Trio Surdina – Interpreta Dorival Caymmi, Ary Barroso e Noel Rosa (1955)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Vou repetir para vocês que têm o costume de ler as resenhas. Para aqueles que estão atentos a tudo que rola por aqui, mas que por um lapso, acabam sem o toque. É o seguinte, tenho deixado um link oculto e direto aqui nas postagens. Estou fazendo isso como uma forma de verificar quantos de vocês realmente lêem os textos. Assim, estou fazendo uma segunda chamada para não dizerem depois que fui injusto, privilegiando apenas os mais assíduos (o que é uma verdade). Penso que devo dar atenção aos que retribuiem da mesma forma. Para esses eu digo: em todas a atuais postagens há um link na última letra do texto, antes da relação das músicas. Basta clicar na letra para cair direto no site onde está o arquivo está hospedado. Fiquem esperto, a fila anda…
E agora, no silêncio da noite (pois o meu Galão ficou no 0x0), o melhor mesmo é manter o som na surdina. Aqui vai o Trio Surdina em sua formação original (ou inicial), com Fafá Lemos, Garoto e Chiquinho. Pela capa já se vê tudo, O Trio Surdina interprete Noel Rosa, Ary Barroso e Dorival Caymmi, Um momento maravilhoso que por se um simples disco de 10 polegadas, acaba deixando a gente com um gostinho de quero mais 🙂

joão valentão
quando eu penso na baía
feitio de oração
dora
vai haver barulho no chateau
três lágrimas
sábado em copacabana
boneca de pixe
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Baden Powell – Estudos (1971)

Boa noite, meus prezados amigos cultos e ocultos! Aqui estou eu aproveitando a brecha para introduzir meu ‘post’. (ups!) Hoje, muito mais correndo contra o relógio. Eu precisava ter ainda umas quatro horas para finalizar este dia. Corre daqui, corre dalí… aqui vai um “disco de gaveta”. prontinho, esperando sua vez.
Vamos com este maravilhoso álbum de Baden Powell, que todos já conhecem bem. Está entrado em nosso acervo, mais para compor a lista, pois acredito que já foi bem compartilhado. Mais um clássico de Baden, só ele e seu violão. Não posso deixar de destacar uma das interpretações mais inspiradas e apaixonante deste lp, “Serenata do adeus”. de Vinícius de Moraes. Eu chego a ficar arrepiado. Linda demais!

encontsta pra vê se dá
prá valer
pai
serenata do adeus
tapiilraiuara
valsa sem nome
é isso aí
chão de estrêlas
crepúsculo
tema triste
baixo de pau (um abraço, ernesto)
último porto
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A Música De João Da Baiana – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 90 (2014)

Esta semana, o Grand Record Brazil, “braço de cera” do Toque Musical, apresenta a segunda e última parte da retrospectiva dedicada a João da Baiana (1887-1974). Semana passada, vocês tiveram oportunidade de conferir músicas de João da Baiana na interpretação dele próprio. Nesta segunda parte, apresentamos dez faixas, como sempre de grande importância histórica, artística e cultural, com música desse notável sambista carioca, interpretadas por outros cantores de seu tempo. Abrindo nossa seleção desta semana, temos Patrício Teixeira, que, a exemplo de João da Baiana, nasceu (1893) e faleceu (1972) no Rio de Janeiro. Um dos pioneiros do rádio e da gravação sonora no Brasil, Patrício foi cantor, compositor, violonista e até professor de violão e canto. Algumas de suas alunas foram  Aurora Miranda, Linda Batista, as irmãs Danusa e Nara Leão, e a atriz Maria Lúcia Dahl. Neste volume do GRB, Patrício comparece com três sambas de João da Baiana em gravações Odeon, a saber:  “Dona Clara (Não te quero mais)”, parceria de João com Ernesto dos Santos, o Donga  (também co-autor  do pioneiro “Pelo telefone”), lançado em dezembro de 1927,bem nos primórdios da gravação elétrica, sob n.o 10084-B, matriz 1385; “Cabide de molambo”, de João sem parceiro, gravado em 23 de janeiro de 1932 (disco 10883-A, matriz 4402) e “Ai, Zezé”, o lado B desse disco, matriz 4403, tendo como parceiro de João da Baiana o próprio Patrício. Considerada pelo diplomata Pascoal Carlos Magno uma  das maiores cantores negras do mundo, a soprano carioca Zaíra de Oliveira (1891-1952) interpreta, da santíssima trindade Pixinguinha-Donga (marido da cantora)-João da Baiana, a batucada “Já andei”, gravação Victor de 24 de novembro de 1931, lançada em janeiro de 32 para o carnaval, disco 33509-A, matriz 65300, com acompanhamento do Grupo da Guarda Velha, formado justamente por Pixinguinha (Rio de Janeiro, 1897-idem, 1973). Também participa da gravação o cantor baiano Francisco Sena (c-1900-1935) primeiro integrante da Dupla Preto e Branco, ao lado de Herivelto Martins, e substituído, após sua morte prematura, por Nilo Chagas. No lado B, matriz 65299, ele e Zaíra interpretam o ponto de macumba “Qué queré”, do mesmo trio de autores. Em seguida, volta Patrício Teixeira, interpretando o interessante samba “Quem faz a Deus paga ao diabo”, de João da Baiana sem parceiro, do carnaval de 1933, lançado pela Columbia em janeiro desse ano sob n.o  22173-B, matriz 381383, e também com acompanhamento orquestral de “São” Pixinguinha. Patrício ainda canta, em dueto com a eterna “pequena notável”, Cármen Miranda,outro samba de João da Baiana e mais ninguém, o delicioso e divertido “Perdi minha mascote”, gravação Victor de 29 de junho de 1933, lançada em dezembro seguinte com o número 33733-B, matriz 65791, com acompanhamento do grupo do violonista Rogério Guimarães, o Canhoto (Campinas, SP, 1900-Niterói, RJ, 1980), também destacado dirigente da marca do cachorrinho Nipper, tendo sido seu primeiro diretor artístico. Cognominado “a maior patente do rádio”, Almirante (Henrique Foréis Domingues, Rio de Janeiro, 1908-idem, 1980), interpreta “Deixa amanhecer”, gravação Odeon de  30 de agosto de 1935, lançada em novembro seguinte com o número 11282-B, matriz 5132. Neste samba, João da Baiana conta com a parceria de outro importante sambista, Alcebíades Barcelos, o Bide (Niterói, RJ-1902-Rio de Janeiro, 1975), que fez com Armando Marçal inúmeros outros clássicos do samba. Carlos Galhardo (1913-1985), o eterno e sempre lembrado “cantor que dispensa adjetivos”, aqui interpreta uma marchinha da parceria João da Baiana-Wilson Batista, “Mariposa” (referência ás mulheres que, como o animal de mesmo nome, só saíam à noite, sendo o sinônimo bem fácil de adivinhar).  Destinada ao carnaval de 1941, foi gravada na Victor em 8 de outubro de 40, sendo lançada ainda em dezembro com o número 34682-B, matriz 52018. Para finalizar, apresentamos os Trigêmeos Vocalistas, grupo paulistano formado  pelos irmãos Carezzato (ou Carrazatto), Armando, Raul e Humberto, os dois últimos gêmeos. Raul é parceiro de João da Baiana no ponto de macumba (no selo, “afro-brasileiro”) “Ogum Nilé”, gravação Odeon de 31 de maio de 1950, lançada em agosto do mesmo ano sob n.o 13033-A, matriz 8633. Ressalte-se que não há nenhuma semelhança com o “Ogum Nilé” que o próprio João da Baiana gravou em 1957 e que apresentamos na edição anterior, apenas o título é semelhante. Enfim, mais uma edição do GRB que irá enriquecer os acervos dos amigos cultos, ocultos e associados do TM com preciosa e histórica parcela de nossa boa música popular do passado. Até a próxima e divirtam-se!
* Texto de Samuel Machado Filho

