Armando’s Trio – Som De Boate Vol 1 (1969)

Boa noite a todos! Hoje eu vou postar aqui um disco prometido há tempos. Só não foi postado até então porque quem o solicitou, acabou não tocando mais no assunto e eu como sempre ando cheio de encomendas, acabei esquecendo. Segue então desta vez o que foi o primeiro volume de “Som de boite”, ou som de boate, com dizem alguns… Este álbum, se não estou enganado, foi uma reedição da Odeon. Primeiro, ele foi lançado através de seu selo Imperial (tanto o volume 1 como o 2). Depois saiu por outro selo da gravadora, o Fenix, na década de 70. Eu digitalizei os dois volumes, cujas capas são bem diferentes.

Temos então o trio do Armando de Souza Lima, mais conhecido como o ‘Armando do Solovox’. No Toque Musical podemos encontrar outros discos deste ‘bamba’ dos teclados.

Em “Som de Boite 1”, como podemos ver, há um repertório variado, entre temas de sucessos nacionais e internacionais. Música de fundo, música ambiente, música de boate dos anos 60. Instrumental legal 😉

sá marina

meia volta (ana cristina)

my way of life

the world we knew (over and over)

seul sur son etoile (it must be him)

the good the bad and the ugly

le bruit des vagues

the last waltz

samba da benção

zazueira

this guys in love with you

those were the days

moritat (mack the knife)

a quiet tear (lágrima quieta)

the shadow of your smile

zingara

 

 

Lafayette – Apresenta Os Sucessos Vol. 18 (1974)

Boa tarde amigos cultos, ocultos e associados! Tradicionalmente hoje seria um dia para coletâneas, assim como a sexta para independentes e segunda para GRB. Mas, por enquanto vou fugir à regra e postar o que melhor me parecer.

Hoje o nosso encontro é como o organista Lafayette, figura que foi muito atuante nos anos 60 e 70. Primeiro ao lado da Jovem Guarda, onde tocou e gravou em discos de Erasmo e Roberto Carlos. Depois, nos anos 70, seguiu em carreira solo, gravando na CBS a série “Lafayettte apresenta os sucessos”, uma coleção que rendeu ao longo do tempo mais de 30 volumes. Passou um bom tempo sem gravar, mas continuou com seu conjunto se apresentando em bares, restaurantes e bailes. Em 2004 se envolveu num inusitado projeto ao lado de Gabriel Thomaz, líder da banda Autoramas. Juntos eles formaram o conjunto “Os Tremendões”, um grupo que tocava clássicos da Jovem Guarda com uma roupagem atual. Chegaram a lançar um cd com essas músicas. A última notícia que tive do Lafayette é que ele estava agora em outra, formou uma espécie de ‘big band’ para tocar música latina pop (ups!).

O disco que eu tenho aqui para vocês é o volume 18, lançado em 1974. Nele temos reunido temas realmente de sucesso, nacionais e internacionais. Com maestria, Lafayette dá um show com seu órgão e uma banda ‘cover’ que me lembrou bem Os Carbonos. Taí um disquinho muito bom para um sábado. Se quiserem ouvir, ainda há tempo de pedir. O sábado vai até a meia noite 😉

harlem’s theme

mongonucleosis

quero ver você de perto

the fireman’s rock

despedida

feelings

let’s put it all toghether

happy man

tears

tema para um samba

eu quero apenas

banana d’agua

Osny Silva – Valsas Brasileiras (1969)

Boa tarde, amigos cultos, ocultos e associados! Há uns dias atrás me deram a incumbência de digitalizar alguns discos do cantor Osny Silva. Devo confessar a vocês que nunca dei muita bola para este artista. O pouco que eu já havia escutado me pareceu suficiente para coloca-lo meio que de lado. Eu, inclusive, já até postei um outro disco dele aqui no Toque Musical. Mas realmente, não me interessei. Injustamente, percebo agora. Entre os álbuns que digitalizei, este de valsas brasileiras foi o que mais me chamou a atenção. Foi ouvindo com calma, com outros olhos e ouvidos, que pude reparar na beleza que é este trabalho. Não posso negar que foi a flauta quem verdadeiramente me fisgou. Adoro o som de flautas. Música que tem flauta então, me ganha na hora. E aqui neste lp, muito bem dosado em todos os sentidos, temos uma seleta das mais famosas valsas populares brasileiras, com a presença marcante deste instrumento. O Osny Silva também me surpreendeu com sua voz de urso oscilante (só ouvindo para entender – nada pejorativo, por favor!). Um tenor ‘sanfônico’ que neste lp arrasa. Talvez graças aos arranjos para um conjunto simples de flauta, bandolim e violão. Queria eu saber quem é este conjunto que acompanha o cantor. Quem são os músicos? Esse flautista… Seria o Copinha, Dante Santoro…alguém aí sabe? Infelizmente, os discos do selo Imperial não trazem ficha técnica. De qualquer forma, o que nos vale é a música. O disco é lindo. Alguém aqui  quer ouvir? Dá um toque, a gente se encontra no GTM. 😉

 

noite cheia de estrelas

dirce

folhas ao vento

pálida morena

mimi

deusa da minha rua

pisando corações

há um segredo em teus cabelos

nancy

amando sobre o mar

aurora

tardes de lindóia

Johnny Alf & Zezé Motta – Projeto Pixinguinha 1978 (2012)

Boa noite amigos cultos, ocultos e associados! Ainda no último minuto consegui marcar o ponto, ou melhor dizendo, a postagem da quinta feira. Como cheguei tarde e já sem muita paciência para ficar em frente ao computador, vou lançar mão de mais um artifício para momentos como este. Ao invés de um ‘disco de gaveta’, vamos a um ‘arquivo de gaveta’. Mais exatamente, outro volume “Projeto Pixinguinha”, extraído do excelente site da Funarte, “Brasil Memória das Artes”. Desta vez temos o memorável show de Zezé Mota e Johnny Alf. Como convém, deixo os detalhes para serem lidos no próprio site. Como sempre, um show excelente, que vale a pena ser ouvido com carinho.

oxum

ilusão atoa – trocando em miúdos – rapaz de bem

anunciação

sai da frente – eu e a brisa

dores de amores

magrelinha

rita baiana

dengue – oxum

Dilermando Reis – Dilermando Toca Pixinguinha (1988)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! A lista de solicitações de novos links vem crescendo a cada dia. Por mais que eu venha postado uns três por dia, ainda assim a lista só vem crescendo. O jeito é mesmo esperar até que eu chegue naquele que você solicitou. Enquanto isso, melhor mesmo é ir curtindo a postagem diária. Sempre uma velha boa nova.

Hoje teremos um disco exemplar, para valer a semana (se é que ainda não valeu). Que tal ouvirmos a música de Pixinguinha na interpretação impecável de Dilermando Reis? Não preciso nem dizer mais nada, não é mesmo? Estas gravações são da década de 60 e foram relançadas em vinil em 1988 pelo selo Phonodisc. Vou ficar aqui esperando para ver quem vai pedir primeiro.

carinhoso

lamentos

cheguei

ingênuo

cinco companheiros

vou vivendo

naquele tempo

chorei

cochichando

segura ele

urubatan

proezas do solon

Aurora Miranda – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 31 (2012)

Prosseguindo em sua brilhante trajetória, o Grand Record Brazil chega a seu trigésimo-primeiro volume, apresentando alguns dos melhores momentos da cantora Aurora Miranda, irmã mais nova de Cármen.

Ao contrário da irmã famosa, que era portuguesa de nascimento, Aurora Miranda da Cunha nasceu no Rio de Janeiro, em 20 de abril de 1915. Assim como suas irmãs (havia também Cecília, que não seguiu carreira de cantora), nossa Aurora gostava de cantar desde a mais tenra idade, alegrando os frequentadores da pensão dirigida pela mamãe, a dona Emília (esta, portuguesa, com certeza). Embora, na opinião de muitos, ela tenha sido a melhor voz entre as Mirandas, o destino fez Aurora começar no rádio à sombra do êxito retumbante da mana Cármen. Ainda aos 18 anos, foi convidada por Josué de Barros, o mesmo descobridor de Cármen, para cantar um número na Rádio Mayrink Veiga e, com o sucesso, passou a se apresentar no programa de Ademar Casé (avô da atriz e comediante Regina Casé), na PRAX, Rádio Philips. Em 1933, levada pelo próprio Josué de Barros, gravou seu primeiro disco, na Odeon, com duas faixas em dueto com Francisco Alves: a marchinha junina “Cai, cai, balão”, de Assis Valente (considerada pioneira desse gênero entre nós), e o samba “Toque de amor”, de Floriano Ribeiro de Pinho. Um mês depois, novo dueto com Chico Alves no fox “Você só… mente”, dos irmãos Hélio e Noel Rosa, que Aurora interpretaria, em 1989, no filme “Dias melhores virão”, de Cacá Diegues. Aos 25 anos, casou-se com o comerciante Gabriel Richaid, e ambos depois decidiram residir nos Estados Unidos junto com Cármen Miranda. É Aurora, inclusive, quem canta “Os quindins de Iaiá”, de Ary Barroso, no filme “Você já foi á Bahia? (The three caballeros)”, de Walt Disney (1944), misturando “live action” com animação. Nessa época, também participou de programas radiofônicos ao lado de Orson Welles e Rudy Vallee, e fez apresentações no Teatro Roxy e na Boate Copacabana, em Nova York. Voltou ao Brasil em 1952, e após a morte da irmã Cármen, em 1955, contribuiu em muito para perpetuar a memória da “pequena notável”, tendo participado, em 1995, de uma homenagem a Cármen no Lincoln Center de Nova York, além de dar entrevistas quando dos 90 anos de seu nascimento, em 1999, ocasião em que inaugurou inúmeras mostras alusivas ao evento.

Aurora Miranda faleceu de forma discreta, em sua casa no Rio de Janeiro, a 22 de dezembro de 2005, de ataque cardíaco, deixando uma discografia de 81 discos de 78 rpm com 161 músicas, além de um LP na Sinter. Desse legado, o GRB foi buscar onze fonogramas bastante representativos. Para começar, temos a marchinha “Ano novo”, de Custódio Mesquita e Zeca Ivo, gravação Odeon de 23 de outubro de 1935, lançada em dezembro seguinte, disco 11292-A, matriz 5174. Em seguida, o samba-canção “Nêgo… neguinho”, de Custódio Mesquita e Luiz Peixoto, gravado em 27 de abril de 35, com lançamento em junho (11227-B, matriz 5023). A terceira faixa é o samba ‘Câmbio de amor”, também de Custódio Mesquita em parceria com Paulo Orlando, destinado ao carnaval de 1935 (gravação de 7 de agosto de 34, lançada ainda em novembro, disco 11165-B, matriz 4888). Para o Natal de 1935, Aurora gravou a marchinha “Natal divino”, de Mílton Amaral, em  4 de dezembro desse ano, com lançamento a toque de caixa pela Odeon, disco 11288-A, matriz 5173. A faixa 5 é o samba-canção clássico de Ary Barroso, “Risque”, lançado por Aurora na Continental após sua volta ao Brasil, depois de 15 anos de permanência nos Estados Unidos, em março-abril de 1952, disco 16540-B, matriz C-2818 (na faixa 11 vem o lado A, matriz C-2817, uma regravação do samba “Faixa de cetim”, também de Ary, originalmente lançado em 1942 por Orlando Silva). O disco tem orquestração e regência do maestro Radamés Gnattali, com o pseudônimo de Vero, mas “Risque” não fez sucesso na voz de Aurora, segundo ela mesma por  falta de empenho da Continental na divulgação do disco, e só no início de 1953 é que a música fez sucesso, com Linda Batista. A faixa 6 apresenta, do quinto disco de Aurora, e pela Odeon (11074-B, matriz 4733), um grande sucesso do carnaval de 1934, “Se a lua contasse”, de Custódio Mesquita (e, segundo alguns estudiosos, em parceria com o médico e radialista Paulo Roberto, não creditado na edição e no disco), gravação de 21 de outubro de 1933 lançada ainda em novembro desse ano. Há uma participação vocal de João Petra de Barros (“a voz de 18 quilates”), também não creditada no selo original. Em seguida seis gravações feitas nos EUA pela Decca, com acompanhamento do Bando da Lua: a da marchinha “Seu condutor”, de Herivelto Martins, Alvarenga e Ranchinho (sucesso destes dois últimos no carnaval de 1938), que Aurora realizou em 14 de agosto de 1941,  alguns dias antes, 17 de julho, ela fez a de “Meu limão, meu limoeiro”, tema folclórico adaptado por José Carlos Burle que voltaria a fazer sucesso no final dos anos 1960 com Wilson Simonal. Ambas as gravações não foram lançadas na época nem mesmo nos Estados Unidos, e só chegariam ao Brasil em LP de 1975. Dessa fase também é o registro de Aurora para a clássica marchinha carnavalesca que leva seu nome, de Roberto Martins e Mário Lago, originalmente sucesso de Joel e Gaúcho em 1940 e regravado por Aurora em 20 de agosto de 1941, registro esse lançado no Brasil pela Odeon com o número 18186-A, matriz DLA-2666. A seguir, outro clássico,“Cidade maravilhosa”, marchinha de André Filho que reproduzimos aqui em seu registro original (faixa 14), feito na Odeon em dueto com o próprio autor em 4 de setembro de 1934, com lançamento em outubro seguinte (11154-A, matriz 4901). Hit no carnaval de 1935, foi oficializada como hino da cidade do Rio de Janeiro em 1960, e vale como lembrança de uma cidade que perdeu todo o glamour do passado (mas quem sabe um dia volta?). A faixa 13 é outro registro da Decca americana com Aurora e o Bando da Lua, e outro clássico carnavalesco: “Pastorinhas”, de João “Braguinha” de Barro e Noel Rosa, hit na folia de 1938 com Sílvio Caldas e regravado pela cantora em 20 de agosto de 1941, no Brasil o lado B de “Aurora”, matriz DLA-2666. Na faixa 12, mais um flagrante de Aurora Miranda na Decca: “A jardineira”, marchinha de Benedito Lacerda e Humberto Porto que tomou os salões em 1939 na voz de Orlando Silva e regravada por Aurora nos EUA em 20 de agosto de 1941, tendo o disco saído no Brasil pela Odeon com o número 50029-A, matriz DLA-2642. Para encerrar, uma faixa do primeiro disco de Aurora Miranda, em dueto com Francisco Alves: o já citado samba “Toque de amor”, de Floriano Ribeiro de Pinho, gravação Odeon de 22 de maio de 1933, lançada em junho seguinte sob número 11018-B, matriz 4675. Enfim, uma pequena retrospectiva do trabalho de Aurora Miranda, que, ao contrário da irmã Cármen, nunca mereceu uma ou mais coletâneas individuais de suas gravações, nem em LP nem em CD. Esperamos que, com esta edição do GRB, essa injustiça comece desde já a ser reparada!

TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO.

Orquestra Som Bateau – Top Hits Nº 4 (1968)

Boa noite a todos! Hoje, excepcionalmente, não teremos o Samuel Machado apresentando outro volume do Grand Record Brazil. Por falha minha, não houve tempo hábil para preparar uma boa coletânea de 78 rpm. O GRB Vol. 31 vem amanhã, assim espero…

Para o momento então, trago um ‘disco de gaveta’, assim como fiz ontem. Vamos dessa vez com a Orquestra Som Bateau, ainda na primeira fase, mas já com seu “Top Hits Nº 4”, lançado em 1968. Uma seleção instrumental de músicas nacionais e internacionais que fizeram sucesso naquela década de 60. Quem quiser ouvir, já sabe… dá um toque. Tá na mão, tá no GTM.

quando

hello, goodbye

parole

o solitário

bonnie and clyde

malayisha

l’amour est bleu

anjo azul

musita – there is a mountain

chain of fools

canzone per te

soy loco por ti america

Ivon Curi, Nelson Gonçalves, Carlos Galhardo E Francisco Carlos – Eles Cantam Assim (1957)

Boa tarde, meus prezados! Apesar da ressaca que ainda não me abandonou, vou logo trazendo a postagem do dia. Vai que depois eu fique ainda mais desanimado.

Segue aqui um dez polegadas da RCA Victor, lançado em 1957. Como podemos ver, trata-se de uma coletânea reunindo quatro dos principais cantores da gravadora. Cada um canta duas músicas. A RCA sempre soube vender o seu peixe e aqui é um bom exemplo, um disquinho para adoçar a boca. Nesta onda de reunir e mostrar seus cantores, a gravadora também lançou o “Elas cantam assim” e “Eles tocam assim”. Vou até procurar para ver se consigo esses outros dois discos para postar no nosso Toque Musical. Por hoje é só. Vou curar a minha ressaca assistindo a vitória do Galo, hehehe…

nasci para o samba – nelson gonçalves

romances de caymmi – ivon curi

cherie – carlos galhardo

hino ao samba – francisco carlos

domani – carlos galhardo

dolores sierra – nelson gonçalves

montanha russa – ivon curi

amor brasileiro em punta del leste – francisco carlos

Rildo Hora Interpreta Luiz Gonzaga (1988)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Hoje não estou tendo tempo para nada. Assim, por hora, vamos de Rildo, Rildo Hora, hehehe… Está aqui um disco bacana que vale ser conferido, tanto pelo talento do gaiteiro quanto pela escolha do tema, Luiz Gonzaga.

Um instrumental da melhor qualidade. Não fosse uma festa que tenho de ir, ficaria aqui ouvido este belo trabalho.

asa branca – assum preto

fuga da africa

xote das meninas – cintura fina~

qui nem jiló – xanduzinha

a vida do viajante – a volta da asa branca

baião – a dança da moda

xaxado – baião da garoa

respeita januário – no meu pé de serra

forr´no escuro – vem morena

lorota  boa – impertinente

José Emmanuel – Astor Apresenta José Emmanuel (1964)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Apenas avisando, as solicitações vão sendo atendidas dentro do meu possível e por ordem de chegada. Assim, como são muitas, o jeito é aguardar, ok?

Hoje eu trago para vocês um compacto que acabou virando álbum. Meio que por acaso, achei de postar este compacto de um artista baiano chamado José Emmanuel. Como hoje é (ou seria) dia de artista/disco independente, resolvi atacar com este obscuro compacto. Eis que para a minha surpresa, ao procurar possíveis informações sobre o artista, fui cair no ‘túnel do tempo’, ou melhor dizendo, encontrei um prato cheio de informações sobre José Emmanuel no excelente site ‘Linha do Tempo da Invenção Musical”. Lá, o pesquisador Roberto Luis, nos apresenta toda a trajetória do artista baiano. Inclusive falando deste compacto e outros trabalho de sua carreira. Como haviam outras músicas, além das que eu tinha no disquinho, resolvi incluir no pacote tudo o que ali estava disponível, afinal já que estamos falando do artista e temos tanta informação, nada como mostrar outras músicas. O que realmente me chamou a atenção neste artista foi a sua transformação. Ao entrar em seu ‘Myspace’, o que eu ouvi não parecia nem de longe com o que eu já conhecia. É certo que estamos falando de um espaço no tempo de uns 40 anos ou mais. Porém, sua transformação foi de água para o vinho, ou vice versa. O cara saí da música popular e romântica para um trabalho experimental ‘eletroworldagemusic’ (deu para entender?). Vamos encontrar na seleção, que acabou virando álbum, nove música, sendo as quatro últimas da fase ‘myspace’. Eis aí uma postagem com a cara do Toque Musical. Mas para conhecer melhor José Emmanuel e seu trabalho, vou deixar aqui apenas a dica, um convite para os amigos visitarem a Linha do Tempo da Invenção Musical. Ta tudo lá…

prelúdio do amor perdido

meu bem

estrela azul

maria

cadeira na avenida

alguma coisa

yara

emmanuel na parede

faixa branca

Elcio Alvarez, Sua Orquestra E Côro – Marcha Rancho Em 4 Pistas (1967)

Boa noite a todos! Seguimos na quinta feira com outro disco bem interessante, a começar pela capa. (Quem lê assim há de pensar que não temos discos interessantes todos os dias. Acontece que cada um tem a sua peculiaridade, história ou momento) Temos aqui o maestro Elcio Alvarez e sua orquestra num álbum gravado em quatro pista, ou quatro canais. As vantagens desse sistema pode ser conferido no texto da contracapa, que procura abordar todas as qualidades da gravação, explicadas pelo engenheiro de som Carlos Moura. Bem ao lado vem outro texto onde nos é apresentado, Rogério Gauss, um técnico de gravação da Continental, responsável, obviamente pelo registro deste disco. É ele também o rapaz da capa, que aparece aqui envolvido nos trabalhos na mesa. Bom, mas aí a gente pergunta: cadê o Elcio Alvarez e sua orquestra? A resposta é uma só, eles estão apenas na gravação. Embora seja um belíssimo trabalho musical, com um repertório fino de marchas rancho, o que está sendo valorizado aqui é o trabalho do técnico. Uma homenagem da Continental a aqueles como Rogério Gauss, técnicos de gravação, que ajudaram a criar os milhares de fonogramas de álbuns clássicos da nossa música popular.

cantiga antiga

belinha

o vagalume

ciúme

se você voltar

drama de pierrot

minha gente

dadá maria

… e fim

balada do vietnan

recado

palhaço

 

Altamiro Carrilho E Sua Bandinha – Vai De Valsa (1970)

Boa tarde, amigos cultos, ocultos e associados! Vejam vocês, neste mês de agosto ‘o ceifador’ tem mesmo se mostrado implacável com nossos músicos artistas. Todo dia morre um, êta mêsinho agourento, putz! Desta vez, lá se foi o Altamiro Carrilho, grande flautista da música brasileira. Estamos vivendo um momento, uma época, onde inevitavelmente, as gerações de ouro da música brasileira estão se findando. Vamos aos poucos perdendo nossos verdadeiros artistas, gente que se tornou grande pelo trabalho, talento e competência. Nomes que foram se formando num processo de amadurecimento gradual, sem ajuda de My Space, Facebook e outras ferramentas de sucesso instantâneo, hoje tão comuns. Mesmo o medíocre dessas gerações ainda dá de dez em seu similar atual o que, aliás, no meu entendimento nem se compara, está até a baixo da média. O que estamos vendo agora é o final da festa. Nossos ilustres convidados já estão partindo.

Em homenagem ao Altamiro, deixo aqui este seu disco de valsas, lançado em 1970. Me parece, salvo o engano, que a seleção reúne gravações de 78 rpm, da década de 50. Sem dúvida, um músico como o velho Altamiro Carrilho vai fazer falta. Mas ficará para sempre em nossa memória musical.

Obrigado, senhor flautista! Você brilhou aqui, agora vai brilhar no céu.

saudade de ouro preto

tarde de Lindóia

terna saudade (por um beijo)

suely

teus ciúmes

ledinha

no tempo do onça

vieni sul mar

morrer… sem ter amado

raio de sol

só pelo amor vale a vida

valsa da meia noite

 

 

Araken Peixoto – Ontem E Hoje (1962)

Hoje eu serei brevíssimo, estou indo a uma festa e não sei que horas volto. Em compensação, vou deixar vocês muito bem acompanhados com o Araken Peixoto, num disco produzido Djalma Ferreira e seu selo Drink. Lançado em 1962, o álbum nos traz doze faixas saborosas (como diz um amigo meu).  Tenho certeza que vocês vão pedir, assim, já deixo avisado: amanhã, ta lá 😉

zé da calça curta

sukiyaky

around the world

doce amargura

pra seu governo

devaneio

é de briga

smile

ternura antiga

la puerta

ruby

teia da renda negra

Vários – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 30 (2012)

E chegamos à trigésima edição do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil! Esta semana, estamos apresentando alguns registros significativos da primeira fase do rock and roll em nosso país (chamada por especialistas de pré-Jovem Guarda), e algumas músicas em homenagem ao Dia dos Pais, já transcorrido este ano, mas que deve ser todos os dias.
Iniciamos esta seleção com um desses roqueiros pioneiros: Carlos Gonzaga. Interpretando basicamente versões de hits internacionais, o cantor deixou sua marca na história de nosso incipiente rock and roll. Eis aqui duas destas versões, gravadas na RCA Victor em 9 de outubro de 1959 e lançadas em janeiro de 60 no disco 80-2155: “Oh! Carol”, de Neil Sedaka e Howard Greenfield, vertida para o português por Fred Jorge, é o lado A, e o verso, matriz 13-K2PB-0801, nos traz uma composição de Paul Anka, vertida por Odair Marzano, “Rapaz solitário” (no original, “Lonely boy”). Ambas as gravações também sairiam no LP “The best seller”.
 O disco seguinte, o Odeon 14328, lançado em junho de 1958, é um testemunho de início de carreira de outros dois grande s nomes roqueiros da época: os irmãos Tony e Celly Campello. No dia 11 de abril daquele ano, eles inciaram sua trajetória em disco gravando uma faixa cada um no mesmo 78! E com duas musicas de autoria do acordeonista Mário Gennari Filho em parceria com Celeste Novaes, ambas em inglês.e especialmente compostas.  De um lado, Celly canta “Handsome boy” (Belo rapaz), matriz 12468, e do outro Tony ataca de “Forgive me” (Perdoa-me), matriz 12467. Interessante é que o disco saiu também em compacto simples de 45 rpm, o primeiro editado pela Odeon no Brasil! E ambas as músicas iriam também sair, em 1959, nos primeiros álbuns em vinil dos irmãos, “Forgive me” no de Tony Campello, sem título, e “Handsome boy” no de Celly (“Estúpido Cupido”, que trouxe no selo o título “Come rock with me”!). O acompanhamento é do conjunto do próprio Mário Gennari Filho, com coro formado pelos Titulares do Ritmo. Será impossível não se divertir…
Em seguida voltaremos bem mais no tempo, mais exatamente a 1954. É exatamente desse ano o disco Copacabana 5286, com Betinho e seu Conjunto. Betinho, aliás, Alberto Borges de Barros, era filho de Josué de Barros, descobridor de Cármen Miranda, e, ainda adolescente, acompanhou a cantora ao violão muitas vezes. Já nos anos 1950, formou um conjunto que logo se tornou o mais solicitado para animar os bailes então “modernos”. No lado A, matriz M-866, o conhecidíssimo fox “Neurastênico”, parceria dele com Nazareno de Brito, sucesso inesquecível que seria revivido, em 1976, na novela “Estúpido Cupido”, escrita por Mário Prata para a TV Globo, como tema do velho Guimarães, personagem interpretado pelo ator Oswaldo Louzada, que gravava as vozes dos mortos… No lado B, matriz M-867, o mambo “Burrinho leiteiro”, só do Betinho. Ambas as músicas, claro, chegariam ao LP, naquele tempo de dez polegadas, um ano depois. Betinho chegou a ser considerado “o rei da noite”, mas abandonou tudo para cumprir missão evangelizadora.
O “Clube do Guri” foi um programa radiofônico que marcou época nos anos 1950, apresentado nas manhãs de domingo pelas emissoras do grupo Diários Associados, então o maior conglomerado de mídia do país (a edição portoalegrense do programa, na Rádio Farroupilha, revelou nada mais nada menos que Elis Regina). No Rio de Janeiro, era apresentado pela Rádio Tamoio, outra emissora Associada. Pois o  coral infantil do programa aqui está com o disco Odeon 14485, gravado em 17 de junho de 1959 e lançado em julho seguinte, com duas músicas de Silvino Neto, compositor e humorista, homenageando o Dia dos Pais: o samba “Papai é o maior”, matriz 13590, e a canção “Parabéns pro papai”, matriz 13591.
O carioca Pelópidas Brandão Guimarães Gracindo ganhou a imortalidade com o pseudônimo de Paulo Gracindo (1911-1995). Foi apresentador e ator de rádio e televisão dos mais conceituados, e, nas novelas da TV Globo, interpretou personagens inesquecíveis, como o Tucão de “Bandeira 2”, o Odorico Paraguaçu de “O bem-amado” (depois seriado), o João Maciel de “O casarão” e o coronel Ramiro Bastos na primeira versão de “Gabriela”. Marcou época igualmente como o Primo Rico do humorístico “Balança, mas não cai”, na lendária Rádio Nacional (mais tarde também apresentado na TV pela Globo), contracenando com o Primo Pobre, Brandão Filho. Gracindo aqui comparece em outra homenagem ao Dia dos Pais, declamando um poema de mesmo nome, assinado por seu colega na Nacional, Giuseppe Ghiaroni, lançado pela Sinter em abril de 1956 com o número 464-B, matriz S-1035.
Angela Maria e João Dias, que já haviam feito sucesso estrondoso gravando em dueto a valsa “Mamãe”, de Herivelto Martins e David Nasser, em 1956, registrariam em 57 outra valsa dos mesmos autores, agora homenageando os pais, nada mais justo. Trata-se de “Deus te abençoe, papai”, matriz M-1986, lançada no disco 20038-A, dentro de uma série considerada “internacional”, ou seja, de exportação.
Por fim, apresentamos uma das “cantorinhas” reveladas na edição carioca do “Clube do Guri”, da Rádio Tamoio. Trata-se de Zaíra Cruz, que homenageia, curiosamente, os avós, nesta valsa de Arcênio de Carvalho e Lourival Faissal, intitulada justamente “Dia dos nossos avós”, gravação RCA Victor de 15 de março de 1956, lançada em maio seguinte, disco 80-1600-A, matriz BE6VB-1021 (lembrando que o Dia dos Avós é festejado a 26 de julho, dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria Santíssima e, por tabela, avós de Jesus). É esta faixa que encerra o nosso trigésimo GRB, que certamente proporcionará momentos proveitosos de entretenimento. Quem lembra, vai adorar recordar, e quem nunca ouviu poderá conhecer. Bom divertimento!
TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Carlos Piper – O Som Espetacular Da Orquestra De Carlos Piper (1965)

Bom dia, amigos cultos, ocultos e associados! Manhã fria de domingo. Estou quase voltando para a cama. Aliás, nem sei porque eu fui levantar tão cedo. Deve ser força do hábito. Xiii… lembrei, hoje é Dia dos Pais! Que cabeça a minha! Depois que mudei de posição, deixei de ser filho para ser pai, acho que parei de me preocupar com essa data. Podia até ter postado aqui algum disco ‘do papai’, mas creio que todos que eu geralmente posto são da época do papai 🙂

Hoje eu trago para vocês um disco muito legal. Taí uma orquestra do jeito que eu gosto, bem ‘swingada’ e com um repertório impecável. Temos aqui o maestro argentino Carlos Piper e sua orquestra dando um baile de qualidade. São doze temas mistos, entre clássicos nacionais e internacionais. O que vale aqui é mesmo a atuação da orquestra, nota 10! No texto de contracapa eles já antecipavam, seria o melhor lp instrumental lançado naquele ano de 1965. Também não é para menos, a orquestra contava com grandes instrumentistas, um time como os melhores músicos daquele tempo. Vejam na contracapa 😉

nanã

balanço zona sul

bye bye love

a hard days night

hava nagila

55 days at pekin

the pink panther theme

from russia with love

consolação

aurora

perdido

like someone in love

Os Uirapurus (1968)

Olá amigos cultos, ocultos e associados! Minha agenda para o sábado está lotada, nem lembrei da postagem do dia. Já estou de saída para um social noturno, mas antes, aqui vai uma meio que ‘de gaveta’ para ninguém sair perdendo.

Trago para vocês os Uirapurus, um grupo vocal criado no final dos anos 60 pelo maestro Edmundo Peruzzi. Este conjunto era formado pelos componentes dos Três Tons mais um grupo de cinco cantores. O presente lp foi gravado em 1968. Produzido por Peruzzi e Milton Miranda, com direção musical de Lyrio Panicali. Os Uirapurus nos traz um repertório da melhor qualidade, com músicas, muitas delas, hoje autênticos clássicos da MPB. Vão querer conferir? Dá um toque… amanhã tá na mão 😉

maria rita

viola enluarada

capoeira

e por isso estou aqui

menino de braçanã

a saudade de você

sabiá lá na gaiola

chô chô tristeza

eu vou mandar buscar o meu amor

como é grande o meu amor por você

nuvem branquinha

travessia

Orquestra Tabajara De Severino Araújo – Anos Dourados Vol. 3 (1992)

Boa noite! Entre os artistas falecidos recentemente, outro que não posso deixar de prestar uma homenagem é o mestre Severino Araújo, que comandou por mais de 70 anos a Orquestra Tabajara. Um feito extraordinário. É talvez uma das mais antigas orquestras do mundo. E Severino esteve à frente desta orquestra até poucos anos atrás.

Para homenageá-lo, eu estou trazendo aqui um álbum lançado em 1992 pela CID, o “Anos Dourados”, volume 3. Ficarei devendo os volumes anteriores. Este tem um caráter mais simbólico, meus sentimentos ao grande artista!

Amanhã é dia de feira de vinil, lá na Savassi (Pernambuco com Inconfidentes). Vou dormir porque preciso acordar cedo. Apareçam…

 

beguin the beguine

três lágrimas

eu e a brisa

manhatan

unchained melody

a lenda do beijo

café da manhã

dora

el macinero

la negra consentida

Celso Blues Boy – Nuvens Negras Choram (1998)

Boa tarde, amigos cultos, ocultos e associados! Neste último fim de semana eu estive totalmente por fora dos acontecimentos pelo mundo. Não liguei tv, rádio ou internet. Jornais também, nem li. Quando viajo a trabalho por certas cidades do interior, mal tenho tempo para relaxar. E em se tratando de comunicação, sinal de celular e internet, às vezes, nesses lugares é a coisa mais difícil do mundo.

Pois é, estou eu aqui mais uma vez pasmo e pesaroso com a morte de mais um artista que eu gostava muito, o Celso Blues Boy. Já haviam me contado que ele estava doente. Porra, que merda de doença maldita, silenciosa e traiçoeira! Muito embora, no caso aqui do nosso artista, foi mesmo abuso. O cara era mesmo um autêntico ‘bluesman’ e encarnou com vontade o ‘estilo’. Dizem que o Celso fumava mais de cinco maços de cigarros por dia! Isso para não falar nos ‘birinaites’, que ele também era chegado num bom copo. Infelizmente, tudo tem seu preço e vida de artista não é mole não, se paga caro! Por outro lado, como já disse um amigo meu, médico, todo mundo, um dia, vai ter câncer. Quem não teve foi porque morreu antes. É triste, mas faz parte… Lamentável seria se não houvesse desses o que lembrar. Celso foi um dos maiores guitarristas brasileiros, sempre fiel ao blues e com o detalhe de sempre cantar em português. Pessoalmente, sempre achei suas letras muito aquém do seu talento como guitarrista. Mas, exatamente pelo seu poder no instrumento, seus solos e seu jeito de tocar, sua música ganhava corpo.

Estou trazendo aqui este disco, “Nuvens negras choram”, um cd lançado em 1998. Escolhi este por acha-lo um trabalho mais maduro e traz, entre outras, “Brilho na noite”, “Fumando na escuridão” e o clássico samba de Cartola, “As rosas não falam”, que aqui se transforma num blues carregado. Um belo disco. Desculpem, mas o momento não está para aumentar o rock’n’roll.

nuvens negras choram

se você pudesse me ver

bring it on home to me

sucata (hás de ouvir)

lívia blues

que pecado eu fiz

antes de você

zanardi’s blues

brilho da noite

os anjos

as rosas não falam

fumando na escuridão

raios

MPB-4 – Lembranças Do Magro (2012)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Hoje, infelizmente, perdemos mais um grande artista da nossa Música Popular Brasileira, José Waghabi Filho, o Magro do MPB-4. Ele faleceu vítima de um câncer de próstata, o qual já carregada há alguns anos.

É estranho como a gente nunca se acostuma com a morte. Fiquei chocado quando soube que o Magro morreu. Tive a honra de conhecê-lo através do blog. Ele era um grande incentivador do Toque Musical. Enviei várias vezes para o Magro discos que ele procurava para tocar em seu programa de rádio “Vozes Brasileiras”. Hoje posso dizer, foi ele quem me enviou o primeiro disco do MPB-4, um compacto raríssimo, lançado em 1964.

Em homenagem ao maestro, arranjador e multinstrumentisa Magro Waghabi, reuni aqui vinte e uma músicas de fases distintas de seu quarteto. Não sei bem ao certo quais e quantas dessas músicas tiveram os seus arranjos. O importante é que em todos esses momentos ele esteve presente. Fica aqui a nossa saudação.

mudei de ideia

sentinela

amigo é pra essas coisas

menina da ladeira

viva zapátria

benvinda

tereza triste

o cafona

andaluzia

fica

ana luiza (com quarteto em cy)

galope

vera cruz

faz tempo

aparecida

a lua

se meu jardim der flor (com boca livre)

mascarada

samba da minha terra

pout pourri noel rosa

roda viva (com chico buarque)

Carlos De Alencar – Jóias Da Canção Brasileira (1964)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Estou no atraso com vocês. Voltei da minha licença médica cheio de pendências e outras providências. Muito trabalho para compensar o tempo parado. A cobrança é geral, mas eu agora estou aprendendo a relaxar. Vou na medida do possível. Espero que vocês tenham paciência, ok?

Hoje é aniversário do Caetano Veloso. O baiano completou 70 anos e nem parece, não é mesmo? O cara está envelhecendo bem. É isso aí, salve Caetano! Parabéns, que ele merece. Merecia talvez uma homenagem, aqui do Toque Musical, mas infelizmente não houve tempo. Mas fica valendo aqui o nosso abraço ao grande artista.

A postagem de hoje, pra compensar, é uma preciosidade. Um disco raro que só se vê mesmo num blog como o TM. Tenho para vocês algumas das mais belas “Jóias da Canção Brasileira”, interpretadas pelo tenor Carlos de Alencar. Pernambucano de Olinda, mudou-se para o Rio de Janeiro e depois Belo Horizonte, onde fixou residência, tornando-se na capital mineira um dos seus mais destacados cantores eruditos. Integrou o Madrigal Renascentista e o Orfeão Mineiro. Este lp foi lançado de maneira independente pelo selo da “Edições e Produções Galáxia. Ao que tudo indica no texto da contracapa, Galáxia também era o nome do grupo, do conjunto que acompanha aqui o cantor. O álbum é, sem dúvida, muito bonito e vale conhecer. Uma seleção de canções clássicas do folclore brasileiro. Raridade total!

foi o boto, sinhá

casinha pequenina

uiarapuru

maringá

manhã nungara

guacira

canção da felicidade

noite cheia de estrelas

tamba tajá

chuá chuá

sabiá

quizera

cobra grande

dei ao mar pra guardar

Vários – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 29 (2012)

Após uma semana de ausência, motivada pelo aniversário do nosso Toque Musical, estamos de volta com o Grand Record Brazil, em sua edição de número 29. O coquetel da semana tem quinze fonogramas com os mais variados intérpretes, para enriquecer os acervos de muitos colecionadores.

Para começar, apresentamos uma cantora incluída entre as pioneiras na interpretação e gravação de temas folclóricos: Elsie Houston (Rio de Janeiro, 1902-Nova York, EUA, 1943), soprano que era filha de um dentista americano do Tennessee, no Rio desde 1892, e de uma carioca descendente de portugueses da Ilha da Madeira. Estudou canto lírico na Alemanha em 1922 e tomou o gosto por nosso folclore ao conhecer o maestro e compositor Luciano Gallet. Casou-se, em 1927, com o poeta e militante trotskista Benjamin Peret, durante temporada em Paris, e tiveram um filho em 1931. No mesmo ano, hostilizado pelo governo getulista, o casal mudou-se para a França. Em 1936, Peret foi lutar na Guerra Civil Espanhola e se envolveu com uma pintora hispano-americana, motivo que faria Elsie, um ano mais tarde, mudar-se para Nova York. Em 1939-40 apresentou na rede de rádio NBC o programa “Fiesta pan-americana”, onde divulgava nossa música. No dia 20 de fevereiro de 1943, Elsie Houston foi encontrada morta em seu apartamento na Park Avenue, não se sabe até hoje se por assassinato ou suicídio! Aqui, poderemos ouvi-la numa gravação de 26 de setembro de 1933, feita na Gramophone Company de Paris,  na qual interpreta dois temas harmonizados por ela mesma: “Berceuse africano-brasilienne” e Óia o sapo”, disco original K-7055-B, matriz OPG 1017-1. Em seguida, Gastão Formenti (Guaratinguetá, SP, 1894-Rio de Janeiro, 1974) apresenta um de seus mais queridos e conhecidos sucessos: o cateretê (que mais parece rumba) “De papo pro á”, da parceria Joubert de Carvalho-Olegário Mariano, em gravação Victor de 28 de agosto de 1931, lançada em outubro do mesmo ano, disco 33469-A, matriz 65226. Convém lembrar aliás que jereré, citada na letra, não é uma cidade mas sim um tipo de rede de pesca. Pescar de jereré equivale a pescar de anzol. Editado como “canção regional”, “De papo pro á” tem vários registros e é até hoje muito conhecida e lembrada. O contracanto é feito por Castro Barbosa, sem crédito no selo e o acompanhamento por “orquestra típica”. Dilú Mello (Maria de Lourdes Argollo Oliver, Viana, MA, 1913-Rio de Janeiro, 2000) também foi séria pesquisadora de nosso folclore, e deixou mais de cem composições. Aqui, um de seus hits, bastante conhecido: a toada “Fiz a cama na varanda”, dela em parceria com Ovídio Chaves, lançada pela Continental em abril de 1944, disco 15126-A, matriz 724, com acompanhamento do Conjunto Tocantins, que também faz coro. Outra peça que tem inúmeros registros, entre eles os de Stelinha Egg, Inezita Barroso e Nara Leão. De ascendência alemã, o carioca Breno Ferreira Hehl (1907-1966) foi cantor enquanto estudava direito, e abandonou a advocacia depois de se formar. Também foi pioneiro do cooperativismo no Brasil, tendo publicado vários livros técnicos, e foi o descobridor de Dolores Duran. Eis Breno Ferreira em sua obra mais conhecida, por certo: a embolada “Andorinha preta”, por ele composta em 1925, e que gravaria sete anos depois, na Columbia, neste registro lançado em maio de 1932, disco 22136-B, matriz 381255. Foi regravada mais tarde, entre outros, por Nat King Cole, Trio Irakitan e (vejam vocês!) Hebe Camargo. Os Trigêmeos Vocalistas aqui comparecem com um corimá (gênero afro-brasileiro) de João da Baiana, “Ogum Nilê”, por eles gravado na Odeon em 31 de maio de 1950, com lançamento em agosto seguinte com o n.o 13033-A, matriz 8633. No selo original, é dado como co-autor Raul Carrazatto, um dos Trigêmeos, mas em 1957, quando o próprio João da Baiana regravou a música, Raul sumiu da parceria, nem sequer sendo creditado! Por que será? Vamos agora comentar sobre três gravações do GRB desta semana, feitas em 7-8 de agosto de 1940, a bordo do navio “S.S.Uruguai”, então atracado no porto carioca, sob a supervisão do maestro britânico Leopold Stokowski (Londres, 1882-Hampshire, 1977), que então excursionava com sua All American Youth Orchestra. A nata da MPB naqueles tempos foi escalada para fazer uma série de 40 gravações, com plateia formada pelos músicos da orquestra de Stokowski. Destas, dezessete saíram em disco nos EUA pela Columbia, no início de 1942, em dois álbuns de 78 rpm com quatro cada um, intitulados “Native brazilian music”. O GRB apresenta, desta série que só saiu no Brasil em 1987, em LP da Funarte, três registros preciosíssimos: o ponto de macumba “Caboclo do mato”, de Getúlio “Amor” Marinho e João da Baiana, interpretado por ele mesmo em dupla com Janir Martins, sendo a flauta do mestre Pixinguinha (disco 36504-B, matriz CO-30151),  a embolada “Bambo do bambu”, de Donga e Patrício Teixeira, interpretada por Jararaca e Ratinho (disco 36505-B, matriz CO-30156), e o samba, também de Donga, “Passarinho bateu asas” (disco 36508-B, matriz CO-30149), na voz de Zé da Zilda. Histórico! Isaura Garcia, a “personalíssima”, cantora de longa carreira e inúmeros sucessos, vem aqui com um deles, em dueto com o mineiro (de Viçosa) Hervê Cordovil: o baião “Pé de manacá”, de Hervê com Mariza Pinto Coelho, em gravação RCA Victor de 22 de junho de 1950, lançada em setembro do mesmo ano, disco 80-0686-A, matriz S-092695. Eles já cantavam a música em dueto na Rádio Record de São Paulo, e o sucesso se repetiu em disco. Conhecidos como “os reis do riso”, Alvarenga e Ranchinho aqui estão em uma das páginas mais conhecidas e apreciadas de seu repertório: a “valsa fúnebre” “Romance de uma caveira”, deles próprios mais Chiquinho Sales, em gravação Odeon de 2 de fevereiro de 1940, lançada em março seguinte, disco 11831-A, matriz 6301. No acompanhamento, o conjunto do violonista Rogério Guimarães. Quem nunca ouviu que atire a primeira pedra! A seguir, duas gravações lançadas somente em LP: a primeira é a conhecida toada “Chuá, chuá”, de Pedro de Sá Pereira, Ary Pavão e Marques Porto, os três por coincidência gaúchos. Foi lançada na revista teatral “Comidas, meu santo!”, em 1925,  por Roberto Vilmar, sendo depois levada a disco pelo cantor Fernando. Aqui, quem a interpreta, acompanhada pela orquestra de Rafael Puglielli, é a dupla Cascatinha e Inhana, em registro lançado pela Todamérica em 1958 no álbum “Os sabiás do sertão” (LPP-TA-316). A outra é a canção “Azulão”, de Hekel Tavares e Luiz Peixoto, cuja primeira gravação, na voz de Paraguassu (1930), apresentamos na edição anterior do GRB. Aqui, a regravação de Patrício Teixeira, feita em 1956 para o LP de dez polegadas da Sinter “Festival da velha guarda” (SLP-1074), o único registro por ele feito após seu último 78 rpm, que saiu em 1944. Stefana de Macedo (Recife, PE, 1903-Rio de Janeiro, 1975) também foi séria pesquisadora do folclore brasileiro. Ela aqui comparece com o coco “Ronca o bisouro na fulô”, recolhido por ela mesma, em gravação lançada pela Columbia em fevereiro de 1930, disco 5147-A, matriz 380432. Pra finalizar esta nossa edição do GRB, duas composições do mestre baiano Dorival Caymmi. A primeira, interpretada por ele mesmo, é a clássica canção praieira “O mar”, em registro Columbia de 7 de novembro de 1940, lançado em dezembro seguinte, disco 55247, matrizes 328-329, ocupando os dois lados do disco. O acompanhamento orquestral foi concebido por Guerra Peixe, conduzido com maestria por Lírio Panicalli. A segunda é uma canção de ninar interpretada pelo Trio de Ouro em sua primeira fase (Herivelto Martins, Dalva de Oliveira e Nilo Chagas): “História pra sinhozinho”, gravação Odeon de 15 de março de 1945, lançada em maio seguinte com o n.o 12573-B, matriz 7779, e acompanhamento de conjunto de estúdio da “marca do templo”, faixa esta que encerra com chave de ouro o nosso GRB da semana. Para apreciar e sobretudo guardar!

*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

**ESTA SELEÇÃO MUSICAL FOI EXTRAÍDA DO SITE GOMA-LACA, RESPONSÁVEL PELA DIGITALIZAÇÃO DOS FONOGRAMAS.

Pixinguinha – Vida E Obra (1978)

Olá amigos cultos, ocultos e associados! Como primeira postagem dentro dos 5 aninhos do blog, fiz questão de escolher um artista que representasse a grandiosidade (hum…) do momento. Entre os melhores e que mais gosto está o Mestre Pixinguinha. Afoito, ao escolher o disco, eu não percebi que o mesmo era um álbum duplo e estava incompleto, faltando o disco 2. Xiii… essa foi mal. Foi mal porque terei que procurar novamente este álbum e infelizmente não vai ser possível faze-lo de imediato. Inclusive, nos próximos dias, não poderei fazer novas postagens. Acabou as férias, a licença médica e tem um montão de serviço me esperando neste resto de semana. Estou viajando a trabalho e só volto na segunda feira seguinte. Até lá, deixo vocês apreciando o Pixinguinha incompleto, mas prometo que assim que voltar, dou um jeito.

Este álbum é bem bacana, reunindo vários momentos da música do Mestre. Foi lançado pelo selo Som Livre em tiragem limitada, como brinde exclusivo de fim de ano da Rede Globo. O álbum além de ser duplo, traz encadernados 58 páginas com textos e fotos históricas, a discografia completa e seus intérpretes. Realmente um álbum que vale não só pelo conteúdo musical. O texto e seleção musical foram do jornalista Sérgio Cabral. Uma belíssima coletânea que vale a pena conhecer. Fico devendo o outro disco, aguarde…

carinhoso – pixinguinha

urubú – os oito batutas

os cinco companheiros – paulinho da viola

rosa – orlando silva

patrão prenda seu gado – almirante

1 x 0 – pixinguinha e benedito lacerda

vou vivendo – dilermando reis

os oito batutas – conjuto época de ouro

benguelê – conjunto rosa de ouro

ingênuo – jacob dobandolim

 

Toque Musical – 5 Anos De Resistência!

Muito bom dia a todos! Hoje a data é especial aqui no blog, pois estamos completando cinco anos de atividades. Mais uma vez eu vou repetir, não esperava chegar até aqui. E quando eu digo isso, não é por conta da pressão, do descrédito e do despeito de alguns que passaram por aqui como nuvens negras. Isso eu sempre tirei, literalmente, de letra. O que eu não acreditava é ter tempo e paciência para uma empreitada diária. Se bem que, quando a gente faz uma coisa que gosta muito, não vê o tempo passar e em se tratando de música, discos e gravações, eu me dedico com afinco. Meu prazer é estar envolvido neste universo musical e ter o privilégio de poder ouvir, ditar e manusear discos raros, coisas super bacanas, que poucos podem ter acesso. Sinto-me bem podendo levar aos outros um pouco dessa minha riqueza. Nessa vida, só é feliz de verdade quem sabe compartilhar. Não há um prazer completo quando não se tem com quem dividir. Somos naturalmente dependentes e precisamos uns dos outros. Sinceramente, eu não estaria envolvido nessa história se achasse de verdade que estou prejudicando alguém. Muito pelo contrário, na aparente transgressão e anarquia, creio que fiz mais o bem do que o mal. É talvez por essa razão que eu permaneço e chego a ponto de criar um Toque Musical independente, bancando do próprio bolso o custeio de hospedagem do site. Felizmente, quando se faz o bem, a gente sempre encontrará no caminho outras pessoas dispostas a ajudar. E amigos, sejam eles cultos ou ocultos, nunca me faltarão. Aproveito, desde já, para agradecer os votos recebidos via e-mails, mensagens nos comentários e facebook. Obrigado a todos!

 

Victor Pilla Orq – Brazilian New Sound (1969)

Boa noite amigos cultos, ocultos e associados. Sem ressaca e de cara limpa, eu hoje estou trazendo um disquinho raro e dos bons. Um álbum pouco conhecido, mas que vale cada uma das duas 12 faixas. Repertório enxuto e de qualidade. Victor Pilla Orq é um nome em discos que eu não conhecia. Depois de muito procurar pela rede, começo a desconfiar que este conjunto/orquestra foi um nome que só aconteceu em disco. Não há na internet nenhuma informação ou pista que nos leve a este conjunto. Assim sendo, esta postagem fica passível de aliterações e está aberta a comentários e informações complementares. Ao invés de ficarmos quebrando cabeça tentando descobrir quem eram, vamos primeiro ouvi-los. Pede aí que a gente toca no GTM e também na WRTM numa nova programação musical 😉

 

correnteza

roda de palmas

sinhazinha

wave

andança

memórias de marta sare

zazueira

meia volta

o cantador

timidez

sá marina

canto de fé

Marcos Roberto – Singles E Raridades (2012)

Boa noite, amigos cultos, ocultos e associados! Hoje eu estava certo de que iria faltar à postagem, pois o dia foi puxado. Literalmente puxado e arrastado. Estou com uma sensação de derrota perante a minha própria e impiedosa autocrítica. Ser virginiano é uma merda!  Mas depois de mais uma dose de whisky para acalmar (e acalmei), decidi sair do bode e voltar atrás. Quem posta, seus males espanta. Lá vou eu…

Me lembrei que estava em falta com o amigo Marujo. Na semana passada ele enviou esta seleção musical, montada com capricho, em homenagem ao cantor Marcos Roberto, falecido no sábado, dia 21 deste mês. Confesso a vocês que nunca dei muita boa para uma boa parte de artistas da Jovem Guarda que acabaram caindo no gênero brega fácil. Marcos Roberto, dentro do que eu conheço, foi um desses artistas que acabaram entrando no esquemão para não cair no esquecimento. Posso estar parecendo meio injusto, mas estou dizendo essas coisas diante ao que eu vi e agora estou ouvindo. Temos aqui uma seleção de ‘singles’ e raridades do cantor. Coisas que eu mesmo nem conhecia. E para o meu espanto e contradição, descubro aqui um artista que eu não conhecia. Algumas de suas músicas, do período da Jovem Guarda, superam em muito a maioria da turma (sem falar, obviamente, em Roberto e Erasmo). Pô, estou aqui delirando com músicas como “Bem mais de 100”; “Prisioneiro”; “Quem pôs tanta coisa em sua cabeça” e “Queime as minhas roupas”. Bom, se o Black & White ajudou eu não sei. O fato é que estou gostando. Por favor, não me falem de ressaca. Confiram aí a seleção, que acima de tudo foi feita com muito carinho e é também a nossa homenagem ao artista.

i love you, i do

encontrei o amor

vou rir de ti

pedacinho de sabão

no te tengo a ti

yo te quiero asi

la ultima carta

si tu quieres partir

prisioneiro

quem pôs tanta coisa na sua cabeça

maria rosa

queime minhas roupas

ah, antes que eu me esqueça

erros

vida, minha vida

bem mais que 100

muito obrigado

querida

vontade de voltar

deixa é comigo

lembranças de você

menina triste

te amo, te amo, te amo

Simonetti – É Disco Que Eu Gosto (1977)

Bom dia, amigos cultos, ocultos e associados! Hoje, sexta feira, seria convencionalmente o dia do artista/disco independente. Eu, porém, não tenho nada à mão no momento para salvar o dia. Se nossos artistas e seus discos independentes não vierem aqui para divulgar, eu é que não irei fazê-lo sem permissão. O espaço está aberto. Modéstia a parte, uma bela vitrine para qualquer artista apresentar seu trabalho. Fica aqui, novamente, o convite. Se está lançando um álbum, manda pra cá, pois é de disco que eu  gosto! Eu e todos por aqui 🙂 Como se pode ver, essa simpatia ao disco não é de hoje. Temos aqui um álbum lançado pela RGE em 1977. Uma coletânea trazendo alguns dos melhores momentos o maestro e arranjador italiano Enrico Simonetti, cujo o título é o inspirado “É disco que eu gosto”. Este era o nome de um programa da Rádio Bandeirantes, de São Paulo, apresentado por Henrique Lobo nos anos 60. A música de abertura, o prefixo do programa, com o mesmo nome foi orquestrada e arranjada por Simonetti. Em 77 a RGE lança este lp reunindo alguns dos melhores momentos de seu internacional maestro. Simonetti atuou no Brasil nos anos 50 e 60. No início dos anos 70 ele voltou para a Itália onde continuou gravando, principalmente trilhas para tv e cinema. Pessoalmente, adoro os compositores italianos que trabalhavam com trilhas, são geniais e o Simonetti é um bom exemplo. Neste elepê podemos perceber bem as suas qualidades numa seleção musical totalmente brasileira, temas clássicos muito bem arranjados e orquestrados. Muito bom!

é disco que eu gosto

delicado

samba de uma nota só

favela

madureira chorou

divino espírito santo

evocação

se acaso você chegasse

tico tico no fubá

lampião de gaz

saudades da bahia

meditação

o orvalho vem caíndo

patorinhas

The Cuban Boys – Cha Cha Cha (1962)

Boa tarde, amigos cultos, ocultos e associados! Não sei se vocês já perceberam, mas estamos com mais um agrado no Toque Musical. Refiro-me ao nosso tocador de músicas, que agora passa a fazer parte do blog, trazendo semanalmente uma lista de músicas extraídas de diferentes postagens. Como o Toque Musical é por excelência um blog variado, teremos também uma programação sortida, agradando aos gregos, troianos e romanos 🙂 Por enquanto, ainda estamos em fase da adaptação e teste, mas mesmo assim já é possível conferir a programação musical. Basta clicar no quadro da Web Rádio Toque Musical e uma nova janela se abrirá para o tocador. Esta por sua vez não depende de estar nas páginas do TM. Obrigatoriamente ninguém precisa estar no blog para ouvir a WRTM. Fiquem a vontade para comentar. Tenho certeza que muitos farão desta, sua web rádio favorita.

Ainda  não está na programação, mas logo chega: The Cuban Boys, vocês conhece? Não estou me referindo ao grupo cubano de rap. Os garotos cubanos aqui são outro. Na verdade, nem cubanos eles são. O time aqui é mesmo de brasileiros. Um grupo criado e produzido para o selo Pawal, que naquele início dos anos 60 era também responsável pelos lançamentos de Celso Murilo e Seu Conjunto. Bom…, na verdade o The Cuban Boys e Celso Murilo e Seu Conjunto é a mesma coisa. A Pawal, como diversas outras gravadoras e selos, usavam desse artifício, criando pseudônimos para seus artistas, de maneira que esses pudessem atuar com sendo outros artistas. Para a Pawal isso era bom, pois ampliava o seu catálogo fonográfico.

Mas como eu dizia, temos aqui The Cuban Boys, uma produção feita para atender a demanda do mercado da época. A onda era então o Cha Cha Cha e Pawal mais que depressa lança lá o seu conjunto. Realmente, mataram a pau, um p… disco para se ouvir de cabo a rabo. Desfilam aqui alguns clássicos desse gênero delicioso, assim como também composições do organista, aqui chamado pelo nome real de Celso Pereira. Imperdível!

los marcianos

september song

carinito

esto es el ritmo

love for sale

cha cha celso

tea for two

rico vacilon

mirage

ritmo sabroso

cha cha cha na passarela

cha cha cha en copa

 

Mike Falcão – Sonhei Que Estávamos Dançando (1960)

Aproveitando o embalo, já que falamos ontem sobre Walter Wanderley, vamos hoje, novamente falar sobre ele. Ou melhor, vamos ouvi-lo, desta vez como Mike Falcão, outro codinome atribuído a ele. Seguindo a mesma linha e estilo, propostos pela Odeon para o Ivan Casanova, Mike Falcão é também mais um nome por trás de grandes instrumentistas, que por razões diversas jamais foram citados. Penso que esses grupos musicais criados pela Odeon, não foram apenas no sentido de desviar questões contratuais. Mas sim de gerar novos nomes para o ‘cast’ do selo paralelo da gravadora, no caso, o Imperial.

Neste álbum a presença de Walter Wanderley se faz ainda mais presente, através de seu estilo inconfundível ao piano e órgão. O repertório mescla doze temas variados, entre músicas nacionais e internacionais. Também, um excelente elepê, que merece o nosso toque musical.

how high the moon

i love paris

ao pés da cruz

saudade da bahia

i’ll never fall in love again

diana

lá vem a baiana

praça onze

around the world

moulin rouge

this can’t be love

besame mucho

Ivan Casanova E Seus Conjuntos – Melodias Célebres Do Cinema (196?)

Boa noite, amigo cultos, ocultos e associados! Antes que a terça vire quarta, aqui vai nossa postagem do dia. Hoje trazendo, mais uma vez, Ivan Casanova e Seus Conjuntos. Desta vez apresentado vários temas clássicos do cinema internacional. Um nome de fachada criado para esconder estrategicamente, por questões contratuais, artistas como Walter Wanderley. Muitos afirmam que este foi um codinome adotado por Walter, assim como outros. Porém ao ouvirmos este disco, quem ainda não sabe da história, há de pensar que Ivan Casanova é um saxofonista. Isto porque em quase todas as doze faixas o que mais se destaca é o saxofone. Daí, eu concluo que o tal codinome não se refere necessariamente ao Wanderley. Certamente ele está tocando neste elepê, percebe-se logo pelo estilo ao piano, mas, como dizem, uma andorinha só não faz verão. Havia ali outros grandes nomes que vale também ser citados, mas nessa história só vazou o Wanderley. Taí, um assunto bom para ser comentado aqui. Vamos lá amigos, demonstrem interesse! Quem sabe alguma coisa além, vem cá contar para nós 🙂

singing in the rain

blues skies

an affair to remember

ebb tide

unchained melody

around worldbe my love

stella by starlight

over the rainbow

love is a tender trap

high society

whatever wil be, will be

Vários – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 28 (2012)

Fratura no joelho é um troço bem complicado… O nosso Augusto TM que o diga! Mas depois de mais um período de ausência forçada (até eu senti saudades), eis aqui a vigésima-oitava edição do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil, apresentando mais dez preciosos fonogramas da era das 78 rotações por minuto para enriquecer os acervos de nossos amigos cultos e associados. E começamos com um sucesso de Patrício Teixeira (1893-1972), carioca da Rua São Leopoldo, na lendária Praça Onze, que começou a gravar ainda pelo processo mecânico e continuou de maneira bem sucedida na fase elétrica, até quando saiu seu último disco, em 1944. (depois disso, ainda gravaria a canção “Azulão”, de Hekel Tavares e Luiz Peixoto, para um LP da Sinter).  Foi até professor de violão, e entre suas alunas mais ilustres estão Nara Leão e as irmãs Linda e Dircinha Batista. E Patrício aqui comparece com um clássico: o samba “Gavião calçudo”, do mestre Pixinguinha, com letra de Cícero “Baiano” de Almeida, cujo sucesso desaguaria no carnaval de 1930. Saiu em duas gravações de Patrício: a primeira no selo Parlophon, em março de 1929, e esta segunda, com o selo Odeon, lançada em agosto do mesmo ano com o n.o 10436-A, matriz 2685, na qual o intérprete canta a letra completa, acompanhado de piano e violão (no registro original era com orquestra, e nele só foram apresentados o estribilho e uma das estrofes). “Azulão” também está aqui, mas no registro original do “cantor das noites enluaradas”, Paraguassu (Roque Ricciardi, 1894-1976), lançado pela Columbia em fevereiro de 1930, disco 5141-A, matriz 380474.

Em seguida, um monólogo divertidíssimo interpretado pelo ator Pinto Filho. Trata-se de “Guerra ao mosquito”, de Luiz Peixoto e Marques Porto, lançado pela Parlophon em agosto de 1929 com o n.o 12989-A, matriz 2670. Mais atual impossível, uma vez que o Brasil tem sido, nos últimos tempos, atingido por endemias tropicais como a dengue, especialmente no verão. Não faltam farpas a políticos de prestígio na época, como o então candidato a presidente da República Júlio Prestes.

A próxima faixa vem a ser o primeiro grande sucesso nacional de Ary Barroso como compositor: a marchinha “Dá nela”, interpretada por Francisco Alves com a Orquestra Pan American de Simon Bountman, e um dos hits do carnaval de 1930. Gravação de 9 de janeiro daquele ano, lançada pouco depois sob n.o 10558-A, matriz 3258. No dia 18, a música venceu um concurso promovido no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, e com o dinheiro ganho (cinco contos de réis!), Ary Barroso teve condições de se casar (com Yvonne Belfort Arantes) e ainda recebeu seu diploma de advogado. De letra extremamente machista (característica da época), “Dá nela” também deu nome a uma revista do Teatro Recreio, nela interpretada (de calça comprida!) por Zaíra Cavalcanti.

Um dos clássicos de Ary Barroso em parceria com Luiz Peixoto, o samba-canção “Na batucada da vida” (subintitulado “A canção da enjeitada”) tornou-se inovador na época do lançamento, pelo realismo com que tratava uma temática de cunho social. Originalmente saiu em 1934, na voz de Cármen Miranda, e aqui é apresentada no registro de Dircinha Batista, feito na Odeon em 14 de abril de 1950 e lançado em agosto seguinte, disco 13031-B, matriz 8685, com acompanhamento de piano do próprio mestre de Ubá. Como bem sabem os fãs de Elis Regina, em 1974 ela também fez um registro memorável desta composição.

O inesquecível Kid Morenguera, o grande Moreira da Silva (1902-2000), insubstituível rei do samba de breque, aqui comparece com o raríssimo disco Star 225, datado de 1951, com acompanhamento do conjunto do violonista Claudionor Cruz, destacando-se o saxofone de Portinho (Antônio Porto Filho), também maestro e arranjador de prestígio. De um lado, o samba-choro “Entrevista”, do próprio Moreira, e no verso, nesse mesmo ritmo, a homenagem do GRB aos motoristas na semana do dia deles e de seu santo padroeiro, São Cristóvão: “Sou motorista”!

Humberto Marsicano fez parte da geração de artistas paulistas surgidos no final dos anos 1920. De sua escassa discografia como cantor (apenas 16 fonogramas distribuídos em nove 78 rpm), apresentamos o disco Columbia 5051, lançado em julho de 1929, com acompanhamento da orquestra de Álvaro Ghiraldini. Abrindo-o, matriz 380143, o samba-choro “Mulher sem coração”, composto por um nome que iniciava então sua carreira, José Maria de Abreu (1911-1966), paulista de Jacareí, responsável por sucessos inesquecíveis, tais como “E tome polca”, “Alguém como tu”, “Dançando com você” e muitos outros. No verso, matriz 380144, o delicioso “sambinha-embolada” Tico-tico vuô”, de Juca Paulista e Juvenal de Abreu.

Para encerrar, uma marchinha do carnaval de 1957, lançada pela Continental em janeiro desse mesmo ano, com o n.o 17375-B, matriz C-3912. É “Seu Romeu”, de João Rosa, Arnaldo Moraes e do paulistano Ruy Rey (1915-1995), sendo este último o intérprete. Ruy, que se chamava Domingos Zeminian, foi também exímio “bandleader”, e especializou-se em ritmos hispano-americanos, precursores da atual salsa. Enfim, um belo apanhado com o qual o GRB mata as saudades de todos que estavam aguardando esta retomada. Divirtam-se e recordem!

*TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO