem porque a oferta é por tempo limitado (hehehe…)
Temos então o instrumentista em um álbum lançado em 1976 pelo selo americano T&M Productions. Este disco nunca saiu no Brasil e ao que me parece foi o primeiro álbum gravado por ele ao se mudar para os ‘States’. Muitos o consideram como sendo o seu disco mais moderno. Um álbum realmente diferente de outros dos seus trabalhos. Em “Brazilian Dorian Dream”, Manfredo vem acompanhado pelo baixista neozelandês Thomas Kini, o baterista e percussionista costa riquenho Alejo “Joe” Poveda e a cantora americana Roberta Davis. Juntos eles fazem um som que bem nos lembra o Sérgio Mendes numa postura mais jazzística. É um disco de “fusion” e dos melhores, com elementos do jazz, do rock e também de suas raízes brasileiras. Foi um álbum muito bem recebido pela crítica e mesmo sendo um disco estrangeiro, nunca chegou a ser relançado no formato cd. Manfredo faleceu em 1999, aos 63 anos, na Flórida (EUA).
Deo Lopes – Voar (1981) & Certos Caminhos (1984)
Bom dia a todos! Finalmente sexta feira! E antes que eu me esqueça, amanhã é dia de Feira do Vinil lá na Discoteca Pública, que fica na Rua Machado 207 – Bairro Floresta (próximo ao Colégio Batista). A feira que é mais uma festa vai rolar durante todo o dia, de 10 às 17 horas. Quem estiver em Belô, não pode perder!
Na semana passada eu estive na cidade de Tiradentes participando do Festival Foto Em Pauta e fiquei na pousada do meu amigo Carlos Moraes. Fiquei conhecendo ele através do blog. Foi ele quem doou, para mim, a coleção completa da “História da Música Popular Brasileira”, da Abril Cultural. Ele é de Sampa, mas há coisa de uns três anos resolveu trocar o agito da cidade paulista pelo agito da cidadezinha mineira. Tá por lá tocando a vida e nesse nosso reencontro, mais uma vez rendeu novos discos. Desta vez ele me emprestou uma série de discos (os quais eu prometi devolvê-los na próxima vez que for à Tiradentes). Ele deixou comigo, por exemplo, os primeiros discos do excelente cantor e compositor Déo Lopes. Eles foram muito amigos e inclusive a capa do seu primeiro álbum, “Voar” é de autoria do Carlos. Segundo ele, o desenho original era em preto e branco, o Déo foi quem resolveu mudar para o azul, o que faz sentido, considerando o título do álbum. Mesmo assim e em homenagem ao meu amigo, decidi publicar nesta postagem a capa no preto e branco. No embalo, resolvi também incluir uma ‘repostagem’, o álbum “Certos Caminhos”, de 1984. O exemplar que eu tenho é diferente do que o Carlos me emprestou. É uma edição especial, com uma capa diferente. Déo lançou “Certos Caminhos” trazendo também esta capa de série limitada, com o trabalho do artista plástico Fábio Pace. Trata-se de uma espécie de pintura em alto relevo, onde para cada exemplar houve um resultado diferente e exclusivo. Enfim, um álbum de arte (e para poucos!). Infelizmente, este eu vou ter que devolver.
Déo Lopes é um artista paulista, nascido na cidade de Santo Antonio da Alegria, no Vale do Paraíba. Mas ouvindo sua música, quem não o conhece, vai dizer que é mineiro. Isso se deve muito ao fato de que ele é um músico com muitas paradas, assimilando um pouco de cada lugar por onde passa. Sua música é extremamente agradável e de uma assimilação bem natural. Em “Voar”, seu primeiro trabalho, ele traz doze músicas, sendo nove delas de sua autoria ou parceria, onde nessas é apenas o letrista. Neste lp participam os irmão Dante e Ná Ozzetti, no côro e percussão. Eis aí um trabalho independente da melhor qualidade. Aliás, um não, dois! Tem também a reprise do delicioso “Certos Caminhos”. Quem ainda não os ouviu em outras fontes, não deixe de conferir por aqui. Eu recomendo… 😉
Marilia Batista – Poeta Da Vila (1953)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Hoje eu trago para vocês um disco raro e bem interessante. Como já se pode ver pela capa, temos aqui um Noel Rosa na voz de uma de suas intérpretes favoritas, a cantora e compositora Marília Batista.
Este álbum, primeiro lançamento em ‘long play’ de 10 polegadas do selo Rádio, saiu em 1953, trazendo de volta a cantora que se encontrava afastada já há vários anos dos estúdios. No álbum de oito faixas, cinco das são interpretadas por ela. As demais são apenas orquestradas e ficam por conta do Maestro Aldo Taranto, que foi quem cuidou de toda a direção, fazendo os arranjos e orquestração.
Uma curiosidade que me chamou a atenção é que além de ser este um dos primeiros ‘lps’ lançados no Brasil, foi também o primeiro vinil mesclado, com manchas brancas, lembrando bem os discos de edições especiais, que mais adiante viriam a aparecer no mercado. Eu sempre acreditei que fosse um disco com defeito na fabricação, até o dia em que vi outros exemplares do mesmo álbum. Imagino que o mesmo deve ter passado pela cabeça daqueles que também adquiriram o disquinho. Mas roda que é uma beleza! Quer conferir?