G. R. Bloco Carnavalesco Bohêmios De Irajá – Bohêmios De Irajá (1971)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Diante a atuação decepcionante do meu Galão contra o América no primeiro tempo, estou achando melhor eu focar a minha atenção naquilo que sempre me dá alegria, a música e o meu Toque Musical. Já vi que de Autuori aqui, só mesmo o Jorge, que postei anteontem. Não sei onde o Kalil estava com a cabeça, quando resolveu contratar esse fracasso. Decepcionante…
Bom, vamos para outro assunto. Vamos falar sobre o Carnaval que já vem chegando aí. Ontem tivemos em BH a tradicional saída da Banda Mole, anunciando a festa que vem por aí. Este ano BH promete em termos de festa, com muita alegria e seus inúmeros blocos carnavalesco. Vamos aguardar… Enquanto isso, eu aqui vou colocando os meus blocos na rua, quer dizer, vou começando as postagens de discos relacionados ao Carnaval. Eu, na verdade, nem sei o que tenho ainda para postar. Ao longo de tantos anos, creio que já apresentei aqui quase tudo sobre o Carnaval. Temos então para abrir a temporada este raro lp, lançado em 1971 pelo selo Todamerica. Vamos no batuque com o Grêmio Recreativo Bloco Carnavalesco Bohêmios de Irajá, um dos mais tradicionais e importantes grupo carnavalesco do Rio de Janeiro, vindos, obviamente, do bairro do Irajá. Atualmente, creio eu, o seu nome derivou para apenas Boêmios do Irajá (sem o H). Este lp foi lançado no ano de 1971. Imagino que tenha sido um bom ano para os Boêmios, não encontrei nada falando a respeito de premiação no Carnaval, mas só de já terem chegado a um disco, podemos considerar uma vitória. E o álbum é sem dúvida muito legal, onde os sambas trazem letras bem criativas e uma bateria de arrasar. Só mesmo ouvindo para vocês se encantarem.
… E enquanto isso, lá no Horto, o Galão vai virando o jogo, fazendo 3 no América para mostrar ao locatário que a casa ainda é nossa! Caiu no Horto, tá morto! E eu, nunca me senti tão bem pagando língua. Vai Autuori, me faz te pedir desculpas! Mas quero o Bi na Libertadores, ok?

vem pros bohêmios
confesso
não adianta
eu sou mesmo da orgia
show de bateria
nêga, nem vem
vai tristeza
modo de pensar
conselho
grande desilusão
bateria
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Ritimos E Melodias Na Múisca Popular – A Velha Guarda (1966)

Olá, meus prezados amigos cultos e ocultos! Segue aqui mais um disco da caixa “Ritmos e Melodias na Música Popular”, da Abril Cultural. Desta vez, no disco 2, vamos encontrar a turma da Velha Guarda, ou seja, alguns dos precurssores da nossa MPB. As músicas coletadas aqui são por certo ‘bem rodadas’, todo mundo conhece, até por aqui, através da série Grand Record Brazil do Toque Musical. Na próxima semana tem mais, é só aguardar… 😉

se você jurar – ismael silva
só dando com uma pedra nela – lamartine babo
luar do sertão – paulo tapajós
ai que saudades da amélia – ataulfo alves
de papo pro ar – gastão formenti
gavião cascudo – almirante
a tua vida é um segredo – lamartine babo
chão de estrelas – silvio caldas
o trem atrasou – dilermando pinheiro
se a lua contasse – aurora miranda
atire a primeira pedra – ataulfo alves
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Jorge Autuori Trio (1967)

Olá amigos cultos e ocultos! Hoje vamos com Jorge Autuori Trio. Este é outro dos muitos discos que eu sempre fiquei de postar, mas diante a badalação (merecida) em tantos outros blogs, preferi deixá-lo para um outro momento. E o momento é agora. Jorge Autuori é um desses artistas que a gente só conhece pela fama de seus discos. Vá pesquisar sobre ele no Google e o máximo que irá encontrar são textos sempre baseados nas informações do próprio álbum. O pouco que se sabe é que ele gravou alguns discos na década de 60, todos, por sinal muito bons. Eu só conheço três, dois pela Mocambo e um outro pela RCA. O mais curioso é que esses discos vieram a ser relançados também em cd. Os da Mocambo/Rozenblit, parece, só saiu lá fora, no mercado estrangeiro (sabe-se lá, com autorização de ninguém). O “Ovalô”, da RCA, foi relançado há uns dez anos atrás e ganhou o mundo. Ainda se encontra o cd para compra com certa facilidade. O álbum que aqui eu apresento foi o primeiro. Lançado em 1967, o lp nos traz um repertório interessante, como se pode ver logo a baixo. Coisa bem ao jeito de um disco onde o cabeça é um baterista (vejam o exemplo do Milton Banana). Músicas variadas, mas privilegiando a sonoridade instrumental e melódica. Na contracapa temos um pequeno texto de apresentação feito por Lúcio Alves, que conforme relata, conheceu Jorge Autuori no Rio, na boate Stork Club, “a única boite diurna da America do Sul”. Jorge Autuori e seu conjunto, na década de 60, tocou em várias casas noturnas e restaurantes da cidade. Quem viveu no Rio nessa época e frequentava a ‘night’ deve se lembrar dele.

triste madrugada
there’s a kind of rush
tem mais samba
o caderninho
despedida da mangueira
samba com molho
palmas no portão
never never
fechei a porta
capoeira de oxalá
ilusão demais
tema de nós três
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Carlos Paraná – A Música De Carlos Paraná (1972)

Boa noite, prezados amigos cultos e ocultos! Por mais que eu fale, repita, escreva e divulgue uma informação aqui no TM, ainda assim vai ter gente perguntando: cadê o link? As vezes, sinceramente, não dá vontade de responder. E tem nêgo que chega a ficar indignado porque não encontra o link, como seu eu tivesse a obrigação de mantê-los todos ativo. Parece até que estão pagando mensalidades para ser sócio do Toque Musical. Desculpem, mas a fila anda! Quem não chegou a tempo, não tem o direito de reclamar. Até porque, eu ainda ofereço uma segunda chance. Quem quer, sabe da valor!
Bom, aqui vai o disco do dia, “A Música de Carlos Paraná”, um álbum póstumo, produzindo por Marcus Pereira, pouco tempo após a morte do compositor Luiz Carlos Paraná. O que faz um artista como este merecer um disco póstumo, sendo que nunca tenha antes gravado nada? Pelo texto da contracapa, assinado  por Marcus Pereira e também outro de Paulo Vanzolini já dá para se ter uma ideia. Carlos Paraná é um daqueles caras que saem do nada, chega ao Rio de Janeiro e se transformam. Por sorte ou por destino seu caminho se cruza com o daqueles que fizeram e fazem as coisas, no campo da música, acontecerem. De entrada (ou de saída) ele já começa bem, dividindo um quarto de pensão com João Gilberto, logo que chega ao Rio, nos anos 50. Não sei se por influência, gosto ou necessidade, ele tendo lá seus dons musicais, passa a tocar na noite, como faziam seus companheiros. E certamente, convivendo neste ambiente, o cara, se esperto e talentoso, tem tudo para se dar bem. E ele se deu. Nos anos 60 mudou-se para Sampa onde foi trabalhar com direção artística numa das melhores casas noturnas da época. O contato crescente com os mais famosos e talentos artistas da época, levou-o em seguida a abrir o seu próprio negócio, a famosa e saudosa boate “O Jogral”, frequentada pela nata da MPB, local onde, obviamente, ele também se apresentava. Como disse o Paulo Vanzolini, “ele não teve tempo para fazer muito, mas sempre teve para fazer ótimo”.
Este álbum reuni alguma coisa que por ele foi gravado e dirigido (o álbum sonhado) com a participação de parceiros e dois de seus intérpretes, Emílio Escobar e Adalto Santos. Ficou um disco bem bonito, uma justa homenagem a um artista que preferiu muito mais ficar nos bastidores.

resignação – carlos paraná
vou morrer de amor – carlos paraná
maria, carnaval e cinzas – adauto santos
nem se quer uma rosa – emilio escobar
de amor ou paz – adauto santos
queira – emilio escobar
de um só amor – adauto santos
cafezal em flor – carlos paraná
se for pra medir saudade – emilio escobar
canoa vazia – adauto santos
marcha do amor sem esperança – emílio escobar
você merece um tango – emílio escobar
último canto – adauto santos
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João Da Baiana – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 89 (2014)

