Som Nosso De Cada Dia – Snegs (1977)

Olá, meus prezados! Dando continuidade às nossas postagens e ainda no espírito do ecletismo musical, iremos hoje de rock. Mais exatamente rock progressivo dos saudosos anos 70. Tenho para hoje um disco que me acompanha desde o seu lançamento e está entre os meus ‘1001 discos para ouvir antes de morrer’. Tenho o vinil comprado em 1977 e sua versão em cd, lançado em 93. Tenho por este álbum um apego que vai além de sua raridade e beleza. Este disco foi a trilha sonora da minha louca adolescência. Desbundei ao assistir no antigo Cine Brasil, um dos maiores e mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, o show da banda. Foi a primeira vez que eu fui ver um show de rock ao vivo. Fiquei muito impressionado com toda aquela loucura, tanto no palco como na platéia. Numa época onde ainda reinava o poder ditatorial se refletindo em todas as instâncias, inclusive a policial. O show do Som Nosso não durou muito tempo. A polícia militar e civil foram acionadas, cercando todas as saídas do prédio. Invadiram o espaço com a sua peculiar truculência, fazendo o “Sinal da Paranóia” se tornar uma realidade. Tomei um baita susto quando as luzes se acenderam entre muita fumaça e um acorde incompleto. Estávamos todos presos, foi esta a frase que ouvimos. Foi um rebú geral. Aliás foi uma ‘puta geral’, todos de mãos na parede, revistas e algumas porradas. Tinha na porta até ônibus fretado para levar o público em massa para a prisão. Tudo isso por conta dos diversos baseados que se acenderam logo depois que as luzes se apagaram e a banda entrou. Nesta época, pelo menos em Belo Horizonte, a tolerância com atitudes jovens era zero. Cabelo grande já colocava o sujeito como um maluco, um suspeito em potencial. E maconheiro era sinônimo de marginal, uma chaga para a sociedade. “A juventude está perdida”, foi uma frase comum de se ouvir naquele tempo. Eu só me livrei da ‘cana’, talvez porque ainda era de menor e no teste do “cospe aí” eu passei com louvor. Levei apenas um tapa nas costas que me fez sair correndo assustado pela avenida Afonso Pena até a altura do Parque Municipal. Meus amigos, todos de maior idade, ficaram por lá. Foram passear de ônibus e conhecer de perto a Metropol. Mas não foi nada traumatizante. No dia seguinte já estávamos todos reunidos contando cada qual a sua versão do fatos. Juntei meus poucos ‘cruzeirinhos’ e fui logo cedo na loja de discos Pop Rock comprar o último “Snegs” que havia na estante. Ao longo do tempo essa história foi tomando um outro sabor. Se tornou uma boa lembrança que só mesmo quem a viveu pode saber. Bons tempos aqueles…

Mas, falando do disco, este foi um dos melhores álbuns de rock nacional que eu já ouvi. Não apenas pela história que contei. “Snegs” foi o primeiro álbum do Som Nosso, uma banda formada pelo ex-Incríveis Manito que pontuava seu som no rock progressivo. Manito, Pedrinho e Pedrão faziam um som de peso. Música de alta qualidade, ao nível das melhores bandas internacionais. No mesmo ano lançaram o segundo Som Nosso, só que desta vez sem a presença de Manito que havia partido para os Mutantes. Em 1993 os músicos se reuniram novamente para o relançamento deste álbum em cd. Gravaram uma versão de “O Guarani” de Carlos Gomes que embora destoando, entrou como bônus, a faixa extra do cd. “Snegs’ é um disco já bem manjado por rockeiros de plantão e não é mais nenhuma novidade na blogosfera. Contudo, eu vou me dar o direito de tê-lo postado também no Toque Musical. Se você ainda não o ouviu, não perca a oportunidade. Este disco é 1001! 😉
sinal da paranóia
bicho do mato
o som nosso de cada dia
snegs de biufrais
massavilha
direccion de aquarius
a outra face

Sargentelli – Ao Vivo No Oba Oba (1976)

Dando sequência ao nosso ‘drops misto musical’, iremos hoje com o Osvaldo Sargentelli e suas mulatas. De uma certa forma estou também atendendo aos pedidos de algumas pessoas que me escreveram. Como disse, uma hora saí…

Temos assim este lp, um registro ao vivo e sem pausas, na famosa casa de espetáculos Oba Oba, comandada por Sargentelli, logo quando ela foi inaugurada. Como ele mesmo afirmava, o Oba Oba era um ambiente impregnado com o samba. Um ponto de encontro entre a cultura popular afro-brasileira e do morro com a elite da zona sul carioca, turistas do Brasil e do mundo. Com o samba e as mulatas que deixam os gringos loucos, com água na boca (oba, oba!). No disco desfilam diversos sambas cantados pelo próprio Sargentelli em forma de ‘pout-pourri’, mesclados com bate-papos descontraídos, contando suas histórias. Um disco sem interrupção, direto, mantendo todo o clima do espetáculo daquela noite.
Desta vez, como vocês mesmo podem observar, eu não vou colocar a relação das músicas de maneira tradicional. Ao invés disso, neste, vai a contracapa que além do mais é ilustrada por uma bela mulata. Um chamarisco a mais para olhos e ouvidos 😉 Quem não gosta?

Heraldo Do Monte – Cordas Vivas (1983)

Olás! Esta semana eu procurarei ser bem variado, conforme anda o meu espírito eclético musical. No último fim de semana acho que ouvi mais música que o de costume. Talvez até prolongue por mais tempo, afinal quando falamos de música popular brasileira temos um leque de possibilidades que não se limita apenas à bossa e samba. Assim, se ontem fomos de Dick e Claudette, hoje iremos com o instrumental do Heraldo do Monte. E que instrumental, diga-se de passagem!

“Cordas Vivas” é um álbum muito bonito, a começar pela capa ilustrada com a pintura do artista plástico Michinori Inagaki. Tinha que ser, afinal um disco do Heraldo merece uma capa a altura de sua música, ainda mais neste disco onde temos a participação especial do ‘Mago do Som’, Hermeto Pascoal e do não menos mágico Edson José Alves que segura no ‘ovation’ da primeira à última faixa do lp. A música de Heraldo do Monte é recheada de sotaques nordestinos e ao mesmo tempo é universal. Não tem como errar. Não há como desagradar, é mesmo linda. O álbum traz apenas Heraldo, Edson, Hermeto (em duas faixas) e Pernambuco no triângulo e percussão. É difícil, para mim, destacar esta ou aquele música. Posso dizer com certeza, “Cordas Vivas” é um disco bom de cabo a rabo. Confiram aí…
caboclo elétrico
mordida de abelha
moreneide
valsa pra tutuca
mareado
esperando a feijoada
pingo a pingo
coisa de lá
teia de aranha
um cantinho e dois violões
fugidinha pro d’alma
giselle
lágrima nordestina
dois na brncadeira

Dick Farney & Claudette Soares – O Amor Em Paz (1987)

Olá amigos, bom dia! Começamos a segunda-feira num pique total. Tem que ser, porque um novo semestre nos aguarda e a gripe suína não pode nos parar. Vamos trabalhar!

Quero antes de tudo, aproveitando o momento, dizer que várias postagens que estavam com seus respectivos links vencidos já foram revistos. Obviamente, o primeiro sinal vem de vocês. O “peça o link” funciona direto e a reposição é de no máximo 24 horas. Outra coisa que quero chamar a atenção é o fato de que os buscadores de pesquisa do blog não anda funcionando de acordo. Procurar um disco ou artista por eles é perda de tempo. Sugiro a pesquisa pela letra inicial, conforme se pode ver na barra lateral à direita, logo a baixo de “Arquivos do Blog”. Assim que eu tiver um tempinho, pretendo criar um index mais eficiente, fácil para localizar os arquivos de nosso acervo. Tem gente que ainda não faz idéia do que está perdendo.
Seguindo em frente, vamos com o Dick Farney em dupla com a Claudette Soares neste álbum que eu ainda não vi por aí, “O amor em paz”. Não tive tempo de confirmar, mas acredito que este disco é na verdade uma coletânea, reunindo algumas das gravações que a dupla fez nos anos de 1976 e 77, respctivamente para os álbuns, “Tudo isso é amor” volumes 1 e 2. Em 1993 esses dois discos foram remasterizados e lançados em conjunto no formato cd. Um belo álbum que com certeza irá agradar. Confiram…
preciso aprender a ser só
apelo
este seu olhar
castigo
nós
chuva
o amor em paz
minha namorada
fotografia
fim de caso
demais
o que é amar
de você, eu gosto
somos dois

Carlos Drummond de Andrade – Interpretado Por Lima Duarte E Roberto Corrêa (1987)

Olá amigos cultos e ocultos! Hoje é um domingo especial, é o Dia dos Pais! Deixo aqui, logo de início, as minhas saudações à todos e ao meu que já se foi. Parabéns senhores pais! Eu também, logo cedo, fui surpreendido ainda na cama pelo meu amado filhão. Ganhei até um presente. Ganhei um livro que há muito vinha namorando, “1001 Discos Para Se Ouvir Antes De Morrer”. Quem gosta de música pop/rock, discos e coisas assim, não podem deixar de tê-lo. Não se trata obviamente do essencial ou do que realmente vale a pena em termos de discos, bem porque ele só contempla, em sua maioria, álbuns americanos e ingleses. Mas nos dá uma boa visão de alguns dos discos que mais se destacaram a partir dos anos 50, indo até os dias atuais. Como um bom virginiano (ou seria mal?) não deixo de fazer minhas ‘crítiticas’. Começando pelo formato do livro, algo próximo do 18×24 cm para um número de páginas que chegam quase a mil. Depois da primeira folheada ele começa a ficar desformado, descola e perde aquele ‘status’ de ‘finebook’, uma pena. Tem que abrir pouco e folhear com cuidado. Ideal seria o formato utilizado no 300 do Gavin. Quanto ao conteúdo, vejo ao ir passando suas páginas o que disse logo de início, só há vez para discos de língua inglesa, em sua maioria. Citação a algum brasileiro ficou só no Tom Jobim, João e Astrud Gilberto e um único disco dos Mutantes. Não que eu queira puxar a sardinha, mas em se tratando de música, deixar o Brasil fora dessas, chega a ser um sacrilégio. Por outro lado eu procuro entender a proposta do livro e a cabeça dos gringos. Sei que no fundo a música que reina no mundo nos últimos 50 anos é o pop e o rock. Esta passou a ser a linguagem musical universal. Toda a música jovem lá fora (para não falar aqui dentro) está baseada no pop/rock. Daí, pensar na inclusão de artistas nacionais seria pedir muito. Tudo bem, tá valendo…. Dos 1001 discos ali apresentados, posso dizer que bem mais da metade eu já ouvi ou tenho em minha coleção. Outros eu nem conhecia e outros ainda eu nem faço questão de ouvir, acho que morreria ao fazê-lo. Seja como for, apesar dos pesares, este livro não deixa de ser uma ótima pedida. Ironicamente, é nessas horas que eu penso: puta merda, nossa música é um tesouro! É prata, é pura, é ouro! Não podemos deixá-la de lado, esquecida e suplantada por ritmos alienados. Viva a música brasileira!

Bom, agora vamos ao principal… voltemos a postagem do dia. Hoje, especialmente comemorando o Dias dos Pais, resolvi contrariamente postar um disco de poesia. Acho que pode ser um bom presente para o papai. Vamos com a poesia de Carlos Drummond de Andrade neste álbum promocional, interpretado pelo ator Lima Duarte e fundo musical do mestre da viola caipira, Roberto Corrêa. Este disco foi feito especialmente como brinde de aniversário da empresa Makro no seu aniversário de 15 anos e oferecido aos seus clientes e fornecedores. Portanto, não é um álbum comercial e muito menos conhecido do grande público. Um brinde que agora eu repasso à vocês, papais e filhos. E tenham um bom domingo!
poema das sete faces
no meio do caminho
sentimento do mundo
confidência do itabirano
cidadezinha qualquer
josé
em face dos últimos acontecimentos
certas palavras
o enterrado vivo
consolo na praia
também já fui brasileiro
a vida passada a limpo
encontro
para sempre
obrigado
amar
quadrilha
canção para ninar mulher
quero me casar
estes crepúsculos
toada do amor
amor, sinal estranho
o quarto em desordem
quero
amor e seu tempo
coitosob o chuveiro amar
ainda que mal

Dalto – Muito Estranho (1982)

Bom dia, meus prezados amigos cultos e ocultos! Hoje, sábado, é dia de feira do vinil em Belo Horizonte. Fui convidado e não irei faltar. Quem sabe aparece alguma coisa diferente e interessante para eu trazer aqui para o Toque Musical. Desta vez, pretendo fazer um registro do evento e vou publicar aqui para você verem. Quem está na cidade e gosta de música não pode faltar à festa. Eu já estou indo, mas não sem antes deixar aqui a postagem do dia.

Hoje iremos com o Dalto, um artista do qual eu gosto muito. Sinto que ele nunca teve seu merecido reconhecimento pela ‘crítititca’ e os meios de comunicação como a tv. Isso realmente é muito estranho, pois o cara é um artista com um público fiel, cheio de composições de sucesso, tanto em sua voz quanto na dos mais diversos intérpretes. Está na estrada não é de hoje. começou como integrante do grupo de rock Os Lobos. “Muito Estranho (Cuida bem de mim)” foi seu primeiro lp, lançado em 1982. Um álbum bem produzido que trazia além do sucesso, a faixa título, outro hit já bem conhecido, a música “Flash Back”, gravada em compacto ainda nos anos 70. Me parece que a gravação é a mesma do compacto. Vão conferindo aí que eu preciso ir… a feira me espera. Tô levando um penca de rock’n’roll, raridades internacionais que espero, vão salvar o dia. Deixa eu ir…
muito estranho (cuida bem de mim)
club central
falta dizer
salto alto
relax
pernas para o ar
pronto pro teu amor
bocas fatais
flash back
rock rouco
curta metragem (vinheta final)

Êta Nóis! (1984)

Muito bem, hoje eu estou começando mais cedo que de costume. Aliás, a essa hora eu deveria estar dormindo, mas o sono não veio eu fui ficando… São agora quase 1:30 da manhã. Acredito que esta postagem só estará finalizada daqui a algumas horas. Sem pressa… Vou sair agora, dar um ‘tapa na onça’ e volto, tomo uma dose de Dranbuie, fico babando de sono e vou dormir. Êta nóis! – pausa de seis horas…

Retomando… onde parei? Ah, sim, estamos na postagem do dia e hoje vai ser a vez dos independentes. Vou trazendo para vocês este disquinho que é uma delícia de se ouvir. Um álbum produzido por uma turminha de artistas singulares. Gente que fez a minha cabeça com sua música simples, direta e encantadora. Gente que sempre batalhou para levar ao público uma arte musical rica de vivências, acima do convencional. Uma outra música que se faz no Brasil.
“Êta Nóis!” é o que se pode chamar de um álbum cooperativo, envolvendo uma turma de artistas oriundos de vários cantos do Brasil, ligados pela mesma emoção e espírito musical. Uma produção singela no sentido da pureza, mas de uma extrema sensibilidade e muitas qualidades, que se destacou entre tantos discos lançados naqueles (medonhos) anos 80. Fazem parte deste trabalho a dupla Luli e Lucina, que eu já apresentei aqui em pelo menos uns dois discos (maravilhosas). São elas que encabeçam o projeto que traz também os irmãos Jean e Paulo Garfunkel, outra dupla talentosa pouco divulgada além da estratosfera paulista. Tem o mato-grossense zen, Bené Fonteles, que é uma jóia rara. A compositora sergipana Joésia Ramos, criadora do “forró rabecado”que é um misto de suas composições com a dos mestres da cultura popular nordestina. Tem o grupo paulista de Araraquara, Flor do Campo (do qual eu não sei nada, me desculpem!). Tem também a Marta Strauch (seria a artista plástica carioca?), parceira aqui do indomável e saudoso poeta Paulo Leminski na faixa “Moto Contínuo”. Além dos titulares, o disco ainda traz como convidado especial, Ney Matogrosso, cantando a faixa que dá nome ao lp. Não bastasse as ilustres figuras, ainda temos nos bastidores nomes como Natan Marques, Milton Edilberto, Murilo Fonseca e outros que vocês poderão conferir ao fazerem este contato quase mediúnico pelo Rapidshare 🙂 Confiram…
mazzaropi – jean e paulo garfunkel
lira mulata – luli e lucina
amor roxo – joésia
lua pequena – flor do campo
moto contínuo – marta strauch
êta nóis! – ney matogrosso e luli e lucina
gosto que eu gosto – jean e paulo garfunkel
barcos e beijos – joésia
dentro da nuvem – bené fonteles
viola apocalíptica – flor do campo

Os Grandes Momentos – O Fino… (1978)

…E por falar em coletânea fina, aqui vai mais uma que com certeza irá agradar aos amigos cultos e ocultos. Literalmente o fino da música popular feita no Brasil. Temos hoje este disco onde estão reunidos vários dos nossos grandes nomes em momentos ao vivo e que foram transmitidos pela televisão nos anos 60. Não tenho muita certeza (e nem vou tomar meu tempo pesquisando), mas acredito que esses registros fazem parte do saudoso programa da TV Record, “O Fino da Bossa”, comandado por Elis Regina e tendo sempre ao lado o Jair Rodrigues e o Zimbo Trio. Este foi, sem dúvida, o melhor e mais completo programa de música da televisão brasileira. Num tempo em que as emissoras de tv podiam se dar ao luxo contratar e ter em seu ‘cast‘ centenas de artistas de alto nível e de renome. “O Fino da Bossa” estreou em 1965 e durou por quase três anos, com apresentações transmitidas diretas do Teatro da Record onde o programa acontecia, sempre nas segundas-feiras. Um outro diferencial do programa era o tempo de duração, chegava a quase três horas! E a Elis cantava como nunca. Ela era a grande estrela que lotava o teatro toda a semana. Programas igual a este eu nunca vi igual, bons tempos, heim? Confira aí a bolacha, pois eu acredito também que há faixas aqui nunca antes ouvidas além daquele tempo. Taí uma das coisas boas de coletâneas, sempre tem uma azeitona a mais 🙂

pout pourrielis regina e jair rodrigues
pau de arara – ary toledo
opinião – nara leão
pedro pedreiro – quarteto em cy
reza – edu lobo
upa neguinhozimbo trio
pout pourrielis regina e jair rodrigues
porta estandarte – geraldo vandré e tuca
olê olá – chico buarque
dá-me – dorothy
samba em prelúdio – agostinho dos santos e rosana toledo
preciso aprender a ser só – os cariocas

Tons Do Brasil (1984)

Para os amantes da música instrumental, eu hoje estou trazendo este disquinho promocional que é o fino! Trata-se de uma coletânea reunindo alguns dos nossos mais expressivos e talentos músicos instrumentistas, interpretando obras consagradas do nosso repertório popular.

Um amigo, ao ouvir o disco ficou encantado, mas me perguntou se ao apresentá-lo no blog eu não deveria “remasterizar”, dar um trato no som do vinil. Para ele o som do vinil com seus estalinhos característicos não é legal. Talvez não seja mesmo, afinal os estalos não fazem parte da música. Mas acontece que a música faz parte do disco e é baseada nele, no fonograma em formato de vinil, cd ou fita magnética. O barato está aqui… Quem quiser que dê o seu ‘trato’.
Sem muitas ‘delongas’, vamos conferir o que temos em “Tons do Brasil”. Uma seleção especial que não se encontra fácil por aí. Olha só…
lamento – heraldo do monte
conversa de botequim – nelson ayres e roberto sion
casinha pequenina – odette ernest dias
manhã de carnaval, felicidade e samba de orfeu – laurindo almeida
tenebroso – edu da gaita
marina – tania maria
viola enluarada – marcos valle
melodias brasileiras – edu da gaita
bachiana n.5 – edson josé alves
disparada – paulinho nogueira
tatuagem – nelson ayres e roberto sion
as rosa não falam – joão maria de abreu

Bethania Gil Gal Vandré & Caetano – MPB Espetacular (1975)

Olá amigos cultos e ocultos, bom dia! Hoje eu trago para vocês esta curiosa e muito interessante coletânea lançada pela RCA Victor em 1975 (me parece que originalmente foi lançado em 1970). Trata-se de uma seleção rara, pouco comum de se ver. Nela temos os quatro baianos, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethania e Gal Costa em um de seus primeiros momentos, ainda nos anos 60 quando gravaram pela Victor. No meio das faixas dos baianos vem uma única, “Disparada”, ao vivo, do paraibano Geraldo Vandré, acompanhado pelo Trio Marayá. Como não poderia deixar de ser, uma coletânea um tanto incompleta como é comum à discos desse tipo feitos no Brasil. Não há exatamente um critério de seleção, ou melhor, uma produção criteriosa. Juntam o que tem à mão e mandam ver… Mas independente disso tudo, não deixa de ser um excelente disco reunindo momentos raros. Taí um disco que eu cheguei a ver no Mercado Livre por 5 reais. Tá barato, sem dúvida (e talvez por ser coletânea e sabe-se lá em que estado), mas é um vinil com um conteúdo reunido raro, que vale muito mais do que aparenta. Independente de qualquer coisa é mais um disco que merece o nosso toque musical. Toca aí… 😉

samba em paz – caetano veloso
sim, foi você – gal costa
procissão – gilberto gil
nunca mais – maria bethania
disparada – geraldo vandré
no carnaval – maria bethania
roda – gilberto gil
eu vim da bahia – gal costa
cavaleiro – caetano veloso
eu vivo num tempo de guerra – maria bethania
iemanjá – gilberto gil
pra que mentir – maria bethania

Uma Noite No Bataclan (1975)

Olá amigos cultos e ocultos! Começando a semana, aqui vamos nós para mais uma jornada… As férias se foram e as obrigações se acumularam. Volto à minha rotina, sempre correndo, sempre com pouco tempo. Ontem nem tive como preparar algumas novidades (ou raridades?). Terei que recorrer à minha reserva de gaveta.

Hoje iniciamos com este disco, muito interessante, lançado pela Som Livre em 1975. “Uma Noite No Bataclan” foi uma espécie de continuação musical da trilha da novela Gabriela, escrita por Walter George Durst, numa adaptação do romance “Gabriela, Cravo e Canela” de Jorge Amado. Bataclan era o nome de um famoso cabaré e cassino em Ilhéus, frequentado pelos coronéis na década de 20. Na novela era o ponto de recreação e encontro dos ‘senhores da cidade’, o cabaré e bordel onde todos se encontravam para beber, conversar sobre política, dançar e namorar com ‘as moças’ da casa. Através da novela este famoso e memorável reduto se tornou ainda mais conhecido e seu nome seria adotado em diversas casas noturnas pelo Brasil a fora (eu mesmo conheço uns três). Mas o Bataclan baiano foi inspirado no francês e hoje em Ilhéus é um centro cultural. Devido ao sucesso da novela e seus ícones, a Som Livre lançou esta coletânea boêmia associada ao Bataclan. Embora não corresponda à música da época, me parece, foi o suporte complementar musical que trilhava algumas cenas da novela naquele ambiente. Nesta seleção variada encontraremos as seguintes músicas e intérpretes:
a volta do boemio – nelson gonçalves
malagueña – los indios
vingança – linda batista
siboney – orquestra serenata tropical
bigurrilho – jorge veiga
mano a mano – carlos lombardi
o meu boi morreu – cravo e canela
bar da noite – nora ney
história de un aor – pepe avila y los bronces
castigo – roberto luna
mambo jambo – perez prado
tortura de amor – waldick soriano
perfume de gardenia – bienvenido granada
jura – altamiro carrilho

Novos Baianos – Praga De Baiano (1977)

Hoje eu acordei pensando no que iria postar. Existem alguns discos que independente de já terem sido amplamente divulgados, ainda merecem uma segunda chamada (ou seria terceira ou quarta?). Não se trata de uma falta de opção, pois temos ainda milhares de títulos a serem apresentados e realmente não me interessa postar coisas que estão em catálogo ou dando sopa por aí. Acontece, que além das coincidências, existe o meu desejo de ter também aqui títulos na sua integralidade e de maneira correta. Se tem uma coisa que me dá nos nervos é baixar algo que muito me interessa e depois perceber que faltou isso ou aquilo. No meu entender e como ponto fundamental deste blog, o que é postado aqui não é somente a música, mas também todo o conceito que a envolve, fonograficamente falando. Quanto mais dados tivermos a respeito do disco melhor. Assim, aqui vou eu batendo na mesma tecla. Dó, ré, mi, fá…

Segue então este álbum dos Novos Baianos que era para ter entrado nos dias de carnaval, mas acabou ficando de fora. “Praga de baiano” foi um dos últimos discos da banda, que nessa altura já estava desfalcada de Moraes Moreira e Galvão. Este disco abriu as portas para um novo momento, o dos trios elétricos. Os Novos Baianos, liderados por Pepeu Gomes, passaram a fazer parte das festividades carnavalescas de Salvador de uma forma ainda mais intensa e explícida a partir deste disco. Segundo contam, Baby Consuelo foi a primeira cantora a fazer o povo tirar o pé do chão na Praça Castro Alves. Uma época em que não havia o Axé e nem Ivetes Sangalos.

Aproveitando o ensejo, estou incluindo este compacto duplo, lançado posteriomente pela CBS para o Carnaval de 1979, onde encontramos os últimos ecos de uma década cheia de muita ‘porraloquice’. Neste temos também o mesmo espírito de “Praga de baiano”, trio mais que elétrico. Um disco sem compromisso com carreiras, que nestas alturas já corria para individual. Já estavam todos com seus projetos solos, criando filhos e outras ‘coisitas mas’.

Os Novos Baianos só voltariam a se encontrar integralmente uma década depois, exatamente no Carnaval de Salvador de 1990. Em 97 eles se reuniram novamente para gravar o álbum duplo “Infinito Circular”. Será que ainda rola mais um?
praga de baiano
vassourinha
o clube do povo
haroldinho, filho e peixe
o petroleo é nosso
caia na estrada e perigas ver
campeão dos campeões
o patrão é meu pandeiro
pegando fogo
luzes do chão
pout-pourri
Compacto:
casei no natal, larguei no reveillon
pra enlouquecer na praça
alibabá, alibabou
apoteose do trio pra dodô

Painel De Controle – Desliga O Mundo (1978)

Bom dia! Hoje eu acordei meio de ressaca depois da festança de ontem. Ao contrário do que sempre acontece, desta vez foi o Toque Musical que ganhou muitos presentes. Mas como já fazia a minha tia, vou repassar todos para vocês (hehehe…). Ontem, no ‘batidão’, rolou muito som dos anos 70 e na inspiração, no clima da ‘night’, resolvi que postaria hoje o memorável disco do grupo Painel de Controle, “Desliga o Mundo”. Digo memorável porque me fez lembrar de velhos tempos, da cena dance, discoteca e embalos de sábados a noite. Quando saiu pelas caixas o balanço de “Black Coco” eu disse a mim mesmo, “vai ser este o post de amanhã!”. Embora já tenha sido rodado em outras tantas ‘pick ups’, “Desliga o Mundo” é o disco ideal para o nosso sábado no Toque Musical. Por certo vai haver aqui muitos que ainda não o ouviram. Na época em que este álbum saiu eu não dei muita bola. Eram tempos em que eu não ouvia música com outros olhos, tinha lá minhas restrições. Além do mais este grupo foi muito boicotado pela ‘crítitica’ da época. Havia um certo preconceito, sei lá… Mas nada como o tempo para fazer as coisas amadurecerem (só não pode deixar caducar, que fica melhor ainda).

O Painel de Controle surgiu no final dos anos 60, vindo do subúrbio carioca. Em 78, com uma nova formação, gravaram este que foi o seu grande disco de sucesso. Puxado pelo ‘hit’ “Black Coco”, tema de uma novela da Globo, a banda finalmente alcançou seu maior destaque. Acredito que depois deste álbum a turma se separou. “Desliga o Mundo” foi um disco muito bem produzido, começando pelo diretor de criação que era o Osmar Zan. Os arranjos e a regência são de Lincoln Olivetti. Confesso que gostei de ouvir novamente o Painel de Controle. A voz do Papi (vocalista) me fez lembrar o Manito do Som Nosso… Bons tempos…
black coco
malandrinha
meu destino mudou
coisas bobas
desliga o mundo
chegue, chegue, chegue (mais perto)
cada um na sua
sombras na parede
quero mais um rock’n’roll
vem
amantes

Grupo Ponte Aérea – Ponte Aérea (1981)


Bom dia meus caros amigos cultos e ocultos! Aqui estamos novamente, retomando nossas atividades dentro do maravilhoso universo fonográfico e musical nacional. Recomeçar numa sexta-feira não podia ser melhor, afinal, dos dias da semana este é o que dá mais ‘ibope’. Além do mais, hoje, o Toque Musical está completando 2 anos de atividades! Confesso que não esperava chegar até aqui, principalmente mantendo o blog ativo diariamente, com postagens muitas vezes inéditas em discos. Ao longo desse tempo percebo quanta coisa aconteceu, o quanto foi bom para mim o exercício musical e o da palavra. Tenho aprendido muito lendo, ouvindo e escrevendo. Através do blog fiquei conhecendo muita gente bacana, vocês meus eternos amigos cultos e ocultos, como sempre me refiro. Encontrei por aqui e através da música pessoas formidáveis que sempre me apoiaram (e sei que o fizeram não apenas pelo que eu tenho a oferecer, mas pela simpatia, pela empatia ou semelhança). Fiz amigos e até troquei figurinhas. Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente artistas que sempre admirei e descobrir tantos outros admiráveis.

Quando eu disse não ganhar nada com o Toque Musical eu menti. Na verdade eu ganho muito, mas não é dinheiro não. Eu ganho amigos, que é muito melhor. Eu ganho prazer, satisfação e muita alegria. Vocês não fazem ideia, mas isso aqui é muito terapêutico. Se estamos aqui já há dois anos, pode crer, não foi graças aos inúmeros discos que tenho, mas sim a vocês. Obrigado pela presença e apoio! Parabéns para todos nós!
Seguindo… e voltando pela ponte aérea, não me lembrei de nada melhor que o Grupo Ponte Aérea. Retornando, verifiquei (para meu espanto) que até hoje ninguém postou esta jóia do instrumental nacional. Pelo menos até onde eu o procurei, não vi postando por nenhum outro blog, este que foi o primeiro disco do grupo que era até então a banda de apoio da dupla Sá & Guarabyra. Lançado em 1981, o Ponte Aérea surgiu em grande estilo, numa produção vigorosa que fez esta nave subir num vôo perfeito. Formada por Constant Papineanu (teclado), Beto Martins (violão e guitarra), Pedro Jaguaribe (baixo) e Nonato Teixeira (bateria e percussão), esta turma tem estrada. Só para nos situarmos: Constant foi integrante do Peso, grande banda de rock dos anos 70; Beto foi dos grupos Flor de Lotus e Apaluza, rock paulista e carioca dos anos 70; Pedro Jaguaribe tocou no Lôdo e Veludo ao lado de Lulú Santos, Fernando Gama e Túlio Mourão; finalizando com Nonato Texeira, grande batera que tocou com muita gente, inclusive Raul Seixas. A Ponte Aérea lançou apenas dois discos, sendo o primeiro, sem dúvida, o melhor. Todas as músicas são composições próprias, exceto “Brilho das pedras” de Sá e Guarabyra e”Rio da rã”, cuja a letra é de Guarabyra. A dupla do rock rural também participa do disco como convidados especiais, além dos sopros de Roberto Sion, Hector Costita, Marco Bosco, Paulinho, Otávio Bangla, Boccatto, Lino e Claudio Farias.
Para não ficarmos em meia boca, resolvi incluir o segundo álbum, que também é muito bom, mas já foi mostrado em outros blogs. Apenas para aqueles que ainda não o viram ou ouviram. Espero que vocês gostem 🙂 No mais, vamos ao bolo… vamos soprar as duas velinhas…
maracanã
movimento das ondas
rio da rã
mandrake
rio comprido
brilho das pedras
benvinda
promenade
baião I
bananal

Mário Lago – Retrato (1978)

Prezados, estou refazendo, excepcionalmente, uma de nossas últimas postagens que para meu espanto parece ter sido vítima de alguma ação misteriosa. Primeiro foi o link que ficou inativo, depois a postagem sumiu. Muito estranho… isso nunca havia acontecido antes. Se não fosse eu, num último instante, dar uma checada nos e-mails do Toque Musical, esta postagem ficaria para agosto. Mas devido a estranheza do fato, eu não poderia deixar passá-lo em branco. Fiquei com uma sensação de fragilidade e com uma dúvida na cabeça: quem, além de mim, teria acesso à minha conta no Rapidshare e no blog? Mistérios que eu pretendo descobrir… mas só daqui a 15 dias 🙂

Retomando… Eis aqui o Mário Lago, um artista merecedor de todo o nosso respeito e da nossa saudação. Poeta, compositor, ator, radialista, advogado e comunista! (será que foi por eu ter mencionado esse último ítem que tiraram minha postagem? hehehe…) Mas o Mário Lago foi muito mais que isso, um homem de sensibilidade, de muitos amigos e excelentes parceiros musicais.
Neste disco, que foi o primeiro gravado por ele, temos o artista interpretando alguns de seus clássicos, como “Nada além”, parceria com Custódio Mesquita; “Ai que saudades da Amélia” e “Atire a primeira pedra”, com Ataulfo Alves. Há também poesias e composições menos conhecidas e inéditas como a faixa “Deixa em paz”, uma parceria com Bide (Alcebíades Barcelos), composta no final dos anos 30. Confiram aí, antes que os censores tentem tirá-lo de novo 😉

ai que saudades da amélia
atire a primeira pedra
gilda
leva meu coração
não quero ser marisco
quem chegou já tá
nada além
dá-me tuas mãos
devolve
deixa em paz
não precisas bater
é tão gostoso seu moço
faz de conta
rosinha bonita
cantiguinha tristezíssima
no meio do mundo
poema: canção do não – tempo de lua

Orlando Silva – Enquanto Houver Saudade (1966)

Muito bem, meus prezados amigos cultos e ocultos, esta é a postagem de saideira. Pelo jeito, eu fui o último a pegar o trem. Parece que todos já saíram também para suas férias. Então, vamos descansar. No dia 31 eu prometo estar de volta, comemorando os dois anos de Toque Musical. Tragam os ‘comes e bebes’ que o som é por minha conta 😉

Encerrando, aqui vai um Orlando Silva para recordar. Me lembrei dele depois de ter postado o disco do Mário Lago. Neste álbum lançado em 1966 temos como titular, a valsa que dá nome ao disco, composição de Mário em parceria com Custódio Mesquita. O lp reúne também dois ‘pot-pourri’ de sambas, além de outros clássicos que marcaram época na voz do “cantor das multidões”. Taí um bom disco para se ouvir nesta quarta, quinta, sexta… ou até a minha volta 🙂
Um grande abraços à todos! Volto logo…
brasa
quero dizer-te adeus
abigail
enquanto houver saudade
potpourri de sambas:
a primeira vez
meu pranto ninguém vê
pela primeira vez
meu consolo é você
potpourri de sambas:
abre a janela
o homem sem mulher não vale nada
senhor me ajude
encontrei minha amada
eu chorarei amanhã
eu te amo
jornal de ontem
há sempre alguém
duas vidas

Lia Salgado E A Canção Brasileira (2009)

Bom dia! Finalmente chegou as minhas férias! Vou dar uma pausa de 15 dias e volto no final do mês para a gente comemorar os dois anos de Toque Musical. Teremos assim, mais três postagens nesta semana e ‘pé na estrada’!

Antes de fechar para o descanso, gostaria de deixar postado este disco recém-relançado da cantora lírica Lia Salgado. Ela já esteve presente em nosso toque musical à pouco mais de um ano atrás. Desta vez ela volta em grande estilo e em dose dupla no cd que reúne os álbuns “Interpretando Autores Brasileiros” de 1959, lançado pela Sinter (e postado aqui), juntamente com “Canção Brasileira” que saiu pela Chantecler nos aos 60. O relançamento dessas duas obras de Lia Salgado é de uma importância que vai muito além do próprio desejo de seus familiares em prestar-lhe uma homenagem. E eles, evidentemente, sabem disso, do valor artístico de uma grande intérprete. Ainda mais ao lado de Alceu Bocchino e Camargo Guarnieri, dois nomes de peso da música erudita brasileira, presentes não apenas nas músicas interpretadas, mas também (e principalmente) junto com a cantora, acompanhando-a ao piano. Vejam vocês a responsabilidade de Lia Salgado neste momento, gravando ao lado dos próprios autores. Mais que isso, a competência. Pois, poucos tiveram a oportunidade de estar em seu lugar, vivendo mais que um momento mágico, histórico! O presente álbum, em um delicado formato de livro, foi apresentado ao público a pouco mais de uma semana num lançamento acontecido no Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte. Este ‘mimo’ teve uma tiragem limitada e foi distribuído gratuitamente aos convidados e à diversos setores da cultura, além de bibliotecas e escolas. Sem dúvida, um ítem importante que enriquece nossos bancos de informação cultural.
Parabéns à família pela bela e necessária atitude, honrando não apenas à mãe e avó, mas também a um grande nome da música brasileira. Nós, os admiradores e amantes da boa música, só temos a agradecer. 🙂
Parte I
Ao piano: Alceu Bocchino e Camargo Guarnieri
amo-te muito
longe,bem longe
azulão
foi numa noite calmosa
quando uma flor desabrocha
canção das mães pretas
tayeras
aribu
segue-me
teus olhos verdes
vadeia caboclinho
Parte II
Ao piano: Alceu Bocchino
evocação
vida formosa
toada pra você
meu coração
cantiga de ninar
o doce nome de você
Ao piano: Camargo Guarnieri
pomba rola
viola quebrada
eu gosto de você
aceitei tua amizade
porque

Celio Balona – Imagens (1983)

Olá meus prezados amigos cultos e ocultos! Hoje eu me atrasei, mas ainda estamos em dia 😉 E o dia hoje está bom para a música instrumental de Célio Balona. Um artista que marca presença aqui pela terceira vez. Ao longo desse tempo vemos (e ouvimos) seus diversos momentos como instrumentista de primeira linha, escondido atrás das montanhas de Minas. Desta vez eu trago “Imagens”. Para mim, um de seus melhores discos, aquele pelo qual o artista será lembrado. Eu acredito que este trabalho só não ‘deslanchou’ por ter sido lançado de forma bem mineira, sem alardes. Só que no mundo da música, se não fizer barulho não chama atenção. O Balona nunca esteve muito preocupado com isso. Por certo, pelo seu talento, nunca lhe faltaram oportunidades, mas ele preferiu seguir pelas ‘Geraes’. Este álbum é algo que agrada de imediato. Música instrumental moderna de nível internacional, nada parecido com seus trabalhos anteriores. Um ‘fusion’ bem temperado com participações especiais de Ezequiel Lima, Mário Castelo, Nenen, Marcus Viana, Juarez Moreira e outros feras da música mineira. Discão!

imagens
cantiqua
choroso
grafitti
tropicana
estrelas e vagalumes
flor de verão
brasiliana

Biriba Boys (1969)

Olás! Hoje eu estou trazendo outro disquinho curioso, “Biriba Boys”, cujo o qual ainda não montei todas as peças de sua história. Eu bem que poderia me pontuar apenas no texto da contracapa, mas achei por bem correr atrás de mais alguns dados. Acabei complicando mais a situação. Ao procurar na rede informações sobre eles, me deparei com um dos pioneiros grupos jovens de música para bailes. Criado pelo maestro e pianista Sérgio Weiss no início dos anos 50, o Biriba Boys atuou durante os anos 50, 60 e início dos 70, quando ainda os bailes de clube eram a grande atração dos sábados e domingos. Foi o primeiro grupo a se apresentar de maneira informal, com roupas e estilo despojado. Faziam muito sucesso na época, principalmente em São Paulo e chegaram a percorrer vários clubes e festas particulares pelo Brasil. Pelo que eu pude entender, como conjunto para bailes, eles tocavam o que era sucesso e se reciclavam conforme às mudanças e estilos do momento. Ao longo do tempo eles passaram por mambos, chá-cha-chá, boleros, sambas, rock’n’roll… pela Bossa Nova e a Jovem Guarda. Chegaram a gravar discos de covers, mas em nenhuma das discografias encontradas aparece este álbum de 1969. Também não é citado em nenhum momento o nome de Sérgio Weiss. Taí a minha grande dúvida e confusão. Seria o mesmo Biriba Boys? Acredito que nesta época Sérgio já não estava mais fazendo parte do Biriba Boys, talvez envolvido com “Os Caçulas” ou o ‘Brasilia Modern Six”, dois outros grupos dele. Posso até estar enganado, mas tudo me leva a crer que foi assim.

Neste disco de 1969, temos um repertório variado, privilegiando temas internacionais e instrumentais. Mas também há espaço para a interpretação do ‘crooner’ e compositor Luiz Antonio – figura que mais tarde se destacaria na Europa, fazendo parte do grupo “Brasil Aquarius” (onde gravaram um disco na Espanha) e depois na França, em dupla com Rolando Farias, no irreverente “Les Etoiles”. Confiram aí e se puderem, complementem ou corrijam esta informação 😉
wade in the water
sentado a beira do caminho
together
sei lá
port mont (puerto mont)
border gate at tijuana
you showed me
knowing when to leave
e tuvoltarás num dia azul (il reviendrá le tres joli bateau)
romance de amor
petulia
prelúdio para um amor sem amor

Samba Rock – O Som Dos Blacks (1985)

Correndo contra o tempo, aqui vou eu rapidinho nesta sexta-feira, trazendo esta curiosa seleção musical denominada “Samba Rock – O Som dos Blacks”. Este ‘drops misto’ foi lançado pelo selo Copacabana (a Nova Copacabana) nos anos 80, correndo por fora no auge do ‘new wave’. Olhando assim de relance a gente vai logo pensando que vai encontrar a ‘soul music tupiniquim’, afinal, com um título tão sugestivo… Mas a Copacabana resolveu deixar a escolha musical por conta de um tal de Antonio Carlos (não me perguntequem é, pois eu nunca vi mais gordo). O cara até que não teve mal gosto, só que misturou pires de oliveira com pratinho de azeitona. Juntou rock, samba, reggae, funk, soul e ainda para completar o mexidão, deu uma pitada com hits internacionais. Ficou mesmo o trem mais estranho, que sinceramente não dá unidade ao disco. Porém, como 90% do lp tem artistas e músicas interessantes, vamos ingerir esta salada de frutas. Uma das grandes vantagens de coletâneas como esta é a de a vezes encontramos uma ou outra música que nunca chegou a lp. As vezes apenas em compactos e olhe lá… Confiram aí…

segura nêga – bebeto
rock around the clock – waldir calmon
chicken lickin’ – okie duke
crioulo glorificado – luis vagner
frutas e línguas – chico evangelista
be-bop-a-lula – lee jackson
hey amigo – o terço
everything you’ll ever need – swamp dogg
si manda (se manda) – jorge ben
mistre funk – miguel de deus
my pledge of love – joe jeffrey

Fabio Paes – Pensando Na Alegria (1984)

Bom dia! A semana passou depressa, eu quase nem percebi. Como já havia anunciado, a partir do dia 16 eu estarei de férias. Eu e o Toque Musical, que entra em recesso até o dia 30. No dia 31 estão todos convidados, no retorno, para comemorarmos juntos o terceiro ano do Toque Musical, completando nessa data 2 anos de atividades. Estranho falar assim, mas considerando que o blog iniciou em 2007, estamos no terceiro ano 🙂 Mas de existência e atividades ele está completando dois anos. Tô resistindo…

Vou fazer desta quinta-feira o Dia do Independente da semana, trazendo o poeta e compositor baiano Fábio Paes em seu primeiro lp, o “Pensando na alegria”. Fábio tem uma trajetória rica, iniciou sua carreira nos anos 70 em parceria com Raimundo Monte Santo, outro artista que não chegou a mostrar sua arte, vindo a falecer naquela mesma década. A partir dos anos 80 e com outros parceiros, Fábio retoma sua trilha, sempre ligada às raízes, cantando o sertão e os movimentos populares. Neste disco de estréia, muito bonito por sinal, temos canções feitas com parceiros ilustres que também participam do disco, como Elomar, Carlos Pita e Dércio Marques quem também dirigiu todo o trabalho. Vale a pena conferir esta raridade 😉
não tou só na natureza
batalha
arribação
pensando na alegria
boca fria / festa de moirão
forró de jaboatão (vinheta)
galope da manhã
canção da vida
truvejo
relampeio
forró de jaboatão
canto da serra

Raul Sampaio – Vai-se Um Amor E Vem Outro (1962)

Putz! Hoje quase que não sai… fiquei agarrado até agora. Vou então aproveitar a folga e mandar um de gaveta. Sem ficar escolhendo muito, fui logo puxando este disco do Raul Sampaio. Acho que foi uma boa opção, afinal é difícil ver e ouvir disco de artista por aí. Além do mais, parece que foi um pedido de alguém lá do meu inconsciente, me lembrando que segunda-feira passada foi aniversário dele. Completou 81 anos! Que bacana! Meus parabéns, Raul Sampaio!

Natural de Cachoeiro do Itapemirim, ele é mais um célebre cidadão da cidade capixaba. Conterrâneo de Roberto Carlos e tio de outro grande compositor, o Sérgio Sampaio. Iniciou a carreira nos anos 40 na dupla, que depois virou trio, Dois Valetes e Uma Dama, inspirado no famoso Trio de Ouro. Curiosamente, na segunda formação do trio de Herivelto Martins, Raul Sampaio seria um de seus integrantes juntamente com Lourdinha Bittencourt. Juntos, os três gravaram 30 discos de 78 rpm no período de 1952 a 64.
Este álbum foi lançado em 1962, trazendo entre outras o bolero “Vai-se um amor e vem outro” e o samba canção “Meu Cachoeiro”. Confira aí…
vai-se um amor e vem outro
transformação
a última tristeza
entre dois amores
noites cruéis
luz e sombra
deixa-me ficar
a procura de ti
estou perdido de amor
meu cachoeiro
ingratidão
falsidade

Trio Irakitan – Nossa Casa De Cha Cha Cha

Olá, meus prezados amigos cultos e ocultos. Sempre desnivelado e sem parâmetros, aqui estou eu desenterrando espíritos que encantam, surpreendem e também espantam. Tem gente que gosta, tem gente que não. Eu vou seguindo em frente… enfrentando crititicas e palavrões. Com já dizia o poeta Paulo César Pinheiro, “o importante é que a nossa emoção sobreviva”. A minha, eu garanto, está em ótima forma, obrigado!

Para hoje temos, mais uma vez, o excelente Trio Irakitan desfilando um repertório variado e bem conhecido de todos em ritmo de Cha-cha-cha. Mas afinal, (a pergunta que não quer se calar) o que é mesmo o Cha-cha-cha? Eu ainda tenho as minhas dúvidas :))) mas vou ficar apenas como sendo uma derivação dos ritmos cubanos que no início dos anos 60 estavam bombando por aqui (e pelo mundo, né?). E com não podia deixar de ser, um bom prato para um trio tão versátil quanto foi o Irakitan. Este disco é muito bacana, ótimo para uma festinha retrô e principalmente para relembrar e descontrair. Relaxa que encaixa 😉
neurastênico
dá nela
dama das camélias
de papo pro á
aurora
você
tem gato na tuba
chiquita bacana
china pau
a mulata é a tal
marina
coisa linda

Gastão Garcia – Sax Italiano (1964)

Bom dia! Começo a semana trazendo um álbum que poucos tiveram, talvez, a oportunidade de ouvir. Um disco raro, cuja as informações encontradas na rede se limitam apenas ao preço (120, no mínimo), fornecido por alguns sebos. Não há, definitivamente, qualquer outra informação, nem mesmo sobre o artista. O jeito será me pontuar pelas informações da própria capa. No verso encontramos um texto de apresentação deste artista. Gastão Garcia foi um saxofonista, possivelmente mineiro, que atuava na cidade de Governador Valadares. Tocava em boates e no Esporte Clube Ilusão, tradicional clube social da cidade. Gravou este que foi o seu primeiro disco no selo Polydor e pelo texto da contracapa seria uma promessa, um artista para desbundar no mercado fonográfico. Se aconteceu, ninguém sabe. Tudo se resume neste lp, cujo o qual nem data de lançamento consta. Eu suponho que “Sax Italiano” tenha sido lançado no início dos anos 60 ou final dos 50. O repertório, como tudo indica, é de músicas italianas. Uma seleção das premiadas no famoso Festival de San Remo, evento anual da música que acontece naquele país desde 1951. As qualidades musicais de Gastão Garcia são inegáveis. Ele toca seu saxofone com maestria e sem querer comparar, nos faz lembrar o grande Moacyr Silva. Confiram aí e se possível comentem e complementem esta postagem 🙂 Toda informação é sempre bem vinda 😉

al di la
piove
io sono il vento
viale d’autunno
addio… addio
amor, mon amour, my love
aprite le finestre
romantica
tnbo italiano
una per tutte
nel blu dipinto di blu
l’edera

Roberto Luna – Luna Canta Para Você (1959)

…E porque hoje é domingo, vamos de volta ao túnel do tempo. Desta vez trazendo o cantor Roberto Luna. Há algum tempo atrás um de nossos visitantes mencionou este artista, sugerindo uma postagem. Eis que finalmente chegou a vez.

Luna nasceu Valdemar Farias, em 1929 na Paraíba. Começou a carreira artística no no final dos anos 40 como ‘crooner‘ de orquestra, cantando em boates, clubes e em seguida no rádio. Gravou seu primeiro disco em 52 pelo selo Star, passando pela Copacabana e Odeon. Em 58 assinou com a RGE onde gravou várias bolachas de 78 rpm. “Luna canta para você” foi seu primeiro lp, lançado em 1959, reunindo entre outras, gravações dos discos anteriores pela RGE. Continuou gravando discos até o início dos anos 70, depois parou de vez, se dedicando apenas a apresentações. Contam que parte de sua discografia chegou a ser relançada em cd. Eu confesso que nunca vi nada além de coletâneas. Este álbum é talvez um de seus melhores discos. Tem um repertório fino que inclui por exemplo Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Dolores Duran. Confiram aí…
o relógio
serenata do adeus
tempo será
tuas cartas
por onde andarão os teus olhos
bom café
céu
soneto da felicidade
chovia
estrada branca
castigo
o céu perdoa