José Tobias – Rapsódia Brasileira (1984)
Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Esse pessoal do Blogger tá de sacanagem com a gente, só pode… Sua ferramenta ‘anti spam’ só detecta os meus toques celestiais. De agora para frente vai ser assim, terei que verificar, horas depois, se o ‘toque musical’ permanece no comentários. Não adianta certificar isso na hora, só fico sabendo quando alguém dá o grito.
Continuando nosso sortimento musical da semana, vamos hoje com mais um pernambucano, o grande cantor José Tobias, acompanhado por Radamés Gnattali, Octeto Brasilis e a Camerata Carioca. Um disco com um time desses só podia mesmo ser uma produção de Hermínio Bello de Carvalho. Em sua apresentação, no texto da contracapa, ele nos conta que a ideia foi produzir num disco “uma rapsódia, despudoradamente ufanista e romântica”, a qual seria entregue a um grande cantor. Uma rapsódia em dois movimentos, reunindo algumas das mais conhecidas melodias do nosso cancioneiro, interligadas tematicamente (no disco, não há pausa entre uma música e outra). Hermínio então escalou José Tobias, “um cantor de mil cantorias”, Radamés Gnattali para os arranjos e regência, o Octeto Brasilis (formado por Radamés – piano; Aloisio de Vasconcelos – teclados; Rafael Rabello – violão 7; Helio Capucci – violão 6; Wanda Cristina Eichbauer – harpa; Braz Limonge Filho – oboé; Zeca Assumpção – contrabaixo e Wilson das Neves – bateria) e a Camerata Carioca (formada por Joel Nascimento – bandolim; Joaquim dos Santos Neto – violão; Maurício Carrilho – violão baixo; Luiz Otávio Braga – violão 7; Henrique leal Cazes – cavaquinho; Dazinho – flauta e Beto Cazes – percurssão). Com um time desses, não precisa nem ficar na dúvida, é ouvir e gostar. Não é um trabalho comercial, ou ainda, feito para tocar no rádio. Segundo Hermínio, “feito para tocar os corações”. Ele realmente conseguiu. Uma bela produção independente que teima em aparecer no TM antes da sexta feira. Confiram a pérola…
Juarez – Sua Excia. O Sax (1961)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Como eu disse, esta vai ser uma semana bem sortida e variada, bem a cara do que é o Toque Musical. Curiosidades e raridades são o que não falta…
Este é Juarez. Juarez Assis de Araújo, para esclarecer melhor e logo de cara, foi um dos maiores saxofonistas do mundo! Reconhecido internacionalmente, este músico instrumentista, paradorxalmente, nos dias de hoje se tornou um ilustre desconhecido. Só mesmo quem conhece um pouco (ou mais) da história da nossa música poderá se lembrar desse grande artista. Nascido em Pernambuco em 1930, teve desde a infância contato com a música. Iniciou seus estudos no saxofone com 11 anos. Na adolescência já tocava em um grupo de jazz e se apresentava nas rádios do nordeste. Na metade dos anos 50 transferiu-se para o sudeste, vindo trabalhar em orquestras de São Paulo e logo em seguida foi para o Rio de Janeiro tocar com o Maestro Osvaldo Borba, em sua famosa orquestra da TV Rio. Juarez era um músico versátil, que passeava com muita desenvoltura pelos mais diversos gêneros, tanto os nacionais como os internacionais, principalmente o jazz. Seu talento e sua técnica eram de impressionar. Foi considerado, nos anos 60, pela revista americana especializada em jazz, “Downbeat”, como um dos cinco maiores saxofonistas do mundo. É mole? No final dos anos 50 e início dos anos 60 ele andava muito entrosado com Tom Jobim, Newton Mendonça e a turma da Bossa. Acabou absorvendo um leque musical rico e variado. Mas como músico instrumentista, ainda mais sendo saxofonista, sua atenção naquela época, naturalmente era o jazz. Isso fica bem claro em discos como “Bossa Nova nos States” ou “O inimitável Juarez”.
“Sua Excia, o Sax” foi o seu primeiro lp, lançado em 1961 pelo selo Carroussel. Como seus outros discos, nunca teve uma edição em cd e é com certeza um álbum ainda mais raro. Aqui encontramos uma seleção musical que vai do samba aos ‘standards’, clássicos da música americana. Ele vem acompanhado de um bom conjunto e sob a supervisão do Maestro Astor. Confiram aqui…
Os Carbonos – Instrumental Vol. 13 (1973)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Nossa semana se inicia bem de acordo com o lema do blog: ouvir música com outros olhos. Nos próximos dias vou ir postando um pouco de cada monte de disco que arrumei nos últimos tempos. Entre os que eu já tinha, as doações, compras e empréstimos, estou com um saldo aqui para manter o Toque Musical por um bom tempo.
E por falar em tempo, deixa eu correr aqui, pois a semana vai ser ‘foda’.
