Radamés Gnatalli – Concerto Para Harmonica De Boca E Orquestra – Brasiliana nº 3 (1961)

Eis aqui um disco raro, objeto de desejo de muitos colecionadores e de pesquisa, ou puro deleite, para quem escuta música com outros olhos. Uma atração à parte e especial que com toda certeza irá avivar os olhos e ouvidos dos meus amigos cultos e ocultos. Tenho hoje para vocês, o aclamado, “Concerto para Harmônica de Boca e Orquestra” de Radamés Gnatalli. Uma peça muito comentada, inclusive aqui no Toque Musical, mas que até hoje continuava escondida, recolhida como a grande maioria dos discos produzidos pelo selo Festa. Recementemente a Tratore Discos relançou uma dezena de títulos da gravadora de Irineu Garcia, mas se esqueceu deste que é talvez um dos mais raros e importantes discos de seu catálogo. Trata-se, obviamente, de um álbum de música erudita, o que de uma certa forma, comercialmente e no Brasil, não seria muito ‘produtivo’. Mas este disco tem uma importância também histórica, ou por outra, tem uma história que precisa ser ouvida.
Temos aqui o Maestro Radamés Gnatalli com a Orquestra Sinfônica Brasileira apresentando duas de suas peças em momentos distintos. O primeiro e principal, “Concerto para harmônica de boca e orquestra”, dedicado ao amigo, o gaitista Edu da Gaita, gravado ao vivo na estréia, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em novembro de 1958. Contou com a participação do homenageado, Edu (da gaita) Nadruz, como solista. O segundo momento, também gravado ao vivo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, aconteceu no mês de julho do ano seguinte, por ocasião do Festival Radamés Gnatalli.
Não vou entrar em detalhes sobre esses trabalhos, deixando que a contracapa e os comentários generosos complementem nossa postagem. A interação é fundamental!
Este álbum, eu não soube precisar a data de seu lançamento, mas suponho que tenha sido em 1960 ou 61. Outra curiosidade: nunca tive nas mãos um disco ‘cinquentão’ tão novinho. Acredito que este lp nunca chegou a ser tocado por uma agulha. É mesmo de dar gosto 🙂 Salve São Pampani! Obrigadão!
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concerto para harmonica de boca:
allegro moderato
lento e expressivo
allegro marcato
brasiliana nº 3:
pampeano (allegro moderato)
modinha (adagio)
rojão (allegretto mosso)
capoeira (vivo)

Pequenos Cantores De Belo Horizonte Do Colégio Santo Agostinho – 10 Anos (1978)

Muito bom dia, meus prezados amigos cultos e ocultos! A postagem de hoje é especial e se faz por diferentes motivos. Estou postando este disco em homenagem a um amigo, que depois de anos vim a reencontrar ontem, por acaso, na Praça da Liberdade. Conversamos um bom tempo, relembrando o passado e falando do presente. Inevitavelmente falamos de música. Ele foi aluno num dos tradicionais colégios da capital mineira, o Santo Agostinho e fazia parte do coral dos Meninos Cantores de Belo Horizonte. Comentei sobre o blog e ele me falou do disco que gravou no colégio. Parece até mentira, mas nessa semana eu estive com o tal disco na mão. Prometi a ele que enviaria uma cópia, ou mais certo, postaria no blog. As coincidências não param por aí. Ao ouvir direito o disco percebi que havia nele uma música, “Prece ao vento”, de Gilvan Chaves e Alcyr Pires Vermelho. Minha mãe era apaixonada por essa canção e por acaso, ontem, foi a data de seu aniversário. Nada mais justo que eu postar hoje este disco, vocês não acham? Além do mais, o presente álbum tem qualidades e curiosidades típicas que caem como luvas em nosso Toque Musical. Vejam vocês…
O Colégio Santo Agostinho foi um dos poucos, ou talvez o único, na cidade a promover a música como parte de seu projeto educacional, através de atividades contínuas com seus alunos. Criou nos anos 60, a exemplo dos “Pequenos Cantores da Guanabara”, o seu grupo musical, inicialmente apenas com a intenção de homenagear o ‘Dia das Mães’. Ao longo dos anos e sempre renovando as vozes, eles foram gravando novos discos, lps e compactos. Em 1978 o coral completou 10 anos de atividades e para comemorar a data, lançaram este álbum duplo, que é uma síntese de tudo o que foi produzido por eles. O fato mais interessante desses lançamentos é que todos os discos tiveram o apoio profissional, os arranjos de quatro grandes nomes da música mineira, Aécio Flávio, Célio Balona, José Guimarães e Waldir Silva. Percebe-se também ao ouvir que os maestros também foram instrumentistas. A qualidade é mesmo muito boa e inquestionável. O repertório também não fica por menos. Tem inclusive o hino do meu glorioso Atlético Mineiro (quer mais oquê?). Uma questão de tradição, claro!
Como disse, trata-se de uma coletânea e das gordas! Não sei informar se depois desses dez anos o Colégio continuou a manter a tradição criada pelo seu diretor, o Padre José Bruña Alonso e o professor e músico Roberto Tarcísio Bacil. Este disco, assim como os outros lançados pelo coral, vocês poderão encontrar no blog ‘A Música Que Vem De Minas’, um espaço exclusivamente ‘uai’.
Segue aqui a minha versão… 😉

o que será
minha história
barracão
hino do colégio
conto de areia
et maintenant
retalhos de cetim
o ouro e a madeira
eres tú
bandeira branca
carinhoso
pout pourri – marchinhas de ontem:
pierrô apaixonado
jardineira
o teu cabelo não nega
periquitinho verde
linda morena
de menor
serafim e seus filhos
prece ao vento
belo horizonte criança
roda viva
hino do clube atlético mineiro
pout-pourri de samba:
crítica
não deixe o samba morrer
estão voltando as flores
meus tempos de criança
valsinha
se a gente grande soubesse
prá frente brasil

Ana Rosely – Estou Contigo E Não Abro (1977)

Olá amigos cultos e ocultos! Hoje eu estou trazendo aqui um disco, o qual eu espero contar com a colaboração de vocês. Digo isso porque não sei e nem encontrei muita coisa sobre a artista Ana Rosely. Estou me pautando apenas nas informações contidas na capa e nas minhas próprias impressões do disco. Vamos lá…
Temos aqui um autêntico disco de samba produzido pela CID, em 1977. Nossa cantora e sambista, ao que tudo indica, faz seu álbum de estréia. Vem muito bem acompanhada por uma turma de músicos e sambistas renomados, o que dá o maior aval à cantora, principalmente para os que ainda não a conhecem. Não bastasse o suporte musical ‘de primeira’, ela ainda conta com Martinho da Vila, que na contracapa nos apresenta a cantora de uma forma bem original. Seu texto é formado usando, como de brincadeira, os títulos da músicas, dos sambas cantados por Ana Rosely. A propósito, ela também é a compositora, alguns dos sambas contidos no lp são dela. Pelo que eu estive olhando, Ana Rosely gravou mais discos (lp e compacto). Esses por sua vez já devem até ter passado pelas minhas mãos e agulhas, mas não me recordo. Como intérprete ela também é boa, boa de samba :). Canta ao estilo de cantoras como Elza Soares nos anos 60. Uma voz rasgada, típica de sambistas. Não consegui saber é se ela ainda continua na ‘ativa’, mas levando em conta a qualidade do seu trabalho, eu imagino que sim. Nessas horas, só mesmo pedido a ajuda dos amigos para esclarecer mais os fatos, não é mesmo, Samuel? 🙂

linha na pipa
talento vem de berço
estou contigo e não abro
tem que mostrar serviço
gostei de você mulher
calango
batida da lata
rezei
minha plataforma
preta bonita ‘maria da pedreira’
samba black

Loma (1985)

