Juca Chaves – As Músicas Proibidas De Juca Chaves (1968)

…E por falar em polêmica, humor e grandes compositores, hoje eu resolvi trazer o “Menestrel do Brasil”, irreverente Juca Chaves. Ele pode até não ser grande em tamanho, mas como compositor ninguém pode duvidar, não é mesmo? 🙂 Suas composições sempre foram marcadas pela sátira, pela crítica social e política. Mas não podemos colocá-lo no mesmo patamar dos compositores de protesto e contestação como foram Chico Buarque, Sérgio Ricardo ou Vandré. Como eu já disse, humor não é para ser levado a sério. Jurandyr Chaves foi sempre um satirico, sua preocupação social se limitava às críticas. Não foi atoa que um dia a escritora Zelia Gattai o classificou como um anarquista, o que num certo sentido lhe confere um ‘status’ honroso, embora não tenha sido exatamente essa a intenção. Juca, na verdade e literalmente, sempre foi um pequeno burguês, amante (ou apreciador?) de lindas mulheres, colecionador de carros e um ‘bon vivant’. Seu momento maior e com algum sentido político-social se fez nos anos 60, quando ganhou muita popularidade com suas modinhas e também muitos processos, que na verdade só serviram mesmo para lhe dar mais destaque. Depois de 64, criticar a classe política e militar já não era mais moleza e o Juquinha ‘previdentemente’ foi logo mudando seu alvo para coisas mais amenas e agradáveis como o sexo e as piadinhas picantes.
Neste disco, lançado em 1968 pelo selo Imperial (que foi criando pela Odeon para vendas à domicílio) temos reunidas algumas de suas sátiras que só saíram para o público após muitas batalhas judiciais. São composições, portanto, da primeira metade dos anos 60. Porém, logo depois de ter sido lançado este álbum, veladamente a Odeon o retirou da venda ao público, a pedido da nova ordem militar.

dona maria tereza
brasil já vai a guerra
pena preta de urubu
caixinha obrigado
crítica das críticas
contrabando de café
a situação
presidente bossa nova
lembretes
legalidade
retorno
atrazo e solução

Ivon Curi – Meus Melhores Momentos (1957)

Taí um artista que até pouco tempo atrás eu não nada muito valor. Isso devido a minha própria ignorância e preconceito. Confesso que nunca havia me interessado pela figura do Ivon Curi. Por incrível que possa parecer eu tinha uma certa antipatia com o nome Ivon, achava feio e inexpressivo. A gente às vezes tem isso. Para completar a minha implicância, tinha o fato dele usar peruca. Eu achava aquilo o fim da picada. Era para mim, um artista que a gente não leva a sério. Aliás, eu já havia comentando certa vez que (na minha visão) um artista que trabalha também com humor, muitas vezes acaba carregando mais a estigma de humorista do que de compositor. Vejam o exemplo do Juca Chaves, Arnaud Rodrigues, entre outros. São todos compositores maravilhosos, mas sempre me passaram essa sensação de incredibilidade musical. Mas isso tudo é uma grande bobagem minha. A gente às vezes tem esses preconceitos que são formulados pelo nosso próprio desconhecimento do artista e seu trabalho num todo. O Ivon Curi me surpreendeu em todos os sentidos. O cara tinha uma voz refinada e suas composições revelam um aguçado senso criativo. Era romântico sem ser piegas ou banal. O humor, é claro, existe, mas de maneira comedida, sem excessos. Algumas de suas composições tem um certo compasso ‘bossanovista’, não sei se vocês já repararam nisso. Além de cantor e compositor, Ivon foi também ator de cinema, tendo feito dezenas de filmes. Foi humorista, trabalhou na tv e também fez dublagens.
Neste disco, não tenho certeza, mas me parece que foi o único dedicado exclusivamente ás suas criações. Lançado em 1957 pela RCA Victor, o álbum apresenta além de temas românticos, xote, choro, samba e baião. Foi mais ou menos por essa época que ele começa a deixar um pouco de lado o romantismo dos primeiros tempos, se entregando a musica nordestina de teor humorístico. Também passa a atuar em shows, não apenas cantando, mas também contando piadas, brincando com o público. Um autentico ‘showman’. Devo admitir, o Ivon Curi era mesmo muito bom! (agora, aquela peruquinha…)

obrigado
e o piano tocou
eu ri de chorar
saudade de ninguém
cala a boca menino
mal entendido
retrato de maria
sai menina
falam tanto de mim
se deus quiser
não fui eu não
humanidade

Toques Para Quem Se Toca

Depois de mais de cinco anos envolvido com blogs, publicando as mais diversas coisas e principalmente música, a gente vai aprendendo a lidar com as situações que surgem e com o público que nos visita. É natural que as pessoas reajam e comentem sobre um determinado assunto. É natural também que elas aprovem ou não o que foi publicado e em alguns casos, esse comentário pode ser uma critica. Tudo bem, faz parte da coisa. Mas vejo que alguns desafetos se tornam crônicos e obsessivos. Existem pessoas sem medida, que por algum motivo fazem questão de serem chatos e destruidores. Sinceramente, hoje em dia isso já não me afeta. Comentários tolos, insultuosos e maldosos eu ignoro. Em alguns casos eu os apago porque chegam mesmo a ultrapassar o senso crítico da maldade. Outros, como este último (que por sinal foi replicado em outras postagens) eu prefiro até deixar, mostrando à própria anônima criatura que sua pedra lançada em minha direção só serviu para a construção e o fortalecimento do meu castelo. Nessa minha analogia, tem gente que nunca vai aprender a entrar pelo portal. Teimam em atravessar o fosso e acabam sempre na boca do jacaré. Disso tudo apenas uma coisa me incomoda. Começamos a desvirtuar o sentido cultural dos Comentários. O assunto passar a não ser mais o da postagem. Isso não é legal. Contudo, continuo sempre incentivando a nossa comunicação. Facilito o acesso sem criar os entraves dos códigos de verificação para não desestimular os comentários. Não é por acaso que os links são colocados lá.
Quanto à questão de álbuns que são postados aqui ou ali, isso para mim é irrelevante. Ou melhor, faz parte do nosso intercambio. Ninguém pode se sentir dono de nada nessa situação. Pouquíssimas vezes eu recorri a álbuns postados por outros blogs, quando o fiz foi citando o autor (em casos muito específicos). Por certo, que muito do que postei também foi postado em outros blogs, antes ou depois. Nem por isso quer dizer que sejam os mesmo arquivos. Exclusividade é uma palavra que aqui só faz sentido se houver algum diferencial. E essa diferença se faz apenas com dedicação, capricho e muita criatividade. Como já dizia a Rita Lee: “Mas que falta de imaginação. Eu não. Meu departamento é de criação.”

Cartola – Ao Vivo (1991)

Bom dia, meus prezados visitantes! Eu ando com a cabeça tão cheia de preocupações que às vezes chego a fazer algumas confusões e erros na hora da nossa postagem. Ontem mesmo, eu estava crente que fosse sexta-feira. Até errei no texto da postagem, mas logo depois corrigi. Acho que é essa minha falta de tempo e muito compromisso. Aí eu chego a variar…
Já que a sexta é hoje, vamos então de Cartola e ao vivo! Espero que este disco ainda seja novidade para alguns. Lançado em 1991, este lp nos traz um registro da última apresentação ao vivo de Cartola em São Paulo, na noite de 30 de dezembro de 1978, no Ópera Cabaré. Neste show, o sambista é acompanhado pelo Regional do Evandro, um grupo de choro paulista que se apresentava em diversas casas noturnas da capital. O disco, na verdade, tem apenas algumas músicas do show e foi lançado em outros anos e com outras capas diferentes (para confundir a cabeça da gente). Quem ainda não ouviu, vale conferir, pois essa é uma apresentação singular, com mais gosto de choro do que de samba. Bacana mesmo 😉

alvorada
o mundo é um moinho
sim
acontece
amor proibido
as rosas não falam
verde que te quero rosa
peito vazio
alegria
inverno no meu tempo
o sol nascerá

Pixinguinha & Sua Banda – 40 Anos De Sucesso (1979)

Bom dia! Deixa eu ir logo fazendo esta postagem, pois o meu tempo hoje é curtíssimo. Como diz aquele velho ditado: “a pressa é inimiga da perfeição”. Foi justamente isso que a conteceu quando pensei numa quinta-feira de chorinho. Catei o primeiro Pixinguinha que apareceu para postar aqui. Sem estar muito antento, o resultado não foi outro… sambas e marchinhas de carnaval. Como tivemos uma ‘overdose’ carnavalesca no mês passado, achei que esta poderia não ser uma boa escolha para o momento. Porém, ao ouvir direito o disco e se tratando do mestre Pixinguinha, acho que não errei tanto assim.
Este disco, lançado pela lendária Musidisc de Nilo Sergio nos anos 60 (e depois relançado pela Sigla em 79), comemora os 40 anos de sucesso do compositor e instrumentista ao lado de sua banda, tocando aqui sambas e marchas de carnaval extraídas de seus discos anteriores, principalmente os das décadas de 40 e 50.
Dia 23 de abril é a data de nascimento de Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha. Nesta data também é comemorada o Dia Nacional do Choro. Sendo assim, ainda neste mês teremos novamente o prazer da companhia do Mestre, desta vez no choro, ok? Por hora, vamos à folia 😉

fala mangueira – sr. comissário
obsessão – rosalina
cala a boca – reza por nosso amor
não tenho lágrimas – o relógio bateu 5 horas
pra seu governo – juro
sabiá laranjeira – quebrei a jura
eva – miau miau
serpentina – índio quer apito
a maria tá – mulher do leiteiro
o passo do canguru – o passarinho do relógio
toureiro – allah lá ô
andorinha – nêga do congo

Ciro Monteiro E Jorge Veiga – De Leve (1971)

Devido à minha total falta de tempo, fui obrigado a apelar para o ‘gavetão’ e sacar este disco bacana que me foi enviado há algum tempo atrás pelo Maurício (bicho-grilo). É o que melhor expressa este dia para mim. Sem comentários…

“Hoje não é dia primeiro de abril
Com essa cara, outra vez você mentiu
Não sou otário, nasci na Lapa
Você não pode me enganar
Mentira assim é de amargar
Eu não mereço tanta ingratidão assim
Parece até que você quer ver o meu fim
Não faça mais isso comigo
Senão eu lhe darei castigo
Quando me zango sou um perigo
Nunca há de aprender a me enganar
Coloque-se em seu lugar
E deixe de me envergonhar
Por favor não faça isso mais
Se outra vez você mentir
Eu sei do que serei capaz
Hoje não é primeiro de abril…”
*
Nelson Cavaquinho, Paulista e Noel Silva
*
samba é bom assim
pra seu governo
despedida de mangueira
falso amor
não tenho lágrimas
acorda escola de samba
cai cai
disseste
400 anos
poeira
tumba iê
bigú
se você jurar
izaura
maria sambou
não posso mais
rosa maria
agora é cinza
café soçaite
primeiro de abril
boi bumbá

João Gilberto – Aos Vivos (2009)

Bom dia a todos! Hoje não chove lá fora, pelo menos por enquanto… e aqui dentro o sol já raiou 🙂 Ontem na introdução, ao comentar sobre meu desejo de postar um ‘bootleg’ do João Gilberto, esperava que alguns se manifestassem desejosos de ouvir o que tenho aqui para mostrar. Para meu espanto, ninguém se tocou. Ninguém fez referência ou teve a curiosidade de saber. Fiquei pensando em todas as possíveis razões, mas preferi acreditar no impacto do disco do Tito Madi. Talvez tenha sido este o motivo. Uma imagem reluzente tem mais poder do que as palavras. Todos se centram no Tito Madi, daí quem não conhecia, ‘entrou de sola’ e quem já conhecia, não quis ‘meia sola’. Me refiro ao fato de que esse disco já havia sido postado anteriormente em outros blogs. Quem já o havia baixado achou que era a mesma coisa, mas não é não!
Bom, deixemos isso prá lá… vem prá cá. Mesmo sem manifestação de interesse, sei que a grande maioria adora o João Gilberto (inclusive eu!). Por isso, não vou deixar que essa conversa passe ‘no batido’, mas sim na batida… no toque do Midas, o grande João Gilberto!
Desta vez temos uma coletânea, reunido momentos de apresentações ao vivo feitas pelo João em épocas e lugares distintos. Essas gravações, autênticos ‘bootlegs’, foram selecionadas e trabalhadas pelo meu amigo Christophe Rousseau e na parceria eu criei a capinha (gostaram?).
Temos 14 momentos do artista em apresentações que se iniciam em Recife, seguindo depois para outros lugares que não foi possível identificar e nem saber a data. Há também registros de encontro com o Astrud e o saxofonista americano Stan Getz, certamente feito nos ‘States’. Eu acredito que algumas coisas aqui nunca chegaram a ser gravadas oficialmente por Ele. As gravações estão em muito boa qualidade e tratadas pelo Chris ficaram ainda melhor.
Sem dúvida, ouvir João Gilberto ao vivo é outra coisa. Seu carisma se faz presente apenas ao ouví-lo e ao vivo fica inda mais evidente essa sensação. Minha intenção ao fazer esta postagem foi mais uma vez a de demonstrar o quanto Ele é importante para mim, para você e para todos os que estão vivos.

aos pés da cruz
as três da manhã
ave maria do morro
hino nacional brasileiro
farolito
odete
lealdade
foi a noite
solidão
recife, cidade lendária
você esteve com meu bem
corcovado (astrud e stan getz)
você e eu (astrud e stan getz)
garota de ipanema (astrud e stangetz)
brazil com s (bônus)

Tito Madi – Chove Lá Fora (1958)

Nesta manhã eu acordei com o intuito de postar um ‘bootleg’ do João Gilberto. Ontem eu passei para o meu IPod toda a discografia do João, incluindo a fase pré-bossa nova, a polêmica fita na casa do fotógrafo Chico Pereira e algumas gravações especiais de shows. Fui para a cama e adormeci ouvindo “Chega de Saudade”. Acho que passei a noite sonhando com o cara. Acordei agora a pouco ao som de uma apresentação ao vivo. Fiquei deitado por mais alguns instantes ouvindo e pensando na postagem que eu faria. Mas foi só eu me levantar, abri a janela e vi a chuva lá fora. Não deu outra… comecei a cantarolar o Tito Madi, “a noite está tão fria, chove lá fora…” Podia ter sido “Me chama” do Lobão, que o João gravou também e tem tudo a ver, mas não foi não. Minha memória puxou foi mesmo para o Tito Madi. Daí me lembrei que já tinha o disquinho pronto para postagem. Como hoje é ‘segundona brava’ e meu tempo é limitado, resolvi optar pelo que está à mão.
Assim, hoje iremos com Tito Madi em seu primeiro e clássico lp “Chove lá fora”. Falar sobre este precursor da Bossa Nova é literalmente chover no molhado. Cantor e compositor romântico, iniciou sua carreira no final dos anos 40, mas o reconhecimento só veio mesmo na década seguinte. Em 1956 ele já havia lançado essa sua mais famosa composição, “Chove lá fora”, que por sinal, foi gravada pelo grupo vocal americano The Platters. A versão se chamava, “It’s raining out, side” e em seu lançamento na América vendem mais de 1 milhão de cópias. Tito chegou inclusive a ser convidado a participar de uma temporada de seis meses com The Platters através da Europa, mas por insegurança acabou recusando. Até hoje ele lamenta esse fato.
Neste lp de 10 polegadas temos o cantor ao lado de seu fiel pianista Ribamar e conjunto. Ele interpreta, além de suas composições, quatro outras de Garoto, Ribamar e Tom Jobim.
Desculpem, mas esqueci da hora… A chuva parou e o trabalho me chama… Confiram aí e deixem os seus comentários, por favor!

chove lá fora
duas contas
cansei de ilusão
duas vidas
não diga não
foi a noite
fracassos de amor
e a chuva parou

Ney Matogrosso (1975)

Olá meus caríssimos amigos cultos, ocultos e verificadores de plantão. Bom domingo para todos! Hoje começamos a girar nosso leme, buscando novos mares e ventos fortes. Para não termos mudanças bruscas e radicais, resolvi trazer algo que atenda ao gosto comum dos mais jovens e dos mais velhos.

Hoje temos aqui e mais uma vez no Toque Musical, o singular Ney Matogrosso em seu primeiro álbum solo. Este disco de estréia não foi muito bem recebido pelo público. Quando saiu, as vendas foram muito fracas, isso talvez se deva ao fato de que o álbum não lembrava em nada os tempos de Secos & Molhados. Mas pode acreditar, não foi por falta de qualidade. O disco é uma obra maravilhosa, tanto nas composições, nos arranjos e músicos envolvidos no projeto, como também e principalmente na interpretação de Ney. O álbum é luxo só e acompanha todo o conceito num estilo gráfico ousado. Lançado pela Continental, ele ainda traz em anexo um compacto com duas faixas, gravados na Itália em 1974 com Astor Piazzolla. O disquinho – um mimo – tem a produção musical, arranjos e acompanhamento do argentino. As composições também são de Astor Piazzolla. Sem dúvida, um disco nota 10! Confiram… 😉
*
homem de neanderthal
corsário
açucar candy
pedra de rio
idade de ouro
bodas
mãe preta (barco negro)
coubanakan (cubanacan)
américa do sul
+
1964 II
as ilhas

Flavio Y Spirito Santo (1981)

Olá! Depois de muitos e-mails insistentes (o que foi uma surpresa para mim), estou cumprindo o prometido, trazendo o primeiro disco independente do maluco Flávio Rodrigues. Eu não imaginava que o cara tinha tantos fans assim – pelo menos oito, garantidos e comprovados em e-mails! (hehehe… outra brincadeirinha) Quem sabe agora, com mais este disco alguém dê notícias do artista. O cara sumiu de vez…
Este disco segue a mesma linha do outro que postei. Pessoalmente, prefiro o segundo que ao meu ver (e ouvir) foi mais elaborado. Nessa hora é que eu digo com faz falta um produtor e um arranjador. O músico ou artista pode ser ótimo, mas é preciso que alguém trabalhe com ele e visualize o que está sendo feito. O produtor, o diretor musical ou o arranjador são os profissionais mais indicados, mesmo para um trabalho independente. Todavia, por aqui tá valendo… 😉

seis horas da tarde
lamento
quem canta seus males espanta
tristeza tropical
gatinha
vento sul
memórias de um bandido
hora da siesta
eu sou mluco por rock’n’roll

Joelho De Porco – São Paulo 1554-Hoje (1976)

E aí…? Você vai de xaxado? Eu vou de rock’n’roll! (pelo menos até domingo, se não embaçar…)

Depois de Mutantes, Made In Brazil e Os Incríveis, o Joelho de Porco foi a banda de rock que me puxou pelos pés no auge dos meus 15 anos. Descobri o grupo através de um compacto, cuja a música, “Se você vai de xaxado, eu vou de rock’n’roll”, fazia o maior sucesso na minha turma.
Coincidentemente, naquele mesmo ano de 1976, era lançado um lp da banda pela Som Livre. Me lembro que havia até propaganda na TV Globo anunciando. E aí, não deu outra, comprei o disco. (Verificando neste instante, vejo que o lp ao qual eu me refiro foi o segundo, quando então entrou um vocalista argentino, o Billy Bond).
“São Paulo 1554-Hoje” é outro clássico do rock nacional. Foi relançado em vinil pelo selo Beverly no início dos aos 80 com esta capinha que vemos logo acima. Na verdade era a contracapa no original. Em 1998 ele foi relançado em formato digital pela Movieplay.
O último remanescente do Joelho, Próspero Albanese, continua na ativa mantendo vivo o nome e a memória de uma das mais inovadoras bandas de rock brasileiro. O Joelho de Porco foi um precursor do estilo punk (mas eles não eram punk não, viu?)
*para engrossar o nosso “eisbein”, estão incluídas as duas faixas que compoe o compacto de estréia, lançado em 1973, produzido e com participação de Arnaldo Baptista, dos Mutates.
hey gordão
boeing 723897
mardito fiapo de manga
cruzei meus braços, fui o palhaço
debaixo das palmeiras
mexico lindo
aeroporto de congonhas
são paulo by day
a lâmpada de edson
meus vinte e seis anos
fly america (bônus)
se você vai de xaxado, eu vou de rock’n’roll (bônus)

Bixo Da Seda (1976)

Xiii… Com essa semana dedicada ao rock e afins, acabei espantando a turma da velha guarda, dos bossanovistas e dos populares. Êta gente radical e conservadora! hehehe… (brincadeirinha)
Vocês me desculpem, mas de vez em quando eu tenho uma recaída, uma saudade da minha adolescência e do rock’n’roll. Alguns discos ficaram para sempre na minha lembrança, nos meus bons momentos de juventude. Ai, que saudade dos anos 70!
Este foi um dos marcaram a minha época. Me lembro até hoje o dia em que comprei o disco na loja Mesbla. Era o último da banca e no dia eu não tinha dinheiro para comprar. Me lembro de ter implorado à lojista para reservá-lo para mim por uns dois dias. Mas a moça não colaborou e eu fui obrigado a esconder o disco na ala dos lp’s de música clássica para evitar que outro interessado o achasse. Voltei dois dias depois, mas antes mesmo que eu chegasse à estante dos discos, fui abordado pela vendedora, juntamente com um segurança que mais parecia um guarda-roupas de tão grande. Ela me reconheceu e precipitadamente me acusou de ter roubado o disco. Não tive nem tempo para me defender. Fui levado a força para uma sala e acusado de roubo. Chamaram a polícia, mas me deram o direito de ligar para minha casa. Minha tia veio voando ver o que tinha acontecido. Nesse meio tempo eu tentava explicar o que havia ocorrido, mas só me deixaram falar na frente dos policiais. Nisso, minha tia chegou e eu consegui finalmente explicar o que houve. Resultado: minha tia ficou indignada com o tratamento que eles me deram. Levantou o barraco e no final nós saímos de lá com mil pedidos de desculpas e o disco de graça para compensar o constrangimento. Voltei lá alguns dia depois e não vi mais a vendedora. Acho que eles devem tê-la despachado para o setor de cobrança na Sibéria.
Embora este disco já não seja mais uma novidade na blogosfera musical, ainda não o vi apresentado por inteiro. Se tem uma coisa brochante ao baixar um arquivo de disco, é perceber a falta dos encartes, da capinha e seus detalhes. Acho o fim da picada. Aqui a coisa se repete, mas no capricho e integral.
O “Bixo da Seda” foi uma banda de rock formada no Rio de Janeiro no início dos anos 70 por remanecentes da “Liverpool Sounds”, grupo vindo do Rio Grande do Sul. Formada por Foguete (voz), Pecos Pássaro (guitarra), Mimi Lessa (guitarra), Renato Ladeira (teclados), Marcos Lessa (baixo) e Edson Espíndola (bateria) . Gravaram apenas este álbum de capa dupla e um compacto. Encerram as atividades depois que Nelson Motta os convocou para serem a banda de apoio das Frenéticas. Embora, com apenas um disco, o Bixo da Seda assegurou seu lugar na história do rock nacional. Confira aí…

vênus
já brilhou
é como teria que ser
carroucel
bixo da seda
7 de ouro
gigante
um abraço em brian jones
trem

Luiz Carlos Porto (1983)

Bom dia! Hoje, a título de curiosidade e dentro da semana temática do rock tupiniquim, estou trazendo para vocês um disco solo de Luiz Carlos Porto, vocalista do grupo de rock dos anos 70, O Peso.
Este disco eu havia passado ao amigo Edson, do Gravetos & Berlotas, para sua postagem, mas acho que ele ao ouvi-lo ficou um pouco decepcionado com o resultado. Considerando que O Peso foi uma p… banda de rock, há de se esperar que o disco solo de seu vocalista esteja, mais ou menos, no mesmo nível. Porém a coisa não foi bem assim… (eu avisei!) Tanto não foi que acabou passando batido.
Luiz Carlos começou sua trajetória no início dos anos 70, vindo do Ceará para participar do VII Festival Internacional da Canção, com a música “O pente”, que não chegou a ser classificada. Logo em seguida, ainda no Rio de Janeiro, formou juntamente com Gabriel O’Meara (guitarra), Constant Papineau (piano), Carlos Scart (baixo) e Carlos Graça (bateria), o lendário grupo O Peso. Gravaram em 1975 seu único lp, “Em busca do tempo perdido”, álbum hoje raro e caro. Devido a problemas de toda a natureza, comuns aos grupos de rock, a banda se dissolveu e Luiz sumiu do mapa. Voltou neste disco, lançado em 1983 pela PolyGram e produzido por Marcelo Sussekind, guitarrista do Herva Doce. Como disse, o vinil passou despercebido (ou ignorado). Foi relançado em ‘cópia indepentente’ e no formato digital alguns anos depois em dobradinha com o disco “Em busca do tempo perdido”, quando então Luiz Carlos e o Peso retornaram às atividades da banda. Chegaram a fazer alguns apresentações, mas não tiveram muito sucesso. A versão em cd era vendida em shows e através de amigos. Eu comprei o meu num show do Made In Brazil. Para os fans da banda e amantes do bom rock’n’roll este disco, realmente, deixa muito a desejar. Na verdade, os anos 80 mataram o rock, que só veio a ressuscitar na década seguinte.

você me olhou (não há porque chorar)
se não fosse essa canção
estrelas no céu
amanheceu, o dia vai brilhar
vejo o dia amanhecer
pra bem longe
acordei sonhado
não acredito mais em ninguém
eu só quero amar (um pouco mais)
não sei chorar

O Terço – Criaturas Da Noite (1975)

Olá meus caríssimos. Dizem que roqueiro não acorda cedo. Eu como sou também blogueiro, não posso me dar ao luxo de ficar mais tempo na cama. Aliás, nessa altura do campeonato, eu estou mais naquela situação – novo demais para morrer, velho demais para o rock’n’roll. Isso me fez lembrar de um fato interessante… Certa vez eu encontrei um amigo, guitarrista de uma banda de rock, às 6:30 da manhã na rua. Eu ia para o trabalho e no encontro rápido perguntei a ele, que caminhava portando sua guitarra nas costas: “Já está indo para o ensaio?” Ele sonolento me respondeu: “Não, tô voltando!” (que ingenuidade a minha, não?)
Hoje eu trago para o Toque Musical uma das minhas bandas de rock brasileiro favorita, O Terço. Já tivemos a oportunidade de ouvi-los aqui em trabalhos anteriores, mas para mim, este é seu melhor disco, um clássico do rock progressivo nacional. Não vou ficar aqui entrando em detalhes sobre a banda, que todos já conhecem. O Terço, ao longo de sua existência teve várias formações, sempre com o guitarrista Sérgio Hinds, mas nenhuma superou a essa formada com Flávio Venturini, Sérgio Magrão e Luiz Moreno. Outro disco deles no mesmo nível é o “Casa Encantada”, mas isso a gente fala numa outra hora. Para hoje, vamos de “Criaturas da Noite” e acompanhando, segue também a versão do álbum em inglês. Deixo os complementos informativos para que vocês os façam no Comentários. Eu daqui, vou correndo para o trabalho, pois pedra que não rola cria limo. 😉 Divirtam-se!

.
hey amigo
queimada
pano de fundo
ponto final
volte na próxima semana
criaturas da noite
jogo das pedras
1974

Flavio Y Spirito Santo – Menestrel Eletrônico (1984)

Como eu havia anunciado, esta será uma semana com um espírito mais rock’n’roll. Quero postar alguns álbuns que até o momento ainda não haviam dado as caras por aqui. Como vocês sabem, o Toque Musical é um blog multifacetado. Por ele passam todos os estilos e épocas, não há restrições (apenas exceções). O cardápio é sempre variado 😉
Falando no espírito da coisa, começarei a semana trazendo Flavio Y Spirito Santo, uma banda carioca do desaparecido Flávio Rodrigues. Digo desaparecido, porque não há na rede nenhuma informação sobre este artista. Tive que me apoiar no Dicionário Cravo Albin, que também não esclarece muita coisa. Temos apenas o que já é notório, figura realmente inusitada surgida no cenário pop musical carioca, no início dos anos 80. Gravou apenas dois lp’s, sendo considerado o primeiro disco de ‘rock’ independente carioca. Flávio costumava andar pelos bares cariocas vendendo o seu disco de maneira bem original. Levava além dos discos, a gravação num ‘walkman’, onde o comprador tinha a oportunidade de ouvir e avaliar o seu produto. Considerando se tratar de vinil, sem dúvida essa foi uma ótima idéia.
“Menestrel Eletrônico” foi o segundo álbum, também independente, lançado em 1984. Nada muito diferente do primeiro, com nove faixas por onde desfilam roquinhos, baladas e blues. Pessoalmente, me agrada mais a base instrumental. Tocam com ele bons músicos como o guitarrista Marcus Vianna (não confundir com o do Sagrado Coração) que hoje é um dos mais requisitados produtores, músico de estúdio e técnico de gravação.
Ainda nesta semana, se tudo der certo e também ibope, postarei o primeiro disco do Flávio. Vamos ver… 😉

menestrel eletrônico
beduíno
era só o que faltava
aninha
voltei de viagem
eu e você
quem diria
meu coração é um pato louc
tears

Pedras Raras Que Rolam Em Bloco






Para relembrar os toques que já foram dados por aqui. Mais uma vez eu abro a vitrine das antigas postagens, fazendo uma retrospectiva com alguns dos álbuns de rock, pop e afins que foram postados no Toque Musical a mais de um ano. Essas postagens ‘em bloco’ foram uma grande sacada, pois muitas vezes o visitante entra no blog e não vê a dimensão da coisa.
Clicando em uma das imagens, você será direcionado à postagem original respectiva.
Esta postagem é também para anunciar mais uma semana temática.
Se você vai de xaxado, eu vou de rock’n’roll, pop e outras manifestações da minha juventude.

Hermes Aquino – Desencontro De Primavera (1977)

Olá a todos! Somente agora estou conseguindo fazer a postagem do dia. Tive que recorrer aos meus álbuns de gaveta, pois o tempo não me permitiu algo mais pensado e de acordo com a temática da semana. Iremos hoje com o gaúcho Hermes Aquino, no álbum “Desencontro de Primavera, disco que vendeu bem, puxado pelo sucesso, “Nuvem Passageira”. Até onde eu sei, ele só gravou dois discos. Recolheu as chuteiras e foi fazer jingles para as agências de propaganda do sul. Neste disco, além da famosa “Nuvem Passageira”, temos outros destaques como, “Desencontro de Primavera” e o sambinha do guitarrista de iê-iê-iê “2010”.
Taí um disquinho legal para a noite de sábado. Eu vou ficando por aqui, pois hoje o meu dia foi foda! Estou cansado e nessa altura do campeonato eu quero mais é voltar pra cama.
Boa noite! Amanhã a gente continua nossa parada musical 😉

desencontro da primavera
cuidado
pedras no meu caminho
longas conversas
cavaleiro do sul
2010
eu quero ser teu rei
coração
guantanamo
bola louca e colorida
nuvem passageira
prenda minha
negrinho do pastoreio
balaio
meu boi barroso

Uma Noite No Beco (1971)

Para servir de inspiração nesta sexta-feira, dia nacional da boemia e da preregrinação pelos bares noturnos, estou trazendo para vocês mais um disquinho bacana, com todo o clima. Acredito que muitos aqui, principalmente aqueles que viveram a noite em Sampa, no final dos anos 60, ao se depararem com este disco vão ter boas lembranças de uma casa noturna que fez muito sucesso na época, a famosa “O Beco”. Já pela capa se pode ter uma idéia do que foi este lugar e das noitadas memoráveis, boa comida, boa bebida e principalmente boa música ao vivo, através dos seus intercalados ‘mini-shows’. Quem comandava a festa musical era o conjunto “Som beco”, dirigido pelo maestro Branco e seus ‘croones’ Cristiano (para temas internacionais) e Djalma Dias (os nacionais). O toque feminino vinha da cantora Helen Blanco.
Este lp lançado pela Continental, nos dá a exata sensação de uma noite no Beco. Gravado ao vivo, com um repertório bem variado, privilegia a música pop da época. Apesar de ser um tema internacional, coloco em destaque a faixa “Isole Natale” de Brian Auger, que é maravilhosa. Me faz lembra o grande Moacir Santos. Confiram o toque… 😉

tá chegando fevereiro – djalma dias
aquarius – cristiano
fever – som beco
se você pensa – helen blanco
salve-se quem puder – djalma dias
procurado tu – djalma dias
curto de véu e grinalda – helen blanco
isola natale – som beco
can’t buy me love – cristiano
que cada um cumpra o seu dever – djalma dias

Paulo Freire – Sambas Em Estéreo (1973)

Finalmente chegou nossa vez. Enquanto a turma vai pro recreio eu aproveito para dar o toque musical do dia. Nesta semana vamos levando na descontração, com um cardápio variado.
Temos para hoje mais um disco bacaninha. Um álbum do tecladista Paulo Freire, nome pouco conhecido para a grande maioria, inclusive eu que só vim a conhecer seu trabalho através de um outro álbum postado no Loronix. Lamentavelmente, não há muito o que encontrar sobre na rede.
Para aqueles que apreciam o som do Walter Wanderley, possivelmente vão gostar de “Sambas em Estéreo”. Um trabalho com a mesma pegada do lendário tecladista. (sem fazer comparações, apenas semelhanças)
Este LP é um mostruário das qualidades do órgão eletrônico Yamaha-EX-42, uma autentica nave espacial sonora, na qual Paulo pilota com maestria. Na época, inicio dos anos 70, na compra de um teclado desses da Yamaha, vinha de brinde o disco.
“Sambas em Estéreo” é um disco instrumental muito gostoso de ouvir. Um autêntico ‘lounge pop samba’ O que é isso? Só mesmo ouvindo para entender. Vai fundo e não o desmereça, avaliando apenas pela capa. 😉

o ferroviário
lamento do capoeira
pago pra ver
amanhã é outro dia
retalhos de cetim
adeus e até logo
sou da madrugada
ouça meu amor
orgulho de um sambista
andança

Dom & Ravel/ Marilia Maura/ Regininha – Compactos

Olá a todos! Hoje serei breve. Aproveito um intervalo para o nosso toque musical do dia.
Para variar um pouco, farei a postagem de quatro compactos que eu chamaria de ‘beleza pura’. Selecionei dois compactos de sucessos da dupla nacionalista Dom e Ravel. Uma dessas músicas, “Essa Menina Tá Ficando Moça”, eu acho o máximo. Outra, a emblemática “Você Também É Responsável”, que no fundo é bem bonita – o hino do Mobral. Os arranjos, tanto instrumental como vocal, garantem à dupla uma simpatia que ultrapassa o preconceito sofrido nos anos 70.
Do outro lado da balança vem as moças, Marília Maura e Regininha. A primeira, uma cantora da turma da Jovem Guarda conhecida apenas pelo sucesso da versão de “This Is My Song”, de Chaplin. Regininha é de outra, da Turma da Pilantragem. Lembram deles também? 🙂 Pois é isso aí… divirtam-se… Comentem e complementem 😉
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esta é minha canção – marília maura
eu e a noite – marília maura
tem dó – regininha e a turma da pilantragem
dó ré mi/primavera/gosto que me enrosco – regininha e a turma da pilantragem
essa menina tá ficando moça – dom e ravel
você também é responsável – dom e ravel
glória aos jovens – dom e ravel
casa vazia – dom e ravel

Teo Azevedo – Grito Selvagem (1974)

Bom dia! Depois do dilúvio que caiu por aqui ontem, quase acabei perdendo a barca da salvação. Mas felizmente cheguei inteiro e ainda a tempo de preparar alguma coisa para hoje.
Me lembrei de um disco curiosamente interessante que em outras encarnações eu postei por aqui, quer dizer, por aí :). Este arquivo eu recebi de um amigo, me apresentando as primeiras proezas de Téo Azevedo, filho do lendário violeiro de um braço só – “Seu Tiófo” – cantador, aboiador e folião de reis do norte de Minas, que ficou eternizado na poesia de Carlos Drummond de Andrade. Téo é a continuação do que foi seu pai e mais ainda. Um homem com uma história de vida riquíssima. Um artista popular no melhor do termo. Cantor, compositor, violeiro, repentista, escritor, poeta, folclorista, radialista e produtor musical. Foi Téo que descobriu e lançou o primeiro disco do homem da rabeca, Zé Côco do Riachão. Estou contando isso apenas para que se possa ter uma idéia de seu valor artístico e principalmente sendo apresentado através deste que foi o seu primeiro disco.
Este lp é a síntese de um caboclo encantado com a cidade grande e com seus estilos e modismo. Dividido entre suas raízes e sua nova vida nos centros urbanos de Rio e São Paulo. Ao ouvir as músicas de “Grito Selvagem” e até mesmo pela capa do disco, fica difícil imaginar a figura que hoje é Téo Azevedo. Não que ele tenha mudado, mas as guitarras roqueiras, o flerte tardio com a então já ultrapassada Jovem Guarda e o cabelão ‘black power’, são curiosidades que só se vê neste trabalho. Téo, como produtor, o relançou em cd a tempos atrás, mas também numa tiragem muito reduzida. Confiram, pois é bem interessante.
PS.: Dedico esta postagem à amiga Jacira, lá de Milho Verde, que hoje às 4 horas da manhã veio a falecer, vítima de um câncer. Ela era uma mulher extremamente alegre. Dona da melhor pensão e da melhor comida lá daquele povoado do norte de Minas. Posso sentir daqui a tristeza que por lá deve estar infinita. Vai com Deus, minha amiga. Sua missão agora é no céu.

eu tentei
cego aderaldo
adeus ceará
assacumpero
o novo de hoje já é velho aqui
mané joão
o eco do grito
vá pentear macaco
calangueando
cantador

Benito Di Paula (1971) REPOST

Esta semana vamos dar um tempo na turma da velha guarda. Sei que temos uma legião de fans e defensores dos artistas das décadas de … 40, 50 e 60. Mas nesta semana eu vou dar uma guinada e trazer algumas coisas diferentes, que merecem um pouco da nossa atenção.
Tenho para hoje, de abertura, um disco que poucos conhecem – o primeiro álbum de Benito Di Paula. Este é um artista que despensa apresentações, mas merece comentários. Benito é uma figura singular até no visual. Seu estilo, muito próprio, transformou-o em um dos grandes nomes do samba canção nos anos 70. Ao combinar o samba com piano em arranjos românticos e elaborados, ele criou um estilo que passaram a chamar de “samba jóia”. Tudo isso, obviamente, somado à sua figura meio cigana, meio sei lá o quê, de fraque, pulseiras e correntes. Mas voltando ao disco, este é um álbum muito interessante. Foi o primeiro álbum de Benito Di Paula e para seu infortúnio naquele momento, censurado por ter entre suas faixas uma música do subversivo compositor Chico Buarque. O disco foi recolhido. Somente voltou a aparecer 28 anos depois, no formato cd, lançado pela EMI Music na série “Dois Em Um” juntamente com seu álbum de maior sucesso, “Um Novo Samba”. Neste primeiro disco Benito ainda não se afastou do ‘crooner’ de boate que ele era nos anos 60. O repertório privilegia sucessos recentes da época de outros compositores como Ivan Lins, Taiguara, Roberto e Erasmo… Apenas quatro faixas são de sua autoria. os arranjos e regência são do maestro José Briamonte. Embora seja um disco basicamente de ‘covers’, não deixa de ser legal. Convido-os a ouvir.

apesar de você
jesus cristo
você vai ser alguém
viagem
a tonga da mironga do kaburetê
longe de você
salve salve
madalena
eu gosto dela
azul da cor do mar
menina
preciso encontrar você

Mario Reis – Ao Meu Rio (1965)

É… a gripe me pegou mesmo. Eu ontem, por honra da firma, fiz rapidamente a postagem, tomei um banho e fui para a cama. Nem me dei conta de que faltou publicá-la. Somente hoje cedo foi que percebi o atraso. Seja como for, tardou mas não faltou 😉
Eu continuo na mesma, um pouco desanimado e com dor de garganta. Mas vamos logo cedo dando o toque musical do domingo. Nada como uma boa música para ajudar na cura de nossos males. Hoje nós iremos de Mario Reis, um dos mais singulares cantores do rádio. Um interprete revolucionário da canção brasileira, considerado um dos precursores da Bossa Nova.
“Ao meu Rio” foi seu segundo LP, também dirigido e à convite de Aloysio de Oliveira por ocasião do IV Centenário do Rio de Janeiro, só que desta vez pelo selo Elenco. No álbum, entre outras, ele regravou alguns de seus maiores sucessos. O disco é coisa fina, com arranjos e regência do maestro Gaya. Quem ainda não o ouviu, faça-me o favor…

cadê mimi
jura
o destino é deus quem dá
flor tropical
quando o samba acabou
agora é cinza
sofrer é da vida
pelo telefone
linda morena
dorinha meu amor
gavião calçudo
formosa

Francisco José – Outra Vez Cantando As Mais Lindas Canções (1962)

Estou chegando agora da Feira de Vinil. Hoje foi osso! Literalmente suei a camisa para ganhar uns trocados. Foi pouco, mas eu me diverti bastante. Pelo menos desta vez eu foi quem ficou por conta do som. Fui o DJ, mas porincrívell que pareça, não toquei vinil. Fiz apenas a seleção e mandei bala do IPod. Uma verdadeira salada mista, modestia a parte, regada com um fino repertório onde não faltou rock, pop, mpb, jazz e blues. Acho que todos gostaram.
Além da pouca grana que lucrei ainda peguei uma gripe. Sei disso pelos sintomas – garganta ardendo e corpo doendo.Inevitavelmentee nos próximos dias estarei dodói. Eu já me conheço e sei bem o que vem por aí. Mas estou me cuidando para amenizar os efeitos. Vamos ver…
Hoje iremos com Francisco José. Para os que não o conhece, ele foi um cantor português que aportou por aqui nos anos 50. Atuava para a comunidade lusitana até o início dos anos 60, quando passa então a gravar também compositores brasileiros. Com sua boa aceitação de púbico e crítica, acaba por se estabelecer de vez no Brasil. Regressou definitivamente à Portugal no inicio dos anos 80, falencendo antes do final desta década.
O LP que apresento foi seu segundo álbum de sucesso no país. Um disco romântico, recheado de versões que marcaram época, canções que aqui ganharam uma nova interpretação e foi sucesso aqui e lá “na terrinha”, como já dizia o Manoel, um português dono da mercearia aqui perto de casa 🙂

que queres tu de mim
lua nova (luna rossa)
arco íris (over the rainbow)
copacabana
doce amargura (more)
fado hilário
rancho da praça onze
é tão sublime o amor (love is a many splendored thing)
noite de ronda (noche de ronda)
creio em ti (i believe)
beija-me muito (besame mucho)
folhas de outono (les feuilles mortes)

Xixa E Seu Conjunto – Hoje É Dia De Festa (196…)

Bom dia! Boa sexta-feira para todos! Inicio esta postagem lembrando àqueles que estão em Belo Horizonte, que amanhã, sábado dia 14 irá acontecer na cidade a Sétima Feira do Vinil e do CD Independente, promovida pela Discoteca Pública. Eu havia anunciando a feira na semana passada, mas para reforçar o convite, faço o lembrete novamente.
Putz! Eu ainda não havia me tocado para o fato de hoje ser uma sexta-feira 13. Para os mais superticiosos é bom manter a atenção, dar três batidinhas na madeira, um ramo de arruda atrás da orelha e lembrar de sair de casa com o pé direito. Mas para garantir a proteção, acorde de bem com a vida, seja positivo, gentil e inicie o dia ouvindo ou cantando alguma música que lhes agradem. Essa é a melhor sugestão 😉
Bom, agora vamos ao que interessa… Para o dia de hoje eu reservei outra pérola rara, que com toda certeza poucos conhecem. Este foi o terceiro disco lançado pela pioneira e extinta gravadora mineira MGL. Eu mesmo me coloco entre os tantos que ignoravam a existência deste lp e de seu autor. Sempre escutei falar em Xixa como um eximio tocador de cavaquinho e bandolim, mas nunca havia me interessado em saber mais sobre este compositor e instrumentista. Somente agora, com este raro exemplar em minhas mãos, foi que me dei conta de sua qualidade e importância. Um artista pouco lembrado ou conhecido do grande público. Para apresentá-lo, eu tomo a liberdade de incluir partes de um texto do pesquisador, colecionador e profundo conhecedor de Choro, o professor João Tomás do Amaral. Ninguém melhor que ele para nos fazer a apresentação de Xixa e Seu Conjunto:
Uma análise sobre alguns dados referentes a este lp nos dão algumas informações interessantes e vão permitindo reconstruirmos a história do movimento do choro sem maiores distorções. Fatos como este, viabilizam diminuirmos as incoerências a respeito dos dados e melhora sistematicamente a precisam da verdadeira dimensão do movimento do choro. Desta forma, podemos comprovar que a MGL foi a primeira gravadora mineira, fruto do sonho de um grupo de jovens da capital – Belo Horizonte.
O lp “Hoje é dia de festa” é produto do registro sonoro de um dos mais importantes cavaquinistas da história da música popular brasileira, provavelmente também um dos ilustres desconhecidos da nossa cultura musical – o mestre Xixa. O grande público não é conhecedor do trabalho deste centrista e solista do cavaquinho. Porém, ao ouvirem gravações do Demonios da Garôa, Dominguinhos e Saraiva entre tantos outros, estarão em contato com trabalho do excelente Xixa. Certamente, um dos instrumentistas mais requisitados para gravação em sua época. O álbum é uma obra rara por todo o seu contexto. Pois, apresenta inclusive o lado compositor de Xixa… (Continue esta leitura no site de seu autor)

renúncia
flamento
meu bem
lua de mel
minha solidõ
surprezinha
baião de luxo
fala coração
guarânia da felicidade
comigo é assim
tenho saudade
luar da minha rua
eu não tenho onde morar

Elizete Cardoso – A Meiga Elizete N.4 (1963)

Para alegrar um pouco o nosso dia, hoje iremos de Elizete (ou Elizeth) Cardoso. Uma grande cantora que dispensa comentários (meus, claro! vocês, por favor…). Elizeth é uma das minhas divas favoritas e sempre terá lugar garantido no Toque Musical.
Este disco eu estou postando porque ainda não o vi em outros blogs. Lançado em 1963 pela Copacabana, ele é mais um ótimo álbum da série que se iniciou em 1960. Uma coleção, como escreveu Everardo Guilhon, de cartas de amor, que não envelhecem e ficam eternas. Para não variar este é também mais um álbum produzido e com participação do lendário saxofonista Moacyr Silva. Temos aqui um repertório bacana de compositores como Ribamar, Fernando Lôbo, Billy Blanco, Evaldo Gouveia, Jair Amorim e muito mais… Quem não conhece o disco é bom conferir 😉

seu josé
festa de nós dois
quero ficar só
quado vier o sol
canção de nossa tristeza
desilusão
balada da solidão
nosso cantinho
existe alguém
lado bom de um mal
dei-te tudo, amor
não pense em mim

Elcio Alvarez E Sua Orquestra – Exaltação À Viola (1975)

Bom dia a todos! Antes mesmo de tomar minha dose de Omeprazol pela manhã, vou logo deixando pronta a postagem da quarta-feira. Espero que seja do agrado a todos.
Imagine juntar Renato Andrade com Ray Conniff e um Regional do início dos anos 60. Para completar, acrescente um pouco de exotismo a la Esquivel. É mais ou menos por aí que eu definiria este simpático lp. Como sempre, informações sobre discos raros são às vezes ainda mais raras. Este não fugiu a regra apesar de seu autor ter sido uma grande referência no passado. Eu me refiro ao maestro e compositor Élcio Alvarez que nos anos 50 e 60 esteve muito atuante como arranjador, regente e produtor musical. Em agosto do ano passado eu postei aqui um disco da trilha da novela “Simplesmente Maria”, que foi feita por ele. Élcio também esteve a frente (e por trás) de muitos trabalhos e artistas até a década de 70. Era um dos mais requisitados arranjadores, um autêntico músico de estúdio. Por ele passaram artistas dos mais diversos estilos e talentos. Foi, sem dúvida,um dos grandes maestros da nossa música popular.
Como eu disse, este é um álbum diferente, uma exaltação à viola caipira e à música regional. Seu repertório, como podemos ver logo a baixo, é composto de samba, baião, cateretê, maxixe, chôro e congada. A viola, por incrível que pareça, se destaca mais no título e capa do álbum que propriamente nas músicas. Os arranjos com orquestra e côro intimidam o som da viola. Mas nem por isso o lp perde seu encanto. Vale a pena conferir…

de papo p’ro á
minha terra
flor amorosa
morrendo de amor
na serra da mantiqueira
tristeza do jeca
rato, rato…
na virada da montanha
piraporinha
baião da serra grande
azulão
sôdade ruim

Fafa Lemos – Seu Violino E Seu Ritmo (1959)

Despertando para um novo dia e antes que ele me chame para outras obrigações, vou rapidamente preparando nossa postagem.
Hoje eu tenho o prazer de trazer até vocês um instrumentista muito especial, um dos precursores da Bossa Nova e introdutor do violino na música popular brasileira – Rafael Lemos Junior – mais conhecido como Fafá Lemos. Sua trajetória na música começa cedo. Aos nove anos de idade já se apresentava ao lado da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Acompanhou Carmen Miranda, foi parceiro de Garoto, Luiz Bonfá, Chiquinho do Acordeon e nos seus últimos acordes tocou com a pianista Carolina Cardoso de Menezes. Com Garoto e Chiquinho do Acordeon, formava uma das versões o Trio Surdina. Morreu praticamente esquecido em 2004.
Neste disco, um lp de 12 polegadas, temos como maior destaque a, então novíssima e revolucionária, “Chega de Saudade” de Tom e Vinicius. Nesta versão já podemos ouvir os ecos da batida de João Gilberto. A bossa já estava na ordem do dia. Mas além do clássico, temos um repertório variado, recheado de sucessos nacionais e internacionais, como cabe a um artista como Fafá Lemos. “Seu violino e seu ritmo” é um álbum nota 10! Não deixem de conferir… 🙂

jalousie
lamento
love is a many splendored thing
noche de ronda
saturado
a noite e a lua
chega de saudades
a certain smile
piccolissima serenata
balada triste
acercate mas
sej lá, com for

Guaraná & Sua Orquestra – Recordando… (1956)

Iniciando a semana, aqui vou eu com mais um raro exemplar da nossa esquecida e mal cuidada discografia nacional. É uma pena ver tanto desinteresse por parte de quem deveria zelar pelo que produziu. É algo parecido com pais que abandonam seus filhos. Cabe então a sociedade acolher, oferecendo abrigo e proteção. No caso dos discos, a sociedade tem ainda mais obrigação e direito, pois somos nós quem preservamos e fazemos a história acontecer. Somos nós consumidores os verdadeiros defensores da nossa cultura musical. Somos nós, fracionados, quem guardamos em nossas casas, em nossa memória, a história e os objetos que dela fizeram parte. Um dia tudo isso precisa voltar a tona, ser lembrado e ensinado.
Antes que eu acabe me enveredando para outros lados, vamos ao disco do dia. Alguém aqui sabe quem foi Guaraná? Ganha um refrigerante da Antártica quem me falar. Está valendo também para os universitários e catedráticos de plantão. Este vinil foi mais um que eu desenterrei e ainda não consegui descobrir muita coisa sobre o maestro Guaraná. Com sua orquestra ele acompanhou muitos artistas nos anos 40 e 50, foi só o que eu achei sobre o músico. Neste disco lançado pela Polydor em 1956, temos Guaraná e sua orquestra executando obras de Zequinha de Abreu, Eduardo Souto e Ernesto Nazareth. No texto da contracapa, de autoria de Bricio de Abreu, todo dedicado aos compositores, traz apenas uma pequena nota sobre o maestro e forma de sua execução. Outro detalhe curioso são os três retratos que ilustram o texto. Deveria ser Eduardo Souto, Ernesto Nazareth e Zequinha de Abreu. Por alguma razão acabaram incluindo o Guaraná e deixaram de fora o Ernesto Nazareth. Vai entender…
branca (valsa) – zequinha de abreu
despertar da montanha (tango) – eduardo souto
eponina (valsa) – ernesto nazareth
turbilhão de beijos – (valsa) – ernesto nazareth
pintinho no terreiro – (chôro) – zequinha de abreu
do sorriso da nasceram as flôres (valsa) – eduardo souto
tarde em lindoya (valsa) – zequinha de abreu e plinio martins
brejeiro – (chôro) ernesto nazareth

Os Precursores Da Bossa Nova (1948-57)

Olá vocês! Para este domingo eu preparei uma postagem especial que espero, esteja no agrado de todos. Temos aqui o que poderia ser um álbum duplo, um disco recheado de artistas os quais podemos considerar como alguns dos principais precursores da Bossa Nova. Seja interpretando ou compondo, eles nortearam para o que hoje é a nossa música popular brasileira. Eu considero a Bossa Nova como sua primeira manifestação. Falando assim, posso até ser mal interpretado, mas no meu entendimento, a música feita e tocada no Brasil, antes disso, era notadamente separada por estilos, onde predominavam o samba e o chôro. Os outros eram regionais e estrangeiros. A partir dos anos 50 a música brasileira começa a ganhar uma identidade própria e se apresenta para o mundo. Acho que a Bossa Nova foi mais impactante lá fora que a primeira leva com Carmem Miranda & Cia. Talvez por essa razão, quando se fala em música popular brasileira lá fora, logo se pensa em Bossa Nova. Mas com já dizia o outro a música brasileira não se resume em Bossa Nova. Contudo, viva ela! Salve, salve…
Esta coletânea foi montada a quatro mãos. O Chris cuidou do áudio e eu da criação da capa. Achei o resultado bem satisfatório e vocês? 🙂
tereza da praia – dick farney e lúcio alves
duas contas – sylvia telles
chove lá fora – tito madi
foi a noite – sylvia telles
nick bar – dick farney
se todos fossem iguais a você – sylvia telles
mocinho bonito – doris monteiro
só saudade – claudia morena
prelúdio – silvio caldas
cansei de ilusões – elizete cardoso
alma brasileira – garoto
nova ilusão – os cariocas
adeus américa – os cariocas
dizem por aí – johnny alf
procurando o meu bem – lúcio alves
outra vez – dick farney
felicidade – trio surdina
quando ela sai – joão gilberto
se todos fossem iguais a você – roberto paiva
rapaz de bem – johnny alf
por causa de você – sylvia telles
não diga não – nora ney
maria dos meus pecados – agostinho dos santos
mulher sempre mulher – roberto paiva
lamento no morro – roberto paiva
segredo – maysa
ouça – maysa
se é po causa de adeus – doris monteiro
sábado em copacabana – lúcio alves
podem falar – os cariocas
canção da volta – sylvia telles
terminemos agora – lúcio alves
beija-me mais – johnny alf
ninguém me ama – trio surdina
meia luz – joão gilberto
duas contas – garoto