Vamos mais uma vez com o grupo paulista Os Carbonos. Já postei aqui alguns discos deles e confesso, a cada vez gosto mais. Em outros tempos, na minha juventude adolescente (pois hoje vivo a juventude adulta), eu torcia o nariz para grupos musicais do gênero. Os Carbonos eram, para mim, o ‘supra sumo’ do ‘demodê’, uma caricatura daquilo que eles tocavam. Mas foi só eu abrir um pouco mais a minha cabeça, olhos e ouvidos, para descobrir que a coisa não era bem assim. O que eu tinha era literalmente, um pré conceito. O grupo surgido no início dos anos 60, na onda da Jovem Guarda, se tornou especialista no que hoje denominamos como ‘covers’, ou seja, tocar músicas de sucesso de outros conjuntos. Como eu já mencionei em outras postagens sobre a banda, o nome “Carbonos” vem muito apropriadamente por conta disso, de só gravarem músicas que faziam sucesso. Fizeram muitos discos ao longo de sua existência. Gravaram também com outros nomes, como Andróides, The Mackenzie Group, Carbono 14 e The Magnetic Sounds, sendo este último gravando a série de lps “Super Erótica”. O que fez dOs Carbonos um grupo musical de sucesso, não foi apenas a escolha de repertórios marcados, mas principalmente a qualidade de seus músicos e fidelidade na execução. Eles foram pioneiros nesse assunto…
Neste álbum, o volume 13, lançado em 1973, encontramos diferentes sucessos da música pop internacional, todos, em versões instrumentais. Há também espaço para temas nacionais. Temos duas faixas com as músicas, “Menina, vem dormir”, de Wando e, contrariando a condição de copistas, eles trazem na faixa 4 do lado B a autoral “Frases”, do vocalista (?) Raul Carezzato Sobrinho. Dentro dessa proposta eles, sem dúvida, fazem um disco bem interessante. Confiram…
Ivon Curi – Eu Em Portugal Vol. 2 (1959)
Olá, amigos cultos e ocultos! O disco de hoje saiu no sorteio, escolhi de maneira aleatória para ficar mais fácil. Metendo a mão na gaveta, veio logo de primeira este álbum do Ivon Curi.
Lançado em 1959, o lp registra o retorno de Ivon Curi a Portugal. À convite de produtores de lá, devido ao grande sucesso que fez em sua primeira visita, ele volta se apresentando no Teatro São Luiz, em Lisboa. Assim como da outra vez, seus shows acabaram se transformando em discos, lançados pela RCA Victor, gravadora do artista. O álbum, obviamente é um resumo. O show de despedida durou mais de três horas! Temos aqui bons momentos, um Ivon Curi mais romântico e poético. O humor, que também não pode faltar, se manifesta de maneira moderada. Tudo muito bem dosado.
Bossa Pelo Mundo – Seleção Toque Musical (2011)
Quando eu era adolescente, tinha por hábito gravar fitas cassetes, fazendo seleções musicais para ouvir no meu ‘walkman’ e consequentemente fazia também para os amigos. Não havia um que não ficasse encantado com as minhas coletâneas. Na época eram mais de rock e pop, mas havia também espaço para a MPB. Eu gostava tanto de selecionar as músicas com também de compor as capinhas para essas fitas. Naquela época eu nem imaginava que um dia chegaríamos onde estamos. Hoje tenho todas as ferramentas necessárias para isso, com a vantagem de fazer ainda mais bem feito e com qualidade. Por várias vezes pensei em fazer um blog só para coletâneas. Modéstia a parte, eu acho que sou muito bom como programador musical, mais ainda se deixarem a escolha totalmente por minha conta (hehehe…). Mas a verdade é que eu não tenho aproveitado essa ideia como poderia. De vez em quando, se sobra um tempinho (ou melhor, um tempão), eu até faço.
Ontem à noite eu fiquei bem por conta do ‘atoa’. Ouvindo alguns discos de jazz e bossa, surgiu a ideia de uma seleção internacional de intérpretes da música brasileira. Criei duas coletâneas com os discos/arquivos que tinha disponível no momento, uma exclusivamente de Bossa Nova e a outra um pouco mais variada, que se for do gosto da freguesia, entra numa próxima oportunidade.
