Josmar Assis – Sonhos D’Alma (1974)

O violão é mesmo um instrumento dos mais interessantes e vemos através de seus instrumentistas, um leque variado de estilos e técnicas. Num país como o nosso, extenso, que abrange diferentes culturas, também encontramos diferentes estilos de tocar o violão.
Desta vez eu trago para vocês o violonista, sociólogo e professor Josmar Assis. Um nome pouco
conhecido (ou lembrado), embora já tenha sido considerado o um mais importantes violonista-concertista do nordeste (e posso completar, do Brasil). Foi aluno do maestro H. J. Koellreutter e de José Carrión e Maria Lívia São Marcos, mestres das cordas. De aluno se tornou logo professor e concertista. Lecionou no Universidade Católica de Salvador, criando depois a sua própria escola. Muitos músicos, principalmente baianos, passaram pelas mãos de Josmar.
Para conhecer um pouco o trabalho deste grande músico, temos aqui “Sonhos D’Alma”, álbum lançado em 1974. Neste lp encontramos um repertório que inclui além de composições próprias, outras peças típicas e bem conhecidas para violão.
Eu procurei outras informações sobre este violonista, mas pela rede tudo é muito fragmentado, o que demanda mais tempo para a pesquisa, a qual (infelizmente) não tenho como fazer. Não posso nem afirmar à vocês se ele chegou a gravar mais discos ou se ainda está tocando. Se alguém tiver notícias, não perca o momento, comente!

gotas de lágrimas
serenata de schubert
saara
pensando
última inspiração
sonhos d’alma
facination
um cantinho no mar
brincando de ciranda
abismo de rosas
foi o boto sinhá
romance de amor

Renato Andrade – A Fantástica Viola De Renato Andrade (1977)

Quando comentei que esta seria a semana das cordas, o nosso amigo Giovanni me enviou um e-mail oferecendo uma colaboração, “A fantástica viola de Renato Andrade. Eu prontamente aceitei, mas esqueci de avisá-lo que a postagem seria para hoje. Sorte nossa ele estar ligado no Toque Musical. Recebi agora a pouco a sua colaboração e já estou incluindo-o na dobradinha do dia. Valeu o toque, meu prezado!
Temos então o primeiro disco de Renato que eu, confesso, não conhecia. Porém, do pouco que ouvi, posso afirmar: é fantástico! Estranhei a quantidade de músicas. Algumas são do álbum “Viola de Queluz”. Seria um ;lp duplo? Não, apenas bonus extras, não é mesmo Giovanni? 🙂 Seja como for, antes sobrar do que faltar. (fiquei curioso quanto a este disco, vou ver se acho o vinil e a capa original)
siriema no campo
prelúdio de inhuma
viola e suas variações
folia de reis
literatura de cordel
o jeca na estrada
viola de cego
moto perpétuo caipira
ballet na roça
luar do sertão
tritezas do jeca
viola de queluz
reizados e congadas
ponteado caipira
meu abraço a portugal
viola de beira fogo
sertões
sarapalha
baile catrumano
sinhá e o diabo
relógio da fazenda
multirão
casamento na roça
amor caipiracorpo fechado

Renato Andrade – Viola De Queluz Vol.2 (1979)

Nesta semana, como eu havia dito, vai ser a das cordas. Tenho algumas bolachas aqui, prontas para serem degustadas. E antes que passe do prazo de validade, vamos ao pinho!
Hoje teremos uma viola e o violeiro é Renato Andrade. Um dos mais importantes violeiros do Brasil, que tardiamente gravou seu primeiro lp em 1977, “A fantástica viola”. Sua técnica apurada, domina diferentes afinações da viola caipira. Dos violeiros que eu conheço, Renato é um dos poucos que tirou a viola da roça e a levou para uma sala de concertos. Seu virtuosismo e seu campo de atuação musical vai da mais simples moda de viola aos clássicos e eruditos brasileiros. Se não bastasse o cabra era bom de papo, um grande contador de estórias.
“Viola de Queluz” foi seu segundo disco e nele temos dez faixas autorais em solo e duas, “Tristezas do Jeca” e “Luar do sertão” com acompanhamento.
Dependendo da receptividade e boa vontade de um amigo (se é que ele não esqueceu), ainda hoje teremos “A fantástica viola de Renato Andrade”. Vamos aguardar…

viola de cego
ballet na roça
o capangueiro
tristezas do jeca
viola de queluz
veredas mortas
moto perpétuo caipira
luar do sertão
urupês
senhores da terra
paineiras
raízes ibéricas

Dilermando Reis & Radamés Gnatalli – Concerto N.1 Para Violão E Orquestra (1976)

Quando se fala de violonista, um nome que a gente nunca esquece é o de Dilermando Reis. Violonista literalmente de ‘mão cheia’, tocava de todos os gêneros e muito bem. Foi um dos instrumentistas que mais popularizou o violão no país.
“Concerto N.1” é uma peça de Radamés Gnatalli dedicada ao grande violonista. Aqui temos o prazer de ouví-lo como solista, sendo Radamés o regente da orquestra. O disco é datado de 1976, mas me parece que o “Concerto N.1” é do início de 70. No lado B do disco, anda com o maestro, encontramos obras de Lorenzo Fernandez, Guerra Peixe, Villa Lobos, Heckel Tavares e Agostin Barrios. Taí, um lado mais erudito de Dilermando. Espero que gostem 🙂
concerto n.1 para violão e orquestra
velha modinha
ponteado
choro n.1
ponteio
la catedral

Sebastião Tapajós – Painel (1986)

Interessante… Depois de postar hoje cedo o disco do Luiz Claudio, resolvi dar sequência durante a semana ao discos onde predominassem as cordas. Acho que foi pela capa, muito sugestiva. Temos tantos violeiros, violonistas, tocadores de tudo que é corda. Somos um povo previlegiado de instrumentistas. No Brasil, quando alguém pensa em tocar algum instrumento musical, pensa primeiramente no violão. Ou pelo menos é o mais tocado por aqui. Não bastasse isso, somos naturalmente musicais.
Bom, indo direto ao assunto, inauguro a ‘semana das cordas’ com um dos maiores violonistas do mundo, o genial Sebastião Tapajós. Aqui temos um disco gravado em 1986. “Painel” é um álbum essencialmente feito para o mercado estrangeiro, principalmente o alemão e japonês. Mas também sae (por insistência e limitado) para o público brasileiro. Temos doze composições próprias, algumas parcerias com Hamilton Costa, Amilton Godoy e Maurício Einhorn. Perfeito!
canção para mariza
brinquedo pro junior
prainha
igarapés
painel
poente
blandice
à 200 por hora
ebulição
velha varanda
olinda medieval
garoteando

Luiz Claudio – Entre Nós (1968)

Para que o presente de nosso amigo Refer não fique limitado à somente aqueles que viram o link no quadrinho de bate-papo, achei por bem postá-lo aqui. Assim que eu tiver um tempo, vou incluir a contra-capa e selo, como de costume. Eu ainda não havia postado este lp, porque achava que o mesmo já tivesse sido postado em outros blogs. Diante a procura, vamos liberar…

Este disco do Luiz Cláudio é realmente imperdível, pura bossa! Lançado em 1968, esquecido nas décadas seguites e relançado de forma independente em 2006 pela audiolunchbox.com, que vende o álbum a 1 dólar por faixa (192 kbps VBR MP3 Audio Files + capinhas). Nessa, mais uma vez os gringos saíram na frente. Enquanto isso, por aqui, a Biscoito Fino vai molhando a rosquinha.
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tenha pena de mim
coisa n.10
razão
ouro preto
ole olá
simplesmente
amélia
nós
cidade do interior
poeira da saudade
labareda
jequié
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PS.: o dia está só começando… ainda teremos a postagem oficial. Aguardem!

