Pedrotti E Seu Trombone – Gafieira Meu Xodó (1975)

A quem possa interessar… “Pedrotti e seu Trombone – Gafieira, Meu Xodó”. Disco lançado em 1975 pelo selo carioca Discofam, trazendo o trombonista, maestro, compositor, arranjador e professor Lineu Fernandes Pedrotti, em seu segundo lp. Pedrotti é um músico respeitado, um dos maiores trombonistas brasileiros com uma afinação para o samba que tem feito escola. Neste lp podemos bem constatar o seu talento. Vale a pena ouvi-lo, mesmo apesar da tremenda sacanagem que fizeram ao mixar a gravação com um suposto (e chato) zum zum zum de gafieira. Uma falação (a voz até parece com a do João Nogueira) que não se limita a vinhetas e finais, vai direto… É como se entre o microfone da gravação e o Pedrotti houvesse uma mesa de gafieira bem agitada, a turma toda se comportando conforme o habitual. Este é o tipo de disco, perfeito, para quem faz uma festa e não aparece ninguém. Poe para tocar alto, quem escuta de fora vai logo pensar, putz, que festão!

tamanco malandrinho
batendo a porta – foi um rio que passou em minha vida
retalho de cetim – naquela mesa
vem chegando a madrugada – fechei a porta
tem capoeira – maior é deus
helena, helena – assassinato do camarão
na glória
o pequeno burguez – 1800 colinas
eu quero apenas – ninguém tasca (o gavião)
arrependimento – apelo
eu agora sou feliz – tristeza
paraquedista
cheiro de saudade – o importante é ser fevereiro
general da banda – guardei minha viola – maracangalha
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Fabiano Pimenta – As Ruas E As Serestas (1970)

A quem possa interessar… Temos aqui um disco de seresta. Um autêntico mineirinho, que nos remente a imagens das noites de uma Diamantina, que hoje quase já não existem mais. As noites de serestas que ecoavam muito além das montanhas de Minas, tendo como um de seus maiores entusiastas a figura de Jucelino Kubichek, filho entre os mais ilustres da cidade.
Neste lp temos o seresteiro Fabiano Pimenta acompanhado por Waldir Silva e seu regional interpretando os clássicos das noites de serestas em Diamantina. Gravado no Estúdio Bemol, em Belo Horizonte no inicio dos anos 70.

diamantina em seresta
meiga virgem
varrer-te da memória
as ruas e as serestas
elvira escuta
é a ti flor do céu
acorda minha beleza
sonhei-a
gondoleiro do amor
noite cheia de estrelas
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Bubuska Valença – Um Deus Vagabundo (1980)

Achei uma brecha aqui e vamos nós… direto com um ‘disco de gaveta’, aquele que está sempre de prontidão para cobrir um espaço. Se bem que atualmente os ‘discos de gaveta’ já não preenchem espaços vazios, eles apenas os habitam solitários até que outros venham. Mas é assim mesmo, reflexo do desinteresse, da falta de incentivo e participação. Vou mudar minha vinheta, cumprimentar apenas os amigos ocultos. Ou por outra, de hoje em diante inicio, ‘A Quem Possa Interessar’. E assim sendo, boa noite, a quem possa interessar! E se interessar também, tenho para hoje este lp do cantor, compositor, ator e produtor de inúmeros projetos, o pernambucano, Ivo Rangel Neto, mais conhecido como Bubuska Valença. “Um Deus Vagabundo”, lançado em 1980 pelo selo Polydor, foi seu primeiro disco. Um álbum totalmente autoral. Bubuska está na estrada desde os anos 70. Suas composições já foram gravadas por grandes artistas, entre eles o primo, Alceu Valença. Trabalhou como ator no cinema e no teatro. De lá pra cá gravou muitos discos e se envolveu em variados projetos musicais. Inventou instrumento musical (o tamburetom), Criou trios elétricos aquáticos, com uma embarcação que copia uma caravela, toda feita em madeira (coisa curiosa). Tem também uma plataforma que funciona como um palco flutuante. O cara é mesmo bem criativo. Sua música também reflete isso, mas e principalmente um grande espírito pernambucano. Precisamos dar mais atenção e ouvidos a esse artista. Falo isso até para mim mesmo, pois, confesso, conheço pouco da sua obra. Vamos conferir?

um deus vagabundo
tudo é solidão
mera coincidência
cabesro
seca cantoria
canto derradeiro
tô querendo tá
cão vadio
balaio véio
sem falsa modéstia
três tragos de cachaça
recife prostituta dos poetas
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Inezita Barroso – Uma Homenagem Especial

Em pleno Dia Internacional da Mulher,  a 8 de março deste 2015, tivemos mais uma perda irreparável para nossa música popular, notadamente a caipira ou sertaneja de raiz. É claro que os amigos cultos, ocultos e associados do TM sabem muito bem de quem estamos falando: Inês Madalena Aranha de Lima, ou, como ficou para a posteridade, Inezita Barroso. E isso poucos dias após seu aniversário de 90 anos, vitimada por uma pneumonia.  Enfim, cada um tem um destino…  O curioso é que Inezita, considerada a mais autêntica intérprete do cancioneiro caipira brasileiro, veio ao mundo justamente em São Paulo, Capital, no dia 4 de março de 1925. De família tradicional, começou a cantar bem cedo, aos sete anos de idade. Aos nove anos, já admirava o escritor e poeta Mário de Andrade, um dos ícones do Modernismo, e seu vizinho na Rua Lopes Chaves, no bairro paulistano da Barra Funda, a quem esperava passar diariamente enquanto brincava de patins.  Aos onze anos, começou a estudar piano, e mais tarde cursou Biblioteconomia. A sua carreira artística se inicia nos anos 1940, na Rádio Clube do Recife, interpretando canções folclóricas recolhidas por seu ilustre vizinho na Barra Funda paulistana, Mário de Andrade, acompanhando-se ao violão. Após se casar, em 1950, retoma as atividades musicais, ingressando, a convite do compositor Evaldo Ruy, na PRA-9, Rádio Bandeirantes de São Paulo  (então “a mais popular emissora paulista”). Teve a honra de participar da transmissão inaugural da primeira emissora de televisão brasileira, a PRF-3, TV Tupi, e trabalhou como cantora exclusiva da PRG-9, Rádio Nacional (hoje Globo). Um ano depois, transfere-se para a Record, então “a maior”. Ainda em 1951, grava seu primeiro disco, na Sinter, interpretando  ”Funeral d’um rei nagô” (Hekel Tavares-Murilo Araújo) e “Curupira” (Waldemar Henrique).  Aqui, ela já demonstra empenho na pesquisa e na divulgação de temas folclóricos, uma de suas marcas registradas. Em 1953, assina contrato com a RCA Victor, onde estreou gravando “Isto é papel, João?” (Paulo Ruschell) e “Catira” (adaptação de  R. de Souza). Em seu terceiro disco nessa marca, obtém seu primeiro  grande sucesso com “Marvada pinga”, moda de viola de autoria do professor Ochelcis Laureano, um dos carros-chefes de suas apresentações pelo resto da vida. Curioso é que, no lado B, apareceu o samba-canção “Ronda”, de Paulo Vanzolini, que passou despercebido na ocasião e só teve êxito quando regravado por outros cantores, sendo hoje um clássico.  Outras expressivas gravações de Inezita na RCA Victor foram: “Os estatutos da gafieira” (samba-crônica de Billy Blanco),”Taieiras”, “Retiradas” e “Coco do Mané” (esta, de autoria de Luiz Vieira), entre outras.  No cinema, atuou em filmes como “Ângela” (1951), “Destino em apuros” (considerado o primeiro filme nacional produzido em cores, de 1953), “É proibido beijar”, “O craque” (ambos de 1954), “Mulher de verdade” (1955), pelo qual recebeu o prêmio Saci de melhor atriz, conferido pelo jornal ‘O Estado de S. Paulo”, e “Carnaval em lá maior” (também de 1955). Em 1954, estreou na televisão, com um programa semanal na TV Record.  Um ano mais tarde, 1955, Inezita muda de gravadora, indo para a Copacabana, onde lança seu primeiro LP, sem título, incluindo músicas como “Banzo”, “Viola quebrada” e “Mineiro tá me chamando”, além de uma regravação de “Funeral d’um rei nagô”. Permaneceu nessa gravadora por mais de vinte anos, e lá deixou memoráveis trabalhos em disco, alguns deles incluídos neste repost, e dos quais falaremos a seguir. Outros sucessos de Inezita são “Lampião de gás” (outro de seus carros-chefes, composto por Zica Bergami, então mulher de renome na alta-sociedade paulistana), “Estatuto de boate” (outro samba-crônica de Billy Blanco) e releituras de clássicos como “Fiz a cama na varanda”, “De papo pro á” , “Nhapopé” , “Negrinho do pastoreio” e “Boi bumbá”. Inezita fez sucesso também no exterior, uma vez que, de passagem pelo Brasil, celebridades como o ator francês Jean-Louis Barrault,  o maestro Roberto Inglês e o ator italiano Vittorio Gassman , levaram os discos de Inezita para a Europa, onde tiveram maciça divulgação pelo rádio. O currículo da cantora-folclorista inclui apresentações no Uruguai, na extinta União Soviética, Israel , Paraguai, Uruguai e EUA, além de troféus como Roquette Pinto  e o Prêmio Sharp de Música Brasileira.  Durante toda essa longa e gloriosa trajetória, Inezita, conhecida como “a rainha do folclore”,  conservou a qualidade de sua voz, aliás ela foi uma das cantoras veteranas que melhor conseguiu essa proeza.  No início da década de 1980, passou a apresentar, na TV Cultura de São Paulo, o famoso “Viola, minha viola” (“Eta programa que eu gosto!”),  importantíssimo instrumento de divulgação da cultura caipira e regional brasileira, a princípio comandado pelo radialista Moraes Sarmento. Inezita,  no começo, dividiu a apresentação com Sarmento, que mais tarde passou a se dedicar apenas ao rádio. Daí por diante, Inezita firmou-se como a única apresentadora do “Viola, minha viola”, e o programa tornou-se o musical mais lôngevo  da história da televisão brasileira.  Também apresentou, no SBT, o programa “Inezita”, dentro de uma faixa sertaneja que a emissora possuía aos domingos pela manhã, mas que não ficou muito tempo no ar. No rádio, apresentou ainda os programas “Mutirão”, na Rádio USP”, e “Estrela da manhã”, na Cultura AM. Continuou a se apresentar em shows por todo o Brasil, tendo a seu lado, em alguns deles,  nomes como a dupla Pena Branca e Xavantinho, a violeira Helena Meirelles e Oswaldinho do Acordeom. Autêntica “doutora” em folclore, Inezita passou a lecionar a matéria em faculdades e universidades, a partir de 1982. Sua vasta discografia abrange  cerca de25 discos em 78 rpm, e quase 30 álbuns, entre LPs e CDs, além de alguns compactos.

Em homenagem à agora imortal Inezita Barroso, o Toque Musical decidiu apresentar uma repostagem especial de seis de seus álbuns, a saber:
DANÇAS GAÚCHAS (Copacabana, 1955) – Segundo LP de Inezita, em 10 polegadas, e por ela própria  considerado o melhor trabalho de sua carreira. Nele, a “rainha do folclore” interpreta composições de Luiz Carlos Barbosa Lessa (1929-2002), importante ícone da cultura riograndense, e de seu parceiro de pesquisa, Paixão Cortes. Acompanhada pelo grupo folclórico de Barbosa Lessa, Inezita nos traz temas como “Rancheira da carreirinha”, “Balaio”, “Maçarico” e “Chimarrita balão”, que voltaria a gravar em 1961, desta vez com orquestra, em LP de 12 polegadas com o mesmo título. Bah, tchê!
LÁ VEM O BRASIL (Copacabana, 1956) – terceiro álbum de Inezita, ainda em 10 polegadas.  Uma pequena-grande  obra-prima da fonografia brasileira, na qual a intérprete, acompanhando-se ao violão, apresenta músicas como “O carreteiro”, de Barbosa Lessa, “Galope à beira-mar”, de Luiz Vieira”, “Cantilena”, motivo de negros do Recôncavo Baiano adaptado por Heitor Villa-Lobos e recriado por Sodré Viana, “Berceuse da onda”, poema de Cecília Meirelles musicado por Oscar Lorenzo Fernandez, e a faixa-título, “Lá vem o Brasil”, de Nélson Ferreira e Rafael Peixoto.
INEZITA APRESENTA (Copacabana, 1958) – Um de seus melhores discos, a começar pela capa,  um primoroso trabalho de arte gráfica. Acompanhada pela orquestra e coro da Rádio Record, com arranjos e regências de Hervê Cordovil, e do Regional de Miranda, e participação do grupo vocal Titulares do Ritmo, Inezita interpreta obras de cinco  compositoras:  Babi de Oliveira, Juracy Silveira, Zica Bergami (autora do clássico “Lampião de gás”), Leyde Olivé e Edvina de Andrade.  Batem ponto aqui temas como “Lamento”, “Batuque”, “Conversa de caçador” e “Caboclo do Rio”, esta última curiosamente regravada um ano mais tarde pelo americano Nat King Cole, em português,  durante temporada no Brasil.
CANTO DA SAUDADE (Copacabana, 1959) – Outro álbum com bonita capa e repertório bem cuidado. Inezita tem aqui, novamente, a presença de Hervê Cordovil nas orquestrações e nas regências, e a participação dos Titulares do Ritmo. Um disco repleto de joias como “De papo pro á”, “Meu limão, meu limoeiro” (que  voltaria a ser sucesso anos mais tarde com Wilson Simonal), “Luar do sertão”,  “Fiz a cama na varanda” e até mesmo “Na Baixa do Sapateiro”, clássico samba-jongo do mestre Ary Barroso.
CLÁSSICOS DA MÚSICA CAIPIRA (Sabiá/Copacabana, 1962) – Mais um grande trabalho da notável Inezita, no qual ela mostra por que foi uma das mais autênticas intérpretes do cancioneiro caipira do Brasil. Batem ponto temas como “Chico Mineiro”, “Tristeza do jeca”, “Boi de carro”, “Sertão do Laranjinha”, “Baldrana macia” e “Pingo d’água”. Ô trem bão
VAMOS FALAR DE BRASIL, NOVAMENTE… (Copacabana, 1966) – Como indica o título, este álbum vem a ser uma sequência do bem-sucedido “Vamos falar de Brasil” (1958). Aqui, Inezita tem as ilustres companhias do acordeonista Caçulinha, com seu regional, e Guerra Peixe, com sua orquestra e coro. O repertório tem  peças do quilate de “Cais do porto”, “Nação nagô” (ambas do mestre Capiba), “Maracatu elegante” (José Prates) , “Dança negra” (Hekel Tavares e Sodré Viana) e “Dança do guerreiro” (de Hekel com Luiz Peixoto).