A seleção musical de “A Bossa Pelo Mundo” reúne uma série, extraídas de excelentes álbuns e artistas internacionais. Figuras como Quincy Jones, Les Baxter, Enoch Light, Stan Getz, Clare Fischer, Cal Tjader, Esquivel e outras tantas pérolas da boa música estrangeira, fazem parte desta minha coletânea exclusiva. Além de serem ótimas interpretações, com arranjos dos mais variados, são também gravações raras, que aguçam o nosso interesse em ouvir. Conhecer a visão do estrangeiro sobre a nossa maior cultura, a música, é também uma forma de entender como eles nos enxergam. É entender sem muitas explicações o porquê nossa música faz tanto sucesso pelo mundo. Espero que os amigos cultos e ocultos gostem da coletânea. A capinha não ficou lá essas coisas, pois foi a última parte do trabalho e nessa altura eu já estava com os olhos marejados de sono e a cabeça em outro mundo. De todo, acho que está apresentável, muito embora mais pareça capa de disco dos anos 80. Fiquem à vontade para criticar. Todo comentário é bem vindo se vem para somar. 😉
Raul Boeira – Volume Um (2009)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Deixa eu aproveitar a sentada aqui, enquanto tomo o meu café, para montar a postagem de hoje. Finalmente, depois de muita enrolação da minha parte, estou trazendo aqui para o Toque Musical o excelente álbum do cantor e compositor gaúcho, Raul Boeira. Há mais de um mês tenho ensaiado a apresentação deste trabalho, mas devido à alguns probleminhas e à própria agenda que criei no blog para os álbum/artistas independentes, só foi possível postá-lo agora. Com isso perdi a exclusividade de tê-lo em primeira mão, mas em se tratando de uma obra de excelente qualidade, como é “Volume Um” e também pela generosidade e atenção de Raul Boeira, eu jamais deixaria de postá-lo. Aproveitei a viagem para ouvir com carinho este disco e como nem sempre eu escuto música sozinho, acabei conquistando uma série de amigos, que logo perguntaram: que som legal é esse que está tocando? Pois é, um som muito legal mesmo, música gaúcha sem sotaque, ou por outra e acima de tudo, música popular brasileira da melhor qualidade. Raul é um artista que ultrapassa os limites fronteiriços e sua arte lhe dá asas (sem tomar Red Bull) para alcançar vôos até intenacionais. Música moderna, bem feita e bem executada. Raul me enviou tudo prontinho, o que facilitou ainda mais a minha vida de ‘blogueiro sem tempo para o blog’. Incluo, logo a baixo, parte do ‘release’ para que vocês possam conhecer melhor o nosso artista do dia e seu disco:
Em 2009, Raul Boeira lançou Volume Um, disco produzido no Rio de Janeiro, no legendário estúdio Nas Nuvens, com direção musical do pianista e arranjador Dudu Trentin, que atuou algum tempo em Passo Fundo, depois em Porto Alegre (Cheiro de Vida, Vitor Ramil, Nei Lisboa), Viena e hoje vive na capital carioca. O CD tem sambas, ijexá, xote, baião, partido alto, toada, além de candombe e milonga. O repertório traz doze canções: O poder da benzedura, Negro coração e Clariô (ambas em parceria com Alegre Corrêa), Oferenda, Doutor Cipó, Na beira do rio, Pro pandeiro não cair, Minha reza, Castelhana, Com o azul nos olhos (parceria com o porto-alegrense Mário Falcão), Tataravô e Laranjeira. O ‘cast’ conta com instrumentistas do primeiro time da MPB. Os guitarristas Ricardo Silveira, Lula Galvão, Celso Fonseca, Torcuato Mariano, Fernando Caneca, João Gaspar e Julio Herrlein; os baixistas André Vasconcellos e André Rodrigues; o baterista Alexandre Fonseca; os percussionistas Sidinho Moreira e Firmino; o flautista Marcelo Martins; o violinista Glauco Fernandes e o acordeonista Léo Brandão. A cantora carioca Barbara Mendes cantou em uma faixa. Atuaram como backing vocals Juliano Cortuah, Nina Pancevski e Lu Duque.
Outras informações, vocês poderão encontrar em anexo ao arquivo do disco. Quem ainda não o ouviu por aí, não devem perder esta oportunidade. Eu recomendo…
Inezita Barroso – Classicos Da Música Caipira (1962)
Olá, amigos cultos e ocultos. Embora envolvido com outras coisas, não pude deixar o dia passar em branco. Ontem, na correria, acabei por não verificar se o ‘toque’ havia sido mesmo publicado. Como já informei, o Blogger criou diversas ferramentas para auxiliar o blogueiro, inclusive um ‘anti spam’ que só funciona para os meus ‘toques’. Propagandas, comentários idiotas e sacanas, lixos eletrônicos, esses eu tenho que tirar na mão. Ontem foi meio assim, na pressa de sair, esqueci de verificar, como sempre tenho feito, se o toque do link havia mesmo sido publicado. Mas agora está tudo certo, ok? Manda vê…
Para não passarmos em branco o dia, vamos com uma bela estampa, a sempre querida Inezita Barroso em mais um de seus excelente albuns. Tenho hoje para vocês “Clássicos da Música Caipira”, um disco gravado em 1962 para o selo Sabiá. Aqui encontramos doze temas inesquecíveis da música assumidamente caipira. Confiram aí, porque eu daqui, já vou dormir. Tô que não me aguento… Zzzz…
Dilermando Reis – Sua Majestade O Violão Vol. 2 (1960)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Daqui a pouquinho eu estarei indo para Tiradentes. Começa hoje o Festival Foto Em Pauta, um evento cheio de atrações que vai até o dia 27 deste mês. Eu pretendo ficar por lá somente até domingo. Nesse meio tempo, nossas postagens poderão ficar prejudicadas, caso eu não encontre tempo ou condições para fazê-las. A de hoje também está sendo montada meio que de última hora. Tive que recorrer às minhas reservas ‘de gaveta’ e creio que por lá também terei que fazer a mesma coisa, pois não houve tempo de preparar novos discos. Este do Dilermando Reis, por exemplo, ainda faltava dar uma ‘garibada’, uma tratada no som. Embora o vinil esteja aparentemente impecável, sem arranhões visíveis, há nele algumas faixas com leves defeitos (de fábrica), os quais eu ainda pretendia corrigir, ou pelo menos amenizar. Isso vai ficar para depois. Em outra oportunidade farei a substituição das faixas defeituosas, bastando apenas encontrá-las em outro disco, o que não parece assim tão fácil.
Aleluia Bossa Nova (1978)
A coisa por aqui anda a mil maravilhas, quanto mais eu tenho feito postagens, mais discos me aparecem. Se depender só deles, acho que o Toque Musical dura mais uns 100 anos. Colaborações, doações e participações especiais tem sido a ordem do dia por aqui. O nosso blog vem assumindo uma posição de destaque e credibilidade que me surpreende. Que bom, né?
Hoje o nosso encontro é com a Bossa Nova. Estou trazendo aqui (para variar) um disco raro e importante para a discografia mineira. Um álbum que até hoje nunca foi apresentado em blogs musicais e que por isso mesmo, suponho, pouca gente o conhece. Trata-se de “Aleluia Bossa”, disco, gravado ao vivo, produzido e dirigido pelo cantor e compositor mineiro, produtor musical da Rádio Guarani FM, Roberto Tostes Martins, mais conhecido como Bob Tostes. Há tempos eu venho tentando localizar esse disco, sem imaginar que ele estava mais próximo do que eu esperava. No ano passado, por diversas vezes, eu trombei com o Bob nas ruas de BH, mas nunca tinha a oportunidade de conversar com ele. Como eu estava interessado em publicar este disco aqui no TM, decidi enviar um e-mail. Pessoa super simpática e agradável. Foi acessível e atencioso. Conversamos por várias vezes através de e-mails e ensaiamos outras tantas um encontro, onde ele me prometeu uma cópia do disco. Essa história se arrastou por uns dois ou três meses, quando então eu tive um tempinho para ir à Rádio Guarani e aí nós nos conhecemos pessoalmente. O cara é realmente muito gente boa. Não fosse a pressa e compromissos de ambos os lados, teríamos conversado por horas. Contei a ele que muito dos discos postados no blog formam um dia comprados em sua loja de discos, a Bobtostes, uma das melhores da cidade. Eu sempre que podia e tinha um dinheirinho, corria lá para comprar algum disco. Incrível imaginar que para quem era dono de uma das mais completas lojas de disco do país, hoje não guarda consigo um lp. Mas, muito mais que um lojista ou empresário do ramo musical, Roberto Tostes é um artista, uma referência na música mineira, em especial na Bossa Nova. Participou do movimento ‘Musicanossa’, no ínicio dos anos 70, ao lado de Roberto Menescal. Atuou em shows juntamente com outros grandes nomes da MPB. Sua irmã, a cantora Suzana Tostes, também tem sido uma parceira constante. Bob sempre esteve atuante, ao jeito mineiro, compondo, gravando, participando de diferentes projetos. Seu trabalho de composição está também ligado ao teatro, principalmente o infantil, onde produziu inúmeras trilhas. Além deste disco que eu estou trazendo para o TM, ele também gravou o “Sambacana Volumes 3 e 4”. Participou, ao lado da irmã Suzana, da coletânea “Bossa Nova Wonderland”, produção feita sob encomenda para o mercado japonês. Sua boa relação com Roberto Menescal o levou a gravar há alguns anos atrás, à pedido deste, um outro disco (cd), com músicas de Frank Sinatra, em ritmo de bossa, também uma encomenda para o mercado internacional. A partir de 2009 ele se associou em parceria com o jovem cantor e compositor mineiro, Marcelo Gaz e gravaram o cd “Horizontes“, um trabalho sensível e sofisticado, com participações especialíssimas de Affonsinho, BossaCucaNova, Carlos Malta, FernandaTakai, Juarez Moreira, Roberto Menescal, Suzana Tostes, Jane Duboc e Renato Motha. O disco, me parece, estava para ser lançado no final do ano passado. Ainda não ouvi.
Eu, com certeza, devo estar deixando de fora muito da história do artista. Sei que a coisa não para por aí, mas acho melhor voltar aos anos 70. Foi nesta década que ele se dedicou também à vida de empresário da noite, criando a memorável “Baubles”, um bar muito charmoso na região da Savassi. O Baubles foi uma casa noturna que logo se tornou o melhor palco da cidade, por onde se apresentaram grandes nomes da nossa música popular, dos mineiros do Clube da Esquina aos internacionais e célebres da Bossa Nova. Durante quatro anos o Baubles funcionou fazendo a alegria da moçada. Lá eles criaram ‘pocket shows’ memoráveis e muito bem produzidos. “Aleluia Bossa Nova” foi um desses e mereceu até ser gravado. Trata-se de uma celebração aos, então, 20 anos de Bossa Nova. Uma comemoração ao estilo e com um gostinho que buscava lembrar os tempos do “Beco das garrafas” no Rio, quando a Bossa era realmente nova. Houve, ao que parece, a presença de Menescal em um depoimento gravado para os ‘bossanovistas’ de cá. Uma tremenda festa, com a participação de quase vinte artistas, entre músicos e intérpretes. Destaque para os violonistas Juarez Moreira e seu irmão, Celso Moreira.
O repertório do show reúne alguns dos maiores sucessos da música brasileira, em ‘pout pourri’, no estilo criado por João Gilberto e sua turma. “Aleluia Bossa Nova”, o disco, foi lançado pela gravadora Imagem, do lendário Jonas Silva. Conforme o texto da contracapa, o disco traz 40 minutos de um show de duas horas. Na cópia que eu recebi do Bob, ele me fez a gentileza de incluir um bônus extra. Maravilha!
Lenita Bruno – Por Toda A Minha Vida (1959)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Enquanto vai coando o café e o pão de queijo saindo do forno, eu adianto o meu lado, partido logo para a postagem. Segunda feira é sempre um dia complicado, nunca sei o que me espera…
Para começar bem a semana, iniciamos com um disco muito importante da mpb, um álbum que até bem pouco tempo era uma raridade. “Por toda a minha vida”, gravado pela cantora lírica Lenita Bruno, com orquestração e arranjos do Maestro Leo Perachi, traz treze temas de autoria e parceria de Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes. O álbum foi lançado originalmente em 1959. Me lembro bem deste lp lá em casa. Minha mãe, sempre apaixonada, vivia cantando ao estilo da Lenita a belíssima “Serenata do adeus”. Sem dúvida, a interpretação de Lenita Bruno é maravilhosa, não apenas nessa música, mas no geral. Os arranjos não ficam por menos, são também perfeitos. Tudo de acordo e a altura de Tom e Vinícius. O disco é mais uma jóia produzida por Irineu Garcia, através de seu selo Festa. Foi um trabalho que exigiu uma super produção e que provavelmente, em termos financeiros, não alcançou o retorno merecido. Aliás, diga-se de passagem, Irineu Garcia não estava muito preocupado em ganhar dinheiro com sua gravadora ou com os títulos publicados por ela. Seu interesse é mais cultural, de preservação da arte musical e principalmente poética. Ele foi o primeiro a se dedicar à gravações de poesias, dos nossos principais poetas e também de alguns estrangeiros.
Há pouco tempo atrás, vários títulos da gravadora voltaram a ser relançados pela Tratore Discos. Eu ainda não comprei o meu cd, mas com certeza o farei, pois dizem que ficou muito bom e além do mais traz em seu encarte outras informações históricas. Quem não conhece o disco, pode aqui conferir e depois correr atrás do cd, que desta vez saiu com uma nova capa. Além do mais, vai ser muito ‘chic’ tem em sua estante este lançamento. Os amigos vão reparar… 😉
Orquestra Continental De Jaú – Ao Vivo Nas Rádios Nacional E Mayrink Veiga (1958 e 59)


Como eu havia dito anteriormente, ainda temos os bônus. O baile ainda não acabou, vejam vocês… Procurando algumas informações complementares sobre a Orquestra Continental de Jaú, fui descobrir que os dois discos gravados naquela época foram relançados em formato digital, numa coletânea publicada em cd em 1996.
A mais famosa orquestra de danças do interior paulista apresentou-se em quase todos os clubes, estâncias hidrominerais e hotéis importantes, nos seus principais bailes de gala – formaturas, coroação de misses, desfiles de moda, comemorações e aniversários de cidades. O som da Orquestra Continental de Jaú, época romântica nos “anos dourados”, inspirou muitos casamentos. Era conjunto moderno, formado por 19 músicos-professores, instituído pelo sistema de cooperativa, onde cada componente era sócio, como as existentes nos Estados Unidos. Teve como exemplos as orquestras dos saudosos Glenn Miller, Tommy Dorsey e as de Ray Anthony, Les Brown, Les Elgart. Os equipamentos, de poucos recursos técnicos, e até o ônibus pertenciam ao grupo. Os críticos especializados exaltavam como uma das melhores, mais bem organizadas e duradouras (26 anos) orquestras do Brasil. Em 1956, atingiu o auge da atividade ao abrilhantar 110 bailes. Entre dezembro daquele ano e janeiro de 1957, bateu o próprio recorde abrilhantando 34 bailes de formatura, quando executou cerca de 250 músicas por noite. Os contratos desses bailes eram firmados com antecedência de até um ano. A Orquestra apresentou-se em mais de 300 cidades de seis estados: São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro. Ganhando fama, a Continental participou de shows nos programas das rádios Nacional (na época, a catedral da música popular brasileira) e Mayrink Veiga (Rio), na TV Tupi (Rio e SP) e boates. Suas gravações fizeram muito sucesso no Brasil e no exterior. Em diversas cidades, cantores famosos na época foram acompanhados pela Orquestra Continental de Jaú, tais como: Jamelão, Lúcio Alves, Elza Soares, Maysa, Ivon Cury, Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, Dóris Monteiro, Miltinho, Marta Mendonça, Anízio Silva, Francisco Alves, Agnaldo Rayol, Ângela Maria, Hebe Camargo, Inezita Barroso, Marlene, Blecaute e os internacionais Gregório Barrios, Pedro Savedra, Lolita Rios, Lilian Roy e Chiquito. Em duas décadas de existência, dezenas de músicos profissionais tocaram na orquestra. Destacamos os componentes que participaram das gravações no Rio de Janeiro. Saxofones: Domingos, Joaquim, João, Milton e Romeu. Trompetes: Carmelo, Luiz, Danilo e Ariovaldo (Tite). Trombones: João, Jesus e Firmo. Tuba: João Antonio. Piano: Charles. Violão: Alceu e Lima. Guitarra havaiana: José Lima. Contrabaixo: Giácomo. Bateria e bongô: Geraldo e Rubens.
Regência: maestro e “crooner” Antonio Waldomiro de Oliveira, que, pelo idealismo, perseverança e destacada atuação nos movimentos musicais da cidade, foi responsável por mais esse trabalho. Supervisionou todos os passos da produção e financiou com recursos próprios a edição deste CD, lançado no final do semestre de 1996.
Orquestra Continental De Jaú – Convite Para O Baile (1959)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Dando sequência em nosso baile de fim de semana, eu agora apresento o outro disco da Orquestra Continental de Jaú, “Convite para o baile”. Este sim, foi o primeiro álbum gravado por eles em 1959. Como o segundo, ele também saiu pelo selo Internacional Hi Fi, da Companhia Brasileira de Discos. Este tem as mesmas característas do segundo álbum, músicas para baile. Um seleção de ritmos dançantes, num repertório misto que procura contemplar os sucessos da época, nacionais e internacionais. “Convite para o baile”, a exemplo de discos como os de Waldir Calmon (Feito para dançar), é contínuo, ou seja, sem pausas entre as músicas, permitindo aos casais um tempo de dança maior, sem ‘quebra’, sem perder o ‘rebolado’. Entre uma música e outra, há sempre uma original vinheta, em acordes de uma guitarra haviana. Também como no lp anterior, a última música é um dobrado (coisa curiosa), “Dois corações”, de Pedro Salgado. Dançou? Agora sai marchando…
Orquestra Continental De Jaú – Chegou A Orquestra De Jaú (1960)
Olá amigos, boa noite! Cheguei um pouco encima da hora. Pelo jeito o baile já começou, mas vai ficar melhor e podem ter certeza, vai durar em todo o fim de semana. Digo isso porque farei de hoje e amanhã uma festa ao som da Orquestra Continental de Jáu. Há tempos venho adiando essa apresentação, mas ontem tive o tempo necessário para ouvir e preparar os dois únicos álbuns gravados por essa excelente ‘big band’, a Orquestra Continental de Jaú. Confesso que até então nunca havia ouvido a orquestra com tanto interesse. Fiquei mesmo entusiasmado, a ponto de já preparar duas ou mais postagens, quem sabe… Mesmo com informações suficientes para nossa resenha de apresentação, achei por bem pesquisar um pouco mais sobre a orquestra que foi um dos mais importantes e prestigiados grupo de bailes do interior paulista. Sob a direção do Maestro Waldomiro Lobo, atuaram em todo o estado de São Paulo e também no Paraná e sul de Minas Gerais. Era uma orquestra famosa e de alto nível profissional. Em 1959, depois do reconhecimento nacional, através também de apresentações em rádios e televisão, eles gravaram o primeiro lp para o quase desconhecido selo Internacional.
Eu fiz uma confusão, publicando aqui o que foi na verdade o segundo disco, de 1960. O álbum é um desfile de sucessos nacionais e internacionais da época, ou seja, samba, bolero, fox e mambo. Um disco bem ao estilo da época, feito para dançar. Ao final temos até o famoso dobrado “Colonel Bogey”, todo mundo marchando de volta para casa. Tenho certeza que após ouvirem este álbum, vão querer também o primeiro, o qual vai ficar para amanhã, com direito a bonus e tudo mais…
Roberto Corrêa – Viola Andarilha (1989)
Olá amigos cultos e ocultos! Chegamos ao final de mais uma semana, sexta feira, dia instituído aqui no Toque Musical para darmos espaço às produções e artistas independentes. Quando eu comecei com essa onda teve gente que torceu o nariz, achou que era bobagem, que eu deveria promover discos antigos e não artistas novos com disco na praça. Em tese eu concordo, meu interesse é maior por coisas raras e fora de catálogo. Mas vi que abrindo este espaço poderíamos dialogar também com o novo, dar a chance do artista independente mostrar o seu trabalho. O artista que lança trabalhos independentes não está pensando em vender discos, mas sim em divulgar sua obra ou sua arte. Blogs como o Toque Musical são sempre uma boa vitrine. Aqueles que sabem disso não perdem tempo. Eu, da minha parte, não corro atrás de ninguém, apenas ofereço o espaço e procuro divulgar com eficiência e atenção aqueles que me chegam da mesma forma. Estou sempre recebendo produções musicais independentes. Porém, alguns fogem da proposta do blog ou vem como uma simples ‘amostra grátis’. Daí, eu prefiro muito mais dar atenção aos independentes fora de catálogo e às gravações amadoras. Se o trabalho é bom, ele com certeza terá seu espaço aqui.
Para o dia de hoje eu fui buscar um disco independente lançado a mais de vinte anos atrás. Temos, “Viola Andarilha”, o segundo álbum solo do violeiro e professor de música da UFB, Roberto Corrêa. Já tivemos aqui dois outros trabalhos desse artista e quem os conhecem sabe bem que o cara é genial. Trocou a Física pela viola, mas não perdeu o perfil acadêmico. Roberto é graduado em Física e Música, pela Universidade Federal de Brasília. Leciona música nesta universidade, o que dá a ele e ao seu trabalho um caráter mais sério de professor e pesquisador. É com certeza uma das maiores autoridades da viola, pois além de pesquisador e acadêmico é também um virtuoso do instrumento. Já gravou mais de uma dezena de discos e tem publicado diversos livros sobre a técnica e a história desse instrumento. Em “Viola Andarilha” encontramos o artista mais próximo da música caipira e do universo sertanejo. A viola neste disco, assim como o repertório, apresenta um aspecto mais popular e direto. Além de composições próprias e parcerias, ele grava músicas de Gerson Coutinho da Silva, o Goiá, saudoso poeta e compositor mineiro, lá de Coromandel. Há também “Estrada do sertão” de João Pernambuco com letra de Hermínio Bello de Carvalho. Este último, por sinal, é quem assina o texto, meio que jocoso (ou seria ‘jecoso’?), de apresentação na contracapa. Taí, um disco bacana, que agrada tanto os cultos como os ocultos. Não deixem de conferir 😉
Ataulfo Junior – O Herdeiro Sou Eu (1969)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Meu tempo para o blog continua curto, quando não picado, daí o que começa pela manhã pode, as vezes, encerrar só a noite. Nem sempre é fácil manter postagens diárias e selecionadas, mas enquanto eu tiver a pausa do cafezinho, as folgas do fim de semana para digitalização e o apoio e colaboração dos amigos, o ‘trem’ continua na linha.