Em sua edição de número 89, o Grand Record Brazil reverencia a memória de um dos pioneiros da música popular brasileira: João Machado Guedes, ou, como ficou para a posteridade, João da Baiana. Filho dos ex-escravos Félix José Guedes e Perciliana Maria Constança, que tinham uma quitanda de artigos afro-brasileiros, nosso focalizado nasceu no Rio de Janeiro, em  17 de maio de 1887, e era o mais novo e único carioca de uma família de doze irmãos. Sua mãe era conhecida como Baiana, daí seu pseudônimo. Um de seus irmãos, Mané, era palhaço no Circo Spinelli e tocava violão e cavaquinho, e uma de suas irmãs era violinista. João da Baiana cresceu na Rua Senador Pompeu, no bairro da Cidade Nova, sendo amigo de infância de Donga e Heitor dos Prazeres. Quando criança, frequentava as rodas de samba e macumba que aconteciam clandestinamente nos terreiros cariocas. Participou de blocos carnavalescos e é considerado o introdutor do pandeiro no samba, sendo também especialista no chamado prato-e-faca.  Ainda menino, trabalhou no circo como chefe da claque dos garotos que respondiam ao grito “Hoje tem marmelada? Tem, sim, senhor”.  Por essa época, passou a se dedicar à pintura, sua grande paixão.  Aos nove anos, ingressou como aprendiz no Arsenal da Marinha e deu baixa três anos mais tarde, indo então para o Segundo Batalhão de Artilharia, como ajudante de cocheiro, sob o comando do marechal Hermes da Fonseca, futuro presidente da República. Em 1910, passou a trabalhar no Cais do Porto, sendo promovido a fiscal da Marinha dez anos mais tarde. Por isso, recusou-se a viajar com os Oito Batutas, liderados por Pixinguinha,  a Paris, pois não queria perder o posto. A partir de 1923, passou a compor e a se apresentar em programas radiofônicos. Algumas de suas composições nessa época foram “Pelo amor da mulata”. “Mulher cruel”, “Pedindo vingança” e “O futuro é uma caveira”. Outros de seus sambas conhecidos são “Cabide de molambo” e “Batuque na cozinha”. Como ritmista, João da Baiana integrou  inúmeros grupos, entre eles o Conjunto dos Moles, o Grupo do Louro, o Grupo da Guarda Velha e a orquestra Diabos do Céu, os dois últimos formados e dirigidos por Pixinguinha. Participou, em 1940, da famosa série de gravações organizada por Heitor Villa-Lobos a bordo do navio ‘Uruguai”, onde viajavam o maestro Leopold Stokowski  e sua orquestra (“Native brazilian music”).  Aposentado da Marinha em 1949, João da Baiana apresentou-se, na década seguinte, nos espetáculos do grupo Velha Guarda, organizados por Almirante. Casou-se e teve dois filhos, que morreram ainda na infância. Em 1968, participou do histórico LP “Gente da antiga”, ao lado de Pixinguinha e Clementina de Jesus, produzido por Hermínio Bello de Carvalho. Em 1972, foi recolhido à Casa dos Artistas, em Jacarepaguá, onde faleceria no dia 12 de janeiro de 1974, aos 86 anos. Hoje, alguns dos pertences de João da Baiana integram o acervo do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, inclusive o prato-e-faca  que o consagraram, parte da coleção do cantor, compositor e radialista Almirante. Do legado de João da Baiana como intérprete, o GRB foi buscar dez gravações  históricas, todas pontos de macumba ou corimas dele mesmo, com ou sem parceria, e fundamentais para quem estuda e pesquisa a cultura afro-brasileira, por ele cantados ao lado de seu conjunto ou terreiro.  Abrindo esta seleção, “Sereia”, parceria de João da Baiana com Getúlio “Amor” Marinho, gravação Victor de 21 de março de 1938, lançada em maio do mesmo ano sob n.o  34313-A, matriz 80707. A faixa seguinte é o lado B, matriz 80708, “Folha por folha”, e é da mesma parceria. Depois encontraremos as músicas do disco Odeon 13330, gravado em 2 de julho de 1952 e lançado em setembro do mesmo ano, ambas de João da Baiana sem parceiro: “Lamento de Inhaçã”, lado A, matriz 9368, e “Lamento de Xangô”, lado B, matriz 9367. As faixas seguintes, também só de João,  saíram pela Sinter, disco 496, em maio de 1956. No lado A, matriz S-1079, “Vovó Joana do Aguiné”, e no verso, matriz S-1080, “Vai i-aô”. Temos depois mais dois corimas do próprio João da Baiana sem parceiro, do Odeon  13999, gravado em 5 de dezembro de 1955 e lançado em março de 56: no lado A, matriz 10877, “Qué-qué-ré-qué-qué”, e no verso, matriz 10878, “Saudação a Iemanjá”. Finalmente, do Sinter  548, lançado em maio de 1957, outros dois corimas de João sem parceiro: no lado A, “Ogum nilê”, matriz S-1191, e no verso, matriz S-1192, “Homenagem a Oxalá”.  Enfim, uma amostra interessante do legado do compositor para a cultura afro-brasileira. E vem mais João da Baiana por aí, aguardem
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO
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Rio 65 Trio – A Hora E A Vez Da MPM (1966)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Enquanto espero pelo intervalo do jogo (Galão x Maria), vou logo aqui fazendo a minha postagem. Depois do disco de ontem, não resisti a tentação de postar aqui o Rio 65 Trio. Sem dúvida, um discaço que eu de teimoso ainda não havia postado, afinal, embora sendo uma pérola, já está prá lá de bem divulgado. Muita badalação me tira o tesão. Certamente, todos por aqui já deve ter baixado este disco em algum blog por aí. Pois bem, passado a euforia, deixa agora eu trazê-lo para o nosso acervo. Não vou nem entrar em detalhes sobre o lp. Informações sobre ele tem aos montes. Procurem daí, que eu de cá vou ver o meu Galão. 😉

cartão de visita
deve ser bonito
simplesmente
apelo
ponte aérea
o amor e o tempo
vem chegando a madrugada
chorinho a
upa negrinho
rio 65 trio tema
ilusão a toa
seu encanto
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Ritmos E Melodias Na Música Popular – Disco 1 – Música Moderna Popular Brasileira (1966)

Boa noite, meus prezados amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou trazendo para vocês uma super coletânea lançada pela Abril Cultural nos anos 60. Trata-se de uma caixa, cujo o título é “Ritmos e Melodias na Música Popular”. Esta é uma daquelas caixas de discos que todo lar de classe média tinha. Eram vendidas por correspondência, anunciadas nas revistas também produzidas por essa editora. Como se poder ver pela ilustração, este box traz seis discos, cada qual apresentando um estilo. Obviamente, eu não irei postá-los todos de uma só vez. Para me facilitar e manter vocês cativos, irei apresentando cada disco na sequência dos próximos sábados, ok?
Começamos então com “Música Moderna Popular Brasileira”, que é o volume 1. Neste disco iremos encontrar alguns genuínos representantes do que era o moderno até então, a Bossa Nova. Artistas e músicas memoráveis, verdadeiros clássicos da nossa MPB. As músicas foram extraídas de diferentes álbuns, mas todos da mesma gravadora CBD/Philips. Vamos lá

batucada – tamba trio
chuva – os gatos
nanã – sergio mendes e bossa rio
primavera – luiz eça
preciso aprender a ser só – rio 65 trio
imagem – luiz eça
arrastão – walter wanderley
reza – tamba trio
chegança – luiz eça
garota de ipanema – tamba trio
ela é carioca – sergio mendes e bossa rio
a minha namorada – rio 65 trio
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Jorge Veiga – A Volta Do Sambista (Obrigado Dr.!) (1961)

Olá amigos cultos e ocultos! Que sexta feira quente essa, heim? O calor por aqui está demais, só saíndo para tomar uma cerveja. “Vou de taxi, cê sabe…” Quero beber bem à vontade… difícil vai ser achar um taxi para a volta. BH, capital dos butecos, mas sem transporte público nas madrugadas e muitas ‘blits’ para quem se aventura a pegar no volante. Eu não, se preciso, durmo no bar, hehehe…
Bom, deixa o papo e vamos ao toque do dia. Temos aqui o grande sambista Jorge Veiga em um álbum lançado pela Copacabana no ano de 1961. Como o próprio título nos mostra, este foi o lp de retorno do cantor, após ter ficado por um tempo afastado da música e gravações devido a um acidente. O subtítulo,”Obrigado Doutor!) é também o nome de uma das músicas e de sua autoria. Nela, ele agradece ao médico que o assitiu durante durante esse período. Uma outra faixa que me chamou a atenção é o samba “O  caloteiro”, de Bené Machado e Silvio Santos. Seria o mesmo Silvio Santos que todos nós conhecemos? Sei lá… melhor chamarmos os ‘universitários’ para nos responder, não é Lombardi? (tô falando isso, mas nem sei se esse Lombardi ainda existe).

obrigado doutor
a baleia
pra que serve o seu perdão?
tá certo sim
telhado de vidro
aluga-se uma casa
o caloteiro
pernambuco você é meu
desculpe
dinorah
aguentado o velho galho
adeus amor
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Vanja Orico E A T. B. Samba – A Passarela Do Samba (1984)

 Boa noite, amigos cultos e ocultos! Quando não estou com pressa, estou atrasado, o que quer dizer quase a mesma coisa. Essa semana tá pegando! Ontem eu até esqueci de publicar a postagem que fiz, só percebi isso agora a pouco. Sorte é que já estava tudo pronto, foi só por à público. Como hoje so me sobrou esses últimos 30 minutos do dia, vou aqui lançando mão de outro que já estava na ”gaveta’. Para ser rápido, escolhi um compacto, por sinal, bem oportuno. No início da semana eu havia postado um disco da Vanja Orico, vi que todos gostaram, decidi então postar este compacto também. Um disco bem apropriado para o momento também pelo fato de que já estamos perto do Carnaval. Embora eu não tenha encontrado, numa rápida pesquisa, qualquer informação descente sobre este compacto, tudo me leva a crer que ele foi lançado  próximo da inauguração do Sambodromo do Rio. O disquinho, inclusive é uma produção da Secretaria de Turismo do Rio e Funarj, voltado para a temática carnavalesca e mais exatamente ao Sambódromo, onde acontecem os desfiles das Escolas de Samba. No disco, apenas duas músicas, Compacto simples, mas já uma raridade que vale conhecer.

