Embora pouco comentada a postagem do volume 5 do Projeto Minerva, vieram muitas solicitações para que eu continuasse a postar outros números. Tá certo, aqui vai mais um…
Hoje teremos o volume 6, onde constam registros de Pery Ribeiro, Rosana Toledo, Lúcio Alves, Johnny Alf e Alayde Costa. Infelizmente este sexto volume que tenho é do relançamento, feito nos anos 80 pela Sigla/Soma. Eu chego a ficar indignado com o pouco caso que fizeram ao relançarem essa coleção. Os álbuns, originalmente eram de capa dupla, trazendo em seu interior as informações sobre seu conteúdo (número das faixas, ficha técnica, etc…). Para pouparem gastos na produção, a série relançada pela Sigla/Soma em 84 veio desfalcada. Os caras não tiveram a sensibilidade de ver que o mais importante para se compreender o disco e essa coleção estava ali, no que eles omitiram. Para saber quem é quem e o que é o quê só mesmo olhando pelo selo, que por sinal não informa muita coisa, nem a data. Daí, quando a gente cisma de criar um blog e disponibilizar o disco com as informações completas, os caras dizem que é pirataria. Mas vamos deixar essa questão para um outro momento, que por sinal eu gostaria de dar meus esclarecimentos.
Como relação ao nosso disquinho do dia, o que tenho a completar é dizer que o mesmo traz um repertório que compreende o período que vai de 60 a 70, entre bossas, Jorge Ben e outras tropicálias. Participam do programa outros músicos de renome, mas só identifiquei o Altamiro Carrilho, que por sinal pelejou para se manter no ritmo da bossa. Segue a baixo a programação:
Os Tincoãs (1973)
Se tem um disco do qual eu me arrependo de ter vendido, este foi Os Tincoãs de 1973. Foi preciso quase duas décadas depois para eu novamente reencontrar o álbum, na verdade, sua versão em cd relançada pela EMI Odeon. Em outras encarnações eu já havia postado este disco e fez o maior sucesso. Dessa vez eu fiquei meio resistente, pois o disco já estava bem divulgado e haviam tantas outras coisas para postar que o disquinho acabou ficando na fila de espera. Mas como se trata de algo fora de série, eu não poderia me negar aos seus encantos.
Taí, Os Tincoãs, grupo baiano surgido no início dos anos 60. Gravaram inicialmente boleros e coisas semelhantes ao Trio Irakitan. Mas foi a partir de uma conscientização da cultura negra africana, dos terreiros de Candomblé da Bahia, que o grupo começou a tomar uma forma. Este foi o segundo disco gravado por eles e com certeza o mais importante. Não apenas pelo temática, mas principalmente pelos arranjos vocais e o trabalho de produção musical do maestro Lindolfo Gaya. Neste disco o trio era formado por Mateus, Dadinho e Heraldo que veio a falecer em 1975. O trio continuou na estrada com outras formações até o início dos anos 80. Depois, Dadinho e Mateus foram morar na África. Chegaram a gravar um disco em Angola, o qual também saiu no Brasil pela CID. Em 2000, foi a vez de Dadinho que mudou de lado e foi cantar com Heraldo no céu. Os Tincoãs, só por este disco, podem ser considerados um dos maiores grupos vocais brasileiros. Excelente! Confiram o toque…
Bando Da Lua – Nos E.U.A. (1975)
100 Anos De Música Popular Brasileira – Projeto Minerva Vol. 5 (1975)
Escolhi o volume 5 que compreende uma fase da Bossa Nova. Neste disco temos Jonhnny Alf, Doris Monteiro, Lúcio Alves e Alaide Costa, tudo ao vivo, gravado no auditório do MEC, Rio.
Bossa Nova – Para Fazer Feliz A Quem Se Ama (1988)
Bossa Nova Trinta Anos Depois (1987)
Elis Regina & Zimbo Trio – O Fino Do Fino (1965)
Quarteto Em Cy E Tamba Trio – Som Definitivo (1966)
Viver Outra Vez – Campanha No Combate À Aids (1988)
Não se desanimem com a minha crítica, eu sou mesmo um chato. Mas sempre bem intencionado. Além do mais, o blog é para quem escuta música com outros olhos.
A Grande Música Do Brasil – A Grande Música De Chico Buarque (1978)
Bob Fleming – Boleros, Boleros, Boleros (198?)
Nouvelle Cuisine – Slow Food EP (1991)
Segundo os entedidos, Nouvelle Cuisine foi um termo criado por dois jornalistas franceses, Henri Gault e Christian Millau, especializados em gastronomia, para definir o estilo culinário de um grupo de ‘chefs’ franceses, que nos anos 60 se espelhavam nos ideais de cozinha do Movimento Futurista, revolucionando o ato de preparo e apresentação dos alimentos. Ou seja, a comida vista como uma obra de arte, aquela que é bonita aos olhos, mas que não enche a barriga. Naturalmente cara, como toda obra de arte, o que mais importa é o conceito (ups!). Somado ao requinte, transformam pequenas e simples porções em maravilhas culinárias, mesclando o salgado e o doce sobre um prato banco. Sem dúvida, essas misturas e o rompimento com a cozinha tradicional nos trouxe novos sabores, porém eu ainda sinto fome.Aproveitando este enredo, mas sem querer fazer analogias com o grupo, acho que a postagem do dia merece um complemento. Daí, resolvi incluir este EP promocional que saiu em 91 anunciando a chegada do segundo disco, “Slow Food”. Um álbum produzindo por Oscar Castro-Neves e desta vez com um repertório que inclui também a música brasileira. Saboreie este fino prato, que aqui realmente está em pequena porção. Depois de ouvi-lo você vai ficar com a mesma sensação de quem comeu um “boeuf bourguignon” na hora do almoço. Gostoso, mas quero mais…
Nouvelle Cuisine (1988)
Para esta sexta-feira eu reservei o Nouvelle Cuisine, grupo paulista que surgiu no cenário artístico da segunda metade dos anos 80, fazendo apresentações em boates no Rio e em São Paulo. Caíram logo no gosto da crítica refinada e amantes do jazz. A proposta do grupo era versões acústicas de alguns dos mais famosos ‘standards’ dos anos 30 a 50, de autores como Duke Ellington, George e Ira Gershwin, Rodgers & Hart, Charles Mingus e outros.
O disco que apresento foi o primeiro, gravado em 1988, trazia exatamente essas versões. Um trabalho sofisticado, bem elaborado pelo vocalista Carlos Fernando que também é o responsável pelo conceito e programação visual do álbum. Pessoalmente acho este disco um charme e tenho certeza que aqueles que não o conhecem e gostam de jazz, vão se deliciar 😉
José Carlos Poleshuck – E Sua Música (1990)
Eumir Deodato – Deodato 2 (1973)
Zé Eduardo Nazario – Poema Da Gota Serena (1983)
Olá! Hoje o bicho está pegando para o meu lado. Meu tempo está contadinho. Pensei até que não iria conseguir fazer a postagem do dia. Mas vou aproveitando o que tenho à mão nesta pausa para o café. Continuamos no instrumental, o bolero fica para o fim de semana, ok?
Taí, um disco para os apreciadores da música instrumental, “Poema da gota serena”. Primeiro álbum solo do baterista Zé Eduardo Nazario. Para os que não conhecem a fera eu vou dar a ficha, resumida, só para vocês sentirem o toque.
Zé Eduardo começou cedo. Aos 12 anos ganhou do pai uma bateria. Aos 13 formou seu primeiro grupo, o “Xangô 3” ao lado de mais dois adolescentes. Embora com pouca idade, o trio fez muito sucesso em São Paulo nos anos 60. Eles faziam bailes e também eram atração em todos os programas de tv’s paulistas. Se apresentavam regularmente em progamas como o Bossaudade de Elizeth Cardoso, Corte Rayol Show de Agnaldo Rayol, Hebe, Moacyr Franco Show e muito mais. Nos anos 70 formou o Grupo Experimental de Percussão, depois o Mandala, cujo o disco é raríssimo (qualquer hora dessas eu posto ele aqui). Nos anos 70 ele ainda tocou com Hermeto Pascoal, participou de outros grupos e de discos de figuras não menos importantes como Marlui Miranda e Egberto Gismonti. Formou juntamente com o irmão, Lelo Nazario e outros feras o Grupo Um, gravando uns cinco discos. A partir dos anos 80 ele começa a desenvolver seus trabalhos solo, gravando o “Poema da gota serena” em paralelo com o Grupo Um. Formou com o irmão o Duo Nazario, integrou o grupo Pau Brasil, Percussônica e nos últimos anos tem tocado com o guitarrista americano John Stein. Mora em Pouso Alegre, Minas Gerais e tem tocado com as formações Zé Eduardo Nazario Trio, Quarteto, Quinteto e Sexteto.
Bom, depois desta, falar do álbum postado é ‘chover no molhado’. Melhor ouví-lo e comprar o original na mão do Zé. Toquei?
The Modern Jazz Quartet – Artista Convidado Laurindo Almeida (1964)
Baden Powell – Ao Vivo No Teatro Santa Rosa (1966)
Como eu havia dito, aqui vai mais um do Baden o qual eu gosto muito, gravado pela Elenco.
Este disco, como está estampado na capa, foi gravado ao vivo no Teatro Santa Rosa, no Rio em 1966. O espetáculo foi um tremendo sucesso de público e chegou a ficar mais de 5 meses em cartaz. O lp é hoje uma raridade e muito procurado por colecionadores. Não sei se chegou a ser relançado em cd, mas com eu havia dito antes, já está em diversos blogs nacionais e estrangeiros. Segue aqui a minha versão com a qualidade que o artista merece (e vocês também).
Baden Powell – Solitude On Guitar (1973)
Celso Machado – Brasil, Violão (1977)
Celso Machado – Violão (1980)
Garoto – MIS (1979)
De corda em corda, desta vez chegamos à Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto. Exímio instrumentista, dominava com muita técnica não apenas o violão, mas praticamente quase todos os instrumentos de corda. Me parece que até piano o cara tocava. O apelido de Garoto está relacionado ao fato dele ter se iniciado na música muito cedo. Com apenas 11 anos já fazia parte do Regional Irmãos Armani e era chamado de Moleque do Banjo. De Moleque virou Garoto. Ele é considerado por muitos como um dos precursores da Bossa Nova. Morreu com apenas 40 anos, mas nos deixou um grande legado.
Estou postando este disco, lançado pelo MIS – Museu da Imagem e do Som, porque sei que o mesmo não se encontra mais à venda (o que é uma pena). Aliás ele nem aparece na listagem de produtos oferecidos por essa entidade. No lp estão reunidas gravações raras em acetato, algumas em bases de alumínio, outras em vidro, realizadas ao vivo durante os programas da Rádio Nacional. Essas gravações não foram produzidas com fins comerciais, eram apenas registros dos programas. Assim, temos Garoto em vários momentos, tocando violão e cavaquinho, em solo ou como acompanhamento. Confiram esse toque.
Josmar Assis – Sonhos D’Alma (1974)
Renato Andrade – A Fantástica Viola De Renato Andrade (1977)
prelúdio de inhuma
viola e suas variações
folia de reis
literatura de cordel
o jeca na estrada
viola de cego
moto perpétuo caipira
ballet na roça
luar do sertão
tritezas do jeca
viola de queluz
reizados e congadas
ponteado caipira
meu abraço a portugal
viola de beira fogo
sertões
sarapalha
baile catrumano
sinhá e o diabo
relógio da fazenda
multirão
casamento na roça
amor caipiracorpo fechado
Renato Andrade – Viola De Queluz Vol.2 (1979)
Hoje teremos uma viola e o violeiro é Renato Andrade. Um dos mais importantes violeiros do Brasil, que tardiamente gravou seu primeiro lp em 1977, “A fantástica viola”. Sua técnica apurada, domina diferentes afinações da viola caipira. Dos violeiros que eu conheço, Renato é um dos poucos que tirou a viola da roça e a levou para uma sala de concertos. Seu virtuosismo e seu campo de atuação musical vai da mais simples moda de viola aos clássicos e eruditos brasileiros. Se não bastasse o cabra era bom de papo, um grande contador de estórias.
“Viola de Queluz” foi seu segundo disco e nele temos dez faixas autorais em solo e duas, “Tristezas do Jeca” e “Luar do sertão” com acompanhamento.
Dependendo da receptividade e boa vontade de um amigo (se é que ele não esqueceu), ainda hoje teremos “A fantástica viola de Renato Andrade”. Vamos aguardar…
Dilermando Reis & Radamés Gnatalli – Concerto N.1 Para Violão E Orquestra (1976)
Sebastião Tapajós – Painel (1986)
Bom, indo direto ao assunto, inauguro a ‘semana das cordas’ com um dos maiores violonistas do mundo, o genial Sebastião Tapajós. Aqui temos um disco gravado em 1986. “Painel” é um álbum essencialmente feito para o mercado estrangeiro, principalmente o alemão e japonês. Mas também sae (por insistência e limitado) para o público brasileiro. Temos doze composições próprias, algumas parcerias com Hamilton Costa, Amilton Godoy e Maurício Einhorn. Perfeito!
blandice
Luiz Claudio – Entre Nós (1968)
Para que o presente de nosso amigo Refer não fique limitado à somente aqueles que viram o link no quadrinho de bate-papo, achei por bem postá-lo aqui. Assim que eu tiver um tempo, vou incluir a contra-capa e selo, como de costume. Eu ainda não havia postado este lp, porque achava que o mesmo já tivesse sido postado em outros blogs. Diante a procura, vamos liberar…
Clodô Climério E Clésio – Chapada Do Corisco (1979)
Exportação Baiana (1972)
A casa é minha, sem dúvida, mas desde o dia em que resolvi manter as portas e janelas abertas, o mundo entrou. Com ele quero compartilhar o que tenho. Mas juro, viver apenas rodeado por fantasmas, chega a ser desanimador.
Um amigo já dizia, “quer fazer um blog de música de sucesso? põe o texto todo em inglês, limite-se ao assunto e se puder faça um dinheirinho.” Acontece que comigo a coisa não funciona assim e eu não quero assim.
Eu não quero, por exemplo, lembrar exclusivamente à gringos que em 1972 saiu pelo selo Som este maravilhoso e obscuro disco “Exportação Baiana”. Que se trata de uma coletânea onde foram reunidos alguns dos mais expressivos (embora pouco conhecidos) artistas baianos daquela época. Que neste álbum há também curiosidades como a famosa canção “Agora eu sei” , que todo mundo pensa que é do Roberto Carlos (inclusive ele), aqui interpretada pela dupla Tony e Zuca. Também não me interessa dizer que essa música é de autoria de Edson Ribeiro e Helena dos Santos.Não vou também me limitar ao assunto, quero fazer parte dele. O blog é público, mas é autoral. Quanto ao dinheiro, nem pensar… Eu só quero chocolate 😉
nega legal – nilton brandão