Nosso encontro hoje é com o cantor Ataulfo Alves Júnior, filho do grande compositor da MPB. Ele fez a sua estréia musical em um programa no auditório do Teatro Record, o “Bossaudade”, apresentado pela cantora Elizeth Cardoso, em 1963. Nessa década, contou também com o apoio do pai, com quem trabalhou até sua morte, em 69. Durante os anos 60 ele gravou três discos. Um compacto, em 65, pela Continental; seu primeiro lp, “Eternamente samba”, em 1966, pela Polydor e este segundo, também Polydor, “O herdeiro sou eu”, lançado em 1969. Embora todos os três primeiros trabalhos sejam muito bons, Ataulfo Jr. Só conseguiu fazer sucesso mesmo a partir dos anos 70. Acredito que o peso da sombra do velho pai inibia um pouco o seu talento, que veio progressivamente se destacando, inclusive como compositor. Em 1964, Ataulfo Pai passa ao filho o seu famoso lenço branco, simbolizando a continuidade da sua música e do samba.
“O herdeiro sou eu” foi lançado logo após a morte do pai. É mais uma homenagem póstuma e afirmação de um legado, tendo como destaque dois ‘pot pourri’ de abertura para cada lado do lp. Um disco interessante, de bons sambas e boa interpretação, com arranjos ‘modernos’ do Maestro Pachequinho. A guitarra elétrica, ao estilo The Pop’s, sinaliza os novos tempos, mas a Amélia continua deixando saudades. Confiram aí mais um raro, que ainda nos dias de hoje espera a sua versão digital.
Carlos Galhardo – Salão Grenat (1958)
Olá a todos! Hoje é um daqueles dias que ‘o bicho está pegando’ para o meu lado. Não estou tendo tempo nem para o cafezinho, consequentemente, nem para numa sentada, fazer esta postagem. Foi pensando nessas dificuldades que escolhi um disco que dispensa maiores apresentações. Não é exatamente um ‘disco de gaveta’, mas vai aqui cobrir a minha deficiência. Felizmente posso sempre contar com os comentaristas cultos e também os ocultos. Aproveito, inclusive, a ocasião para agradecer ao amigo Samuel, que em pouco tempo tem feito muitos e bons comentários, os quais eu considero como verdadeiros complementos de postagens.
Segue aqui então, Carlos Galhardo em seu quinto lp, “Salão Grenat”, álbum lançado em 1958 pela RCA Victor. Aqui encontramos uma seleção de sucessos do cantor, em regravações feitas em ‘Hi-Fi’, o melhor sistema da época, também conhecido como ‘Alta Fidelidade’. O repertório, creio eu, foi todo tirado de antigas gravações, feitas em bolachas de 78 rpm. Galhardo regravou essas músicas com novos e modernos arranjos orquestrais. A música “Salão Grenat” que dá nome ao disco é uma valsa de Francisco Célio e Paulo Barbosa e foi um de seus maiores sucessos. Embora o cantor seja conhecido pelo apreço que tinha por valsas, o disco não se limita a um único estilo musical. Temos também sambas, boleros e aquele tipo de música que quando não se sabe o ritmo, denominam como ‘fox’. Por sinal, uma das músicas que mais gosto neste disco é “Cerejeira do Japão”, de Paulo Barbosa e Jorge Ronaldo. “Outras mulheres” de Wilson Baptista e Jorge de Castro também é ótima! E “Rosa de Maio” de Custódio Mesquita e Evaldo Ruy é outra…
Sebastião Tapajós – Violão & Amigos (1979)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Hoje e mais uma vez no blog, vamos com o genial violonista Sebastião Tapajós. Taí um artista que eu gosto muito e sempre que posso, trago dele um disquinho, ou melhor, discão 🙂 Temos aqui um dos seus álbuns que eu mais aprecio. Um trabalho onde o artista traz alguns ilustres convidados, em especial as figuras de Hermento Pascoal, Maurício Einhorn e Paulo Moura. Cada um ao seu estilo, passeiam com o violonista por diferentes temas instrumentais. O disco já seria ótimo contando apenas com os convidados especiais, mas há também a presença de Pedro Santos (Sorongo) e Papan nas percussões, Luizão no contrabaixo e Chiquinho do Acordeon. Na faixa “Pai João”, a única não instrumental, temos a participação dos irmãos Correia (do Trio Esperança), Evinha, Regina e Roberto. No repertório, além da autorais e parcerias, temos também de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, “Asa Branca”; “Los que vendra” de Piazzola; “Tudo bem” de Geraldo Vespar e “Jongo” de João Pernambuco. Confiram aí, eu recomendo… 😉