Clodô Climério E Clésio – Chapada Do Corisco (1979)

Mais uma vez, marcando presença no Toque Musical, temos os irmãos Clodo, Climério e Clésio. O trio passou a ser conhecido, aqui para as bandas do sul e em todo o Brasil, através e principalmente de artistas nordestinos já consagrados como Fagner e Ednardo, que gravaram muita coisa deles. “Chapada do Corisco” foi o segundo álbum dos três juntos. Nele encontramos dois sucessos de Fagner e Ednardo, respectivamente “Revelação” e “Enquanto engomo a calça”. As outras oito músicas do disco não ficam para trás em qualidade e originalidade. Pelo que sei eles, em trio, chegaram a gravar mais uns quatro discos. Para aqueles que ainda não conhecem o som dos manos, eu recomendo… muito bom!
rixa
flor do coqueiro
morena
chapada do corisco
dia claro
oferenda
modo de ser
timom
enquanto engomo a calça
revelação

Exportação Baiana (1972)

Olá! Hoje estive conversando com uma pessoa muito amiga, dessas que são como um espelho, que nos faz ver a verdade. E foi ela que me fez refletir sobre a minha conduta no blog, me mostrando coisas que eu não havia considerado. Desculpem, mas acho que mais uma vez exagerei… Foi realmente mal a minha colocação quanto aos outros blogs. Na verdade o que eu queria mesmo dizer é que, para mim, não faz sentido ficar simplesmente publicando títulos de maneira automática. Desculpem-me todos, blogueiros, visitantes, amigos cultos e ocultos… todos em fim. Às vezes sou um tanto ácido em minhas críticas e acabo ofendendo. Falhei…
A casa é minha, sem dúvida, mas desde o dia em que resolvi manter as portas e janelas abertas, o mundo entrou. Com ele quero compartilhar o que tenho. Mas juro, viver apenas rodeado por fantasmas, chega a ser desanimador.
Um amigo já dizia, “quer fazer um blog de música de sucesso? põe o texto todo em inglês, limite-se ao assunto e se puder faça um dinheirinho.” Acontece que comigo a coisa não funciona assim e eu não quero assim.
Eu não quero, por exemplo, lembrar exclusivamente à gringos que em 1972 saiu pelo selo Som este maravilhoso e obscuro disco “Exportação Baiana”. Que se trata de uma coletânea onde foram reunidos alguns dos mais expressivos (embora pouco conhecidos) artistas baianos daquela época. Que neste álbum há também curiosidades como a famosa canção “Agora eu sei” , que todo mundo pensa que é do Roberto Carlos (inclusive ele), aqui interpretada pela dupla Tony e Zuca. Também não me interessa dizer que essa música é de autoria de Edson Ribeiro e Helena dos Santos.Não vou também me limitar ao assunto, quero fazer parte dele. O blog é público, mas é autoral. Quanto ao dinheiro, nem pensar… Eu só quero chocolate 😉

pescaria do xaréu – nilton brandão
ei camará – firmino de itapoã
festa no casarão – trio belizário, diferraz e bonfim
taba da berada – tony e zuca
pimenteira – nilton brandão
batam palmas – ubirany silva
você só começa quando eu começar – zé pretinho da bahia
nega legal – nilton brandão
fim de semana em recife – trio belizário, diferraz e bonfim
não é normal – trio belizário, diferraz e bonfim
alegria geral – basílio
agora eu sei – tony e zuca

Peter Thomas & The Espirituals – Festinha Legal (1968)

Pô, acho que acabei deixando alguns de vocês ressabiados, mas minha bronca não tem endereço certo e sei muito bem como tudo funciona. É que as vezes a gente tem que levantar poeira. Um blog sem diálogo não é um blog vivo. Quanto a idéia de transformar o blog em um espaço privado, se isso for mesmo acontecer, avisarei a todos com antecedência (inclusive meus maxos e minhas phemias)

Vamos a mais um raro e obscuro álbum a ser revelado. Devo confessar a vocês que este passou batido… Fui tentar localizá-lo pela rede e acabei tropeçando em um compositor alemão homônimo. Porém, juntando daqui e dali, conclui que o noso Peter Thomas foi um organista relativamente conhecido nos anos 60. Tinha seu conjunto de baile e tocava em festas famosas no Rio. Com certeza os cariocas devem lembrar. Ele gravou alguns discos pelo selo BIG, seguindo a mesma linha deste álbum. “Festinha legal” é um disco com um repertório pop, típico daqueles saudosos conjuntos de beira de piscina em festa dos anos 60. Peter Thomas vem acompanhado pelo grupo The Spirituals, que não é americano e nem cantam gospel, estão mais para Jovem Guarda misturado com Esquivel. Me fazem também lembrar o Célio Balona e seus conjuntos na Paladium. Uma boa curiosidade que vale a pena conhecer ou rever.
Mais uma coisa: ao me referir aos blogs sem texto, como galinhas poedeiras, não me esqueci que seus ovos são de ouro. Tudo tem o seu valor e eu reconheço, inclusive o carcarejo de um franguinho furioso. Esse foi o máximo :))) ganhei o dia 🙂
a praça
bus stop / last train to clarlksville
tico tico no fubá
you something to me / it had to be you
got to get you into my life
festinha legal
peter gun
o bom rapaz
o chorão
mamãe ele está de olho em mim
pergunte ao vento / monday monday


Grupo Temucorda – Sangria (1979)