a passarela do samba
bandeira da vida
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Alcides Gerardi – Palavras De Amor (1961)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje eu tenho reunião de condomínio e não posso faltar, afinal, eu sou o síndico. Tim Maia, me ajude! O tempo está curto e enquanto espero a chegada dos moradores, vou aqui traçando o que dá para traçar. Mais que de pressa, vou escolhendo no sorteio qual dos meus ‘discos de gaveta’ entra hoje.
Olha aí, vamos trazendo de volta o cantor gaúcho Alcides Gerardi, acompanhado pela orquestra do maestro Britinho. “Palavras de amor” foi mais um dos muitos discos que o cantor gravou na Columbia/CBS. Este, lançado em 1961 e pelo título já diz tudo. Um álbum ultraromântico regado a sambas e boleros…
Xiii… vou ter que parar… Chegaram três condôminos aqui… acho que vou começar a reunião. Me acuda Santo Tim!

palavras de amor
deixa que eu sofra
nem saudade
penumbra
injustiça
reversão
maria do mal fim
meu carinho
mulher de ninguém
só penso em você
ninguém a teus pés
desprezo
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Vanja Orico – Vanja 64 (1964)

Boa noite, meus caríssimos amigos cultos e ocultos! Como eu sempre falo aqui e vocês, obviamente percebem, a cada dia o meu tempo de dedicação ao blog fica mais escasso. Daí, acaba acontecendo esses intervalos e as resenhas… ah, essas nem se fala. Acabam ficando mornas, sem graça e lacônicas. Penso então que o interesse na leitura se deve ao fato do próprio texto. E realmente eu sei, as vezes a coisa é bem fraquinha e desestimulante. Por essas e outras foi que eu decidi abrir o espaço para que outros aqui resenhasse. Convidei o Samuca, Samuel Machado Filho, que prontamente e na maior animação tem me ajudado, fazendo a série Grand Record Brazil do Toque Musical ser bem mais que uma simples postagem. Agora, penso em incluir um novo resenhista, dando ao Toque Musical algo além de apenas toques e links de compartilhamento. Sempre acreditei que blog de música bom tem que ter mais que links e discos, precisa de um conteúdo textual. Com mais um reforço chegando, espero que isso aconteça. Quem sabe assim, os amigos aqui dêem mais atenção. É só aguardar…
Pois bem, aqui vai o toque musical do dia: Vanja 64. Terceiro álbum da cantora, atriz e cineasta Vanja Orico, lançado pela Chantecler em 1964. Este lp é realmente muito bom e para o meu gosto pessoal, um de seus melhores trabalhos musicais. Vanja vem acompanhada por côro e orquestra, sob a regência do maestro Francisco Morais. Aqui ela nos apresenta um repertório nota 10, mesclando o samba, a bossa e temas nordestinos. Quem bem pode nos apresentar este lp é Ary Vasconcelos. É dele o texto da contracapa. Pensei até em reproduzí-lo aqui, mas creio que vocês irão preferir ler na própria contracapa. Fiquem a vontade… eu vou é dormir!

dandara
aruanada
afoché
a morte do deus de sal
acender as velas
é lampa
opinião
maria moita
sassaruê
carroussel
o nordeste não se rende
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A Música De Monsueto – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 88 (2014)

Esta semana, o Grand Record Brazil reverencia a memória de outro grande compositor e sambista brasileiro, com inúmeros sucessos a seu crédito. Estamos falando de Monsueto. Batizado com o nome de Monsueto Campos de Menezes, nosso focalizado era carioca da gema, nascido na então Capital da República no dia 4 de novembro de 1924. Criou-se na favela do Morro do Pinto, entre partideiros, rodas de samba e batucadas, o que por certo contribuiu para sua formação musical. Foi baterista de inúmeros grupos musicais, inclusive da orquestra de Nicolino Cópia, o Copinha, no Copacabana Palace Hotel. Conseguiu seu primeiro sucesso em um carnaval bastante disputado, o de 1952, com o samba “Me deixa em paz”, gravado por Linda Batista e constante deste volume. Depois, teve várias de suas músicas incluídas no espetáculo “Fantasias e fantasia”, também do Copacabana Palace. No cinema, apareceu em filmes como “Treze cadeiras”, “Na corda bamba”, “O cantor e o milionário”, “Quem roubou meu samba?” e “A hora e a vez do samba”.  Monsueto atuou em vários shows ao lado de Herivelto Martins, antes de formar seu próprio grupo, com o qual excursionou pelo Brasil e outros países da América, Europa e África. Era também conhecido pelo apelido de Comandante, com o qual foi muito popular nos anos 1960, quando participava de um programa humorístico da extinta TV Rio, Canal 13, lançando expressões de gíria que se incorporaram à linguagem popular: “castiga”, “ziriguidum”, “vou botar pra jambrar”, “mora” etc. Só gravou como intérprete um único LP, na Odeon, “Mora na filosofia dos sambas de Monsueto”, em 1962, e alguns 78 rpm, além de participações em registros de outros cantores. A partir de 1965, Monsueto começou a se dedicar também  à pintura primitivista, e até recebeu prêmio do Museu Nacional de Belas Artes, do Rio de Janeiro. Sem ter se filiado a nenhuma escola de samba carioca, era bem recebido e respeitado em todas elas, desfilando a cada ano em uma diferente. A última escola em que Monsueto desfilou, em 1972, foi a Unidos de Vila Isabel. Pouco depois, quando participava das filmagens de “O forte” (direção de Olney São Paulo), na Bahia, em que fazia o papel de um diretor de harmonia de escola de samba, Monsueto adoeceu e foi hospitalizado em seu Rio de Janeiro natal, onde morreu no dia 17 de março de 1973, vítima de câncer no fígado. Entre seus hits como autor destacam-se ainda: “Eu quero essa mulher assim mesmo”, “Na casa de Antônio Jó”, “O lamento da lavadeira” (“Para lavar a roupa da minha sinhá”…) e outros presentes nesta seleção do GRB, que perfaz  um total de 14 preciosas gravações, todas, claro, sambas. Vamos a elas, portanto. Linda Batista canta as três primeiras faixas, em gravações RCA Victor. A primeira é “Levou fermento” (parceria de Monsueto com Arnaldo Passos), registro de 30 de agosto de 1956, lançado ainda em novembro para o carnaval de 57, disco 80-1690-B, matriz BE6VB-1286, abrindo também o LP coletivo com músicas para essa folia, uma prática da época também adotada  por outras gravadoras, simbolizando uma época de transição de formatos. Na faixa 2, Linda canta exatamente o primeiro grande sucesso de Monsueto como compositor: “Me deixa em paz”, parceria com Ayrton Amorim, por ela imortalizado em 6 de agosto de 1951 e lançado ainda em outubro sob n.o 80-0825-A, matriz S-093017, tornando-se uma das campeãs do carnaval de 52. E essa folia ainda tinha “Sassaricando”, “Confete”, “Lata d’água” e outras mais. “Me deixa em paz” teve anos mais tarde, em 1971, uma ótima regravação com Alaíde Costa em dueto com Mílton Nascimento, lançada em compacto simples e depois no histórico álbum duplo “Clube da Esquina”. Linda Batista ainda interpreta “O gemido da saudade”, parceria de Monsueto com José Batista,  gravação de 2 de outubro de 1957, lançada em janeiro de 58 também para o carnaval, disco 80-1888-A, matriz 13-H2PB-0257, e igualmente aparecendo no primeiro dos dois LPs coletivos da marca do cachorrinho Nipper com músicas para essa folia. Outra expressiva intérprete de Monsueto, a paulistana Marlene, aqui comparece com  quatro faixas. A primeira é “Na casa de Corongondó”, da parceria Monsueto-Arnaldo Passos, lançada pela Sinter em novembro-dezembro de 1955 para o carnaval de 56, sob n.o 00-00.448-B, matriz S-1000. Dos mesmos autores, Marlene nos traz depois “Canta, menina, canta”, lançado pela mesma gravadora em maio-junho de 1955 sob n.o 00-00.395-A, matriz S-893, entrando mais tarde no LP de 10 polegadas “Vamos dançar com Marlene e seus sucessos”. Em seguida, tem “O couro do falecido”, da parceria Monsueto –Jorge de Castro, também lançado pela Sinter em novembro-dezembro de 1955 para o carnaval de 56, disco 00-00.440-B, matriz S-1001, e incluído no LP coletivo de 10 polegadas “Ritmos brasileiros, vol. 1 – Sambas e marchas”. Este samba seria incluído no já citado espetáculo “Fantasias e fantasia”, do Copacabana Palace, mas seu lançamento, em 1954, coincidiu com o suicídio do então presidente Getúlio Vargas, e a música foi retirada , em virtude das interpretações que poderiam surgir, só sendo lançada neste registro de Marlene, mais de um ano depois do trágico acontecimento. Pois no lugar do “Couro do falecido”, foi inserida justamente a faixa seguinte, um verdadeiro clássico: “Mora na filosofia”, da dupla Monsueto-Arnaldo Passos, imortalizada pela mesma Marlene na Continental em 29 de outubro de 1954, com lançamento em janeiro de 55 sob n.o 17047-B, matriz C-3517. Foi uma das campeãs desse carnaval, e teve regravações aos cachos, inclusive por Maria Bethânia e Caetano Veloso.  Dircinha Batista, irmã de Linda, aqui interpreta “Não se sabe a hora”, da parceria Monsueto-José Batista, gravação RCA Victor de 25 de setembro de 1957, lançada em janeiro de 58 para o carnaval, sob n.o 80-1899-B, matriz 13-H2PB-0242, e incluída obviamente em LP coletivo com músicas para essa folia.Na faixa seguinte, um delicioso samba de  Monsueto sem parceria, “Ziriguidum”, que ele interpreta ao lado de outra expressiva sambista, Elza Soares. Gravação Odeon de 27 de abril de 1961, um dos destaques do LP “O samba é Elza Soares”, que só chegou ao 78 rpm em fevereiro de 62 com o n.o  14792-A, matriz 14719. Monsueto e Elza também o interpretaram no filme “Briga, mulher e samba”, da Lupo Filmes, dirigido por Sanin Cherques. Depois, Raul Moreno interpreta dois sambas de Monsueto que gravou para a Todamérica em 8 de outubro de 1953, lançados em dezembro seguinte para o carnaval de 54 no disco TA-5387. No lado A, matriz TA-559, “Mulher de mau pensar”, parceria de Monsueto com Elói Marques. Mas no lado B, matriz TA-558, é que estava o maior sucesso: o clássico “A fonte secou”, no qual o próprio Raul Moreno é parceiro com Monsueto e Marcléo, assinando com seu nome verdadeiro, Tufic Lauar. Um dos campeões da folia de 1954, “A fonte secou” também tem várias regravações e é muito lembrado até hoje. Para o carnaval de 1956, Monsueto lançaria uma sequência, em parceria com Geraldo Queiroz e José Batista, “Eu sou a fonte”, que Walter Levita grava na Odeon em 26 de setembro de 1955, e é lançado bem em cima da folia, em fevereiro, sob n.o 13949-A, matriz 10766, aparecendo igualmente no LP coletivo de 10 polegadas “Carnaval, carnaval!”.  O Monsueto intérprete-solo aparece nas duas últimas faixas deste volume, ambas gravadas na Odeon. Primeiramente, “Chica da Silva”, de Noel Rosa de Oliveira e Anescar, samba-enredo com o qual a escola Acadêmicos do Salgueiro foi campeã do carnaval carioca, em 1963. Teve duas gravações: uma pela Albatroz, com um coral da gravadora, e esta de Monsueto pela “marca do templo”, feita logo após o carnaval, em 19 de março de 1963, e lançada em abril seguinte sob n.o 14848-A, matriz 15711. O lado B, matriz 15712, é um samba do próprio Monsueto em parceria com José Batista, “Mané João”, encerrando esta retrospectiva que o GRB dedica à sua obra. Divirtam-se e até a próxima vez!

* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

Tamba Trio – 20 Anos De Sucesso (1982)

Boa noite, meus caros amigos cultos e ocultos! Ainda valendo para a última hora do domingo, aqui vai um disco do Tamba Trio, cujo o título é “20 Anos de Sucesso”. Pelo título parece até uma coletânea comemorativa. E foi nessa de acreditar que se tratava de uma coletânea que eu acabei nunca dando olhos e ouvidos a este disco. E ele bem que passou um bocado de vezes na minha mão. Parece estranho dizer isso, mas é verdade. Tem coisa que as vezes passa batido, até mesmo peixe grande, hehehe… E este peixe aqui é dos grandes! Como vocês podem perceber, eu estou postando discos os quais eu muito pouco ouvi e agora tenho o prazer de compartilhar-los com os amigos 🙂
O Tamba Trio é mesmo surpreendente, neste disco então nem se fala. Um álbum de carreira e dos melhores. Há uma fusão de todos os elementos e momentos do grupo, seja na composição ou na interpretação. Eles criam e recriam. Quer dizer, eles fazem sua música e refazem o que interpretam com maestria. Não é por acaso que este trio foi a inspiração de tantos outros e ajudou na formatação (se é que se pode dizer assim) do que veio a ser a boa música popular brasileira. Tendências, influências, experimentalismos foi apenas um pouco do que este grupo de fantásticos músicos deixou de herança. Quem bebe nessa fonte aprende o que é qualidade! Neste álbum vamos encontrar um repertório de apenas dez músicas. Podiam ter incluído mais dez, assim combinaria melhor com os 20 anos de sucesso, não é mesmo? Se eu fosse o produtor teria feito um álbum duplo. Um disco para as interpretações e outro para o trabalho autoral. Teríamos um contraste interessante

samba da minha terra
só danço samba
asa branca
sonda 1999
3 horas da manhã
mas que nada
me deixa em paz
mestre bimba
lamento negro
trindade
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Conjunto Norberto Baldauf – Baldauf Retorna (1962)

Olá amigos cultos e ocultos! Se tem uma coisa (entre muitas outras) que me dá muito prazer é poder ouvir no meu tocadiscos um lp de 50 anos atrás impecável, super conservado e ainda por cima maravilhoso, tanto no repertório quanto em seus intérpretes. No caso, Norberto Baldauf e seu conjunto, ou Conjunto Norberto Baldauf. Este álbum é uma colaboração do nosso amigo Newton Amaral, que gentilmente me enviou para que fosse digitalizado e compartilhado com todos aqui. Tenho o arquivo deste disco, mas confesso que ouvi dele umas duas ou três músicas. Fiquei surpreso hoje ao ouví-lo na íntegra. Descobri que o ‘retorno’ de Baldauf está sendo para mim, um de seus melhores disco. Tô adorando. Muitos de vocês, por certo já o conhecem, inclusive em outros blogs. Mas agora chegou a vez de sua apresentação aqui no Toque Musical.
Como se pode ver logo de cara, ou melhor, logo de capa, temos estampadas as doze músicas que compõe este lp. Uma escolha sortida e também muito feliz contemplando sucessos nacionais e internacionais. Sérgio Ricardo, Luiz Henrique, Tito Madi e Antonio Carlos Jobim são alguns dos autores cujos os temas o Conjunto de Norberto Baldauf dá um verdadeiro show de qualidade. Isso, para não falar do lado internacional, onde este grupo gaúcho também entra de sola, não deixando nada a desejar frente à outros de seus melhores intérpretes. Confiram

 pernas
serenata
arrivederci
picante y sabroso
se amor é isso
é fácil dizer adeus
só em teus braços
sabor a mi
mi cara carolina
saudade de briquendo
se meu apartamento falasse
reginella campagnola
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Dalva De Andrade – Serenata Suburbana (1960)

Boa noite, meus prezados! Há tempos eu venho querendo postar este álbum da cantora Dalva de Andrade, mas como sempre, acabo adiando. Isso se deve ao fato de que até pouco tempo atrás “Serenata Suburbana” estava presente em outros e variados blogs. Já é uma ‘figurinha carimbanda’, mas mesmo assim, sempre é bom uma reforçada, um toque musical a mais… Além do quê, com o meu tempo curto, tenho que aproveitar as oportunidades e os “discos de gaveta’.
Dalva de Andrade gravou este lp em 1960, acompanhada pela orquestra do Maestro Gaya, Ela nos apresenta um repertório muito bom, com músicas varidas, mesclando o antigo com o moderno, da época. Aqui encontraremos

serenata suburbana
chora tua tristeza
chorei sozinha
ser só
a grande dor
se tu soubesses
bebeco e doca
voltei pra ficar
vou fazer um samba
frustração
mais que a minha vida
adeus
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Ismael Silva & Noel Rosa – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol.87 (2014)