Com a repostagem destes seis trabalhos de Inezita Barroso, o Toque Musical, por certo, presta uma digna e honrosa homenagem àquela que, incontestavelmente, foi a mais autêntica intérprete de nossa música regional.

*Texto de Samuel Machado Filho

Cantando A Mulher – Coletânea Toque Musical (2015)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Bom dia, em especial, a todas as mulheres, cultas e ocultas! Hoje é o dia delas, o Dia Internacional da Mulher! Eu não me recordo de já ter feito aqui alguma homenagem nessa data para você, mulher. Mas pode ter certeza, estou sempre pensando, sintonizado em suas ondas. Ah, mulheres… de todos os tipos, de todas as horas… mães, esposas, amantes, amigas, irmãs. Mulher até Presidente. Elas estão em todas. E o que seria de nós, homens, sem elas? Adoro esse ser que me completa em todas as suas vertentes e vértices. Êta bicho bão, sô!
Para homenageá-las, criei então essa pequena coletânea, um tanto irregular e talvez até injusta por não acrescentar tantas outras belas e talvez até mais apropriadas composições, que temos no cancioneiro popular. É, eu realmente podia ter escolhido mais músicas. Por certo, melodias que exploram a temática mulher é coisa que não nos falta. Mas eu achei por bem ficarmos apenas em 20 músicas, sendo essas tão variadas quanto as próprias escolhas de postagem do Toque Musical. O importante é agradar aos gregos e troianos, misturar mineiros e baianos, alhos com bugalhos. Porém, acima de tudo, festejando sempre a mulher. Parabéns a todas por este dia!

cúmplice – juca chaves
elegia – péricles cavalcanti
mulher – zé renato
tigreza – caetano veloso
mulher brasileira – benito di paula
mulheres – martinho da vila
aí que saudades da amélia – noite ilustrada
eu quero essa mulher assim mesmo – monsueto
todas as mulheres do mundo – marcus pitter
sexo frágil – erasmo carlos
todas as mulheres do mundo – rita lee
eu gosto de mulher – mr. catra
eu gosto é de mulher – ultrage a rigor
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Os 3 De Portugal – No Brasil (1969)

Olá, amiguíssimos, cultos e ocultos! Semana atarefada aqui para os meus lados, quase sem condições de postar uma novidade. Fico querendo postar alguma coisa diferente, mas há tanto o que escolher e as vezes acabo escolhendo algo que já apareceu por aí. Desta vez estou trazendo um disco que eu ainda não vi em outras praças. Um lp que eu também não conhecia.
Temos aqui o grupo vocal, ‘Os 3 de Portugal’. Conforme o texto da contracapa, trata-se de um trio, formado na cidade do Porto, ainda nos anos 50. Por certo, um grupo famoso em seu país de origem, Estiveram no Brasil se apresentando nos anos 60. Consta que participaram da novela Antonio Maria, o que pode ter chamado a atenção dos produtores da RCA para a gravação deste disco. Logo na primeira faixa temos “Tema de amor em forma de prelúdio”, música esta que fez parte da trilha da novela. Mas no disco que eu tenho quem canta é o saudoso ator Sérgio Cardoso. Neste lp Os 3 de Portugal interpretam temas não apenas portugueses, mas também cantam música de autores brasileiros. Pessoalmente, achei bem interessante. Vale, com certeza, uma conferida. 😉

tema de amor em forma de prelúdio
por morre uma andorinha
flores da varanda
fantasia carioca
ao chegar a lisboa
artista sem plateia
pergunta a quem quiseres
veio a saudade
bairro alto
maria severa
lisboa não sejas francesa
vou dar de beber a dor
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Rio450 – Valsa De Uma Cidade (2015)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Parabéns, Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro! Parabéns a todos os cariocas, privilegiados, de morarem num dos lugares mais bonitos do mundo e que hoje, dia 01 de março de 2015 está completando 450 anos! Que bacana! Eu não sou carioca, mas tenho uma leve impressão de que já fui em outras encarnações. Me identifico demais com essa cidade e creio que qualquer um. O Rio é mesmo uma cidade encantadora e inspiradora. Não é por acaso que todos os artistas convergem sempre para lá. Não conhecer o Rio de Janeiro é um pecado. Um dia eu acabo me mudando para lá. Meu grande prazer de ir ao Rio é poder andar pelo Centro e pelos bairros antigos, parece que eu me reencontro. Rio de Janeiro, cidade maravilhosa! Por essas e por outras é que eu não poderia deixar de prestar aqui a minha homenagem, afinal, é no Rio que boa parte da boa música brasileira nasceu. Eu pensei inicialmente em fazer uma coletânea de músicas que falassem do Rio, mas me perdi entre as milhares que encontrei. Além do mais, iria me dar muito trabalho para confeccionar a capinha e listar as centenas de músicas. Seria o melhor, uma coletânea com diferentes estilos tendo como tema o Rio de Janeiro, mas vou deixar essa para uma outra oportunidade. Resolvi assim então eleger uma música que fosse ‘aquela’. Qual tema seria o melhor? Claro, a ‘Valsa de uma cidade”, belíssima composição de Antônio Maria e Ismael Neto! Mais uma vez eu acabei caindo na mesma situação, dezenas de versões e das mais variadas. Decidi então ficar apenas com aquelas que o buscador de arquivos do meu computador conseguiu identificar. Dessas centenas, escolhi trinta versões, talvez as mais conhecidas. Entre essas, finalizando, eu incluí aquela antiga e curiosa paródia que faz parte daquela também curiosa bolacha de alumínio que um dia eu apresentei a vocês e denominei aqui como o ‘Disco X‘. Um pouco de picardia sempre fez parte do prato carioca 😉 e eu não poderia deixar essa fora 😉
Parabéns Rio de Janeiro! Que você continue sempre linda e maravilhosa. Mesmo a pesar daqueles que fazem de tudo para detonar a cidade. Viva o Rio! Viva o povo carioca!

dick farney ao vivo
dick farney e orquestra
dick farney trio
orquestra club da valsa
pequenos cantores da guanabara
azymuth
roberto silva,orquestra e coro
os peixotos
rosa pardini
coral severino filho
teresa salgueiro
livio salles
carioca e orquestra guanabara
trio irakitan
os cariocas
zé menezes, conjunto e coral de joab
nanai
chiquinho do acordeon
joyce moreno
carmélia alves
getúlio o assobiador
lúcio alves e dóris monteiro
lyrio panicali
lúcio alves
zé da velha e silvério pontes
caetano veloso
severino filho orquestra
guilherme vergueiro
rita lee
paródia (disco x)
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Grupo Kali (1985)

Boa noite, prezadíssimos amigos cultos e ocultos! A sexta feira aqui anda preguiçosa e um pouco cansada. Daí, para não agarrar muito, vamos hoje de música instrumental, num disco muito interessante da banda feminina Kali. Não é muito comum vermos por aí um grupo de música instrumental formado só por mulheres. Principalmente quando essas além bonitas são extremamente talentosas. Formado por Mariô Rebouças, no piano e teclados; Vera Figueiredo, bateria e percussão; Renata Montanari, na guitarra e Gê Cortes no contrabaixo. Disco lançado em 1985 pelo selo paulista Som da Gente

spiralen
da tequila
ubachuba
papai sabe tudo
pitú
funk do tank
balada prás minas
upa neguinho
locomotivas

Sergio Porto, Aracy de Almeida & Billy Blanco – No Zum Zum (1966)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Para abrilhantar mais a semana, aqui vou eu com um disco da Elenco. Um clássico, diga-se de passagem, como convém a todos os discos lançados por esse selo, criado por Aloysio de Oliveira. Temos para hoje o álbum que registra o encontro de Sérgio Porto, Aracy de Almeida, Billy Blanco e o conjunto de Roberto Menescal. Disco gravado ao vivo na lendária boate Zum-Zum. O jornalista e escritor carioca Sérgio Porto, também conhecido como Stanislaw Ponte Preta, é quem faz as apresentações, conduzindo assim o show, hora com Aracy de Almeida, hora com Billy Blanco. Todos sempre acompanhados pelo conjunto de Roberto Menescal. Os arranjos são de Oscar Castro Neves.
Eis aí mais um disco que não poderia faltar aqui no Toque Musical. Cumprida a minha tarefa, vou agora me deitar, pois o sono já chegou faz tempo. Até amanhã!
apresentação – essa nega quer me dar – sergio porto
lamento – conjunto roberto menescal
aoresentação – jura  – sergio porto
feitio de oração – o x do problema – três apitos – aracy de almeida
não me diga adeus – camisa amarela – aracy  de almeida
tenha pena de mim – aracy de almeida
sarita – kalu – besame mucho – sergio porto, conjunto roberto menescal e billy blanco
não vou pra brasilia – billy blanco
feiura não é nada – camelot – billy blanco
mocinho bonito – a banca do distinto – estatuto de gafieira – billy blanco
praça mauá – mária maria mariá – billy blanco
brucutu – rio meu amor – até amanhã – todos
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Belchior (1976)

Boa noite, prezado amigos cultos e ocultos! Tenho para hoje um disco o qual eu gosto muito e sempre pensei em postá-lo no Toque Musical. Finalmente temos aqui o primeiro lp de Belchior lançado, segundo a unanimidade, em 1974. No meu lp, que eu também acredito que seja original de época, consta no selo como sendo de 76. Talvez seja um relançamento da Chantecler, visto que em 76 o artista já fazia muito sucesso e em outra gravadora. Uma oportunidade do galinho cantar de novo. (por falar em Galo… não, não me fale do Galo hoje…)
Vamos então com este disco, que não é nenhuma raridade. Já foi e sempre é bem divulgado em outros sites e blogs. Nada de especial além do fato de ser este um belíssimo trabalho de um artista o qual só temos a elogiar. Quem não conferiu ainda, a hora é essa. Vai lá no GTM!

mote e glosa
a palo seco
senhor dono da casa
bebelo
máquina I
todo sujo de baton
passeio
rodagem
na hora do almoço
cemintério
máquina II
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Jorge Veiga – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 134 (2015)

Em sua edição de número 134, o Grand Record Brazil, agora com periodicidade quinzenal, tem a satisfação de apresentar um dos mais expressivos sambistas que o Brasil já teve. Estamos falando de Jorge Veiga.

Com o nome completo de Jorge de Oliveira Veiga, nosso focalizado veio ao mundo no bairro do Engenho de Dentro, zona norte do Rio de Janeiro, em 14 de abril de 1910. Teve infância de menino pobre, trabalhando como engraxate, vendedor de frutas e pirulitos. Ao chegar à fase adulta, exerceu o ofício de pintor de paredes.  Um belo dia, ao ouvi-lo cantar durante o serviço, o dono de uma casa comercial que o futuro astro estava pintando percebeu suas qualidades de intérprete. E conseguiu que ele cantasse em um programa da Rádio Educadora do Brasil (PRB-7),  onde fazia imitações de Sílvio Caldas durante o programa “Metrópolis”, pontapé inicial de sua carreira artística, atuando nessa época também em circos e pavilhões. A estreia de Jorge Veiga em disco aconteceu em 1939, participando da gravação da rancheira “Adeus, João”, composta e executada pelo acordeonista Antenógenes Silva, apenas vocalizando o refrão.  Em 1942, quando atuava na Rádio Guanabara, conheceu Paulo Gracindo, figura que teve grande importância na carreira do cantor, estimulando-o a cantar sempre com um sorriso nos lábios, garantindo a leveza de suas interpretações e a diversão dos ouvintes. Seu repertório era composto, basicamente, de sambas malandros e anedóticos, além de sambas de breque. E, no carnaval de 1944, consegue seu primeiro sucesso:  o samba “Iracema”,de  Raul Marques e Otolindo Lopes. No rádio, atuou ainda na Tupi e, mais tarde, na lendária Nacional, onde Floriano Faissal criou o bordão com o qual o cantor sempre iniciava suas apresentações: “Alô, alô, senhores aviadores que cruzam os céus do Brasil! Aqui fala Jorge Veiga, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Estações do interior, queiram dar seus prefixos para guia de nossas aeronaves. Mantendo sua popularidade por cerca de vinte anos, Jorge Veiga lançou sucessos inesquecíveis, tanto no carnaval como no meio de ano, tais como “O que é que eu tenho com isso?”, “Rosalina”, “Vou sambar em Madureira”, “Eu quero é rosetar”, “Bigorrilho”, “O que é que há?”, “Coração também esquece”, “Cinzas”, “O que é que eu dou”, “Senhor comissário”, “Reza por nosso amor”, “Cala a boca Etelvina”, “História da maçã”, “Orora analfabeta”, “Brigitte Bardot” e “Café soçaite (Depois eu conto…)”. Com esta última, um samba de Miguel Gustavo  que satirizava a alta sociedade carioca (e sua sequência, “Boate Trá-lá-lá”), criou,no rádio e na TV, a imagem do malandro grã-fino, apresentando-se sempre de smoking.  Gravou na Odeon, Continental, Copacabana e RCA Victor,ao longo de sua carreira. Jorge Veiga faleceu em seu Rio de Janeiro natal em 29 de maio de 1979, aos 69 anos de idade. Nesse ano, teve lançado seu último álbum, “O eterno Jorge Veiga”, pela CBS.
 Nesta edição do GRB, um pouco da arte, do estilo inconfundível e do bom humor de Jorge Veiga, em doze raras e preciosas gravações. Abrindo esta seleção, temos o samba “A vida tem dessas coisas”, de Raul Marques e Djalma Mafra, lançado pela Continental em junho de 1946 com o número 15639-B, matriz 1411, no qual é acompanhado pela inconfundível flauta do mestre Benedito Lacerda, a frente de seu regional. Em seguida, o cantor mostra que também era bom de baião junino em “Eu fiz uma prece”, de Bucy Moreira, Ary Cordovil e Araguari, lançado pela Copacabana em maio de 1955 sob número 5408-B, matriz M-1160, tendo também aparecido no LP coletivo de 10 polegadas “Baile na roça”. Na terceira faixa, o bom samba “Conversa, Raul”, de Gil Lima e José Batista, em que Jorge Veiga é acompanhado pelo conjunto de outro Raul, o trombonista Raul de Barros. Gravação Continental de 11 de março de 1948, lançada em maio-junho do mesmo ano sob número 15890-B, matriz 1801. “Cabo Laurindo” é um samba dos mestres Haroldo Lobo e Wilson Batista exaltando a figura exemplar do personagem-título, que saiu da favela como soldado para lutar na Segunda Guerra Mundial e voltou trazendo a Cruz da Vitória. Ao mesmo tempo, chamava a atenção para uma contradição da época: se os pracinhas brasileiros haviam ido lutar no exterior contra ditaduras estrangeiras, por que manter uma dentro de seu próprio país, no caso,o Estado Novo getulista?  Gravação Continental de 18 de junho de 1945, lançada em julho do mesmo ano sob número 15381-B, matriz 1172. Logo em seguida temos o lado A, matriz 1171, “Na minha casa mando eu”, samba de outro mestre, Cyro de Souza. A marchinha “Pode ser que não seja”, de João de Barro, o Braguinha, e Antônio Almeida, foi um dos hits do carnaval de 1947.Jorge Veiga a gravou na Continental em 20 de agosto de 46, matriz 1577, e o registro apareceu em disco duas vezes: a primeira em dezembro desse ano com o número 15750-A, e a primeira em fevereiro de 47, já em plena folia, com o número 15762-A. Na primeira edição, apareceu o samba “Martírio”, de Haroldo Lobo e Pery Teixeira, mas, sabe-se lá por que razão, essa tiragem desapareceu do catálogo da Continental, não havendo nenhum exemplar nas mãos de colecionadores. Teria sido de fato comercializada? “Deixa eu viver minha vida” é um samba de Ari Monteiro, lançado pela Continental em maio-junho de 1949 sob número 16076-A, matriz 2062, sendo o acompanhamento do conjunto de Geraldo Medeiros. “Caboclo africano” é um samba-choro de Zé e Zilda, “a dupla da harmonia”, e foi gravado por Jorge Veiga na Continental em 30 de maio de 1946, com lançamento em outubro do mesmo ano, disco 15713-A, matriz 1501. “Medalha dourada”, outro bom samba, é de Otolindo Lopes e Arnô Provenzano, e a Continental o lançou em março-abril de 1950 sob número  16173-B,matriz 2232. “Carne de gato”, samba de Ary dos Santos e Gentill Leal,  é o lado B de “Caboclo africano”, matriz 2063. “Testamento do sambista”, de Raul Marques e Alberto Maia, vem a ser o lado A de ”Conversa, Raul”, matriz 1800. Para encerrar, temos a gravação de estreia de  Jorge Veiga na Continental:  o samba “Morena linda”, de João Martins e Otolindo Lopes, que saiu em junho de 1944 sob número 15160-A, matriz 787. Enfim, uma pequena-grande amostra do legado deixado por aquele que foi cognominado com justiça, “o caricaturista do samba”.Com vocês, o inesquecível Jorge Veiga!
* Texto de Samuel Machado Filho

Dimensão 5 (1979)

Boa noite, meus amigos cultos e ocultos! Hoje, domingo, tomei o dia para tentar por ordem em minha bagunça musical. De uns tempos pra cá eu tenho andado meio relapso com meus discos, meus arquivos e todo o meu acervo digital. As coisa vão se acumulando, quando a gente vê, dá um desanimo ter que arrumar tudo… Estou aqui com uma centena de discos que ganhei recentemente e já comecei a fazer confusão. Creio que o disco de hoje foi uma colaboração do amigo Fáres.
Temos aqui o conjunto Dimensão 5, um grupo formado nos anos 60. Figura como uma banda da cena Jovem Guarda, porém o seu sucesso se limitou a São Paulo, na região de Moema, onde eles surgiram. Pelo pouco que sei, o Dimensão 5 atuou muito em shows, em clubes. Eram considerados um dos melhores conjuntos de baile. Devem ter ganhado um bom dinheiro, pois conseguiram se instrumentar com os melhores equipamentos da época. Investiam pesado na produção de seus show. Tinha até um caminhão para transportar os equipamentos. Se mantiveram ativos até por quase três décadas e ainda hoje o espírito do grupo se mantém aceso numa página do facebook. Ao que parece, o Dimensão 5 só gravou este lp, de 1979. Antes porém gravaram um compacto, no final dos anos 60 ou inicio dos 70. Em 1973 eles gravam um compacto para a Top Tape, através do selo One Way (aquele que produzia artistas nacionais como se fossem estrangeiros) com o nome de Nathan Jones Goup. A música foi “I’ve been around”, sucesso que fez parte da trilha da novela O Bem Amado.
No presente lp, temos um conjunto bem resolvido. Músicos entrosados, composições e arranjos bem feitos. São doze faixas entre autorais (em sua maioria do baterista, Francis) e de outros autores, com destaque para um espécie de ‘pot pourri’ de músicas de Toquinho e Vinícius e também Chico Buarque.
Apesar de ter ouvido o disco apenas umas duas vezes, posso dizer que gostei do trabalho, é bem anos 70. Confiram

yesterday, today, tomorrow
porque?
alguma coisa nova
não tenho tudo que amo
tarde em itapoã – regra três – meu pai oxalá
cotidiano
devagar também é pressa
fora de hora
apesar de você
menina
sob a luz de um olhar
homenagem ao malandro
.

Sergio Mendes & Brasil 66 – