Villa Lobos Às Crianças (1987)

Olá amiguinhos cultos e ocultos. Hoje é dia de Nossa Senhora da Aparecida, padroeira do Brasil. Salve ela e salve o Brasil! Mas é também o Dia das Crianças, salve, salve… Na minha infância não tinha isso de ‘dia das crianças’. Aliás, eu só vim a saber que existia o tal dia depois que eu virei adulto. Sacanagem… Passei pelo menos uns dez anos ignorando meus direitos. Acho que vou processar todas as Associações do Comércio por terem negligenciado a propaganda de incentivo a compra de brinquedos nesse dia. Poxa, meus pais não foram avisados, fiquei chupando dedo. Quero de volta todos os meus Dia das Crianças! E com presente!
Eu, durante o tempo de existência do blog, não me lembro de ter dedicado uma postagem à esse dia. Acho que poucas vezes postei material infantil por aqui. Embora eu tenha acesso a milhares de discos infantis, prefiro deixar isso para o Cantos & Encantos, que é o blog especializado no assunto. Porém, contudo e todavia, vou deixando aqui um toquezinho interessante.
“Villa Lobos às crianças” é um trabalho criado pelo violinista polonês, naturalizado brasileiro, Jerzy Milewski. Jerzy é conhecido por suas interpretações instrumentais de artistas como Milton Nascimento, Djavan, Paulinho da Viola, entre outros… Neste disco ele foi o responsável pela criação e direção, em um trabalho voltado para o público infantil. Trata-se de uma adaptação da obra de Maria Clara Machado, “Clarinha na ilha”, cuja a trilha é pautada em Villa Lobos. A adaptação é de Hélio Bloch e a narração dos atores Lucinha Lins e Claudio Cavalcanti.
Agora, senta que lá vai a história…

Festival De Mùsica Popular Seleções Reader’s Digest – Nº 10 MPB (196?)

Olá amigos cultos e ocultos! Quantos de vocês ainda se lembrarão desta coleção, “Festival de Música Popular”, lançada pela Seleções do Reader’s Digest, no início dos anos 60 (creio eu)? Pois eu me lembro da caixa (ou caixas?), recheadas com diversos discos em diferentes estilos. Era o que podíamos chamar de ‘a discoteca básica da família moderna’, daquela época. Me lembro que na casa de uma tia haviam vários desses discos, todos com esta mesma capa, um envelope azul, sem maiores informações. Essas caixas eram vendidas à domicílio, juntamente com a revista Seleções. Acredito que o selo Paladium e toda a sua logística, se inspirou nas coleções da Seleções. Nos anos 60 essa era uma estratégia de vendas muito boa e além do mais, as pessoas ouviam discos 🙂 As caixas álbum desta coleção, embora buscasse um leque bem variado de estilos e gêneros, era baseado num formato orquestral, o que, de uma certa maneira, soava sempre igual. Isso se deve também ao fato de que quem fornecia o ‘sumo’, os fonogramas, era a RCA Victor. Ou seja, era sempre a mesma orquestra e possivelmente os mesmos arranjadores.
Me parece (não posso confirmar) que a RCA Victor manteve uma produção exclusiva para essa parceria com a Reader’s Digest. Não se trata de uma série reunindo coletâneas de coisas da gravadora. Ao que tudo indica, músicos e produção foram acionados para o grande trabalho. Não tenho em mão nenhum outro disco da coleção para comparar, mas deduzo que tudo tenha ficado à cargo dos anônimos artistas que compunham o coral e orquestra da gravadora. Outro fato interessante a ser ressaltado é que esses discos foram gravados num sistema estereofônico chamado “Cyclophonic”, que contrastava ainda mais os graves e agudos, salientando nuances e valorizando o instrumental.
O volume que eu tenho aqui é todo dedicado à música popular brasileira. Temos o Côro e Orquestra da RCA Victor Brasileria interpretando doze músicas tradicionais do cancioneiro popular e regional. O disco é sem dúvida muito gostoso de ouvir, porém merece uma crítica quanto aos arranjos. Embora tenham sido muito bem feitos, sofrem a influência do momento, onde quase tudo se transforma num forró orquestrado.
Taí uma coisa interessante de observar nesta coleção: quando um disco como este teria tido a chance de ser novamente editado? E eu pergunto mais: quando alguém pensaria em ver ou ouvir novamente esses discos? Só mesmo quem ainda os tem guardados ou quem visita regularmente os blogs, como o Toque Musical. Se todos os ‘piratas’ fosse nessa linha, os baús de tesouros não estariam perdidos no fundo do mar, soterrados em alguma ilha distante ou guardados em cofres fortes, onde nem mesmo quem os guarda tem acesso.

peguei um ita no norte
mulher rendeira
cai, cai…
meu limão, meu limoeiro
tristezas do jeca
paraiba
de papo pro á
peixe vivo
felicidade
saudades de matão
fiz a cama na varanda
cidade maravilhosa

Carlos Poyares – Som De Prata Em Flauta De Lata (1965)

Olás! Em 1965, a Philips, através de seu selo Fantasia, lançava “Som de prata em flauta de lata”, primeiro disco solo oficial do flautista Carlos Poyares. Antes desse, ele já havia gravado dezenas de outros discos, mas apenas como solista no Regional de Canhoto. Ele entrou para o grupo no lugar de Altamiro Carrilho. Coincidentemente ou não, neste lp de estréia, quem o acompanha é também o mesmo Regional de Canhoto. Muita gente faz confusão, achando que este álbum é o mesmo lançado dez anos depois, pelo selo Marcus Pereira. Este se chama “Som de prata em flauta de lata”, o do Marcus Pereira é “Som de prata, flauta de lata“. Todos os dois álbuns foram discos premiados. Carlos Poyares, com sua flautinha de folha de flandres, extrapola os limites do imaginável do que é possível tirar do brinquedo. Com sua flautinha ele dá um ‘show’, acompanhado do Regional de Canhoto. Disco bacana, não deixem de conferir 😉

rato, rato, rato…
apanhei-te cavaquinho
canarinho teimoso
pinguinho de gente
travessura capixaba
flautinha atrevida
língua de preto
um a zero
camundongo
subindo ao céu
urubu rei
vale tudo

As Revelações Da Grande Chance 1 e 2 (1967 e 68)

Olá amigos cultos e ocultos! Aqui vou eu nessa peleja diária, soltando os discos e os bichos (quando necessário). Estou trazendo para animar o sábado uma dose dupla em lp. Vamos relembrar alguns momentos pitorescos dos antigos programas de calouros e artistas iniciantes, apresentados no programa de auditório do ‘figuraça’ Flávio Cavalcanti. Quem, por volta dos 40 anos de idade (ou mais) não se lembra deste apresentador e seus programas? Flávio foi uma figura polêmica na televisão brasileira. Fazia (e era) um tipo conservador, daqueles que sempre se acham os donos da verdade. Tinha uma opinião própria a respeito de tudo e não poupava palavras para defender ou detonar. Era retrogrado, careta e as vezes até chato, mas tinha lá as suas convicções. Se eram certas ou erradas, não quero entrar no mérito. Dizem também que Flávio Cavalcanti era simpatizante do Regime Militar e uma ferramenta importante na difusão desses ideais. Se bem que as suas histórias são controversas. Da mesma forma que homenageava em seu programa, ao vivo, um general golpista, por outro lado, escondia artistas da perseguição militar, em sua casa, como foi o caso da Leila Diniz. Flávio acabou se desencantando com as mudanças políticas promovidas pelos militares. Acho que ele percebeu que estava sendo manipulado. Por outro lado, a partir dos anos 70, sua fama e seu ‘carisma’ começaram progressivamente a entrar em declínio. A televisão estava se modernizando, outros programas, artistas e apresentadores começavam a surgir. O formato de seu programa e toda a psicologia aplicada nele para envolver o público, serviu e ainda serve de modelo para os Silvios, Fautões e Ratinhos da vida. “A Grande Chance” era uma espécie de concurso para calouros e artistas iniciantes. Os doze finalistas ganhavam o direito de participarem do disco e as vezes até conseguiam um bom contrato com alguma outra gravadora. Muitos artistas hoje famosos, passaram inicialmente pelo crivo de jurados comandados por Flávio Cavalcanti.

Como eu disse anteriormente, tenho uma dose dupla, ou seja, os dois discos da “Grande Chance” lançados pela Codil. Eu inicialmente iria postar apenas o primeiro volume, mas aí me lembrei que tinha o arquivo do segundo (possivelmente baixado do Loronix). Para não ficarmos em meia boca, decidi incluí-lo. Assim, temos o primeiro disco, lançado em 1967. Nele encontramos doze cantores (ilustres desconhecidos até então) interpretando músicas de Francis Hime, Tom Jobim, Marcos Valle e outros. Cabe inclusive temas internacionais. No segundo disco, lançado em 68, a coisa muda um pouco. Já neste álbum a gravação é ao vivo, no Teatro Carlos Gomes. Trata-se da finalíssima da segunda série do programa. O clima é igual ao dos festivais. “A Grande Chance”, se não me falha a memória, foi levada inclusive à Portugal! Ora pois…
Nossos comerciais, por favor…

A Grande Chance 1
libera – marisa rossi
o amor é chama – maurício mesquita
molambo – salvador martins
dá-me – dália
canto triste – olavo sargentelli
mar de ódio – elson cruz
maria de mim – antonio joão
por um amor maior – rose valentin
per una donna – fernando lucas
se todos fossem iguais a você – ana luzia
meu tempo é nunca mais – os marruazes
caburé – celso martins
a menina que eu amei – glória bernadete

A Grande Chance 2
onde está você – marília barbosa
deixa – paulo roberto
serenata em teleco teco – arlete maria
manhã de carnaval – luiz carlos
peter gunn – os solfas
deus com a família – dulce cardoso
sem compromisso – cesar costa filho e ronaldo monteiro
januária – fabíola
upa neguinho – inema trio
gira mundo jaime da conceição
riqueza e pobreza – leci brandão
tempo feliz – gessy willians

Quadro Negro – Signo Do Sol (1985)

Para completar o dia do independente, aqui vai um compacto, também independente, de boa noite. Na década de oitenta eu morei numa espécie de república estudantil. Êta fase doida aquela! No auge da loucura e perdição, vivi momentos inesquecíveis. Foi por lá que eu tive contato com um grupo de rapazes que tocavam à noite. O irmão de um deles nos levava às apresentações e ensaios do grupo. Esses encontros eram ótimos, melhores ainda que os shows em churrascarias e restaurantes com público mal educado. O grupo se chamava Quadro Negro, um nome bem sugestivo para aqueles musicais anos 80. Se não me falha muito a memória eles faziam ‘covers’ de tudo o que rolava de sucesso naquela época. Ainda era um tempo onde gravar um disco se fazia um sonho para qualquer artista e também uma grande dificuldade. Me lembro quando o pessoal do Quadro Negro gravou este compacto. Aquilo foi para eles uma glória, uma vitória de verdade. Apenas duas músicas, mas que deram muito trabalho e foi motivo de muito orgulho para o grupo. Naquela época eu estava com a minha cabeça em outros ‘blues’. Aquela música tinha um certo ranço de Clube da Esquina. Digo ranço, porque naqueles dias, tudo que a gente queria ouvir era algo diferente daquilo que havia virado uma chatice. Os anos oitenta prometiam muitas novidades e a nossa macaquice foi até bem criativa. Mas naqueles dias eu achava o compacto meio sonso, não via muita graça nas duas músicas. Foi preciso mais de vinte anos para que, como um vinho, seu sabor se modificasse. Hoje posso dizer que ele tem um certo ‘buquê’.

signo do sol
rabo de foguete

Brasil Instrumental (1985)

Olás! Ontem eu cheguei em casa tão cansado que acabei não deixando um compacto de fim de noite para vocês. Contrariando as expectativas, achei de postar um texto do Luis Fernando Veríssimo sobre o disco de vinil e seus adoradores. E pensar que nenhum outro suporte para a música foi tão durável e charmoso quanto o disco de vinil. Realmente é uma experiência deliciosa manusear, colecionar, tocar e ouvir uma bolacha, seja ela 78, 45, 33 ou 16 rpm. Isso, para não falarmos das capas… só mesmo quem viveu os tempo áureos dos discos de vinil saberá entender essa emoção. Talvez seja por isso mesmo que ele ainda hoje continua dando sinais de vida.
Hoje para a nossa sexta independente eu estou trazendo um álbum duplo promocional. Temos aqui, como bem se pode ver pela capa, um álbum instrumental com um time da pesada, produzido pela extinta Karup para a CAEMI (Companhia Auxiliar de Empresas de Mineração), como brinde aos seus clientes e associados. Trata-se, obviamente, de um disco não comercial, de tiragem limitada. O álbum duplo se divide em dois momentos. O primeiro à cargo de Paulo Moura que reúne saxofone, violão, violoncelo e trombone numa aparente insólita mistura instrumental, ao lado de Jaques Morelembaum, Rafael Rabello e Zé da Velha. Eles tocam um repertório variado e essencialmente instrumental, música para músicos. Tem aqui Severino Araújo, Alcyr Pires Vermelho, Toninho Horta, Tom Jobim e outros… Já o segundo disco é dedicado ao trabalho instrumental de Paulinho da Viola, tendo a frente o violonista João Pedro Borges, acompanhado pelo próprio Paulinho e seu pai, Cesar Faria. Neste segundo volume, ao contrário do que se possa imaginar, não é um disco de samba instrumental. Aqui é mostrado a faceta, principalmente, de chorão de Paulinho da Viola. Talvez, pela fama de compositor de samba, muitos desconhecem a riqueza criativa musical desse artista, que também sempre se dedicou ao chorinho, tendo belíssimas peças no gênero. Não é por acaso ou qualquer semelhança que Paulinho da Viola também faz choro. Seu pai, Cesar Faria, foi um entusiasta do samba e choro. Paulinho cresceu em meio às rodas de choro promovidas pelo pai. No disco temos como intérpretes os três: João Pedro Borges, Paulinho e Cesar Faria. Taí um álbum que merece o nosso toque musical 😉

sandoval em bonsucesso
isso é brasil
corata jaca
modinha
bons amigos
saxofone porque choras?
lamento
urubu malandro
tarde de chuva
bronses e cristais
espinha de bacalhau
valsachorando
relembrando pernambuco
tango triste
romanceando
itanhangá
salvador
abraçando chico soares
valsa da vida
evocativo
lila

Nós, obsoletos…

Nenhuma notícia me animou tanto, nos últimos tempos, quanto a da volta do disco de vinil.
O vinil tinha sido declarado morto, definitivamente acabado, com a chegada do CD. Continuava à venda em nichos obscuros das lojas de disco, apenas para colecionadores de antiguidades e outros tipos esquisitos.
Mas aconteceu o seguinte: descobriram que as gravações em vinil eram superiores, em matéria de fidelidade sonora, às gravações digitais. Algo a ver com a reprodução dos harmônicos, não me peça detalhes.
E mais: concluíram que a desvantagem mais evidente do vinil em comparação com o CD, o ruído de superfície, o chiado da agulha no sulco, na verdade é uma vantagem, faz parte do seu charme.
As pessoas não sabiam bem o que estava faltando no CD e de repente se deram conta: faltava o chiado. Faltavam o poc da sujeira no disco e o crec-crec do arranhão.
Dizem que já se chegou ao cúmulo de acrescentar um chiado em gravações em CD, para simular o ruído de uma agulha lavrando um sulco inexistente. Não sei.
O que interessa a nós, obsoletos, no resgate do vinil é a perspectiva que ele nos traz do desagravo. Eu já tinha me resignado à obsolescência.
Como o disco de vinil, existia apenas como objeto de curiosidade e comiseração: sem telefone celular, sem nada nos bolsos que me informe instantaneamente as cotações na bolsa de Tóquio, a temperatura em Moscou e a raiz quadrada de 117 enquanto toca uma música e me faz uma massagem, sem nenhum outro uso para meu laptop além de escrever estes textos, mandar e receber e-mails e, vá lá, colar do Google, um homem, enfim, com saudade das pequenas cerimônias humanas do passado, como a de levar um rolinho de filme para ser revelado na loja.
E agora surge esse exemplo de regeneração para a nossa espécie, a dos relegados pela técnica. Ainda voltaremos ao convívio dos nossos contemporâneos sem precisar esconder que não temos tuiter.
Os discos de vinil saíram do seu nicho e hoje ocupam espaços respeitáveis, em contraste com os CDs, que perdem espaço.
Também podemos sair do pequeno espaço da nossa resistência e proclamar que os anúncios do nosso fim foram prematuros e ainda temos alguma utilidade.
É só nos explicarem algumas coisas. O que quer dizer a tecla “Num Lock” no computador, por exemplo?”

(Luís Fernando Veríssimo)

Yana Purim – Bird of Brazil (1990)

Diazinho cheio este meu… Só agora consegui sentar diante ao computador para nossa postagem. E tem que ser rápido, pois a labuta continua.
Tenho aqui “Bird Of Brazil”, um álbum dos mais interessantes da cantora e compositora Yana Purim, irmã de Flora Purim. Yana é uma artista tão respeitada lá fora quanto sua irmã, circula pelos mesmos ambientes do jazz e fusion. Este disco já havia sido lançado originalmente em 1989 com o nome de “For A Distant Love”, lá fora. Depois saiu também pelo selo Eldorado e teve uma segunda edição pela RGE/Young com um novo nome (Bird of Brazil), uma nova capa e o som remasterizado. O álbum foi produzido Yana e Arnaldo Souteiro, que também contribui na percussão. “Bird of Brazil” vem recheado de grandes nomes, nacionais e internacionais. Só para se ter uma ideia, temos Luiz Bonfá(!), Airto Moreira, Hugo Fattoruso, Artur Maia, Pascoal Meirelles, Toninho Horta e outras feras mais… O repertório é curto, com apenas nove faixas, mas é ótimo. Cheio de grandes músicas e grandes parcerias. É ouvir e gostar… 😉

choro das águas
bebê
for a distant love
all mine
diana
manhã de carnaval
spain
bird of brazil
serenade

Os Iguais – Compacto (1967)

Boa noite! Apesar do calor e do tempo curto, eu estou curtindo esse fim de noite com um compacto. Não sei até onde eu irei com isso, mas enquanto houver animação, lá vou eu… sem compromisso 😉
Segue aqui um compacto gostosinho de ouvir. Vocês se lembram do quarteto vocal “Os Iguais?” Este foi mais um daqueles interessantes grupos da época da Jovem Guarda. No compacto, gravado em 1967 pela RCA, eles cantam a divertida “Romance de uma caveira”, criada e eternizada por Alvarenga e Ranchinho. A outra música, “Volte”, é uma composição do grupo, com todos os elementos que fizeram a chamada onda da jovem dos anos 60.

romance de uma caveira
volte

Orquestra Violinos De Ouro – Boleros (1963)

Bom dia! Rapidinho, aqui vai a nossa postagem do dia. Estou trazendo este álbum orquestral, lançado no início da década de 60, um dos primeiros discos estereofônicos da Odeon. Para quem estava acostumado a ouvir discos monos e em vitrolinhas, ao ouvir este lp deve ter achado uma glória. E é interessante observar como a qualidade dos primeiros discos ‘stéreos’ eram bem mais caprichadas. Parece que os caras faziam os discos com mais carinho e preocupação. Esta gravação da ‘Orquestra Violinos de Ouro’ é fenomenal, mesmo vindo de um disco com quase 50 anos e já bem surrado. A gente consegue perceber com clareza toda a riqueza instrumental.
A ‘Orquestra Violinos de Ouro’ é o nome dado para este disco à orquestra de estúdio da Odeon sob a batuta do Maestro Lyrio Panicalli e com direção musical de José Ribamar. No disco encontraremos um repertório de sucessos internacionais ao ritmo orquestral de boleros. Uma pegada latina para temas do momento. Confiram…

quando – parlami d’amore mariu – legata a un – granello di sabbia
stormy weather – ruby
concerto nº2 para piano, em dó menor
my love for you
i can’t stop loving you
come sinfonia
be my love – in the still of the night
o pescador de pérolas
ti guardero nel cuore
allthe thing you are
days of wine and roses
begin the beguine

Irmãs Castro – Compacto (1976)

Para acabar de fechar, principalmente os meus olhos que eu já não estou conseguindo mantê-los abertos, aqui vai um compacto duplo muito interessante. Trata-se dupla sertaneja, formada pelas irmãs Maria de Jesus e Lourdes Amaral Castro. Iniciaram a carreira no final dos anos 30. Foi a primeira dupla feminina a gravar música sertaneja. Aqui temos quatro de seus maiores sucessos. Me parece que são regravações feitas na década de 70. Músicas que vieram a ser também sucesso nas vozes de outros artistas. Confiram aí, porque eu já vou dormir…

Laila Curi – Laila, A Noite E A Música (1958)

Bom dia, amigos cultos e ocultos. Hoje eu estou trazendo uma cantora que talvez, poucos irão se lembrar, Laila Curi. Esta cantora de origem libanesa, surgiu em São Paulo nos anos 50, fez parte do ‘cast’ da RGE em sua fase de ouro. Gravou inicialmente dois discos de 78 rpm com temas folclóricos nacionais e também árabes. A singularidade ao cantar músicas libanesas e também em inglês, lhe garantiram um relativo sucesso e atenção por parte dos meios de comunicação da época. Laila foi vista e ouvida também no rádio e televisão, principalmente na capital paulista. Sei que ela gravou outros discos, compactos e lps.
Neste lp, que foi o primeiro, temos um repertório curioso, mesclando toadas, beguine, samba canção, música árabe e até uma espécie de rock libanês. Como destaque temos a música “Minha Véia” tema popular recolhido pela cantora e “Passado, Presente e Futuro”, samba canção de Billy Blanco. As orquestrações e arranjos são dos Maestros Simonetti e Rubens Perez “Pocho”.
Infelizmente eu estou meio sem tempo. Daí não tive como pesquisar sobre a sua discografia e trajetória artística. Mas sei que não é difícil obter informações. Deixo a postagem em aberto para para os fãs, amigos e parentes. Quem quiser complementar a postagem, fique a vontade. A seção de comentários foi feita também para isso 😉

ondas do mar
minha véia
ya habibe
além
se ele vier
mamim
era bom
daddy lolo
souvenir
sodade véia
quando a saudade vem chegando
passado presente e futuro

Dom Salvador – Compacto (1970)

Aqui vai o meu boa noite… um compactozinho da hora, raridade total. Temos aqui Dom Salvador e sua turma neste compacto lançado pela CBS, após eles se classificarem no V Festival Internacional da Canção Popular”, em 1970. No ano seguinte Dom Salvador lançaria o álbum “Som, Sangue e Raça”, mas as duas músicas desse compacto não foram incluídas no lp. Em outras palavras, as músicas “Juazeiro”, de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga e “Abolição 1860-1980”, de Salvador e Arnoldo Medeiros só saíram neste compacto.
*No dia 15 de outubro, a primeira eliminatória do V FIC teve início, sendo transmitida em cores para Estados Unidos e Europa. Além do júri oficial, presidido por Paulinho da Viola, foi criado um júri popular, com votação independente, sob o comando de Chacrinha. Os dois primeiros a apresentar foram Maria e Luís Antônio, à frente de um grupo com seis músicos negros, todos vestidos com batas africanas coloridas, para interpretar “Abolição 1860-1980” (Dom Salvador e Arnoldo Medeiros). Muito aplaudida, a apresentação deu a pista do que seria a tônica do festival em 1970: a soul music. (leia mais)

abolição 1860-1980
juazeiro

Ely Camargo – Cantigas Do Povo – Água Da Fonte (1983)

Bom dia para todos! Há pouco tempo atrás um de nossos visitantes estava à procura da discografia da Ely Camargo. Eu acredito que tenho disponível quase todos os seus discos. Mas mesmo no caso desta grande artista (que eu adoro), prefiro não postar tudo de uma só vez. Vou aos poucos, em dosagem homeopáticas. Um disco aqui, outro ali, assim vai… Não quero que por aqui ela caia logo no esquecimento. Vez por outra vamos ter sempre aqui a Ely Camargo.
“Cantigas do povo” foi um álbum lançado por ela no início dos anos 80, numa produção para a Edições Paulinas Discos. No lp vamos encontrar diversos cânticos populares ligados às danças e aos autos de natureza religiosa, como os hinos e benditos de procissão, além das canções de embalar, os pregões, cânticos de velórios e de pedir esmolas. São temas recolhidos, adaptados por Ely e o Frei Francisco Van Der Poel. Participam também do disco a Banda de Pífanos de Caruarú. Os arranjos e regência são do Maestro Jorge Kaszás. Um belo disco, podem conferir…

reisado de alagoas (quatro temas, maceió 1973)
que noite tão bonita (folia de reis, nova resende-mg 1979
pastorinhas (seis temas, pirenópolis-go 1973)
bendito são josé (virgem da lapa – tumtm-mg 1974)
cantiga de mendiga (palmeira dos índios-al 1973)
deus te salve a casa santa (congos, quatro temas – go 1973)
puxada do mastro de são sebastião (ilhéus-ba 1981)
cantos para pedir chuva (dois temas – araçuaí-mg 1980)
25 de dezembro (folia de reis – goiás 1973)
bendito de santa luzia (juazeiro do norte-ce 1980)
incelências (cantigas de velório, virgem da lapa-mg 1974)
adeus minha lapinha (canto de beijar, araçuaí-mg 1980)

Jingles Políticos

Olá amigos cultos e ocultos, eleitores do meu Brasil! Vamos votar direito nesta eleição para depois não ficarmos ai tiririca da vida. Escolham bem o candidato que irá representar você e os seus interesses. Mas antes de chegar a alguma conclusão, priorize o interesse coletivo. Pense no bem estar de todos. Nosso país só vai ser mesmo grande no dia em que deixarmos de pensar apenas no nosso umbigo e aquilo que está em volta dele. Temos que pensar de forma coletiva. A base é essa. Chega de políticos profissionais, de popularescos, de celebridades e corruptos! Precisamos de gente honesta dutante todo o mandato. O difícil é isso acontecer, pois para se chegar a essa posição o camarada tem que passar pelo ‘crivo’ da ideologia ou da política maquiavélica de cada partido. Em outras palavras, querendo ou não ele vai se sujar, não tem jeito. Fazer política é como trocar o pneu de um carro, querendo ou não a gente sempre suja as mãos. Por isso é que alguns políticos preferem pagar pelo serviço completo do borracheiro.
Olha, sinceramente, eu acho um saco esse papo de política. De qualquer maneira, para marcarmos bem essa data, estou trazendo aqui uma série de jingles políticos da últimas eleições. Sinceramente eu não sei se alguém vai ter interesse em ouvir esses hinos à demagogia. De qualquer forma devem servir, nem que seja para torrar a paciência dos vizinhos. Já que o dia é de tortura eleitoral, toma aqui a minha colaboração… (disso tudo, o que eu mais gostei foi de criar a ilustração, essa ideia foi mal explorada pelos meios de comunicação, vocês não acham?)

lula presidente 89
eymael presidente 89
fernando collor presidente 89
ulysses presidente 89
fernando henrique presidente 94
francisco rossi prefeito osasco 88
mário covas governador sp 94
angela amin prefeita florianopolis 96
luiz fernando mainard prefeito bajé 92
orestes quércia governador são paulo 98
lula presidente 94
fernando henrique cardoso presidente 98
eduardo suplicy senador são paulo 2000
marcelo alencar governador rio 94
pedro simon senador rio grande do sul 90
tarso genro prefeito porto alegre 92
antonio ermínio governador são paulo 85
paulo maluf governador são paulo 90
lídice da mata prefeita salvador 92
silvio santos presidente 89

The Fools – Embaladíssimo (1968)

Olás! Hoje eu estou com o dia tomado. Em pleno sábado, todo mundo se arrumando para a festa e eu agarrado no serviço. Estou dando uma pausa, apenas para fazer a nossa postagem. Sábado me faz lembrar as ‘horas dançantes” na casa da minha tia. Eu era menino e ficava lá vendo os meus primos mais velhos dançando ao som da Jovem Guarda. Todos os sábados tinham esses encontros, era ótimo!
Aqui temos um disco típico dos embalos de sábado a tarde. Um álbum, diga-se de passagem, muito bem conservado. Na estante do meu depósito ele ficou, por certo, uns 15 anos sem nunca ser tocado. É interessante pensar isso. Como as coisas ficam paradas no tempo e depois ressurgem num estalo. Temos aqui um obscuro grupo de ‘ei-ei-ei’ chamado ‘The Fools’. O estilo e repertório é idêntico ao The Pop’s. Eu até cheguei a pensar que fossem eles, afinal aquela turma estava por trás de tudo quanto é coisa ‘curiosa’ lançada por esses selos desconhecidos. Porém, o embaladíssimo The Fools aqui é formado por outros músicos. Consta até na contracapa o nome deles, mas em nada acrescenta essa informação. Melhor ficarmos apenas no “ei-ei-ei’.
Putz! Até esqueci que amanhã é dia de eleição.
FAÇA UM POLÍTICO TRABALHAR, NÃO VOTE NELE!

o recado
o touro solitário
winchester cathedral
love letters
vivo só
un homme et une femme
oh suzana
tequilla
pepinos
estrelita
noites de moscou
exodus
the sunny side of the steet
the shadow of your smile

Os Celestiais – No Copão (1971)

Para fecharmos a noite com o compacto, aqui vai um também independente. Alguém aí já ouviu falar nOs Celestiais? Eu não. Qualquer notícia será bem vinda… Tenho aqui um disquinho interessante, possivelmente gravado no início dos anos 70, ou antes. Não sei nada além do que temos na capa e selo. O que me atraiu neste compacto foi a capa e mais ainda uma versão de “Mustang cor de sangue”, de Marcos e Paulo Valle (instrumental). A propósito, o compacto é duplo, quer dizer, contem quatro faixas. São quatro músicas, sendo duas instrumentais e as outras duas tendo a frente o cantor “Miltão”. É interessante notar que o nome do “Miltão” Só aparece em destaque no selo. Na capa já haviam estrelas demais. Todos merecem brilhar, afinal o grupo é afiadinho, bem agradável de ouvir. Confiram aí…
(onde será o Copão?)
recordando odeon
desilusão
mustangue conr de sangue
tudo não passou de ilusão

Paulo Britto – Mapa Da Alegria (1999)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Chegamos a mais uma sexta feira (êta dia bão, sô!). Virando o lado do disco, aqui vai mais um independente, especialmente para o Toque Musical.
Há exatos dois anos atrás eu postei aqui um disco do cantor e compositor baiano Paulo Britto, o “Atenção”. Naquela época eu não tinha muita informação sobre ele, além do fato de saber que era um compositor baiano e de conhecer algumas de suas músicas. Foi depois daquela postagem que o artista entrou em contato comigo, agradecendo a postagem e me prometendo outros trabalhos para serem apresentados aqui no blog. Ficamos amigos e durante esse tempo temos trocando e-mails, e eu enchedo o saco do cara para me mandar mais coisas. Finalmente, depois de muita insistência da minha parte, ele acabou enviando um pacote com diversas coisas. Eu não teria insistido se não acreditasse de verdade no trabalho dele. Sua música é mesmo muito boa. Aliás, essa geração de artistas baianos até o início dos anos 80 é fabulosa (daí pra frente eu não conheço muito). Se vocês gostam de Tom & Dito, Antonio Carlos & Jocafi, certamente irão gostar do Paulo Britto. Sua música segue a mesma linha e não é por acaso ou somente por ser da Bahia. São semelhanças de estilo e também de geração. Paulo tem músicas e parcerias com Antonio Carlos e Jocafi, inclusive gravadas em discos da dupla. Tom da Bahia, Oneida e Xangai, também são outros artistas que já gravaram ou fizeram parcerias com o Paulo Britto. Uma prova de excelência e qualidade. O cara é realmente muito bom.
Neste álbum, “Mapa da alegria”, lançado de maneira independente em 1999, ele nos traz doze composições próprias, sendo apenas “Querubim” uma parceria com o Dito, da dupla Tom & Dito. Outro detalhe interessante que merece destaque é a participação especial das cantoras Lana Bittencourt e Maria Creuza. A música de Paulo Brito é gostosa de ouvir. Temos aqui samba, forró, frevo, valsa e canções. Como bom baiano, seguindo a ideia do Dorival Caymmi, tem até uma receita em forma de canção. Quem não gostar do disco, pelo menos vai saber preparar um delicioso caçonete 🙂

esforço
manifesto
bahia meu amor
trato
mapa da alegria
do in
vovô brasil
querubim
flagrante
receita de caçonete
vide bula
cio da praça

Edu Lobo – A Música De Edu Lobo Por Edu Lobo (1967)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Hoje nós vamos de Edu Lobo, acompanhado pelo Tamba Trio. Este álbum, por certo, não é novidade ou raridade que mereça mais explicações. Foi o primeiro lp do compositor que até então só havia gravado um compacto duplo pela Copacabana, 1963, como apoio do papai Fernando Lobo. Por volta de 65, impressionado com as qualidades do jovem Edu, Aloysio de Oliveira convidou-o a gravar seu primeiro disco para o então recente selo Elenco. Para não ficar no mesmo clima intimista do trabalho anterior e mesmo porque sua música tem essa tendência, Aloysio incluiu o Tamba Trio, que casou direitinho com as intenções musicais do jovem artista compositor. Se não me engano, este disco teve seu lançamento adiado por conta de uma das músicas que estava participando de festival. O álbum teve seu lançamento oficial marcado em 1967. Neste disco Edu interpreta ao lado de Luiz Eça, Rubens O’Hanna e Bebeto Castilho, suas composições e parcerias com Lula Freire, Ruy Guerra, Vianinha e Vinicius de Moraes. Sem dúvida, um trabalho antológico da maior importância, que mesmo sendo já bem ‘manjado’ através de outros blogs, não deixa de ter um encanto e ser, para mim, uma honra tê-lo listado no Toque Musical. Se você ainda não o viu e nem ouviu, taí uma boa hora! Este é básico!

borandá
resolução
as mesmas histórias
aleluia
canção da terra
zambi
reza
arrastão
réquim para um amor
chegança
canção do amanhecer
em tempo de adeus

Guarabyra (1973)

Depois daquele Sá, Rodrix e Guarabyra e da Coca com castanha de cajú, me lembrei deste compacto solo do Guarabyra, onde temos o famoso ‘jingle’ da Pepsi Cola e a primeira versão de “Pássaro”. Me lembrei agora também que já havia incluido este compacto como bonus na postagem do álbum do Guarabyra de 1969. Mas fica valendo para aqueles que não viram…

só tem amor quem tem amor pra dar
pássaro

The Jet Black’s – Twist (1962)

Olás! Hoje eu não estou passando muito bem. Tive um mal estar durante a noite e o dia foi por conta dos desdobramentos, sono e indisposição. Acho que foi aquela bendita Coca Cola com castanha de cajú. Não sei onde eu estava com a cabeça na hora que fiz essa mistureba. Eu as vezes me esqueço que o meu ponto fraco é o estômago. Passei a madrugada acordado e para me destrair, fui visitar alguns blogs, ler e-mails atrasados e por em dia algumas pendências. Acabei também indo parar no site da Jovem Guarda, mais especificamente na página dedicada ao The Jet Black’s. Lá eu li um nota de repúdio, escrito pelo filho do Jurandy, um dos integrantes e fundadores do grupo, que me chamou a atenção. No texto ele fala da cara de pau de um sujeito que se apropriou do nome da banda, aproveitando-se de um momento conturbado com a morte do pai, onde os remanescentes tentavam ainda manter acesa a história do grupo. Segundo ele, dois antigos integrantes do grupo “The Spark’s”, registraram novamente o nome, passando a usá-los como se eles tivessem sido do grupo original. Pelo que parece, a turma do “The Spark’s” (Delamonica e Emílio Russo) resolveram se tornar Jet Black’s. Seria uma atitude louvável se já não houvessem remanescentes do grupo e eles quizessem com isso, realmente, resgatar a memória de um dos maiores conjuntos de rock twist brasileiro. Mas pelo que tudo indica foi apenas oportunismo. Diante do fato, resolvi postar aqui mais um disco do original e reforçar a lembrança dos verdadeiros Jet Black’s. Infelizmente o texto do site da Jovem Guarda não apresenta datas, assim, eu não sei dizer se essa ‘estória’ ainda continua. Mesmo assim, deixo aqui o meu recado…
O álbum “Twist” foi um disco de estréia e de muito sucesso, lançado no início dos anos 60, abriu ainda mais as portas para o grupo instrumental paulista, que interpreta aqui alguns dos maiores sucessos (internacionais) do gênero na época. Confiram…

the jet
boudha
hava naguila
texas twist
twist in usa
wailin
stick shift
lest’s twist again
the twist
ginchy
king’s neptune’s guitar

Augusto Calheiros – Caboclo De Raça (1959)

Bom dia, amigos cultos e ocultos. Estou trazendo hoje mais um disco do meu xará, o Augusto Calheiros. Eis aí um artista dos quais eu muito aprecio. Gosto do seu estilo cabolclo, da sua música de raiz. E pelo que vemos em sua história musical, Augusto Calheiros quando veio do Recife como cantor no grupo de Luperce Miranda, Os Turunas da Mauricéa, conquistou logo o público se destacando ao ponto de seguir em carreira solo. Augusto tem um certo encantamento na voz, no jeito de cantar. Seu repertório é sempre rico de canções brasileiras autênticas, valsas, côcos, emboladas, serestas e canções populares. Tanto os dois lps anteriores, quanto este que estou trazendo agora, são álbuns póstumos. Augusto Calheiros não chegou a gravar para um ‘long play’. Como já havia dito também, sua obra foi toda resgatada, mas por quem e para onde, isso é que é difícil saber, não está tão acessível assim. Vocês, certamente não irão encontrar essas gravações rodando fácil por aí. Volto a repetir, se não fossem os blogs de música, coisas como esta estariam a cinco palmos de poeira, esquecidas em algum sítio arqueológico, de acesso restrito à pesquisadores.
“Caboclo de raça” foi lançado em 1959 pela Odeon, selo o qual Augusto Calheiros gravou a maioria de seus discos. Este álbum chegou a ser relançado em 1968 novamente pela Odeon, através de seu selo Imperial. Nele encontramos alguns de seus sucessos. Algumas músicas, inclusive, também se repetem, estão no lp “Patativa do Norte”. Confiram…

grande é o teu amor
como és linda sorrindo
quero te cada vez mais
olhos de helena
cantadô misterioso
seresta do norte
casa desmoronada
belezas do sertão
e me deixou saudade
caboclo de raça
falando ao teu retrato
trinta minutos

Walter Wanderley – WW Set: When It Was Done (1968)

Para começarmos bem a semana, aqui vai mais um disco bacana do Walter Wanderley, em sua fase internacional. Temos aqui “When It Was Done”, álbum lançado em 1968 pelo produtor Creed Taylor. Realmente um discaço onde WW conta com o apoio de uma turma de primeiríssima. Começando pelos vocais de Anamaria Valle, Milton Nascimento e as americanas Marilyn Jackson e Linda November. O grupo de músicos que acompanham o Walter é João Palma na bateria, José Marina no contrabaixo, Lulu Ferreira na percussão e o americano Marvin Stamm no ‘fluglhorn’. Contam que Marcos Valle também participou das gravações, mas no disco não consta os créditos. Os arranjos são de Eumir Deodato e Don Sebesky. O repertório é uma bem dosada mistura de música brasileira e americana, como vocês mesmos podem verificar na listagem a baixo. Taí um disco recomendadíssimo…

andança (open your arms)
surfboard
baião da garôa
reach out for me
olê olá
ponteio
when it was done
on my mind
just my love and i
capoeira
verdade em paz (truth in peace)

Jards Macalé – Disco Mix Promocional (1987)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! E depois do Melodia e do Sampaio, outro artista que cai bem no clima é o Jards Macalé. É ou não é? Segue aqui então este disco promocional, com duas faixas exclusivas, onde Macalé nos apresenta a sua divertida versão para “Blues Suede Shoes” de Carl Perkins (samba rock, unplugged!) e “Rio sem Tom”, um momento de desilusão com o Rio, um ‘fonocomentário maxixento brasileiro’ (segundo o próprio autor). Esse tal disco ‘Mix’ foi o substituto do compacto nos anos 80. Várias gravadoras chegaram a usar esse tipo de disco que antecedia ao lançamento do álbum oficial. No caso do Macalé eu não sei dizer…
Putz! Tá vindo muita chuva aí. Acho que vou parar por aqui. Pensei em postar hoje ainda uns compactos, mas acho que vou deixar isso para amanhã. Lá vem chuva…

blues suede shoes
rio sem tom

Sérgio Sampaio – Ao Vivo No Cabaré Mineiro (2010)

Olá amigos cultos e ocultos! Hoje é sexta feira, dia de independência musical. Antes porém, de falarmos sobre ‘o disco’ da postagem, eu gostaria de mandar um alô ao amigo Zeca Louro, que muito bem lembrado por um de nossos visitantes, está há um ano sem atividade em seu maravilhoso Loronix. Com certeza, ele tem deixado muitos de nós ansiosos pela sua volta. O mistério envolvendo o seu desaparecimento é que nos deixa mais agoniados. Seja lá onde ele estiver, desejo-lhe tudo de bom. Em sua homenagem eu dedico esta postagem. Sei que o Zeca era um fã incondicional do Sérgio Sampaio.

Há pouco mais de uma semana tive o prazer de receber, do amigo Trix, um registro digitalizado de partes de um show do poeta maldito Sérgio Sampaio, realizado em Belo Horizonte, em 1986, na extinta e saudosa casa de espetáculo, o Cabaré Mineiro. Me lembro de ter visto por lá shows maravilhosos, de artistas nacionais e internacionais. Taí uma das coisas boas dos anos 80, não posso negar. Este show aconteceu na noite do dia 21 de abril de 1986. Sérgio veio a Beagá acompanhado do violonista (hoje ainda mais destacado) Moacyr Luz. Para este registro, eu fiz questão de produzir a arte (completa) e ainda dei um trato no áudio e uma nova editada. Pelo que me informou o Trix, este registro ele conseguiu de um colecionador. A gravação foi feita em fita cassete, talvez extraída diretamente da mesa de som, quase não se escuta a platéia. As vezes, até se tem a impressão de que o local devia estar meio vazio, mas não estava não. Tenho um amigo que assistiu ao show, comentei com ele sobre esta gravação. Ele disse que a Casa estava sempre cheia, inclusive nesse dia do show do Sérgio. O grande barato da gravação é conter ali algumas músicas, até então, inéditas. Coisas que só viriam a aparecer no álbum póstumo, “Cruel”, produzido por Zeca Baleiro. Há também duas outras músicas ainda hoje inéditas, as quais não sabemos o nome. Eu tomei a liberdade de nomeá-las como “Eu não minto quanto faço” e “O que eu sinto agora”. São títulos que me pareceram mais adequados para essas canções, frases chaves contidas nas letras. Agradeço mais uma vez ao amigo Trix, que nos brindou com essa pedra bruta. Salve Sérgio Sampaio! Um artista prá lá de genial 🙂 Confiram… 😉

viajei de trem
pobre meu pai
cala a boca zebedeu
quatro paredes
eu quero é botar meu bloco na rua
que loucura
eu não minto quando faço
meu pobre blues
roda morta (reflexões de um executivo)
cabras pastando
ninguém vive por mim
o que eu sinto agora

Waldir Calmon – E O Espetáculo Continua… (1963)

E nessa de bater na mesma tecla, só de pirraça, eu vou insistir… Vou postando aqui mais um disco do Waldir Calmon. Depois que eu passei a conhecer melhor o trabalho deste artista tive naturalmente que rever os meus conceitos. Já falei isso outras vez e repito. O Waldir era mesmo ótimo, quanto mais eu escuto, mais eu aprecio.
Aqui temos um álbum gravado em 1963 e relançado em 1982. Um disco que celebra a era da música mecânica, ou seja, aquela que é tocada através de um ‘disc jockey”. No início dos anos 60 começaram a pipocar as casas noturnas, onde a música não era ao vivo. Os músicos foram substituídos pelas aparelhagens de som e uma pilha de discos, com um profissional exclusivo para atender aos pedidos musicais. Estávamos entrando numa nova fase dos discos de longa duração. Surgiam os primeiros equipamentos de alta fidelidade, alguns até estéro e com uma qualidade de som bem superior ao que existiam antes. Estávamos entrando na modernidade, procurando nos espelhar (caricaturalmente) no “american way”. Tivemos até as belas ‘jukebox”, onde a música e artista podiam ser escolhidos no cardápio da máquina, pessoalmente, bastava uma ficha. Para a casa noturna isso era ótimo, baixo custo, sem precisar pagar aos músicos. Ao contrário, tinham lucro vendendo as fichas. A situação começa a mudar quando entra em cena os orgãos normativos e fiscalizadores. Uma considerável porcentagem era reservada aos ‘ecads da vida’, que por sua vez distribuia o lucro entre seus associados. Eu sei de muito artista bom que nunca viu nem o cheiro desses rendimentos. Para muitos, o disco nunca foi uma fonte de renda, servia apenas para dar um certo destaque ou oficializar suas obras. Mas essa é uma outra história. Melhor mesmo é voltarmos ao som dançante do Waldir Calmon, afinal o espetáculo continua… Neste trabalho ele vem acompanhado de conjunto, orquestra, côro e os vocais de Yanes e Dina. Disco bacana, podem conferir 😉

é só querer
eu nasci no morro
bom pra mim
o trvador
samba em prelúdio
stella by starlight
saudade e melancolia
completamente a sós
babalú
eu voltei
amar e ciúme

Luiz Vieira (1974)

Olá amigos cultos e ocultos! Sempre batendo nas mesmas teclas, repetindo frases e situções, assim é o Augusto TM em seu blog. Amado por muitos, odiado por porcos, quer dizer…, por poucos, o Toque Musical continua em seu propósito, aprendendo com as boas críticas e se lixando para as titicas. Falem mal, mas falem sempre do Toque Musical 😉
Hoje eu tenho aqui um disco que gosto muito, Luiz Vieira, de 1974. Tive a felicidade de reencontrá-lo na última feira de discos em Belo Horizonte. Há tempos eu não ouvia o lp e por acaso, também nunca pensei em procurá-lo em outros blogs. Deve até ter…
Luiz Vieira, para os que não conhecem, é um poeta cantador, compositor de mão cheio e de alma nordestina. Ele iniciou sua carreira artística na década de 40, se apresentando em programas de calouros, boates e no rádio. Embora seja um ótimo cantor, nunca gostou do título, preferindo ser chamado de ‘cantador’. Luiz Vieira também atuava como radialista, sempre focando a música nordestina. Não foi atoa que ele recebeu o título de “O Príncipe do Baião”. Até pouco tempo atrás eu sei que ele apresentava um programa de muito sucesso na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, chamado “Minha terra, nossa gente”. Faz tanto tempo que eu não vou ao Rio que já nem sei se ainda existe. O Luiz Vieira também já deve estar lá por volta dos 80 anos. Não sei se ele ainda continua em atividade. O certo é que o cara é um artista dos melhores. Gravou poucos discos, mas compôs centenas de músicas, interpretadas pelos mais diversos cantores. Neste álbum de 1974, temos alguns de seus grandes sucessos como “Menino do Braçanã”, “Prelúdio para ninar gente grande” e “Prelúdio Nº2 (Paz do meu amor)”. Tem mais uma música dele que eu gosto muito que é “Menino passarinho”, maravilhosa, mas esta é de outro disco. A gente ainda chega lá…

guarânia da saudade
os olhinhhos do menino
nossa vez
ave maria dos retirantes
menino do braçanã
prelúdio par aninar gente grande
rato, rato…
prelúdio nº 2 (paz do meu amor)
resto de quem parte
cortejo
estrela de veludo
zé valente