Estamos de volta com o Grand Record Brazil, agora em sua edição de número 87, apresentando a terceira e última parte de nosso retrospecto sobre Ismael Silva (1905-1978), um dos grandes nomes do samba. Focalizamos aqui o Ismael intérprete, apresentando sete gravações , com seis músicas de outros autores ( em 78 rpm Odeon) e uma regravação de samba dele próprio (em LP Sinter). Nossa primeira faixa é “Louca”, samba de Bucy Moreira, neto da lendária Tia Ciata, gravado por Ismael na “marca do templo” em  3 de setembro de 1931, disco 10835-B, matriz 4297. Na faixa  3 está o lado A, “Samba raiado”, de Marcelino de Oliveira, matriz 4296. Em seguida temos outro samba, “Escola de malandro”, um dueto de Ismael Silva com Noel Rosa, feito pelo Poeta da Vila em parceria com Orlando Luiz Machado (só este foi creditado como autor no selo). Gravação de 15 de setembro de 1932, disco 10949-B, matriz 131447 (por esse número, a matriz é certamente é uma “sobra” da Parlophon, subsidiária da Odeon, desativada naquele ano).  O lado A, matriz 131292, gravado em 25 de novembro de 1931, é outro samba, que desta vez Ismael canta solo, “Carinho eu tenho”, de autoria do lendário Sylvio Fernandes, o Brancura, célebre malandro do Estácio. Em seguida, mais um dueto de Ismael Silva com Noel Rosa, a marchinha ‘Seu Jacinto”, composição só de Noel, gravada na “marca do templo” em 27 de outubro de 1932 e lançada em janeiro de 33 para o carnaval, disco 10953-A, matriz 4534. No lado B, Ismael e Noel também cantam juntos “Quem não dança”, samba só do Poeta da Vila, gravado dias mais tarde, em 17 de novembro de 1932, matriz 4552. Em ambas as faixas, com acompanhamento do Grupo Gente Boa, está bem destacada no coro a voz de Francisco Alves.
Em seguida, uma regravação de Ismael Silva para um hit seu de 1932, em parceria com Noel Rosa  e Francisco Alves, lançada  originalmente pela dupla Jonjoca-Castro Barbosa: o samba “Adeus”, faixa 2. Teria sido composto em homenagem póstuma a Nílton Bastos, falecido pouco antes, mas a dúvida fica por conta dos versos “Sem teu amor/ esta vida não tem mais valor”. Este registro foi lançado pela Sinter em novembro de 1955, no primeiro LP-solo do compositor, o 10 polegadas “O samba na voz do sambista”.  E, para completar este programa, já que Ismael canta três faixas em dueto com Noel Rosa (1910-1937), ele aqui aparece como nosso “convidado especial”, com cinco antológicas gravações Columbia, todas elas sambas, feitos por ele com a maestria e a genialidade de sempre.  Pra começar, “Felicidade”, parceria de Noel com Renê Bittencourt, lançado em fevereiro de 1932, disco 22083-B, matriz 381159. Na edição impressa, levou o subtítulo “Que bom, felicidade, que vai ser!”, verso final do estribilho. Em seguida, temos o magnífico e não menos genial “Coisas nossas”, em que Noel sintetiza e apreende a alma e os costumes do povo de seu Rio de Janeiro natal,  Teria sido apresentado  também no  filme “Coisas nossas”, um musical de sucesso de bilheteria, cujo título  teria sido tirado exatamente deste samba (informação esta passível de confirmação),  e do qual não restaram cópias. Saiu pela Columbia em março de 1932, sob n.o 22089-B, matriz 381168. O verso, matriz 381176, é ‘Mulher indigesta”, que, se fosse lançado hoje, provocaria a indignação de muitas feministas…  Noel é aqui acompanhado pelo misterioso grupo Os Sete Diabos, nome talvez aleatório.  “Mentiras de mulher” é o outro lado de “Felicidade”, matriz 381158, e é cantado por Noel, que o fez sem parceria, junto com Artur Costa, ator de revistas e também compositor, que no entanto só participa do estribilho, e Noel o interpreta praticamente sozinho. Finalizando a especialíssima participação de Noel nesta edição, ele canta sua obra-prima em parceria com Orestes Barbosa, “Positivismo”, que a Columbia pôs nas lojas em setembro de 1933 sob n.o 22240-B, matriz 381530. Não poderia encerramento com melhor chave de ouro do que este, para esta edição do GRB. Até o nosso próximo encontro, amigos cultos, ocultos e associados!
* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

Samba Terreiro E Batucada (1973)

Boa noite, prezados amigos cultos e ocultos! Hoje, excepcionalmente, não teremos aqui um novo volume da coletânea Grand Record Brazil. Tive alguns problemas na hora da seleção musical, o que acabou atrasando o nosso escriba, Samuel Machado Filho. Mas não se preocupem, amanhã o GTM vem marcar mais um ponto, trazendo sempre uma boa raridade dos tempos das bolachas de 78 rpm.
Para não ficarmos a ver navios, vou postando aqui um daqueles bons discos produzidos por Harry Zuckermann e seu selo CID. Uma fase boa para a música e a indústria fonográfica, no início dos anos 70. “Samba Terreiro e Batucada” é um álbum autêntico de samba, com produção artística de Durval Ferreira. Nele iremos encontrar nomes mais conhecidos nas rodas de samba carioca. Figuras como Rubens da Mangueira, Teté da Portela, Darcy do Império, Geraldo Cunha e também os conjuntos Embaixadores do Ritmo, Os Kabuletes, Os Naturais e o Conjunto Explosão do Samba. Como se vê, sambistas de verdade num trabalho autêntico. São onze sambas, dos quais, alguns foram grande sucesso, como “Boi da cara preta” e “Camisa 10”. Vale a pena conferir

boi da cara preta – rubens da mangueira
é preciso cantar – explosão do samba
katimbó – teté da portela
dinheiro e mulher – embaixadores do ritmo
até o carnaval chegar – os naturais
caxambu de sá maria – darcy do império
camisa 10 – paulão
pagode de samba – os kabuletes
saravá – índio branco
caminheiro – teté da portela
uma mulher – geraldo cunha e embaixadores do ritmo
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Garota De Ipanema – Trilha Original Do Fime (1967)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Eu hoje estava para postar uma homenagem ao Nonato Buzar, que veio a falecer neste domingo. Pensei em postar algum disco dele, mas pecebi que não tenho nenhum além dos arquivos de dois dos seus trabalhos. Só não postei porque não estava no padrão TM, quer dizer, sem capa e contracapa. Mas ainda farei, quem sabe, uma coletânea. Ele merece 🙂
Também perdemos o cineasta, num caso trágico, o cineasta Eduardo Coutinho. Fiquei pasmo com o caso. A vida imitando a ficção… loucura!
Acho que meio por conta do Cinema’ foi que hoje eu decidi então postar este disco, a trilha sonora do filme “Garota de Ipanema”, de Leon Hirszman. ‘Para me facilitar e também abrilhantar nossa postagem, vou pegando emprestado o texto escrito por Fernando Zamith em 2011 sobre o filme:

Uma raridade. “Garota de Ipanema” (1967), de Leon Hirszman (1937-1987), é um dos filmes brasileiros mais esquecidos da história. Que mistério cerca esse sumiço? É algo deliberado deixá-lo no limbo da memória?
Mesmo entre os defensores do cinema novo, há uma omissão velada. Parece até que apagaram os detalhes maiores da filmografia do cineasta de “Eles Não Usam Black-Tie” e “São Bernardo”. Quando muito aparece só o nome do filme e o ano (1967) e pronto.
Também pouca gente menciona que o co-roteirista do filme foi ninguém menos do que Glauber Rocha, ícone do movimento cinema novo. Glauber Rocha? Exatamente, mas em algumas fichas técnicas publicadas seu nome não aparece. Por que será?
O filme não existe em DVD e nem ganhou lançamento em fita VHS lá pelos anos 80. Inspirada na canção mais celebrada de Antonio Carlos Jobim e das mais gravadas no mundo, o filme surpreendeu, pois nada trazia dos versos famosos da letra de Vinicius de Moraes.
Nada a ver com a canção inspirada na garota adolescente da vida real (Helô Pinheiro). A garota do filme é um personagem fictício, a jovem Márcia, de 17 anos, papel da atriz então iniciante Márcia Rodrigues. O roteiro ainda tem um crédito para Vinicius de Moraes (que aparece na tela), ao lado de Eduardo Coutinho.
“Garota de Ipanema” – o filme é mais um retrato social de pais e filhos no Rio de Janeiro dos anos 60. Um elenco de nomes famosos em pequenos papéis. O jornalista João Saldanha, por exemplo, faz o pai da garota de Ipanema. Nas imagens do vídeo abaixo, você pode vê-lo entrando no Fusca estacionado numa rua do bairro.
No filme, quem também aparece é um jovenzinho Chico Buarque. E ele canta uma composição que ficou famosa: “Noite dos Mascarados”. Aliás, a trilha sonora é um achado. Há até um rock com letra de Vinicius de Moraes cantado por Ronnie Von. Eis o set-list da trilha original de “Garota de Ipanema”, com base no LP de vinil. Quem se lembra dos lados A e B?:
noite dos mascarados – elis regina e chico buarque
lamento do morro – nara leão
surf board – orquestra
ela é carioca – tamba trio
poema dos olhos da amada – vinícius de moraes
a queda – orquestra
tema de abertura (garota de ipanema) – orquestra
por você – ronnie von
chorinho – chico buarque
ária para morrer de amor – baden powell
rancho das namoradas – quarteto em cy e mpb-4
tema da desilusão (garota de ipanema) – orquestra
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Beijos – Coletânea 24 Beijos Do Toque Musical (2014)

Olá amigos cultos e ocultos! Há tempos eu não apresento aqui uma produção exclusiva do Toque Musical, além da já tradicional série Grand Record Brazil. Como ‘bola da vez’, o assunto do momento é o beijo. O beijo de um casal gay na novela da Globo. Polêmicas a parte e em partes, achei bem oportuno criar aqui uma coletânea dedicada ao ‘beijo’. Selecionei 24 músicas cujos os títulos e a temática é o tal ‘toque labial’, o beijo, sempre celebrado nas mais diferentes épocas e músicas do cancioneiro popular. Por certo existem milhares de músicas que falam de beijos e devo admitr que não foi fácil escolher essas 24 músicas. Só com títulos onde aparece a palavra ‘beijo’ (e no singular) eu achei mais 200! Mas, selecionei aqui aquelas que me pareceram mais evidentes e também num sentido de ser o mais variável possível. Coincidentemente e por acaso, separei 24 músicas. Um número mais do que expressivo, considerando também o fato de que o beijo celebrado nessa história foi um ato gay. Calma, não estou com isso querendo tirar sarro preconceituoso de ninguém, muito pelo contrário… Pensei mais foi na ideia de um álbum duplo, fosse esse um lançamento fonográfico. E mais ainda, dedico esta coletânea ao Amor, na sua forma mais pura, sem conceito ou preconceito. Beijar e ser beijado é muito bom. É um sinal de carinho. Beijo na boca então é mais… Só love
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me dê um beijo, meu bem – eduardo araújo
a dança do beijo – moacyr franco e the jordans
história de um beijo – vera regina
um beijo e nada mais – zezé gonzaga
beijo exagerado – os mutantes
beijo quente – cleide alves
um beijo é um tiro – erasmo carlos
beijo molhado – belchior
beijo bombom – claymara borges e heuríco fidelis
beijo na boca – cyro monteiro
beijo de amor – moreira da silva
tudo cabe num beijo – seu jorge e almaz
beijo na boca – itamar assumpção e banda isca de polícia
beijo baiano (boca de caqui) – cravo e canela
eu beijo sim – carlos careqa
por um beijo – maria martha
beijo frio – isaura garcia
me dá um beijo – alceu valença e geraldo azevedo
beijo clandestino – lucina
o primeiro beijo – alda perdigão
preso por um beijo – cyro aguiar
aquele beijo que te dei – roberto carlos
beijo roubado – zenildo
último beijo – os cariocas
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Vito Mancini – Dê-me Um Sorriso (198…)

Boa noite, amigos cultos e ocultos. Hoje é sexta feira e só para não esquecer, este foi o dia que por muito tempo eu adotei aqui como sendo o ‘dia do artista/disco independente’. Por essas, por outras e mais outras, vou mandando aqui um compacto independente, gravado na Bemol nos anos 80. A Bemol, embora seja uma gravadora tradicional, nunca assumiu uma postura de editora. Muitos dos discos lançados com seu selo foram na verdade produção independente. E como em Belo Horizonte, na época, só tinha mesmo a Bemol, todo mundo que podia, gravava lá.
Bom, temos aqui o disco de um cara o qual eu vivia encontrando pelas ruas de Belô. Depois sumiu, como quase tudo e todos produzidos naquela década de 80. Seu nome é Vito Mancini. Me lembro de tê-lo visto tocando em algum barzinho, naquela época. Fui procurar por ele no Google e também no Facebook, mas não achei nada. Será que este cara ainda está na ativa? Foi o que eu me perguntei, pois quando a gente não encontra uma pista do ‘caboclo’, pode saber, abandonou o barco… Mas, enfim, falando do disco, temos aqui este compacto duplo no qual Vito Mancini nos apresenta quatro composições próprias. O disquinho é bem interessante e tem, sem dúvida, as suas qualidades. Começando pela própria gravação, trabalho de primeira do veterano Dirceu Cheib. Vito vem acompanhado por um time de músicos de primeira: Célio Balona, Toninho do Carmo, Ezequiel Lima, Zé Eustáquio e Maluf. Quem conhece a música mineira sabe bem o ‘naipe’ dessa turma. E a música de Vito tem bem a cara de Minas, das coisas feitas na Geraes 🙂 Não sei bem ao certo, mas creio que o Vito Mancini chegou a gravar também um lp, com arranjos do Marilton Borges. Vou ver se acho esse disco para postar aqui. Até lá, quem sabe, a gente consegue mais informações sobre esse artista.

aluanda
dias de carnaval
dê-me um sorriso
tipo simples
.

Albertinho Fortuna – Teu Nome É Amor (1959)

Olá amigos, sempre cultos e ocultos! Entre os discos que eu pouco ou nada ouvir tem este aqui do cantor Albertinho Fortuna, “Teu nome é amor”, álbum lançado pela Continental em 1959. Embora seja este um álbum que há muito me acompanha, ou por outra, que várias vezes passou pelas minhas mãos, eu nunca tive a curiosidade de ouvir. Como já disse outras vezes, existem alguns gêneros musicais que não me agradam muito. Tango, marcha, dobrado, valsa… isso para não falarmos de óperas… e não é por falta não, já ouvi muito tudo isso para ver se mudava de opinião, mas não tem jeito. É gosto mesmo… No caso do Albertinho Fortuna, creio que deixei ele de lado meio que por conta disso, dos tangos… Desculpem, creio que estou sendo muito reticente. E na verdade nem tantos tangos há assim e mesmo esses, me fazem agora pagar língua. Ouvindo com carinho, vejo que estou engando. Nunca é tarde para ser feliz 🙂  Vamos juntos ouvir

aliança
tango do ciúme
poema do adeus
solidão
prece
sacrifício de amor
as verdes folhas do verão
flor do meu bairro
teu nome é amor
no deserto da rua
guarânia da lua nova
vendaval
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Ed Maciel E Sua Orquestra – Na Onda (1966)

Bom tarde, amigos cultos e ocultos! Nesta semana eu entrei numa de ouvir uma série de discos os quais eu nunca havia ouvido, ou quase nada. Vou aqui fazendo uma triagem, separando aquilo que pode vir a fazer parte do nosso ‘toque musical’ da semana.
Para hoje, vamos com o trombonista Edmundo Maciel Palmeira, mineirinho de Belo Horizonte, grande instrumentista! Foi para o Rio de Janeiro nos anos 50 onde se tornaria Ed Maciel, um dos músicos mais requisitados, tocando em orquestras, nas rádios, televisão e em gravações de muitos dos melhores discos produzidos no país. Foi arranjador e regente para os grupos de Ary Barroso e orquestra de Carlos Machado. Com seu conjunto, “Carioca Serenardes”, gravou em 57 o lp de 10 polegadas – “Na cadência do samba” – um grupo que tinha entre seus membros Moacir Marques, Paulo Moura, Chaim Lewak, Paulinho Magalhães, Júlio Barbosa e Aderbal Moreira. Ainda, no final dos anos 50, participou de dois discos antológicos, “Canção do amor demais”, de Elizeth Cardoso e o “Chega de saudade”, de João Gilberto. Nos anos 60 não seria diferente. Ed Maciel continuaria participando gravando o que de melhor foi produzido no Brasil, naquela década. Ao lado de Moacyr Silva e Waltel Branco formou o trio “Os Cobras”, com o qual lançou um álbum em 1960. Foi também um dos membros de grupos como o “Conjunto 7 de Ouros” e “Os Gatos”. Participou, em 64, da gravação do cultuado lp “Coisas”, do maestro Moacir Santos. A partir daí passou a liderar sua própria orquestra. Em 1966 gravou pelo selo London (Odeon) este álbum, “Na Onda”, cujo o repertório era todo voltado para um público jovem, uma série de músicas de sucesso da época. Creio eu que este tenha sido um dos primeiros discos de orquestra e instrumental brasileiro pautado na música jovem e internacional daquele momento. O álbum fez muito sucesso e mereceu uma continuidade e por aí vieram vários volumes. Ed Maciel gravou desde então uma dezena de discos com sua orquestra, produzindo discos até o final dos anos 70. Como músico de estúdio, esteve presente nos melhores discos e ao lado de outros grandes nomes como Chico Buarque, Edu Lobo, Maria Bethânia, Marcos Valle, Miúcha, Luiz Gonzaga, Milton Nascimento e muitos outros por aí a fora

day tripper
ça serait beau
la bamba
a taste of honey
i feel fine
yesterday
michelle
les cornichons
i knew right away
a volta
lollipops and roses
la tartaruga
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Vilma – Minha Decisão (1977)

Olá amigos cultos e ocultos! Estava eu procurando “É preciso dizer adeus”, de Jobim e Vinícius, quando me deparei com este disco, o qual eu nunca tinha visto. Fiquei curioso para ouví-la, pois só conheço a música na vozes de Miúcha e Gal Costa. Difícil superar as duas cantoras, mas a minha ilustre desconhecida Vilma, não faz por menos. Interpreta muito bem e o arranjo dá aquele toque que faltava. Procurei no Google por alguma informação sobre essa cantora, mas com os poucos dados fica difícil. Nem mesmo o disco a gente vê na pesquisa. Não está à venda nem pelo Mercado Livre. Mesmo sem as devidas informações de apresentação, acho legal postar esse lp. É um trabalho de qualidade, com boas músicas, bons arranjos e uma boa interpretação. Vamos postá-lo mesmo assim.  Vai que uma hora dessas aparece alguém que sabe alguma coisa. Todo complemento é válido. Comentários está aí é para isso 😉

minha decisão
campo aberto
você não vai dizer adeus
rascunho
quero ser sua
não me diga adeus
a fonte secou
mora na filosofia
noutros dias, quem sabe
proposta
lenço aberto
janela do mundo
é preciso dizer adeus
carnaval sem beleza
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A Música de Ismael Silva Na Voz De… – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 86 (2014)

Chegamos à edição de número 86 do Grand Record Brazil, apresentando a terceira parte de nossa retrospectiva da obra do compositor Ismael Silva (1905-1978). São mais dezessete composições deste notável mestre do samba, cantadas por intérpretes diversos, inclusive ele mesmo. Para começar, temos um dos mais expressivos intérpretes da obra de Ismael, Mário Reis.  Ele interpreta aqui, como solista, as quatro primeiras faixas deste volume do GRB,  todas elas sambas e em gravações Odeon, a saber: “Novo amor”, de Ismael sem parceiro, gravação de 27 de fevereiro de 1929, lançada em abril do mesmo ano com o n.o 10357-A, matriz 2400; “Sofrer é da vida”, parceria de Ismael com Francisco Alves e Nílton Bastos, gravado em 28 de novembro de 1931 com vistas ao carnaval, mas só lançado em julho de 32 (deveria, pela lógica, ter saído em janeiro) com o n.o 10872-A, matriz 4375; “Ao romper da aurora”, parceria de Ismael e Francisco Alves com outro mestre, Lamartine Babo,  também do carnaval de 1932, disco 10881-A, matriz 4398; e “Uma jura que fiz”, da parceria de Ismael Silva com Noel Rosa e Francisco Alves, que Mário gravou em 12 de julho de 1932, disco 10928-A, matriz 4482. Na faixa seguinte, volta a dupla Francisco Alves-Mário Reis, de quem apresentamos alguns registros  na edição anterior, agora interpretando uma obra-prima do samba, “Arrependido”, da santíssima trindade Ismael Silva-Chico Viola-Nílton Bastos, gravação Odeon de 28 de fevereiro de 1931, lançada em abril do mesmo ano sob n.o 10780-A, matriz 4163 (em nosso volume anterior apareceu o outro lado, “O que será de mim?”).  Sílvio Caldas, o eterno “caboclinho querido”, aqui comparece com duas faixas assinadas exclusivamente por Ismael Silva, que gravou na Odeon em  14 de dezembro de 1934 com lançamento em fevereiro de 35 (claro que para o carnaval) sob n.o 11194, o samba ‘Agradeças a mim” (lado B, matriz 4974) e a marchinha “Cara feia é fome” (lado A, matriz 4972). Jonjoca (João de Freitas Ferreira) vem em seguida com outro samba só de Ismael, ‘Não te dou perdão”, lançado pela Odeon em fevereiro de 1930 para o carnaval, disco 10579-A, matriz 3366. J. B. de Carvalho,  que se converteu à umbanda e gravou por toda a carreira a música de sua religião (teve até terreiro e programa de rádio do gênero), aqui comparece com outro samba de Ismael Silva sem parceiro, “Com a vida que pediste a Deus”, gravação Odeon de 26 de outubro de 1939, lançada em janeiro de 40 para o carnaval, “of course”, sob n.o 11803-B, matriz 6237. “Fã”, outro samba de Ismael sem parceria, foi gravado na mesmíssima Odeon por Gilberto Alves em  14 de julho de 1942, com lançamento em setembro do mesmo ano sob n.o 12189-B, matriz 7015. Compositor e humorista de rádio, Silvino Neto, pai do comediante Paulo Silvino, aqui interpreta uma marchinha de Ismael Silva sem parceiro, “Boa boca”, gravada na Victor em 18 de fevereiro de 1941 e lançada bem em cima do carnaval de 42, em fevereiro, disco  34873-B, matriz S-052447. Nélson Gonçalves, o eterno “metralha do gogó de ouro”, vem com o samba “Não tenho queixa”, parceria de Ismael Silva com David Raw, gravação também da Victor, datada de  15 de dezembro de 1942 com lançamento bem cima do carnaval de 43, em fevereiro, disco  80-0050-A, matriz S-052678. Orlando Silva, o sempre lembrado “cantor das multidões”, comparece com um samba que Ismael fez com Roberto Roberti e Arlindo Marques Jr.,  “Se eu tiver que escolher”, gravação Odeon de 12 de dezembro de 1945, editada bem em cima do carnaval de 46, em fevereiro, sob n.o 12672-B, matriz 7958. A faixa seguinte é “Antonico”, samba com o qual Ismael Silva retornou às paradas de sucesso, depois de anos no ostracismo. Foi imortalizado na Odeon por Alcides Gerardi em 19 de janeiro de 1950, com lançamento em  abril do mesmo ano sob n.o 12993-B, matriz 8625. É um samba pungente que foge à linha tradicional do autor, pelo andamento um pouco mais lento (o personagem Nestor, de que fala a letra, é o próprio Ismael Silva, na época enfrentando problemas financeiros). Clássico inúmeras vezes regravado. Cyro “Formigão” Monteiro, “o cantor das mil e uma fãs”, comparece aqui com a marchinha “Eu sou um”, também de Ismael sem parceiro, do carnaval de 1940. Gravação Victor de 11 de outubro de 39, lançada ainda em dezembro sob n.o 34529-A, matriz 33184. O Ismael Silva intérprete dá as caras nesta seleção com seu samba “Me diga o teu nome”, lançado pela Odeon em dezembro de 31 (lógico, para o carnaval de 32) sob n.o 10858-A, matriz 4280. No selo original, Francisco Alves e Nílton Bastos aparecem como co-autores, mas, em regravações posteriores, só Ismael  aparece como autor deste samba. Conhecido como “a voz de dezoito quilates”, João Petra de Barros aqui interpreta outro samba só de Ismael, “Não é tanto assim”, gravação Odeon de 18 de dezembro de 1933, lançada em janeiro de 34 para o carnaval, disco 11089-B, matriz 4771, finalizando a terceira parte de nossa retrospectiva.   Enfim, mais uma contribuição do GRB à preservação de nossa memória musical. Até a semana que vem!

* Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

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Orquestra Som-Bateau – Top Hits N. 2 (1966)

Olá amigos cultos e ocultos! Este disco era para ter sido postado hoje, pela manhã. Acontece que eu sai de casa tão cedo quenem tive tempo. Como o sábado já foi perdido, vamos pelo menos salvar o resto do domingo. Vai aqui a Orquestra Som-Bateau em seu segundo lançamento. Naquele ano de 1966 a Polydor lançou os dois primeiros números, que fizeram muito sucesso junto ao público jovem da época. Um jogada interessante quando não se pode ter os artistas originais, pelo menos naquela época se podia usar as músicas sem muitas retrições. E quando se em mãos uma boa produção, com músicos de primeira linha, o resultado é isso, um disco de qualidade. O repertório certo é a música pop do momento, uma escolha direcionada, apresentando os ‘top hits’ internacionais e alguns nacionais, claro. O que mais me agrada nesse disco é mesmo a sua qualidade de produção e gravação. Ouvindo o lp, de 180 gramas, na minha Shure é que sinto essa diferença.

california dreaming
o bom
esqueça
monday monday
i will wait for you
hanky panky
trini´s tune
black is black
josephine, please no lean on the bell
the more i sse you
cheveux longs et idees courtes
mamãe passou açucar em mim
day tripper
fly meto the moon
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Jacob Do Bandolim – Valsas Brasileiras (1981)

Olá, amigos cultos e ocultos! Eu ontem comentava com um amigo que existem alguns gêneros musicais os quais eu não sou muito fã, me dá uma certa preguiça, sei lá… Entre eles está a valsa. Me dá sono… Mas quando se trata de valsas brasileiras e mais ainda, Jacob do Bandolim, a coisa muda de figura. E foi para tirar a cisma que eu achei postar hoje este lp, um relançamento de 1981, onde encontraremos 14 interpretações impecáveis de alguns clássicos da chamada ‘valsa brasileira’. Jacob, como solista, vem acompanhado pela excelente Orquestra da RCA.

rapaziada do braz
revendo o passado
clélia
aurora
expansiva
subindo ao céu
feia
branca
salões imperiais
alma brasileira
evocação
caindo das nuvens
só tú não sentes
jovina
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Trio Abaeté – Compacto (1973)

Olá, amigos cultos e ocultos! Dando sequência ao nosso ‘toque fono musical’. Aqui vai mais um disquinho, literalmente. Um compacto duplo de 1973, lançado pela Copacabana, do Trio Abaeté, grupo vocal baiano, que estreou bem, com quatro sambas na medida (do jeito e num tempo em que baiano sabia fazer samba). Creio que são todos autorais, de Bonfim, Belizário e Diferraz, que suponho ser o sobrenome dos três artistas. Não há na rede nenhuma informação sobre eles além de seus próprios trabalhos e ao que parece, foram apenas dois, este compacto e um lp de 1977, hoje muito cultuado, o homônimo “Abaete”. Muito legal, todos os dois trabalhos. Qualquer dia desse e publico o álbum aqui, só de capricho, pois o mesmo já virou ‘figurinha fácil’ de achar.

a barata
a maré está boa
pisa no taboado
menina da capital
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