Verificar ortografiaOlá meus caros amigos cultos, ocultos e simpatizantes. Estou pensando, em breve, transformar este blog num espaço privé, num clube fechado ou coisa assim. Me desculpem a expressão, mas as vezes tenho a sensação de que isso aqui parece um prostíbulo. Todo mundo entra e sai discretamente, não há manifestação… nenhum comentário… Ou talvez eu devesse fazer como a maioria dos blogs que temos por aí, ser apenas uma galinha botadeira, postar o disco e me limitar à ficha técnica. Isso é rápido e fácil, dá até para postar mais de um por dia. Acontece que escrevendo “essas bobeiras”, como já foi dito por uma anônima criatura, exercito minha capacidade de expressão, me envolvo mais com o artista/música, aprendo, ensino e dou o toque. Isso para não dizer que agindo dessa maneira, dou ao Toque Musical um carácter bem pessoal e autoral. Sem dúvida, já dei muita bola fora, mas eu sei reconsiderar e me desculpar. Meu texto não tem compromisso, mas sei os limites quando o levo à público, mesmo sabendo que poucos irão ler.
Bom, vamos deixar de lado “essas bobeiras” para irmos direto ao que interessa. Hoje temos o Grupo Temucorda, que se não me engano é de Minas Gerais. Um amigo me disse que esse grupo vem de Montes Claros. Não afirmo, somente confirmo o que me veio aos ouvidos. Para aqueles que conhecem o trabalho dessa turma e em especial o álbum “Sangria”, há de estranhar a capa que apresento. Esta, sem dúvida, não é a original. A outra eu vou deixar para mostrar no meu futuro blog de capas curiosas (ainda vou fazê-lo, aguardem!). Mas não se preocupem, todo o encarte está incluído no pacote. É só baixar…
O Temucorda e seu lp “Sangria”, lançado em 1979, se não conseguiu deslanchar, com toda certeza não foi por falta de qualidade. Com um pé a pelo menos uns dez anos para trás, a música do Temucorda é inspirada na canção de protesto. Cozinharam, comeram e beberam na fonte de Geraldo Vandré. Aliás, temos até uma canção, “Tributo a Geraldo Vandré”. A turma ainda conta com a participação e força do grande Sivuca.
Acredito que se eu tivesse apresentado aqui a capa original, nem minhas “bobeiras” seriam suficientes para convencê-los que vale a pena ouvir os encalorados rapazes do Temucorda.
(Tudo bem, eu sei… a culpa é só do Mafra e da Impulso)

sangria
cantador
recordança
apocalipse
rodeio
tributo à geraldo vandré
grito de liberdade
sangue e areia
peregrino
filho da terra

Os Meninos De Deus – Aperte… Não Sacuda (1974)

Olha, não vou querer entrar no mérito da questão religiosa que envolve este disco. Pessoalmente ele já me fez a cabeça em outros momentos da minha vida. Hoje eu o vejo e o apresento aqui mais como uma curiosidade musical. Os Meninos de Deus surgiram no Brasil no início dos anos 70 como um núcleo de uma seita muito polêmica criada na Califórnia por David Brandt Berg e Karen Zerby em meio ao ‘bum’ do ‘Flower Power’ nos anos 60. Aqui no Brasil, em meio a repressão política e outras…, o grupo (o núcleo) encontrou uma série de dificuldades, sendo em poucos anos quase amaldiçoados por suas atividades e condutas mal interpretadas. Diante a pressão e dissidências, em 1978 o grupo deixou de existir como “Meninos de Deus”. Tornaram-se “A Família”. Mas essa é uma outra história…

Os Meninos de Deus souberam usar a arte em seu favor, criaram um grupo teatral e musical que os ajudavam em sua pregação e a conquistar os jovens. Através da música, que eu saiba, eles lançaram dois discos e contaram com a colaboração e simpatia de outros artistas. Em “Aperte… Não Sacuda”, o primeiro álbum, eles contaram com Fernando Adour, compositor e produtor da época da Jovem Guarda, para cuidar do disco, lançado pelo selo Polyfar. As músicas deste disco foram enviadas pelas comunidades estrangeiras e vertidas para o português pelo próprio grupo. Algumas são até bem conhecidas.