Olás! Hoje é sexta feira, dia do artista/disco independente e seguindo a tendência, a semana dedicada às cantoras, o álbum desta postagem só poderia mesmo ser de uma artista independente. Temos aqui a cantora e compositora Loma. Talvez poucos a conheçam, embora a sua trajetória artística remonte aos anos 70. Ela começou como cantora do grupo gaúcho Pentagrama e também trabalhando em gravações de jingles em Porto Alegre. Nessa época participou de diversos festivais. No final dos anos 70 ela era considerada pela imprensa gaúcha como uma das melhores cantoras do estado, sendo indicada por três anos consecutivos. Seu talento a levou naturalmente para os grandes centros. A partir dos anos 80, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde ganhou mais experiência, continuou seus estudos musicais e manteve contato com outros artistas. Trabalhou ao lado de grandes nomes da música brasileira como João de Aquino, Elza Soares, Baby Consuelo, Jorge Mautner, Sérgio Dias, Robertinho do Recife e muitos outros. Se apresentou em diversos palcos brasileiros, gravou em discos de Gilberto Gil, Bebeto, Paulinho Tapajós, Alceu Valença, Edu Lobo e muito outros… Vocês poderão conhecer um pouco mais esta artista e o que ela anda produzindo atualmente, no texto incluído no arquivo e também através da sua página no Myspace.
O álbum que apresento, foi seu disco de estréia, um belo trabalho independente, produzido por ela em parceria com Cao Guimarães. Este, suponho, deve ser o (sempre) jovem artista plástico e cineasta mineiro (ou não?). Os arranjos, muito bem feitos, são assinados pelo músico gaúcho, Geraldo Flach, falecido a menos de um mês atrás. É dele também, em parceria, duas faixas do disco. As outras são de Cao Guimarães, Zé Caradípia, Bebeto, Fernando Gama e Jerônimo Jardim e Cao Trein. Com um repertório e arranjos de qualidade, somados a uma turma de bons músicos e parceiros, Loma começou bem. Infelizmente, para a ‘indústria fonográfica do entretenimento’, este tipo de artista não se encaixa em seus projetos comerciais. O que é uma pena, pois a cantora Loma é um grande talento e merece fulgurar e figurar entre as grandes cantoras brasileiras. Podem conferir…

mágica
água
dora-iara
momento
planta incolor
maré de novembro
cão vadio
alternativa

Isaura Garcia (1961)

Bom dia a todos! Tenho ficado muito feliz e animado com os comentários em nosso Toque Musical. A participação tem sido crescente, focada e principalmente produtiva, que é exatamente um dos objetivos deste blog. Não quero apenas ser um fomentador de discos, mas principalmente um aglutinador de ideias, opiniões e informações fonográficas e musicais. Infelizmente (ou felizmente), eu não sou um estudioso, conhecedor profundo do assunto que escolhi postar. Talvez por isso mesmo, buscando interação com o público e contando com seus complementos, colaborações e ajudas é que chegamos onde estamos. Ao longo de quase quatro anos, temos criado laços de amizades, aproximando as afinidades e gerando uma verdadeira ‘produção cultural paralela’. Estamos criando aqui algo que seria impossível na esfera do convencional. Somos um grupo, uma associação por afinidades e interesses. Por isso é tão importante a participação de todos, pois fortalece o grupo e lhe dá uma certa legitimidade. Sei que este é um assunto polêmico, principalmente porque, infiltrado entre nós estão aqueles contrários a tudo isso, seja por se sentirem de alguma forma prejudicados, pela inveja, pela ignorância ou burrice e até mesmo por serem naturalmente ‘do contra’ (nossos famosos chatos de plantão). Mas, ao contrário do que parece, a unanimidade não é boba e nem burra. Todos nós sabemos reconhecer o que é do bem e o que é do mal. Tenho certeza de que a grande maioria apoia o Toque Musical (putz! até rimou!). Fico mesmo muito feliz e agradecido. Que continue sempre assim 🙂

Depois dessa longa introdução, vamos ao disco do dia, mas serei breve. Continuando a nossa mostra feminina, trago mais uma vez a cantora Isaura Garcia. Neste álbum, lançado pela RCA Camden, temos uma coletânea reunindo as primeiras gravações que a cantora fez para a Victor, ainda em 78 rpm Temos aqui uma série de sambas, um baião e um choro que não me deixa esquecer algumas ‘ilustres figuras’ que orbitam o Toque Musical. Não deixem de conferir mais este álbum raro da Isaura Garcia. Vale a pena… 😉
mensagem
barulho no morro nunca
duas mulheres e um homem
zé do contra
escuta
pé de manacá
edredon vermelho
pode ficar
adivinhe coraçõa
aperto de mão
dizem

Marília Medalha (1968)

Olá amigos cultos e ocultos! Eu ainda não tive tempo de preparar o resto do material que adquiri do tal catador de papel. Hoje mesmo peguei em alguns discos e me deu uma vontande danada de colocá-los logo no blog. Mas como já entrei no embalo das cantoras, vamos pelo menos até o fim de semana, ok? Eu não posso ficar demorando muito com um disco na mão e já pronto, pois ele acaba caindo na gaveta e daí só saí numa emergência. Ainda bem que a gaveta está lotada, assim não tem como segurar por muito tempo. Tem disco aqui fugindo pelo ladrão, hehehe… mas vamos em frente com nossas cantoras.
Embora tenha gravado poucos discos, Marilia Medalha é uma das mais importantes cantoras brasileiras. O auge de sua carreira foi nos anos 60 quando esteve mais atuante, com a grande intérprete de festivais. O álbum que temos aqui é o seu segundo disco, gravado em 68 pelo selo Philips. Pessoalmente, considero este álbum como sendo o melhor feito por Marília. Tanto na escolha do repertório como também pelos arranjos (muito bons!), que são de Oscar Castro Neves. Fica, para mim, até difícil destacar uma ou outra música do disco, pois são todas maravilhosas. Adoro este álbum e tenho certeza que por aqui também fará muito sucesso, mesmo apesar de já ter sido publicado em diversos outros blogs. Não deixem de conferir essa jóia 😉

camisa listada
frevo rasgado
o bem do mar
pau de arara
luto
maria moita
marina
trevo de quatro folhas
coração vagabundo
a banca do distinto
pra dizer adeus
a lua girou

Mariza – A Suave Mariza (1959)

Olá amigos cultos e ocultos! Pelo andar da carruagem, acho que a semana vai ficar por conta das mulheres. Teremos uma semana bem feminina, o que vocês acham?
Seguimos com a cantora Mariza, com ‘S’ ou com ‘Z’, não importa. Este foi seu disco de estréia, lançado pela Copacabana em 1959. Vemos ela aqui na capa, agarrada ao angorá, com certeza foi daí que nasceu o apelido de ‘gata mansa’, que em muitos discos ela adotou. Neste seu primeiro álbum temos um repertório que a cantora pode escolher a dedo. Não foi por acaso que ela gravou neste lp quatro músicas de Dolores Duran, sua grande amiga. Também não foi no acaso que as músicas selecionadas são de compositores da sua geração, do surgimento da bossa, do que era moderno na época. Sem dúvida, um belíssimo trabalho, com participações de músicos de primeira linha, os quais eu omito na apresentação, mas que a cantora fez questão de listar, deixando inclusive a seguinte nota juntamente com a relação de músicos participantes: … aconselho aos músicos procurarem sempre os cronistas que comumente escrevem para contracapas de ‘long-playings’ e solicitarem aos mesmos para que não esqueçam da inclusão de seus nomes, pois isto muito contribuirá para uma futura história da nossa música popular…
É isso aí, está certíssimo. Eu, inclusive, deveria ter adotado essa informação também nas minhas postagens, como fazem alguns outros blogs. Mas agora ‘o bicho’ Toque Musical já está formatado e além do mais, o que falta na apresentação tem de sobra na distribuição. Procuro pelo menos apresentar o arquivo completo, com capa, contracapa e selo. Gosto de deixar ‘espaços’ para uma possível interação, complementos e participações dos amigos cultos e ocultos. O que eu proponho aqui é apenas um toque musical… 😉

nana meu nenem
a noite do meu bem
você não sabe amar
tempo ao tempo
amar em segredo
se eu tiver
olhe o tempo passando
deixe que ela se vá
favela
barquinho de papel
se houver você

Nana Caymmi – Nana (1977)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Vamos retomando aos nossos encontros diários, muito embora ele recomeçe justamente quando também retorno ao trabalho. Daí, voltamos a rotina do corre corre. E eu sempre reclamando… hehehe…
Antes de tudo, porém, vou repassando a vocês um convite para participarem do grupo de discussão “Música dos Anos 60 e 70”. Quem gosta de música dessa época, tanto nacional quanto internacional, vai encontrar ali um reduto bem focado.
O disco de hoje é de uma das cantoras que eu mais gosto (sem redundâncias), Nana Caymmi. Não sei porque eu ainda não o havia postado. Hoje eu o faço, mais por um capricho. Não cheguei a verificar, mas acredito que o presente álbum já tenha sido bem divulgado na ‘blogosfera’. Quem ainda não o ouviu, sugiro que não perca a oportunidade. Um álbum lindo. Também com as mesmas características da postagem anterior, uma excelente cantora, um repertório fino e um grupo de músicos de apoio de tirar o chapéu. Participações especiais de Dorival Caymmi, Toninho Horta, João Donato, Novelli, Ivan Lins e outros no mesmo ‘naipe’. A direção e coordenação artística são de Dori Caymmi e Durval Ferreira. Confiram aí essa jóia 😉

dona olimpia
milagre
perdoa, meu amor
o que se sabe de cor
falam de mim
soneto à mamá
fingidor
cais
se queres saber
meu menino
não há lugar
modinha

Miucha (1980)

Olá, amiguinhos cultos e ocultos! Aqui estou eu de volta, quer dizer, voltando… enquanto o carro vem pela estrada, eu de passageiro, vou logo preparando a postagem de retorno. Já consigo ler aqui alguns e-mails e mensagens deixadas nos comentários. Pelo jeito seguimos no mesmo toque, de leve… Eu até tentei postar alguma coisa durante esses últimos dias, mas acabei ficando apenas na estampa sensual e provocativa da loira, uma ‘fotopotoca’ que já estava pronta e com a ajuda do meu ‘bacurau’ e seu Ipod, conseguimos publicar. Agora, tudo se normaliza. Voltamos aos toques musicais 😉
Para retomar, eu tenho aqui, já pronto, um belo disco da Miucha. Gravado em 1980, o álbum traz a cantora cercada de uma turminha genial. Aliás, a Miucha sempre teve a sorte de estar muito bem rodeada de amigos. Ela nem precisa fazer muito esforço para cantar. Mas neste lp temos a participação especial, segundo o encarte, do maridão João Gilberto, da filha Bebel e do guitarrista baiano Armandinho, da Cor do Som. Em letra miuchas, quer dizer miúdas, tem também o João Donato e o Luiz Claudio Ramos, responsáveis pelos arranjos. Mais miúdas ainda vem outros nomes, os quais eu nem vou citar aqui, pois vocês comprovaram lendo o encarte. Só tem gente boa, feras da música popular brasileira.
O disco segue com doze músicas muito bem selecionadas, duas delas de autoria de Miucha. As demais são composições tanto inéditas como regravações de antigos sucessos de Aroldo Barbosa, Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, Lamartine Babo, Geraldo Pereira e outros… Vamos conferir?

all of me
joujoux et balangandans
linha de montagem
todo amor
santo amaro
milagre brasileiro
segura a coisa
sinal de paz
a paixão é sempre passageira
cabritada mal sucedida
canção do desamor demais
que é, que é

Los Indios Tabajaras – The Best Of (1968)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Aqui estou eu meio frustrado de ainda não ter conseguido sair para a minha viagem de férias. Ficaram algumas pendências e eu resolvi adiar para o domingo. Melhor frustrar antes do que durante, não é mesmo? Assim sendo, tenho ainda mais um dia de postagem regular. O que foi até muito bom, pois ontem tive uma grata surpresa. Sinto até vergonha de contar isso, mas é um fato. Vocês acreditam que até ontem eu achava que os Índios Tabajaras fossem paraguaios? Não sei bem de onde eu formei essa ideia, talvez das pouquíssimas coisas que ouvi deles ou algo lembrando a harpa paraguaia. Talvez por isso mesmo, por não ter dado a eles a devida atenção. Nunca tive a sorte de conhecer melhor essa dupla e agora aqui, estou espantado com a minha ignorância e mais ainda com a história de Los Índios Tabajaras. Acredito que, talvez, muitos como eu desconhece a trajetória de vida e artística dos dois índios, que são legítimos Tabajaras. A história deles é digna de ser levada às telas de cinema ou numa dessas ‘big séries’ produzidas pela Globo. Não sei porque não fizeram isso ainda.
Ontem, meio que por acaso, resolvi ouvir este álbum, movido muito pelo fato de estar ‘zero bala’, novinho mesmo, em seus 43 anos. Além de ser também uma bolacha importada de 180 gramas. Meu tocadiscos e minha Shure não resistem a esses assédios. Foi ao virar a contracapa para de imediato ler algo o que eu já deveria saber, os caras são brasileiros! Procurei de imediato informações na rede para me certificar de tudo aquilo. Entre alguns poucos sites falando sobre ‘Los Índios Tabajaras’, encontrei num blog pessoal, um texto muito bom, não sei se é do autor, Marcelo Cozzare, não há créditos, mas suponho que sim. Achei por bem reproduzi-lo na íntegra. Embora um pouco longo e fora dos nossos padrões, vale a pena ler e conhecer um pouco mais desse duo brasileiro. Certamente, pelo texto, fica claro o porquê eu e tantos outros ignoramos os Índios Tabajaras. Eles eram uma singularidade no Brasil.Quanto ao disco, realmente é uma pérola onde se destacam o brilho do instrumental, o virtuosismo e qualidade musical. Neste álbum, que é uma coletânea, com músicas extraídas de outros discos da dupla, pela RCA Victor, temos um repertório bem variado, o que nos mostra a capacidade desses dois artistas. Só mesmo ouvindo e lendo o texto que segue abaixo…
*A trajetória dos Índios Tabajaras dificilmente encontrará paralelo com qualquer outra, vindo de onde vieram e alcançando, no chamado mundo civilizado, o que alcançaram. Tudo pareceria a criação de um delirante ficcionista, não fosse a mais concreta realidade. Primeiro, por suas origens. São índios brasileiros autênticos, da raça tupi-tabajara, nascidos na remota e agreste serra de Ibiapaba, dentro do então isolado município cearense de Tianguá, na divisa com o Piauí. Na língua tupi, receberam os nomes de Mussaperê e Herundy, que significam O Terceiro e O Quarto, pois estavam nessa ordem de nascimento dos filhos do cacique Ubajara, ou Senhor das Águas, ao todo trinta e quatro irmãos. Levados com a família pelo tenente Hildebrando Moreira Lima para a serra do Cariri, recebem dele nomes de branco: Antenor Moreira Lima (Mussaperê) e Natalício Moreira Lima (Herundy). Ouvindo seu canto em tupi, já que não falavam o português, o tenente reconhece neles qualidades para eventualmente tentar a sorte no sul do Brasil. Do Cariri, em 1933, partem caminhando a pé, com o sonho de chegarem ao Rio de Janeiro, então a capital do Brasil, a milhares de quilômetros de distância. São nessa ocasião dezesseis índios, os pais e quatorze filhos. As dificuldades durante a marcha são imensas. Chegam primeiramente a Pernambuco, depois a Alagoas e à Bahia. Numa feira do Nordeste, compram uma velha viola e vão aprendendo os primeiros acordes sozinhos, como podiam. Mesmo assim tem de trocá-la, num momento de necessidade, por uma cuia de feijão. Na capital baiana, Salvador, conseguem receber a proteção do governador, que lhes fornece passagens gratuitas para o Rio de Janeiro, onde chegam no início de 1937. Mais de três anos já se tinham transcorrido desde a decisão de conhecer a Cidade Maravilhosa. Desembarcaram do navio Almirante Jaceguai e, devido a uma reportagem de jornal dando notícia da odisséia, são acolhidos pelo Albergue Leão XIII. Mussaperê e Herundy, dedilhando a viola e o violão e entoando cantos indígenas, mas com roupas de branco, passam logo a se apresentar nas feiras-livres, até que são levados para a Casa de Caboclo, um teatrinho voltado para a cultura regional brasileira. Não foram, porém, bem sucedidos, talvez porque procurassem negar que eram índios, não obstante o aspecto físico não deixar nenhuma dúvida sobre sua origem. Além disso, quase nada falavam do português, por conseguinte analfabetos, acima de tudo amedrontados, porque muito ingenuamente, acreditaram em alguém que lhes disse que, no Rio de Janeiro, caso descobrissem que eram índios, seriam imediatamente mortos! Demoraram, por isso, mais tempo para se adaptarem aos costumes da cidade grande. Outra oportunidade apareceria através de um contrato oferecido pelo apresentador radiofônico Paulo Roberto, para cantarem na Rádio Cruzeiro do Sul, do Rio de Janeiro, em 1942, com a condição expressa de fazerem publicidade de sua verdadeira origem, um fator positivo de interesse e não negativo como julgavam. Os Irmãos Tabajara são dois bugres…fazendo sucesso no rádio carioca. São interessantíssimos no gênero que aprenderam naturalmente, quando não pensavam em cantar no rádio. Artistas por índole, dedilham magistralmente a viola e o violão, arrancando das cordas efeitos de grande beleza e emotividade – publicava a revista Carioca, de 25.7.1942. Passam a atuar também nos cassinos da Urca e da Pampulha, em Belo Horizonte. Em 1944, vão a São Paulo para, em seguida, empreenderem uma longa temporada por toda a América Latina, que se estenderá até 1949. Começam pela Argentina, onde o sucesso foi grande e depois rumam para o Chile, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Cuba e México. Às vezes só ganhavam o suficiente para a alimentação e o prosseguimento da viajem. Mussaperê já vinha se interessando pelos autores clássicos: Beethoven, Bach, Litzt, Mozart e outros grandes mestres. Quando chegam ao México ainda só sabiam tocar de ouvido, sem nenhum conhecimento teórico musical. Num espetáculo, são apresentados pelo ator mexicano Ricardo Montalbán como “analfabetos musicais”, um modo peculiar encontrado para dizer que, apesar disso, tocavam bem, mas que os acabou instigando a aprender música. Mussaperê volta para Caracas e toma lições com Francisco Christancho, maestro da sinfônica da capital venezuelana, e prossegue seus estudos no Brasil. Herundy, por sua vez, volta a Buenos Aires, onde compra uma casa, e também passa a se dedicar ao estudo da música e do canto. EUROPA Dois anos depois, reúnem-se novamente e partem para uma excursão à Europa. A música clássica passa então a predominar em seu repertório. Tornam-se respeitados em vários países como intérpretes de Tchaikovsky, Sibelius, Targa, Falla, Villa-Lobos, Chopin e outros. As adaptações instrumentais são feitas por Mussaperê, que as passa para o irmão. Incluem também em seus espetáculos músicas folclóricas européias, cantando-as nos diversos idiomas, sempre com os maiores aplausos do público e a melhor crítica, a ponto de terem a agenda tão cheia de compromissos que têm de recusar muitos convites. Foi uma demorada excursão que terminaria em Madri, onde o êxito não foi menor. No retorno ao Brasil, no entanto, sentiram que não passavam de uns ilustres desconhecidos e que a música que faziam não correspondia ao interesse das gravadoras e das emissoras. É quando fazem três discos na gravadora Continental, lançados em 1953/54: Tambor Índio/Acara Cary (16.869), Pássaro Campana/Fiesta Linda (16.913) e Te Besaré/Te Quiero Mucho Más (16.972). AMÉRICA Cientes de que santo de casa não faz milagre, como diz o ditado, partem, em 1954, para uma nova excursão pelo exterior, a fim de se exibirem inicialmente no Rádio City de Nova Iorque, precedida de uma pequena temporada em Cuba. Gravam, em 1957, na RCA Victor americana, um Lp. chamado Sweet and Savage (Doce e Selvagem), no qual incluem o bolero Maria Helena, de Lorenzo Barcelata, melodias brasileiras e outros standars latinos, que todavia passa despercebido.
Voltam ao Brasil, encetando nova tentativa de penetrar no mundo artístico de sua terra. Não obtendo a mesma aceitação do exterior, resolvem encerrar as atividades artísticas. Como as economias feitas, efetuam a compra de uma propriedade rural na localidade de Araruama, distante cerca de cem quilômetros do Rio de Janeiro, com mais da metade da área coberta por mata virgem. Com a maioria dos trinta e quatro irmãos, fazem da agricultura seu novo meio de existência, procurando reproduzir a vida tribal de sua infância no contato com a natureza.
O RETORNO Estavam nessa vida anônima e calma, quando a mão do destino começou a agir. No verão de 1963, um produtor da Rádio WNEW, de Nova Iorque, para fazer o fundo musical de um programa humorístico, procura na discoteca da emissora uma música instrumental qualquer. Experimenta daqui e dali e, por acaso, puxa da prateleira justamente o Lp. Sweet and Savage, encontrando logo na primeira faixa em Maria Helena, o que estava querendo. Assim, diariamente, o fox Maria Helena foi sendo tocado nesse programa de grande audiência. Não tardaria muito para que muitos ouvintes fossem se encantando e passassem a indagar quem eram aqueles grandes instrumentistas e como poderiam adquirir o disco. Esses pedidos eram encaminhados à R.C.A. Victor, que, dado o volume das cartas, mandou editar um compacto simples, que, para sua surpresa, começou a ser vendido em todos os Estados Unidos em números impressionantes, a ponto de alcançar o 4º lugar no hit parade! Daí para o relançamento do Sweet and Savage, aquele de 1957, foi um passo. Resultado: 2º lugar entre os estéreos e 4º lugar entre os monos no ano de 1963! Os executivos da R.C.A. Victor, diante de fatos tão inacreditáveis, comunicaram-se com sua filial do Rio de Janeiro, com a ordem expressa de que aqueles índios fossem localizados e embarcados imediatamente para Nova Iorque, pois queriam produzir com eles novos discos. Encontrá-los, porém não foi nada fácil. Ninguém sabia onde tinham se escondido. Por fim, são encontrados no seu retirado sítio de Araruama, às margens da lagoa do mesmo nome. – Pensávamos que fosse brincadeira. Só acreditamos mesmo quando recebemos a passagem de ida-e-volta e ajuda de custo para seguir com destino a Nova Iorque com tudo pago… Ficamos hospedados nos melhores hotéis e só não gostamos mesmo foi do tal caviar servido todos os dias – contava Mussaperê. Em apenas trinta e seis dias, gravam em Nova Iorque dois Lps. e dois compactos, com destaque especial para Moonlight and Shadows, Solamente Una Vez e Always In My Heart, tendo esta última vendido rapidamente 200 mil cópias e ido para o 3º lugar nas paradas. Os convites para se apresentarem por todos os Estados Unidos não cessam de chegar, assim como para a Europa e o Japão, onde também se tornam ídolos. Em muitos concertos são acompanhados por orquestras filarmônicas. No início dos anos 70, já estão com 48 Lps. gravados e oito milhões de cópias vendidas. Tudo parece mesmo criação de algum delirante ficcionista, mas é a vida real e fantástica de dois pobres índios, que de uma aldeia perdida numa serra brasileira, um dia iniciaram sua jornada, rumo ao sucesso internacional, caminhando a pé.

maria elena
love is a many-splendored thing
mamãe eu quero
valse in c-sharp
pájaro campana
marta
always in my heart
não tenho lágrimas
smoke gets in your eyes
frenesi
recuredos de la alhambra
the 3rd man theme

 

*Texto extraído do blog de Marcelo Cozzare

Luiz Gonzaga Instrumental – Gravações Na Década De 40 Volumes 1 e 2 (2011)

Chegamos, enfim, na sexta feira! Já comecei a fazer as minhas malas. Amanhã eu quero já estar cedinho com o pé na estrada. Levo comigo toda a parafernália necessária para (tentar) manter o ritmo diário das postagens. De qualquer forma, não vou garantir nada. Vamos deixar rolar, ok?
Para a nossa sexta independente eu preparei uma coletânea gorda e especial. Como podemos ver no encarte exclusivo, criado para dar forma a essas gravações, temos um Luiz Gonzaga inteiramente instrumental. Trata-se de gravações diversas feitas por ele na década de 40. Procurei reunir material lançado em discos de 78 rpm e também gravações realizadas por ele em programas de rádio. Temos aqui mais de 50 músicas! O que daria um belo box, com pelo menos uns três discos. Mas para a minha edição, eu preferi criar apenas dois volumes. O primeiro compreende os anos de 41 a 43, o segundo vai de 43 a 45. Ao ouvirmos esses registros fica mais fácil entender o porquê do Baião fazer tanto sucesso. Sem dúvida, é um ritmo contagiante, que se contrasta de forma relevante com a música popular produzida naqueles tempos. Luiz Gonzaga foi mesmo o Rei. Ele está para o Baião assim como João Gilberto para a Bossa Nova. São os donos da bola, os fodas! Entre essas gravações temos coisas de espantar e mesmo com uma qualidade sofrível do registro sonoro, percebemos em muitas músicas e no jeito de tocar de Lua uma contemporaneidade e semelhança com coisas que nem são do universo da música nordestina. É certo que muitas das músicas apresentadas aqui não são, naturalmente, só em ritmo de Baião ou mesmo de autoria de Gonzaga. Elas se tornam Baião ao serem tocadas por ele. Confiram e comentem também. É sempre gratificante um retorno, seja ele para complementar, corrigir ou criticar. Fazer um blog desses e sozinho, só mesmo contanto com os amigos cultos e ocultos 🙂

Volume 1
saudades de são joão del rey
numa serenata
farolito
arrancando caroá
o chamego da guiomar
segura a polca
véspera de são joão
vira e mexe
apitando na curva
calangotango
minha guanabara
pé de serra
pisa de mansinho
sanfonando
santana
saudade de ouro preto
saudades de areal
seu januário
verônica
apanhei-te cavaquinho
araponga
destino
galo garnizé
manoelita
meu passado
Volume 2
bili bilu
caprichos do destino
o carimbó
despedida
escorregando
fazendo intriga
fuga da áfrica
luar do nordeste
subindo ao céu
madrileña
pingo namorando
recordações de alguém
wanda
xodó
última inspiração
aperreado
bolo mimoso
caxangá
sanfona dourada
zinha
dança do macaco
impertinente
mara
na hora h
passeando em paris
provocando as cordas
queixumes

Canto Ao Brasil Por Poetas Espanhóis (196?)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! No próximo sábado eu estarei viajando sem destino certo. Tô pegando o carro, mulher, filho e empregada. Vamos por aí, seguindo a trilha do sol, fugindo das chuvas, buscando uma semana de paz. Mesmo assim, não deixarei de levar o Toque Musical comigo, pois se tiver jeito eu irei postando minhas reservas. Meus ‘discos de gaveta’.
Fazendo jus a fama de um blog ‘seboso’ e imprevisível, e também porque na sequência vamos de poesia, eu hoje separei para os amigos um disquinho curioso. Temos aqui um lp reunindo quatro poetas espanhóis – Ricardo Couto, Isidro Álvarez Alonso, Antonio Leirós Pérez e Santiago Frias. Todos eles tiveram passagem pelo Brasil e naturalmente, no encanto que é essa nossa terra, não pouparam os seus versos. No disco, a intepretação (declamação) é de outro espanhol, chamado García De Sabadell.
Este álbum faz parte de uma série de LPs lançados pela conceituada livraria e editora paulista dos anos 50 e 60, a Mestre Jou, no centro de Sampa. A livraria fechou as portas no início dos anos 80, com a morte do proprietário, o chileno Felipe Mestre Jou.

brasil-carmem miranda – isidro alvarez
brasil en ritmo de samba – antonio leirós perez
el pescador – santiago frias
suite brasileña – isidro alvarez
verde sinfonia del brasil – santiago frias
canción del negro – ricardo couto
amor brasileño – isidro g. hernandez e garcía de sabadell
emigrante enamorado – isidro g. hernandez e garcía de sabadell
mirando a la cruz del sur – antonio leirós perez
planalto de fé – ricardo couto

Show (1953)

Olá, amigos cultos e ocultos! Aqui vai mais um disquinho que eu comprei do catador de papel. Alguns desses álbuns eu estou tendo, também, o prazer de conhecer e ouvir só agora. É o caso deste lp de 10 polegadas, um dos primeiros lançados pela Musidisc. Trata-se de uma coletânea, obviamente, de artistas da gravadora. Nomes como os que (quase) podemos ler na estampa da capa: Britinho; Léo Peracchi; Nuno Roland; Trio Surdina; Nilo Sérgio (cantando); Djalma Ferreira com Helena de Lima, que só aparece nos créditos do selo, a atriz Renata Fronzi como cantora e ainda a mexicana Elvira Rios. Realmente um show para a época. A qualidade da gravação é muito boa, comparada a de outras gravadoras naquele tempo. Porém, alguns arranhões e estalos são inevitáveis. São marcas de um disco com 58 anos de idade!

se eu morresse amanhã – renata fronzi
joaozinho boa pinta – trio surdina
volta – nuno roland
pensando em ti – leo peracchi
desencuentro – elvira rios
definição – nilo sergio
tarde demais – djalma ferreira e helena de lima
lilian – leal brito

Álvaro Moreyra – Olegário Mariano (1956)

Olá! Hoje serei breve. Ainda não são 22 horas e eu já estou babando de sono (atrasado, com certeza). Por essa razão, vamos ao disco do dia… Nossa semana continua como a outra, segue entre poesia e música.

Segue outro álbum da série de discos de poesia lançados pelo selo Festa, do jornalista Irineu Garcia. Temos aqui dois poetas, hoje pouco lembrados, Alvaro Moreyra e Olegario Mariano. Cada um dos poetas tem um lado do disco, onde nos apresentam, eles próprios, os seus poemas.
.
olegário mariano:
o homem da noite
a velha estrada
paisagem natal
ao calor da lareira
tu ficarás
alvaro moreyra:
oração
minha mãe
minha dor
canção do realejo
amor
projeto
bem
vantagem
oração de santo antonio
canção
tema

Aldemar Brandão – Nossa Terra… Nosso Mar… (1956)

Olá, amigos cultos e ocultos! Demorei, mas cheguei… Tenho certeza que com esta postagem vocês irão me desculpar o atraso. A começar por termos aqui mais um esperado disco da Sinter e ser este um outro raro exemplar que merece toda a nossa atenção.
Alguém aqui já ouviu falar em Aldemar Brandão? Possivelmente, poucos saberão responder quem foi este artista. Se me perguntassem isso algumas semanas atrás, eu também não saberia responder e acho que ainda continuo sem muitas respostas. Talvez, se tivessem me apresentado o disco apenas pelo som, eu diria desatento que era alguém cantando Dorival Caymmi. Digo desatento, no sentido de ignorar, momentaneamente, a obra do grande compositor baiano. Quando ouvi este disco pela primeira vez, uma dúvida me veio à mente, seriam músicas de Dorival Caymmi? Afinal aquilo eram músicas praieiras como as do velho baiano. Imediatamente puxei da capa e retomei a leitura completa de tudo que estava escrito no disco. Queria confirmar minha suspeita. Qual nada! Pelo jeito aqui, de Caymmi, só mesmo a inspiração, o estilo e o baiano… Nosso artista, Aldemar Brandão foi também um compositor baiano, da mesma safra do Aristeu Queiroz. Porém, através da rede ele é ainda mais obscuro, no máximo uma citação. Quem mais se aproximou e talvez é quem possa nos iluminar nessa hora é o Luiz Américo Lisboa Junior, quando ele cita em seu artigo, “Bahia, berço e tradição da música popular brasileira”, entre outros o nome de Aldemar Brandão, como um dos talentos baianos que se destacava no cenário musical dos anos 50. Me parece, não apenas por este disco, que Aldemar trilhava o caminho da música regional e de sua terra, a Bahia. Não deve ser por acaso que ele foi parceiro da Dilú Mello no jongo “Conceição da praia”, gravado pela cantora Marlene.
O certo é que Aldemar Brandão, neste disco de 56, encarna a mesma figura de Dorival Caymmi em 1935, quando estreou suas “Canções Praieiras”. Até mesmo o estilo Caymmi está presente na gravação, apenas voz e violão. Ao contrário do que possa parecer, a música de Aldemar Brandão não se prende à semelhança copiosa. Ela é autêntica e tem qualidade. Fala com a mesma inspiração das coisas da terra e do mar da Bahia. É Caymmi… 🙂

é noite
a maré secou
doce de côco
adeus do jangadeiro
capitão de areia
lavagem do bonfim
eu não ligo a bahiana
dois de julho
amor de pescador
sacy pererê

Paulo Gracindo – Poemas E Sonetos De Ghiaroni (1956)

Olá a todos! A partir de amanhã estarei oficialmente de… FÉRIAS!!! Quinze dias de pernas pro ar, êta coisa boa! Havia pensado em fazer uma viagem , mas a chuva está me tirando o tesão. Por enquanto eu ficarei por aqui e o Toque Musical continua a sua jornada diária. Mas, já fiquem os amigos cultos e ocultos avisados, poderemos vir a dar uma pausa de, pelo menos, uma semana, ok?
Continuando nossas postagens alternadas entre poesia e música, reservei para o domingo um encontro com Ghiaroni, na interpretação impecável do grande ator Paulo Gracindo. Temos aqui um lp de dez polegadas lançado pela Sinter em 1953, de sua série dedicada à poesia. Nele, Paulo Gracindo interpreta quinze poemas de um escritor, hoje em dia, pouco lembrado, o jornalista, poeta, cronista e autor de várias e famosas novelas e programas de rádio, Giuzeppe Ghiaroni. Embora seu nome nos soe como um estrangeiro, mais especificamente italiano, o poeta era carioca, da cidade de Paraíba do Sul, na Serra Fluminense. Ghiaroni escreveu várias novelas para o rádio, nas quais Paulo Gracindo era um de seus principais atores. Paulo, antes da TV, do memorável e impagável personagem de Odorico Paraguassú, já era um homem do teatro e do rádio. Começou na Rádio Tupi e depois foi para a Nacional. Trabalhou como produtor, apresentador, locutor e animador de uma série de programas. Esses fatores em comum, além da admiração mútua entre eles, propiciou a gravação deste disco, que nos traz um belíssimo resultado e digno de resgate. Vamos ouví-lo?

a máquina de escrever
homenagem
doce nome de estela
a luz de maria
injustiça
previsão
dia das mães
a palavra querida
beijos
veneração
não me faças sonhar
respeito
tereza
beijo
aquilo
.
PS.: Para engrossar o caldo, estou incluindo um pouco mais de Ghiaroni. Segue aqui alguns registros do programa de humor, “Tancredo e Trancado”, escrito por ele para a Rádio Nacional na década de 40. Muito bom!

Aristeu Queiroz – Canta Bahia (1953)

Olá amigos cultos e ocultos! Enquanto eu começo esta postagem, lá fora o céu desaba numa chuva que parece o fim do mundo. Só espero que a energia elétrica não vá embora, pelo menos até que eu termine a parada aqui.
Hoje eu estou trazendo um disco bem raro e antigo. Gosto de postar discos como este, não pela exclusividade, mas por serem eles peças importantes para um determinado público. Não são, talvez, discos de grande sucesso e, as vezes, nem seus artistas são ainda lembrados. Mas são exemplos que merecem ser resgatados, retirados do imenso ‘limbo’ fonográfico nacional. Meu maior prazer é receber um e-mail ou comentário de alguém, agradecido e emocionado por encontrar aqui algo que ele jamais esperava ver ou ouvir novamente. Isso é muito bacana.
O presente disco faz parte do lote que arrematei do catador de papel. Estou postando ele por ser, para mim, também uma curiosidade. Aristeu Queiroz, era até então um ilustre desconhecido. Na contracapa temos logo uma pequena apresentação, mas eu não me dei por satisfeito e fui procurar outras fontes. Fiquei sabendo que o nosso artista era baiano, criado na cidade de Jacobina, era também conhecido pelo nome de Bob Silva. Sua história de vida me fez lembrar o João Gilberto. Um tipo meio errante, um homem apaixonado pela música, boêmio e como seu conterrâneo, viveu correndo atrás de sonhos, porém sem a mesma sorte e genialidade do dono da Bossa. Saiu de casa cedo para tentar a vida de artista. Foi para o Rio de Janeiro, chegou a ser contratado por uma rádio, onde se apresentou por um bom tempo. Mas pelo que contam, ele era um cara sem apego, vivia apenas o presente. Não segurou a barra… Gravou apenas três discos pela Sinter em 53, duas bolachas de 78 rpm e este lp de 10 polegadas. A história de Aristeu Queiroz, Bob Silva ou ainda Teteu, pode ser conferida num texto do site Notícia Livre, ou ainda em anexo ao arquivo do disco.
“Canta Bahia” é um disco diferente, foge do esperado ou convencional da época. Sua música é de um gênero híbrido e confuso, que para não errar, eu classificaria apenas por canção. Isso se deve muito ao fato de que no lp temos apenas ele e o violão. Não há, se quer, um acompanhamento rítmico ou orquestração, o que também me leva a crer numa certa contenção de despesas na produção, aliada a uma áurea maldita, que o isola até mesmo na hora da gravação. Será impressão minha? Confiram e dêem também as suas opiniões…

jangadeiro de itapuã
pajussara
a ceguinha
uma estrela no céu
simplicidade
zefinha
minha infância em jacobina
cais do porto

Robson Dos Santos – Cinema Falado (S/D)

Olá amigos! Hoje a minha sexta feira está daquele jeito… uma correria só. Eu havia até pensado em deixar a postagem para o fim do dia, pois não tive tempo de preparar (mantendo a sequência) um disco de poesia e que também fosse independente. Vim para o trabalho já com a ideia de fazer tudo a noite, quando eu voltasse. Coincidentemente, deparei com um cd colocado no meu escaninho. Alguém que ainda não sei quem, deixou o presentinho lá para mim. Parece até que estavam lendo o meu pensamento, pois o tal disquinho é também de poesia, creio eu. Ainda não tive tempo de ouví-lo, apenas passei cada faixa para sentir qual é a do nosso artista, chamado Robson dos Santos. De acordo com o encarte, Robson é músico, compositor e restaurador de instrumentos musicais. É mineiro, de Belo Horizonte (Preciso localizar esse cara. Será que ele conserta a minha viola?) . Iniciou seus estudos musicais nos anos 80, na Fundação Clóvis Salgado, sendo aluno do professor Juvenal Dias. Suas composições tem sido apresentadas em diversos e importantes festivais de música contemporânea da cidade. Já tem outro disco gravado e pelo que eu entendi, na mesma linha deste, ou seja, composições eruditas, música contemporânea clássica. Neste cd, que não consta a data, intitulado “Cinema Falado”, temos não apenas música, mas também contos e poesia. Acho que este disco veio mesmo a calhar. Só falta a gente conferir. Vamos lá? 😉

música contemporânea era o dito popular
to be angel tomorrow
cinema falado
alucinações do passado
conteos de guerras
a sereia só canta em tom menor
o homem e o mar
canção invertida
falando do tempo
novamente neste mundo
sonata da alegria
a árvore da vida
fim

Eustáquio Sena – Brasil Riqueza (1983)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Vejam vocês como algumas coisas, as vezes, passam batido pela gente e só depois ficamos sabendo. Ontem, meio que por acaso, estava eu lendo uma matéria sobre produtores musicais na televisão brasileira nos anos 70 e um dos nomes que muito me chamou a atenção era a do músico mineiro Eustáquio Sena. Confesso que nunca havia atinado para este artista, me lembrava apenas de uma ou outra música cantada por ele e deste disco que agora eu apresento a vocês. O que me motivou a postá-lo foi saber um pouco mais da sua história e que faleceu prematuramente em 2007. Fiquei espantado, pois não me lembro de ter visto ou lido uma nota se quer na imprensa sobre o ocorrido. Talvez não merecesse, não fosse ele um artista talentoso, compositor e produtor com muita bagagem. Sua trajetória, pelo que eu li, começa na primeira metade dos anos 60. Passou pela Jovem Guarda, por festivais e em diferentes discos de diferentes artistas. Foi parceiro em algumas músicas do cantor, também falecido, Paulo Sérgio e do roqueiro que virou ‘cowboy’, Eduardo Araújo. Participou de importantes festivais dos anos 60, como compositor e também intérprete. Mas a sua atuação maior está por trás das cortinas, como produtor. Para se ter uma ideia, ele trabalhou para o selo Elenco e Som Livre, produziu discos importantes como o “Deixa Estar” do MPB 4, “Acabou Chorare” dos Novos Baianos e o primeiro disco de Alceu Valença. Na Som Livre ele teve um papel importante, trabalhando tanto como produtor, compositor e intérprete para diversos discos da gravadora, inclusive as trilhas de novelas dos anos 70. Suas músicas foram gravadas por artistas como Jair Rodrigues, Evaldo Braga, Ronnie Von, Leno & Lilian, Originais do Samba, Robertinho do Recife, Jorge Mautner, Manduka, entre outros. Seu nome aparece em quase todos os disco da Som Livre dos anos 70, seja como produtor ou intérprete. Como trabalho autoral, discos, ele gravou poucos. Seu trabalho de maior destaque foi o álbum ‘Cauromi’, lançado em 1980 pela Epic. Em 83 ele volta com este “Brasil Riqueza”, outro álbum, também muito bom, onde se destacam músicas como “Vamos ver como é que fica (Uirapuru)”, “Flor de laranjeira” e seresteira “Remanso”, uma parceria com Zé Ramalho e Waldir Silva.
Diante a tudo isso, eu hoje achei por bem postar o disco, que até então eu ainda não o vi nas ‘bocas’. De quebra, incluí como bônus a música “Mariana”, tema de sucesso em uma das novelas da Globo. Confiram…

vamos ver como é que fica (uirapuru)
morena
flor de laranjeira
dez mil anos luz
maxacalis
riqueza brasil
muito prazer
remanso
terra dos homens
valsinha (bem mais amor)
mariana (bonus)

Rubens de Falco – Os Detalhes… De Roberto Carlos (1980)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Vocês estão gostando da semana ‘poético musical”? Como se pode observar, estou alternando os dias entre poesia e música, assim a gente não fica preso só em um tema.
Hoje vamos de poesia. Vamos com o ator Rubens de Falco declamando as letras de algumas das mais românticas e famosas músicas de Roberto (e Erasmo) Carlos. É interessante notar como a poesia da música desta dupla ganha uma nova dimensão. Através de uma interpretação impecável, o ator Rubens de Falco consegue nos passar com mais emoção a mensagem do que na própria música. A verdade é que ao ouvirmos as letras em forma de poesia, ela toma um outro sentido, ou melhor ainda, a mensagem se faz mais direta. Todavia, como referência associada, temos para cada poesia a sua música, aqui tocada como um fundo musical por Cido Bianchi.
Para os que gostam de poesia, de Roberto Carlos e tantas emoções, este é o disco! 🙂

olha
desabafo
falando sério
cavalgada
lembranças
você na minha vida
música suave
os seus botões
detalhes
mais uma vez
sinto muito minha amiga
proposta
de tanto amor
a primeira vez

Trio Irakitan – Os Boleros Que Gostamos De Cantar (1960)

Bom dia a todos! Hoje eu acordei um pouco mais nostálgico que de costume. Fiquei lembrando dos meus tempos de criança, na casa de meus primos mais velhos. Me lembro da radiola Philips com compartimento para os lps. Haviam sempre aqueles mesmos discos, uma dúzia ou mais, que a gente ouvia sem parar. Entre esses, me lembro bem do Trio Irakitan e os primeiros do Roberto Carlos, eram os preferidos da casa. Acho interessante lembrar disso, pois eu fui criado vivendo nas casas de tios, tanto por parte de mãe como de pai. Em todos os dois ambientes sempre existiu muita música e discos, principalmente. Acho que o meu gosto musical é bem variado, muito por conta dessa ‘base’. Por um lado, o da minha mãe, haviam os artistas populares, a Jovem Guarda e os mais antigos das décadas de 40 e 50. Do lado do meu pai, a família era mais ligada à Bossa Nova, ao rock, jazz, blues e também os eruditos. Daí, deu no que deu… hehehe…
Pois é, foi lembrando disso que eu fiquei motivado a postar aqui este disco do Trio Irakitan. Este era um dos álbuns preferidos daquela turminha, que hoje está por volta dos sessenta e tal… Êta tempo bão! Eu era feliz e não sabia. Hoje eu sou muito mais 🙂 porque tenho guardado essas lembranças comigo.
Este álbum, eu bem sei, não é novidade nos outros blogs musicais e talvez não seja para muitos de vocês. Mesmo assim eu insisto, não apenas pelo meu desejo saudosista, mas por ser realmente um álbum que merece o nosso toque musical. Aqui vamos encontrar doze boleros clássicos em versões para o português e numa interpretação que não deixa nada a desejar. Confiram!

tão somente uma vez
santa
perfídia
aqueles olhos verdes
desesperadamente
sonhando contigo
três palavras
prisioneiros do mar
frenesi
tudo foi ilusão
queira me muito
talvez, talvez, talvez…

Jograis De São Paulo – Poesia Contemporânea Brasileira (1980)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Para os fãs da poesia, esta vai ser uma semana privilegiada. Vamos ter por aqui mais alguns discos dedicados a ela. Eu, pessoalmente, gosto muito e sempre quero estar mostrando a vocês um pouco desta arte em versões fonográficas.
Para hoje, quero trazer mais um disco do Jograis de São Paulo. Para os que acompanham o Toque Musical, já sabem. Os Jograis foi criado pelo ator e poeta Ruy Affonso nos anos 50. Pelo grupo passaram diversos atores como Alex Ribeiro, Alvim Barbosa, Amilton Monteiro, Armando Bogus, Carlos Vergueiro, Carlos Zara, Clóvis Marcos, Eli Ortega, Felipe Wagner, Fúlvio Stefanini, Gustavo Pinheiro, Homero Cozac, Ítalo Rossi, Jairo Arco e Flexa, Maurício Barroso, Nelson Duarte, Nilson Condé, Raul Cortez, Ronaldo Costa, Rubens de Falco, Ruy Affonso e Wolney de Assis, além das participações especiais de: Caetano Zama, Inezita Barroso e Roberto Ribeiro. Foram mais de 50 anos de atividades, sempre com muito sucesso. Depois da morte de Ruy Affonso os Jograis de São Paulo parecia ter chegado ao fim. Mas o seu legado foi passado ao ator Alex Ribeiro, que tem procurado manter viva a memória do grupo. Alex também é o detentor dos direitos do Jogral e até criou um site exclusivo, contando a bela história do grupo.
O álbum que temos aqui, me parece, foi o último gravado por eles, em 1980. Na época, o quarteto era formado por Ruy, Armando Bogus, Rubens de Falco e Carlos Vergueiro. Em “Poesia Contemporânea Brasileira”, temos uma seleção com algums dos mais expressivos poemas de grandes nomes da nossa poesia moderna. Confiram aí…

evocação ao recife – manuel bandeira
romance do embuçado – cecília meireles
colagem de “na avenida” e “nossa senhora dos cordões – oswald de andrade
a rua da rimas – guilherme de almeida
poemas concretos – haroldo de campos
velha história – mário quintana
jandira – murilo mendes
josé – carlos drummond de andrade
trem de alagoas – ascenio ferreira
a vida particular do jardim público – cassiano ricardo
estudo de concerto – ruy affonso
coco do major – mário de andrade
batismo – menotti del picchia
o dia da criação – vinícius de moraes

Tarancón – Mama Hueé (1988)

Olá amigos cultos e ocultos! Nada como um fim de semana com sol para animar a gente, não é mesmo? O meu domingo está como o sábado, uma maravilha!
Aproveitando que na semana passada quatro pessoas haviam pedido um novo toque para os álbuns do grupo Tarancón, postados aqui, eu decidi na leva trazer mais um lp da turma.
“Mama Hueé” foi um disco, lançado em 1988. Passados mais de dez anos do lançamento dos primeiros álbuns, neste temos o Tarancón com uma outra formação e explorando outros temas do Continente Latino Americano. Saímos do sulamericano, do andino e vamos para a América Central, para a África e também pelo Brasil. Pessoalmente, eu prefiro os primeiros álbuns, com uma natureza bem mais próxima do regional, mais acústico e mais tradicional. Contudo, ou apesar de tudo, “Mama Hueé” é um disco bacana que se mantém dentro de uma sequência natural de desenvolvimento de um grupo musical com mais de 30 anos de estrada. Muitas coisas acontecem ao longo de tantas décadas, principalmente na formação e ideal originário. Como dizia o Lulu Santos, “nada do que foi será igual ao que já foi um dia”.

mama hue
canto lunar
todo cambia
tarugata
la presentida
siriaka
canción urgente para nicaragua
nicaragua
kikiô
samba landó

Sambas De Roda De Salvador (1983)

Salve moçada culta e oculta! Depois de muitos dias de chuva, o sábado veio maravilhoso, com um céu azul e o sol de muitos brilhos. Eu estava mesmo precisando de um dia assim. Estou me sentido bem melhor. E para comemorar o ‘sábadão’, vamos hoje no embalo do samba. Samba da Bahia!
Temos aqui “Sambas de Roda de Salvador”, Um trabalho de pesquisa realizado por Walmir Lima, um dos maiores nomes do samba de raiz feito Bahia. Neste álbum ele reuniu alguns dos melhores nomes do samba de roda de Salvador, da época, para juntos gravarem uma seleção de 10 músicas, sambas de roda, muitos deles de autoria de Walmir Lima. Não se trata de um disco autoral, embora toda a ideia e direção do trabalho tenha sido feita por ele.
Para uma noite de sábado com um céu cheio de estrelas, um disco como este levanta bem o astral. Confiram aí mais um toque musical! 😉

eu quero ver – sarabanda, beto sem braço e giba
côco no dendê – rico medeiros
o visitante – giba
menina linda – serginho
é mentira de quem disse – walmir lima e edinha da bahia
samba na palma da mão – walmir lima
segura a gibóia – beijoca
a reza – sarabanda
dona de casa – elane
na força do meu rojão – giba

Henrique Cazes – Tocando Waldir Azevedo (1990)

Opa! Pensaram que hoje não haveria postagem? Eu também pensei, mas por sorte cheguei a tempo. Havia até me esquecido de que hoje é sexta feira, dia em que tenho dedicado às produções independentes.
Sorte foi eu me lembrar que havia deixado na gaveta, pronto para uma emergência, este disco, que além de ser muito bom é também independente. Estamos falando de um dos maiores nomes do cavaquinho, aliás, um dos grandes instrumentistas brasileiros, Henrique Cazes.
Eu conheço pouco do trabalho dele. Sei que estreou profissionalmente nos anos 70 como integrante do Conjunto Coisas Nossas, um grupo que procurava resgatar a música brasileira dos anos 30 e 40. Teve a sorte de trabalhar com o Maestro Radamés Gnattali, com quem aprendeu muito. Cazes toca vários instrumentos de corda, mas sua especialidade é o cavaquinho. Ao longo de sua carreira tem gravado muitos discos. Em 1990 ele lançou, as próprias custas e com apoio da Kuarup este disco que é tudo de bom. Começa por ser um álbum dedicado ao grande mestre do cavaquinho, Waldir Azevedo. Num repertório com o melhor de Waldir, Cazes conta com a participação ‘especialíssima’ de Chiquinho do Acordeon, Paulo Moura e Rildo Hora. Com todas essas qualidades, se torna irresistível sua audição. Confiram…

delicado
pedacinhos do céu
carioquinha
quitandinha
choro novo em dó
brasileirinho
queira-me bem
mágoas de um cavaquinho
luz e sombra
frevo da lira

Abertura – Estes Também Participaram (1975)

Olá! Esta semana está sendo mesmo bem variada, vocês não acham? Temos tido aqui discos para o mais variado gosto e como sempre, boas surpresas. A caravana não para…
Na sequência, eu trago para vocês um disco bacana, um legado de um dos últimos festivais de música brasileira ainda com aquele espírito dos anos 60, o Festival Abertura, promovido pela Rede Globo em 1975. O disco que tenho aqui, como bem se pode ver pela capa, reúne 13 outras músicas e artistas que também participaram do festival, mas não tiveram suas músicas classificadas para a final. Quem teve o prazer de assistir ao Abertura talvez se lembre de algumas dessas músicas, que são tão boas quanto as que chegaram à final. A RCA, oportunamente, não deixou por menos, recrutou as sobras e também entrou na onda do Festival. Eis aí um disco raro com uma série de músicas que nunca tiveram outra chance além dessa para serem mostradas. Confiram…

farofa-fá – mauro celso
tele rodovida – milton carlos
massa falida – cesar costa filho
cirandeira – ana maria brandão
drácula – paulinho da costa
rede verde – elson
mudanças – gil gerson
súdito do rei – flávio e lúcia
que venha el tango – silvio barbosa
carcaça – raimundo marques costa
dança espanhola da cabeça – zé márcio
balbina – caetano zamma
teofagia – marco antonio

High Life (1986)

Bom dia! Ontem eu postei uma colaboração e hoje, inevitavelmente, farei o mesmo, pois havia me esquecido do amigo Randolfo, que também já havia me enviado algumas coisas e eu até então nunca postei. Taí, amigão, agora é pra valer!
Vamos hoje com um quinteto de jazz-fusion, o memorável High Life. Formado por quatro feras da música instrumental brasileira e um americano: Luis Avellar nos teclados, Ricardo Silveira na guitarra, Carlos Bala na bateria, o saudoso contrabaixista Nico Assumpção e o saxofonista americano Steve Slagle. O super quinteto, me parece, gravou apenas este disco, lançado através do selo Elektra Musician, em 1986. O álbum teve um relançamento posterior em versão cd, alguns anos depois, nos Estados Unidos, numa edição feita por Steve Slagle.
Eu tenho uma certa preguiça de música instrumental, ao estilo chamado ‘fusion’, que se originou a partir de grupos como o Weather Report, Return to Forever e tantos outros. Preguiça, não quer dizer que eu não goste ou não reconheça suas qualidades. Apenas me cansa um pouco o excesso de virtuosismo, a falta de ‘riff’ ou um ‘swing’ que mexe com a gente. Sei que tem gente que vai cair de pau no que eu estou falando, mas isso é apenas uma visão pessoal, a minha. No entanto, no que se refere a este disco, eu não tenho nada a ‘crititicar’, mesmo porque os instrumentistas são ótimos, o repertório fino e tem uma música que eu adoro, “Saídas e bandeiras”, de Milton Nascimento e Fernando Brant. É, sem dúvida, um disco muito bonito e se destaca também pelo talento individual dos artistas envolvidos. Um ‘fusion’ bem singular e que vale a pena conferir.

general
saídas e bandeiras
santa monica
beira do mar
high life
cor de rosa

Guilherme Lamounier (1978)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Para que a nossa semana não fique só nos anos 50 e 60, vamos também para os 70 e com outros focos musicais. Naturalmente, toda postagem é motivada por alguma razão além do meu compromisso informal de fazê-la diária. Tô gostando muito de publicar aqui minhas últimas aquisições, mas também tem outras, as doações e colaborações, que eu não posso esquecer. Há pouco mais de um mês (no ano passado!), o amigo Tales enviou para mim, este álbum que ele mesmo digitalizou, segundo ele, “conforme as normas da casa”. Legal, veio tudo do jeito que eu gosto e sem me dar trabalho (valeu, amigão!). Como eu ontem estive ouvindo algumas músicas do Guilherme em parceria com Tibério Gaspar, acabei me tocando para o presente esquecido e daí, porque não postá-lo hoje? 🙂
Segue então mais um álbum do Guilherme Lamounier postado aqui no Toque Musical. Taí um artista que eu gosto muito e vez ou outra eu me pergunto, onde ele foi parar? O cara era muito bom compositor. Acho que depois deste disco, nunca mais ele foi notícia. Pelo menos para mim. Quando postei os outros dois discos dele também comentei isso, a sua ausência no cenário artístico e musical. Tem muita gente que acha o cara com uma ‘pegada’ meio brega, eu já diria que ele é um tipo romântico. O romantismo tem lá suas ‘franjas’, mas no caso dele, elas são bem aparadas. Guilherme tem uma composição que me lembra bem alguns velhos ‘jingles’. Sua música cola de imediato no ouvido e depois de ouví-las umas duas ou três vezes, a gente sai quase que sem querer cantarolando algum refrão. Neste álbum, lançado pela Som Livre em 78, temos apenas nove faixas, o que dá ao disco um outro padrão. Normalmente, discos de música popular, pop nacional, seguiam o modelo comercial de doze faixas. Eu sempre vi os lps, quando fogem a regra, com outros olhos (e ouvidos também). Penso que quando um artista ou grupo musical pop faz um disco sem seguir essa fórmula, tem algo de muito especial na manga, ou melhor, no trabalho. No caso do nosso amigo aqui não preciso nem repetir. Por certo este disco de 1978 não tem o mesmo vigor do trabalho de cinco anos atrás, mas não deixa de ter lá os seus encantos. Pessoalmente, eu adoro a faixa “Seu melhor amigo”, já foi tema de algumas paixões na minha adolescência (êta tempo bão, sô!).
Mas este disco é mesmo bacaninha. A produção e os arranjos são de Guto Graça Mello. Tem participações especiais de Lincoln Olivetti e, em praticamente quase todas as faixas, a Jane Duboc fazendo ‘backing vocal’. Confiram aí…

estrela de rock and roll (superstar)
seu melhor amigo
saci pererê
serenatas perfumadas com jasmim
para, chega, basta
liberdade
sandra
eu preciso de alguém
ser e estar

Nilo Sérgbio, Sua Orquestra E Vozes – Isto É Romance (1962)

Já que estamos falando da Musidisc e pela terceira vez alguém me pede um disco do dono da gravadora, acho que o jeito vai ser eu postar um aqui. Entre os discos que resgatei, havia este do Nilo Sérgio, também inteirinho, tanto na capa quanto no vinil.

Temos assim, “Isto é Romance”, um álbum lançado no ano de 1962, trazendo um repertório misto, com adaptações de alguns clássicos românticos, ‘standards’ da música americana e principalmente composições autorais. Entre essas temos “Espiral”, música composta em parceria com Ed Lincoln, que também participa do disco, embora seu nome só conste no selo, referente à tal música. Na postagem anterior eu comentei que a Musidisc havia sido passada para a Som Livre, mas me enganei. O filho do artista empresário, também chamado Nilo Sérgio é quem mantem o legado do pai. A marca Musidisc continua ativa e Nilo Sérgio Jr gerencia o negócio relançando os fonogramas atraves de outras editoras, principalmente a Som Livre.
Aproveitando o momento, ou por conta deste, indico a leitura sobre o Nilo Sérgio no blog “O Lado Bom“. Achei o texto bem legal e esclarecedor. Aliás, o blog é muito bom! Vamos conferir, aqui e lá…
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my prayer
canção dos vagabundos
serenata (schubert)
canção para um homem no espaço
espiral
i concetrate on you
romantic partners
pescadores de pérolas
marias de portual
i love brahms (3ª sinfonia)
sanson et dalila
laog dos cisnes