Olá, amigos cultos e ocultos! Embora o nosso blog aqui se chame Toque Musical, eventualmente, procuro postar também outros tipos de discos como os de poesias, documentários, propaganda e também política. As vezes fico achando que o nome do blog deveria ser outro, afinal nem só de música se faz o nosso toque. Hoje, por exemplo, vamos falar de outros registros sonoros lançados em lp que não são necessariamente música. Aproveitando que ainda estamos na onda da curiosidades fonográficas e mais ainda, vivendo um momento político complicado, vou postando aqui três lp raríssimos, onde poderemos perceber o quanto as histórias na política brasileira se repetem. Qualquer semelhança não será apenas coincidência. Apenas uma comprovação de que a política e os tempos mudam, mas os políticos continuam os mesmos. Teremos para hoje e nos próximos dias os três discos gravados pelo polêmico Carlos Lacerda, um político carioca que atuou neste cenário durante as décadas de 40. 50 e 60. Sua trajetória política e recheada de histórias. Foi um combatente feroz da política populista de Getúlio Vargas, sendo ele um dos principais mentores da desestabilização deste governo. Era um político da UDN. Tinha muita força e poder porque era também um jornalista, dono do jornal Tribuna da Imprensa, seu principal palanque para os discursos e aquela dosezinha de veneno, que ajudou o Brasil a cair na fase mais negra, a ditadura militar. Carlos Lacerda era oposição, mas não era de esquerda. Aliás, ele não era nem de direita. Ao longo de sua vida política se posicionou de acordo com o que lhe era mais interessante, útil e conveniente. Era um homem inteligente, letrado… um intelectual, Mas qualidades como essas não fazem de um homem um bom político. Como exemplo, temos o contemporâneo Fernando Henrique Cardoso, que não nos deixa mentir. Se preferirem, temos algo melhor, José Sarney. Contudo, achar uma classificação para o Carlos Lacerda é coisa que eu não me atrevo sem conhecer ao certo toda a sua história. Porém, através de discos como este, dos seus discursos em áudio, somados a sua ‘multifacetagem pública’, podemos entender o quanto complexo foi esse personagem. Durante a segunda metade dos anos 50, após o suicídio de Vargas, seu alvo de ataques passou a ser Juscelino Kubischek. Ele usava os meios de comunicação (rádio, tv e jornais) para difamar o governo de JK. Em resposta, o Governo baixou uma portaria na qual proibia a transmissão de programas que ofendessem autoridades. Dessa forma, Lacerda perdeu sua maior arma, não tendo mais como escrachar com JK e seu governo. Como alternativa, passou a andar pelas ruas do Rio discursando em caminhão aberto que servia como palanque móvel, acompanhado por outros políticos da UDN. Limitado em suas ações, teve a brilhante ideia de distribuir seus discursos também em disco de vinil, os quais eram vendidos ao preço de 200 cruzeiros. Cara esperto. Imaginem ele hoje, o que não faria pelo PSDB? (hehehe…)
Mas enfim, neste primeiro lp vamos ouvir os discursos improvisados do ‘caminhão do povo’, discurso no meio da rua e trechos de seu discurso na Câmara. Um registro histórico que vale para ‘petralhas’, ‘coxinhas’ e todos os demais brasileiros. Confiram…
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Olá amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou ‘mixturando’ a fome com a vontade de comer, com direito a indigestão para quem não escuta música com outros olhos. Tenho aqui oito discos de 12 polegadas, mas que trazem apenas um ou duas músicas. São os impagáveis filhos dos compactos, que começaram a pipocar a partir do final dos anos 80, discos que passaram a ser chamados de mix, ao estilo disco de DJ’s. Eram muito comuns também em 45 rpm e faziam exatamente a função do antigo compacto que era o de apresentar a tal ‘musica de trabalho’, aquela principal de um determinado artista ou grupo. Aliás, é bom que se diga, mesmo nos dias atuais ainda há muitos artistas que investem em compactos e discos mix, como esse sortimento que agora eu trago para vocês. Como podemos perceber, temos aqui nove discos de diferentes artistas, produções que passam pelas décadas de 80, 90 e nos anos 2000. Dos anos 80 temos as bandas Ego Trip, que trazia em sua formação Arthur Maia e Pedro Gil, filho do Gilberto Gil, Aqui temos deles a música “A lei sou eu”, sucesso nas rádios em 1987. Em 88 temos outro sucesso “Cara pálida” da banda carioca Gang 90. Ainda nos anos 80 temos os ‘mixies’ do conjunto Fator RG7, produzido por Leci Estrada e Eclis, com um pop feito na medida para tocar no rádio, só que não vigou. Entrando pela década de 90, temos o Arnaldo Antunes, ex Titãs com o mix “Nome não”, lançando em 93. Carlos Conceição e seu sucesso localizado, “A tribo” e ainda um mix funk com a desbocada Dercy Gonçalves. Para finalizar, temos um mix mais moderninho, lançado já nos anos 2000 pelo músico baiano Gil Felix, variando em três versões o seu batido em “Que alegria”.
Olá amigos cultos e ocultos! Amanhã o Toque Musical estará completando 8 anos de postagens. Desta vez não vai ter bolo e nem festa, mas a música continua. Com a maturidade chegando, a gente começa a deixar a vaidade de lado. E o encanto que era celebrar mais uma data, hoje é só uma lembrança.