senhor fazei de mim
a luz
aprendam que podem ser livres
voz de amor
no mires atrás
cê tem que ser um menino
aleluia
estou feliz
como esquecê-lo
é melhor tentar que falhar
o que é que fez jesus?
obrigado senhor
.
Resolvi, para variar, incluir um texto do jornalista Aramis Millarch que para mim, foi o cara mais antenado em música e cultura nos anos 70. Este texto foi publicado a 34 anos atrás no Jornal Estado do Paraná. Nele podemos ter uma idéia mais clara do que foi esse ‘movimento religioso’:
O canto dos Meninos de Deus
O conjunto é composto por Aminadab, violão e vocal; Jeroboam, piano elétrico e vocal; Isaias, guitarra e vocal; Obed, contra-baixo; Miguel, violino; Israel, [ritmo]; Alael, bateria; Daniel Gentileza, todos no vocal.
O interior de uma das famílias dos Meninos de Deus é um organismo vivo. Todos têm senso de comunitarismo e executam as tarefas recebidas, motivados por uma força comum que é a de acharem que estão, desta maneira, servindo e amando a Deus.
“Somos hoje mais de 5.000 jovens vivendo juntos em mais de 50 países diferentes, com mais de 250 comunidades, em grupos de 12, 30 ou 100 pessoas. Jovens que encontraram um objetivo na vida, depois de experimentarem diferentes drogas, religiões, viagens ou coisas parecidas, e que encontraram em Deus e em sua palavra e no amor de Jesus, no amor fraternal, puro e sadio, a resposta para os seus problemas e para os problemas de toda a humanidade.
Estes jovens dedicam toda a vida a levar este amor, paz, felicidade, e alegria a todos aqueles que buscam por esta nova vida. O nosso objetivo é de obedecer ao último mandamento de Jesus: “Ir a todos e pregar o evangelho (boas notícias) a toda a criatura”. Levar esta mensagem a todo o mundo, até o último da Terra. Conquistar o mundo por Jesus”. Esta é a mensagem do grupo aqui no Brasil.
Os Meninos de Deus estão satisfeitos por terem tido a chance de gravar este disco. “A música é uma das formas de oração mais poderosa, e quando as pessoas estiverem cantando nossas canções, estarão de uma maneira indireta, orando”, afirmam eles.
O movimento surgiu em 1968 nos Estados Unidos, fundado por Moises David (David Brandt), que havia sido criado numa família muito religiosa. Seu pai era um pastor protestante conhecido por suas pregações por toda a Califórnia, e sua mãe, sofrendo um acidente de carro grave, atribuiu seu pronto restabelecimento ao poder espiritual do marido, convertendo-se ardorosamente, ao protestantismo e tornando-se uma escritora de livros religiosos.
No entanto, para Mo (assim Moises David é chamado pelos Meninos de Deus), nada do que seus pais faziam era concretamente religioso, já que eram atividades comandadas pela Igreja. A partir desta visão, David resolveu iniciar um movimento religioso onde Deus fosse realmente o centro e o sentido de todas as decisões e trabalhos a serem realizados, o que trouxesse em seu bojo a contemporaneidade necessária para ser aceito pelas pessoas que não viam no institucionalismo eclesiástico a solução para seus males.
David Brandt, da mesma maneira que seu pai, andou pregando por toda a Califórnia, e tornou-se [rapidamente] conhecido: mas havia uma nítida diferença no que pregavam, muito embora ambos usassem a bíblia como fundamento. David diferenciava-se de seu pai no modo de interpretá-la, decorrendo daí uma nova filosofia cristã, menos rígida e mais motivadora.
Através dos grupos hipies que foram se chegando a ele, trocando as drogas por seus ensinamentos, começou a estrutura, dando forma e sentidos exatos, o que hoje viria a ser essa enorme organização internacional composta quase que inteiramente por jovens.
Em fins de 1973, os mass-medias americanos falavam incessantemente nas cento e vinte comunidades espalhadas por todos os Estados Unidos. Comentavam o jeito singular daquelas pessoas alienadas e felizes falarem sobre a vida que levavam, de deus, sobre a orientação [artística] diferente nas [músicas] e peças de teatro produzidas por essas comunidades.
Jeremy Spencer, um jovem americano, cantor e compositor de rock e membro de uma das famílias dos Meninos de Deus, é um dos maiores responsáveis pelo êxito do movimento. Associando à sua arte toda a problemática religiosa da família, conseguiu por intermédio de suas letras, que transmitiam as mensagens de Moises David, trazer jovens ajustados mais infelizes, traficantes de drogas, e outros que procuravam respostas para a parafernália progressiva de erros e procuras que lhes parecia o mundo.
Quando as [idéias] do movimento ficaram conhecidas por todos os Estados Unidos contestando aberta e concretamente a Igreja, ao por em prática soluções que consideravam mais convenientes com a realidade religiosa some-se a ele os outros movimentos de origens diferentes, mas com a mesma intensidade de contestação à Igreja) o impasse criado juntos aos jovens para evitar seu afastamento da Igreja.
Os Meninos de Deus depois de afirmados como um grupo religioso, passaram a ser também conhecidos como um grupo artístico, ao formarem sua própria companhia teatral e assinarem contratos com gravadoras musicais para divulgarem o seu trabalho. Os responsáveis pelas atividades juvenis das Igrejas iniciaram uma série de atividades no sentido de aproveitarem essas iniciativas, fazendo com que os jovens encontrassem dentro das igrejas interesses que fosse compatíveis com suas [idéias] Eles os incentivaram a comporem [músicas] para as missas e a organizarem peças de teatro e conferências com temas religiosos.
Há 11 meses o movimento chegou ao Brasil, depois de haver percorrido e se fixado na Europa, na Ásia e na África.
Thiago e Tabita, um casal baiano, foram os percussores do movimento no Brasil, junto com Amminadab e Marcena, que são americanos e partilhavam do mesmo objetivo de incorporarem a [América] do Sul aos lugares visitados por eles. Os dois casais se conheceram numa comunidade do grupo na Holanda, surgindo aí a motivação para virem ao Brasil, país bem localizado para a vinda de suas idéias e a sua disseminação na [América] Latina. Formaram um grupo e [iniciaram] sua viagem atravessando a [América] Central, o que fez com que mudassem seus planos e passagens primeiro por outros países latinos, antes de virem ao Brasil.
Chegando ao Rio, foram morar em Santa Tereza, por ser um lugar calmo, onde poderiam trabalhar [tranqüilos] e criarem suas crianças. As atividades do grupo aqui, logo de início, consistiram em traduzir e reimprimir as cartas religiosas de Moises David, distribuindo-as por toda a cidade, explicando direta e detalhadamente as propostas do grupo às pessoas que se interessem principalmente a juventude, não só do Rio, mas de todo o Brasil.
Para isso viajam constantemente pessoas do grupo para os lugares mais distantes do país, [já] estiveram no Amazonas, em quase todo o Nordeste e Sul, iniciando comunidades com pessoas que adotaram as suas idéias.
Em quase um ano de atividades do Brasil o grupo cresceu bastante. Conta atualmente com quase 60 pessoas, das quais grande parte está morando num sítio em Jacarepaguá, alugado depois que a casa de Santa Tereza ficou pequena para tanta gente.
O trabalho artístico da família no Rio, já alcançou boa projeção. Amminadab e Thiago os responsáveis pelo grupo, entraram em contato com pessoas influentes do meio artístico e conseguiram promover o conjunto musical Meninos de Deus, que apareceu no programa “Fantástico, O Show da Vida”, por duas vezes e assinou um contrato com a Polydor gravando um disco logo em seguida, “Aperte não Sacuda”, é o nome do lp que foi lançado no dia 15 de agosto.
Fonte:
Veiculo: Estado do Paraná / Caderno ou Suplemento: Nenhum / Coluna ou Seção: Jornal do Espetáculo / Página: 12 Data: 26/11/1974

Gilson (1979)

Olá meus caríssimos visitantes! Inicio com uma pergunta: quem não se lembra de duas músicas que fizeram muito sucesso no final dos anos 70, “Casinha branca” e “Andorinha”? Com certeza, quase todo mundo conhece, alguns até lembrariam do Gilson. Pois é… por onde anda o cara? Nem mesmo consultando umas vinte páginas do Google consegui encontrar informação sobre este artista. É curioso… alguns sites relacionam suas músicas à um cantor evangélico chamado Gilson Campos (brincadeira, né não?). O fato é que Gilson lançou apenas dois álbuns e um compacto com seus dois maiores sucessos. As músicas, me parece, foram até tema de novela. E realmente são muito boas. Aliás, o disco no geral é muito bom. Me parece uma mistura de Jessé com Cassiano… ficou legal. Vale a pena conferir este toque 🙂

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andorinha
fim de primavera
lembrança
chuva
sonho de verão
casinha branca
eu sou feliz
o trem
dentro do meu quintal
não vou deixar

Eduardo Araújo & Silvinha – Rebu Geral (1981)

Olhando este disco pela capa, que é realmente um rebu geral, um bacanal… somos automaticamente atraídos para uma observação mais detalhada. Aliás, detalhes são os que não faltam. Chego a pensar que a maneira caricatural de todos os personagens que compõem a cena tem um endereço certo, uma crítica… Mas não consegui referências para compreendê-la. O fato é que este é mais um disco do casal Eduardo Araújo e a saudosa Silvinha. Trata-se de um álbum independente lançado por eles no início dos anos 80, gravado em Sampa, mas finalizado nos States. “Rebu Geral” é uma esponja que absorve tudo que rolava na época de forma implícita e explícita. Cada faixa nos faz lembrar alguma música que já ouvimos. Pessoalmente isso não me agrada, mas devo reconhecer que todo o trabalho instrumental, os arranjos e a gravação em si são primorosos. Confiram esse toque…
imagens
rebu geral
lança menina
irradia
rancho alegre
sapataria progresso
sob o ouro desse eterno sol
queima como fogo
paixão de um cowboy
porta aberta

Matéria Prima – Sessão de Rock (1974)

Matéria Prima foi o nome dado ao grupo que Gileno, da dupla Leno & Lílian, produziu e tocou neste lp lançado em 1974. Após um curto período na Philips, ele retorna a velha casa, a CBS, onde anteriormente havia saído depois que a gravadora cortou seu barato com o disco “Vida e Obra de Johnny McCartney”, que só veio realmente a ser lançado vinte cinco anos depois. Contratado como artista exclusivo e produtor, ele agora começava uma nova fase. E foi daí que nasceu “Sessão de Rock”, álbum com participações de Lilian, Renato e Seus Blue Caps e Fevers. O disco vem recheado de clássicos do pop/rock dos anos 50, 60 e lembranças da Jovem Guarda.
Se não me engano, este disco foi relançado em cd pelo próprio artista, juntamente com outros trabalhos anteriores. Confiram aqui, mas não deixem de incansavelmente procurar pelas lojas… vocês acabarão encontrando 😉
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rua augusta / parei na contra-mão
diana
marcianita
o amor que perdi
estupido cupido
só você
splish splash / bata baby
erva venenosa
ritmo da chuva
alguém é bobo de alguém
o diário
oh carol

Os Carbonos – As 12 Mais Da Juventude Vol. 4 (1969)

Um dos grupos mais postado aqui no Toque Musical e certamente um dos que mais dá ‘ibope’. Os Carbonos foram os precursores do ‘cover’ no Brasil. A especialidade do grupo era tocar sucessos nacionais e internacionais. Gravaram dezenas de discos, muitos instrumentais, como já vimos. Gravaram também com outros artistas da Jovem Guarda e até onde sei, continuavam atuantes acompanhado o cantor Gilliard em discos e shows.
Neste álbum, já tradicional do grupo, temos o volume 4 dAs 12 mais da juventude. Em minha modesta opinião um dos melhores, com um repertório selecionado que irá agradar. Confiram…
.
hold me tight
two bit manchild
é meu, é meu, é meu
ela é minha menina
sou louco por você
eu sei que gosto de você
ob-la-di ob-la-dá
no dia em que parti
sealed witha kiss
ela é tão linda
o tempo vai apagar
veja

Ronnie Von (1967)

Escalado meio que de última hora, teremos para hoje o Ronnie Von, que com este vai para o terceiro já postado aqui. Um artista com um pé lá outro cá, acabou assumindo sua faceta mais pop e romântica. Aqui, neste álbum de 67, ele inaugura “A praça”, música de autoria Carlos Imperial e que se tornaria seu grande sucesso. Até hoje tem gente que pede: “Canta aquela da praça?” E ele tem mais é que cantar, pois todo mundo cantou.
Este disquinho é bem interessante e veio hoje meio que para anunciar novos ventos. Sopra…
a praça
escuta, meu amor
vamos protestar
canção de ninar meu bem
igual a peter pan
vamos cantar
se alguém chorou
a catedral
o carpinteiro
menina flor
minha história
o mundo que eu pensei

Martinha – É O Sucesso (1969)

Eu, embora não tivesse preparado, acabei caindo em mais uma semana temática. Nos últimos dias tenho andado prá lá de atarefado e se tenho feito as postagens diárias é bem por honra da firma. Como já estamos pra mais da metade, deixa rolar… Temos para hoje o “Queijinho de Minas”, a sumida Martinha, lembram dela? Recebeu este apelido carinhoso de Roberto Carlos nos tempos em que ela participava do seu programa, a Jovem Guarda. Cantora e compositora, Martinha ficou famosa a partir da composição “Eu daria a minha vida”, que em 1968 foi gravada pelo rei em seu lp San Remo. Embora eu não conheça direito a sua discografia, dizem que gravou mais de vinte discos. O álbum que temos aqui, me parece, trata-se de uma coletânea. Não tive tempo para checar isso, mas seja como for, temos neste disco as seguintes canções, todas, praticamente de sua autoria.

eu daria minha vida
pior pra você, bem pior pra mim
seja o que deus quiser
não gosto mais de você
pra que amar você
gosto de você
eu te amo mesmo assim
por quem estou apaixonada
você não voltou
se você não explicar
meu vestidinho
não sei se você sabe

Jerry Adriani – Um Grande Amor (1965)

Olá a todos! Pelo andar da carruagem, acho que teremos uma semana nessa linha, romântica e popular. Como dizem, “o sol nasceu para todos” e o Toque Musical a muito já deixou de agradar somente ao seu criador. Aqui todo mundo tem vez, mas por favor…
Chegando ao liminte… quero dizer, chegando agora, vamos com o Jerry Adriani que para minha sorte, dispensa comentários. Neste disco tem a participação de Renato E Seus Blue Caps e orquestração do maestro Alexandre Gnattali .
Desculpem, mas eu estou numa correria doida. Tchau!
querida
deixe-me leva-la pra casa
não tenho ninguém
triste amor
já nada existe
ho bisogno di vederti
não quero mais amar
só ficou o adeus
porque
um grande amor
marianne
se piangi, se ridi

The Pop’s (1990)

Olá meus caríssimos visitantes! Ainda continuo agarrado… sem muito tempo para qualquer coisa além do básico. Por isso, aqui vai mais um álbum de gaveta, o qual eu não tive nem tempo para checar se estava certinho. Mas acho que está todo legal.
Temos pela segunda vez no Toque Musical o grupo The Pop’s. Um conjunto essencialmente instrumental que fez muito sucesso nos anos 60. Eles acompanharam artistas como Wanderléa, Erasmo Carlos, Nelson Gonçalves, Altemar Dutra, entre outros… Ao longo de sua existência, passaram por algumas mudanças em sua formação, o que se pode observar na sonoridade de seus discos. Este álbum, relançado em 1990, é provalvemente de 1969 depois da saída de J. Cezar e Parada que, respectivamente vieram a formar Os Populares e o Parada 5.
branca
falando ao coração
esfinge
ave maria
despertar da montanha
evocação n.1 / frevo das vassourinhas n.1
sonhos de amor
o forasteiro
poinciana
sons de carrilhões
samba canção
as sete maravilhas n.4

Abertura – Festival Da Nova Música Brasileira (1975)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Esta postagem está sendo novamente publicada, apesar das tentativas perpretadas por alguns invejosos, que de alguma forma conseguiram retirar esta e outras do nosso rol de raridades no Toque Musical. Tem gente que fica muito incomodada com o fato de alguns títulos serem postados aqui primeiro. Como dizem, ‘a inveja é uma merda!’.

Como eu estou com um pouco de preguiça, vou apenas fazer como a grande maioria… Segue a baixo um texto sobre o Festival Abertura, extraído exatamente das páginas do site da Rede Globo.
Lançado no final de 1974, com direção de Arnaldo Artilheiro e Carlos de Oliveira e produção de Renato Correa e Castro, o festival Abertura foi criado para estimular compositores e cantores que não tivessem conquistado até o terceiro lugar em qualquer outro festival televisionado. As músicas eram selecionadas por uma comissão indicada pela direção da Divisão de Shows da Rede Globo e submetidas à aprovação da direção da Central Globo de Produção (CGP).
O festival teve cinco apresentações, sendo quatro eliminatórias e a finalíssima, realizadas entre janeiro e fevereiro de 1975, no Teatro Municipal em São Paulo, na presença de um público significativo. Quarenta músicas participaram das eliminatórias. O júri era formado por Marcos Valle, Diogo Pacheco, Damiano Cosella, João Evangelista Leão, Maurício Kubrusly, José Márcio Penido e Sérgio Cabral, todos escolhidos pela direção da Central Globo de Produção e presididos por Aloísio de Oliveira, que não teve direito a voto. As músicas classificadas foram divulgadas antes mesmo da realização do programa, e as gravadoras puderam veicular as canções nos meios de comunicação. Nas quatro eliminatórias e na finalíssima foram apresentados shows de artistas consagrados da MPB, como Ivan Lins, Gal Costa, Martinho da Vila e Erasmo Carlos, que levaram ao palco suas mais recentes canções. Com a presença do então prefeito de São Paulo, Miguel Colassuono, em 5 de fevereiro foram entregues no Teatro da Globo (SP) os prêmios em dinheiro aos três primeiros colocados. Carlos Vergueiro, autor de Como um ladrão, conquistou o primeiro lugar; Fato consumado, de Djavan, ficou em segundo lugar; e Muito tudo, de Walter Franco, em terceiro. Os outros premiados foram Hermeto Pascoal, pelo melhor arranjo, com Porco na festa; Clementina de Jesus, como a melhor intérprete com A morte de Chico Preto; e Alceu Valença, pelo incentivo à pesquisa, com Vou danado pra Catende. Radamés Gnatalli e Mário Lago ganharam os prêmios de colaboração prestada à MPB.
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tamanco malandrinho – tom e dito
cmo um ladrão – carlinhos vergueiro
antes que eu volte a ser nada – leci brandão
vaila – ednardo
ben-ti-vi – jorge mautner
ébano – luiz melodia
ficaram nus – burnier e cartier
fato consumado – djavan
muito tudo – walter franco
o tempo – reginaldo bessa
princípio do prazer – jards macalé

Leno e Lilian – Não Acredito (1967)

Voltando gradativamente…, e também pela minha total falta de tempo para preparar um tema semanal, estou aproveitando os meus já famosos ‘álbuns de gaveta’ 🙂 para salvar o dia. Como a Jovem Guarda foi também celeiro para a música brega, escolhi para hoje uma dupla que tem um pé no brega e outro no rock, Leno & Lilian. “Não acredito” é um clássico da Jovem Guarda que todo mundo já conhece ou pelo menos já ouviu falar. Um bom disco, cheio de versões, mas que agrada em cheio. Desculpem, mas hoje o bicho tá pegado…

Não acredito
Um novo amor surgirá
Ouçam todos
Parem tudo
Resta esperar
Não vai passar
Sua lembrança
Não vou mais pensar em você
O mentiroso
Nem mesmo em sonho
A mania que eu tenho
Coisinha estúpida
A Pobreza
Aquela canção

Raimundo Soldado E Conjunto Grupo De Ouro – Abraçando Você (1980)

Taí, como havia dito, para completar o domingo, mais uma pérola do autêntico e ingênuo brega. Este disco eu acho muito interessante, a começar pela capa que nada lembra o estilo, muito pelo contrário, é simples e direta. Um amigo europeu ao ver o álbum, chegou a acreditar que se tratasse de um jazzista nacional. Realmente a capa tem algo de conceitual, comum à discos de jazz. Mas acho melhor parar por aqui, antes que a turma caia de pau.
Raimundo Teles Carvalho, mais conhecido como Raimundo Soldado foi um artista popular maranhece. Sua música romântica e sessentista mesclava um estilo Jovem Guarda com forrós e carimbós. Nos anos 80 começou a se destacar, principalmente com o lançamento deste disco “Abraçando você”. Gravou uns seis ou sete discos e sua popularidade se concentrava no norte e nordeste do país.
Este é mais um disco que eu recomendo para sua festa. Mas deixe para tocá-lo depois que todos os convidados já estiverem mais relaxados. No fundo todo mundo tem um pouco de Falcão, isso “não tem jeito que dê jeito”. E como já dizia o Caetano: “… a crítica que não toque na poesia…”

fiquei tão triste
você gosta de mim
não tem jeito que dê jeito
meu torrão
amor forçado
não sou de brincadeira
menina linda
eu não tenho ninguém
abraçando você
os dias da semana
vamos economizar
sanfona branca

Beleza Pura – O Fino Do Brega (2005)

Depois de ter postado o Evaldo Braga, achei que seria muito interessante trazer esta coletânea que (modéstia à parte) ficou realmente fina. Eu havia criado esta seleção em 2005, com direito a capinha e tudo mais, para presentear os meus amigos. Chegou até a ser divulgada em um extinto blog musical, o Acesso Raro, um dos pioneiros nessa nova onda musical. O disquinho fez o maior sucesso e muita gente ainda procura por ele. Não há nada melhor para se tocar num fim de festa, todo mundo já ‘mamado’, começa então a distração. É nessa hora que o ‘cabra metido a besta’, que diz que só ouve jazz e bossa nova, ‘solta a franga’. Tem também a moçada mais nova, que mesmo ligada no rock e tantas novidades, não dispensa a baranguice. Essas músicas são ótimas!
Sério mesmo, tem que ouvir… merece nossa atenção. Mas há de se entender que existe também uma diferença entre música brega e estilo brega. Este último já é uma coisa forçada, um sub-produto do brega. Aí é foda! O brega é barango por natureza, tá na essência do artista e não na formatação do empresário ou gravadora. Escutem esta seleção e comentem depois. Se meu tempo permitir, ainda hoje postarei outro que eu acho o máximo. Taí, o toque tá dado!

no hospital – amado batista
cadeira de rodas – fernando mendes
sorria, sorria – evaldo braga
pare de tomar a pírula – odair josé
eu vou tirar você deste lugar – odair josé
eu não sou cachorro não – waldick soriano
sandra rosa madalena – sidney magal
o meu sague ferve por você – sidney magal
se te agarro com outro – sidney magal
não se vá – jane e erondi
espere um pouco, um pouquinho só – nilton cesar
telefone celular – raimundo soldado
eu vou rifar meu coração – lindomar castilho
coração vagabundo – lindomar castilho
nós somos dois sem vergonhas – lindomar castilho
você é doida demais – lindomar castilho
coração de luto (churaquinho de mãe) – teixerinha
eu sou rebelde – lilian
aquela nuvem – gilliard

Evaldo Braga – O Melhor Do Ídolo Negro (1991)

Ao longo da existência deste blog, tenho procurado postar discos que, de uma forma ou de outra, são importantes para todos nós, apreciadores e discófilos em geral. Embora o Toque Musical seja um espaço pessoal, ele foi aos poucos ganhando a simpatia do público e eu em contrapartida decidi que o blog teria mais que apenas o que gosto de ouvir. Como já disse outras vezes aqui, gosto de tudo que é bom, que tem qualidade, que tem conteúdo, que tem história… gosto de música e de muita coisa que está registrada em fonogramas. Por certo, muitos hão de pensar que ouvir música brega é sintoma de mal gosto. A esses eu diria que lhe faltam ampliar seus horizontes, deixarem de lado o radicalismo e tentarem compreender esse lado pitoresco da música. Observem que estou falando de música brega e não de música lixo. Embora do lixo também possamos sempre retirar alguma coisa, até mesmo um sarro com a cara daquele mané que se rebola ao som do axé, do funk-lingua-suja, do rap (rap?) ou vestido de cowboy cantando aquela maravilha sertanja (sertaneja?). Pois é, meus amigos, gosto não se discute, lamenta-se… Mas seja como for, tudo isso faz parte do universo musical em que vivemos. Precisamos conhecer e ouvir para poder julgar.

Atendendo à pedidos, estou hoje postando um ícone da música chamada brega, o saudoso Evaldo Braga. Acho que a diferença básica do brega para o ruim está na originalidade e na autenticidade de artistas que não têm vergonha do que fazem. O brega é romântico e ingênuo. O ruim é pretensioso e copioso. Mas todos os dois pertecem ao gosto mais popular. Interessante é que muita coisa que hoje achamos ruim, no futuro, se permanecerem na memória do povo, serão considerados bregas. Isso é uma prova de que o brega está acima de qualquer suspeita. Isso precisa ser bem entendido.
Voltando ao Evaldo Braga, temos aqui este álbum lançado pela Polydor em 1991. Uma coletânea com seus maiores sucessos. Um disco que sintetiza o trabalho deste artista que um dia foi considerado o supra-sumo da banalidade.

sorria, sorria…
não vou chorar
fizeram tudo para me derrotar
a cruz que carrego
esconda o pranto num sorriso
nunca mais, nunca mais
eu desta vez vou te esquecer
meu deus
mentira
só quero
você não presta pra mim
noite cheia de estrelas
vem cá

Noel Rosa e Vassourinha – A Bossa Dos Bambas (1969)

Olá meus caríssimos amigos cultos, ocultos e apreciadores de bolachas em geral. Aqui estou eu para lhes apresentar mais um resgate importante. Um disco da Continental com o selo Disco Lar, exclusivo para vendas diretas a domicílio, sem intermediários, assim como a Odeon que tinha o seu selo Imperial para vendas através do correio. Normalmente esses discos eram coletâneas ou relançamentos de álbuns que fizeram sucesso. Dessa forma, lps com este, são de tiragem limitada, o que dão a eles um status ainda de mais raros.
“A bossa dos bambas” é, sem dúvida, um exemplo típico de raridade. Aqui encontramos dois grandes nomes da música popular brasileira, Noel Rosa e Mário Ramos, (Vassourinha) numa dobradinha que bem merecia ser um álbum duplo de tão bom que é. Temos de um lado Noel e do outro o Vassourinha. Embora o Noel não tivesse lá ‘aquela voz’ é bom ouvi-lo cantando suas próprias composições (e de outros também). Ao ouví-lo, nos sentimos mais próximos do mito e de todo o clima de uma época. Vassourinha também não fica para trás, embora esteja presente em apenas três faixas. Confira já este toque!

gago apaixonado – canta noel rosa
mulher indigesta – canta noel rosa
positivismo – canta noel rosa
felicidade – canta noel rosa
coisas nossas – canta noel rosa
devo esquecer – cantam noel rosa e léo vilar
seu libório – canta vassourinha
juracy – canta vassourinha
emilia – canta vassourinha
mentira de mulher – cantam noel rosa e arthur costa
vejo amanhecer – cantam noel rosa e ismael silva

Pedrinho Rodrigues – O Sambista (1968)

E lá vamos nós… enquanto os cães ladram a caravana passa. Não é atoa que eu gosto de biscoito Maria, Maizena e também sou fã das bolachas Mabel. Esse negócio de biscoito fino é mesmo só pra gente ver e inglês comprar para o chá das cinco. Me traz uma média de café num copo lagoinha que eu vou molhar o biscoito. Vocês sabem, “meu fraco é café forte”.
E café forte está aqui neste disco de Pedrinho Rodrigues, “O sambista”, lançado em 1968. Um álbum bacana, com um repertório recheado de sambas bem conhecidos, como se pode ver logo a baixo, e interpretados com um certo estilo, que me faz lembrar o Wilson Simonal (apenas impressões). Confiram já este toque musical, vale a pena!

fecha a janela
segura esse samba
cheguei (avise a maria)
samba de roda de samba
lapinha
samba do alicate
coisa feita
dia de alegria
tive sim
pecadora
hora e vez da solidão
seu deputado

Peruzzi & Orquestra RGE – Violinos No Samba (1961)

Olá a todos! Ainda em trânsito, mas sem nunca perder o rumo, aqui estou para a postagem do dia. Me lembrei deste disco, que também estava à mão e resolvi postá-lo. Com certeza, todos vocês irão gostar. Trata-se de um trabalho muito interessante…
Aqui temos o maestro Edmundo Peruzzi com a Orquestra da RGE num disco, no mínimo curioso. Eu pessoalmente acho o máximo! “Violinos no samba” é a fusão da música clássica com o samba. Em ritmo deste que é o mais legítimo representante da música brasileira, desfilam obras de Chopin, Beethoven, Bach, Tschaikowsky e mais… O resultado é surpreendente. Chamo a atenção para a faixa “Dança árabe” do balé “O quebra nozes” de Tschaikowisky que aqui se apresenta como a mais perfeita Bossa Nova. Muito bom, confiram esse toque…
valsa do adeus – opus 69, n.1 (f. chopin)
soanata ao luar – opus 27, n.2 (l.v. beethoven)
pizzicati – do balé “sylvia” (leo délibes)
tristesse – estudo, opus 10, n.3 (f. chopin)
para elisa (l. v. beethoven)
dança árabe – balé “quebra nozes”, opus 71 (p. l. tchaikowisk)
dança das horas – “la gioconda” (a. ponchielli)
valsa das flores – balé “quebra nozes”, opus 71 (p. l. tchaikowisk)
jesus, a alegria dos desejos humanos – coral da cantata n.147 (j. s. bach)
noturno – opus 9, n.2 (f. chopin)
romance – opus 5 (p. l. tchaikowisk)
elegia (j. massenet)

Elis Regina & Miele – No Teatro Da Praia Com Bôscoli E O Elis 5 (1970)

Devido a uma pequena viagem, estou fazendo a postagem em transito. Tive que recorrer ao gavetão e puxar de lá o que daria menos trabalho. Assim, vamos hoje com um disco já bastante divulgado, mas que em nada perde o seu encanto. Este disco é o registro de um show gravado no Teatro da Praia em 1970, produzido por Miele e Ronaldo Bôscoli. Temos a “pequena notável” acompanhada pelo então “Elis 5”, conjunto formado por Roberto Menescal, Jurandir, Zé Roberto, Wilson das Neves e Hermes. Pessoalmente, acho este disco um barato e com certeza seria ainda melhor se fosse um álbum duplo e não tivesse as intervenções do Miele. Com um time desses, merecia, né não?
Olha só… como este disco é um show e não há separações por faixas, preferi mantê-lo como está, mas em 320 kbps. Porém, para os desavisados, inclui as faixas separadas, mas em qualidade inferior.

Pout-Pourri:
Casa Forte (Edu Lobo)
Reza (Edu Lobo / Ruy Guerra)
Noite dos Mascarados (Chico Buarque)
Samba da Bênção (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
Makin’ Whoopee (W. Donaldson / G. Kahn)
Zazueira (Jorge Ben “Jorge Benjor”)
Minha (Francis Hime / Ruy Guerra)
Irene (Caetano Veloso)
Musical de Gala:
Eu e a Brisa (Johnny Alf)
Preciso Aprender a Ser Só (Marcos Valle / Paulo Sergio Valle)
Carolina (Chico Buarque) — Nunca Mais (Dorival Caymmi)
Franqueza (Denis Brean / Osvaldo Guilherme)
Se Todos Fossem Iguais a Você (Tom Jobim / Vinicius de Moraes)
Aquele Abraço (Gilberto Gil)
Can’t Take My Eyes Of You (B. Crewe / B. Gaudio)
Se Você Pensa (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)

Quarteto Em Cy – Em Cy Maior (1968)

Olá amigos cultos e ocultos! Aqui vamos nós para mais uma jornada musical, resgatando o tempo perdido, os esquecidos, os desconhecidos e também os conhecidos. Hoje, rapidinho…
Fazendo sua estréia em nosso blog, temos o mais famoso grupo vocal feminino brasileiro dos últimos 40 anos, o Quarteto em Cy. “Em Cy Maior” é um dos discos das moças que eu mais aprecio. Aliás, todo o trabalho feito nos anos 60 são ótimos! Mas gosto em especial deste álbum pelo repertório recheado de coisas bacanas. Olha só…
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frevo do orfeu
lua cheia
juliana
onde está você
minha palhoça
samba do carpinteiro
samba do crioulo doido
aioká
rancho de ano novo
minha rua
a volta do chorinho

Pierre Kolmann E Seu Conjunto – Para Dançar (1957)

Olá! Hoje resolvi mudar radicalmente o ritmo em que estávamos (prometo que ainda volto nele) em função de um comentário que reativa por aqui o enigmático Pierre Kolmann. Alimentando assim a polêmica, aqui vai mais um de seus discos, o de estréia “Para dançar”, que foi o álbum que gerou toda a confusão. Transcrevo abaixo o último comentário, que mesmo apesar de anônimo, me pareceu o mais esclarecedor e complementar. Se alguém tiver algo a acrescentar ou corrigir, faça-me o favor…

Os muitos nomes de Rubens Leal Brito.
Alguns artistas mudam seu nome durante a carreira (casos de Jorge Benjor e Sandra de Sá). Outros usam um ao cantar e outro ao compor (como Jamelão, que assina as composições com seu nome de batismo, José Bispo). Mas o pianista gaúcho Rubens Leal Brito é um sério candidato a recordista de nomes artísticos simultâneos. Assinava com seu próprio nome suas composições, feitas entre 1938 e 1951, sozinho ou em parceria com Jorge Faraj.
Como Britinho, além de gravar seus próprios discos com solo de piano – na Continental em 1956 e em LPs da Sinter em 1956 e 1957 -, acompanhava cantores, como na estréia em disco de João Gilberto (Copacabana, 1952). Também foi com este nome que gravou uma série de discos com outro pianista, Fats Elpídio (RCA, 1952-53). Assinou desta maneira algumas músicas, feitas entre 1952 e 1963 com os parceiros Fats Elpídio, Mesquita e Fernando César. Já era chamado Britinho em 1943, quando tocou na Rádio Farroupilha (Porto Alegre). Após alguns recitais, foi contratado para integrar a Orquestra Panfar, da emissora. Dirigiu por um período o Jazz da PRH-2, enquanto seguia atuando como pianista.
Algumas das músicas gravadas pelo pianista Britinho em discos Todamérica de 1951 eram de autoria de… João Leal Brito. Este também era o parceiro de Fernando César em “Noite Chuvosa” (1960). Seria um irmão de Rubens? Talvez, embora em 1953, o crédito do choro “Vê se te Agrada”, gravado por Gentil Guedes e sua Orquestra na Sinter, era para João Leal Brito “Britinho”. Assinando Leal Brito, gravou LPs na Musidisc (1955) e na Sinter (1956-57). Também teve músicas gravadas em 1955.
Teria havido outros nomes? É possível. Em abril de 1957, o radialista Almirante era convocado pela Justiça carioca para dar seu parecer como perito a respeito da ação da gravadora Rádio, que mantinha o pianista Waldir Calmon sob contrato e acusava a Musidisc de procurar iludir o consumidor, ao lançar o LP Para Dançar, gravado por Leal Brito com o pseudônimo de Pierre Kolman. Outra alegação se referia ao título do disco – Calmon tinha uma série de LPs com o nome de Feito para Dançar. Almirante concordou com a acusação. Talvez outro disco de “Kolman” tenha saído, pois o site do Dicionário Cravo Albim registra este pseudônimo, ao lado de outro – Franca Vila. Curiosamente, ali o nome de batismo de Britinho acabou sendo mencionado como “João Adelino Leal Brito”…

maracangalha
summertime in venice
que será será
conceição
inamorata
anema e core
night and day
canadian sunset
dolores
domani
none but a lonely heart
pensando em ti

PS.: Passados quase três anos, eis que aparece o autor verdadeiro do texto (definitivo) sobre a polêmica Leal Brito no Comentários. O cometarista, na época, apenas havia copiado o texto, de maneira anônima. Seu autor é o jornalista Fábio Gomes. Este texto foi publicado originalmente em seu site, Mistura e Manda.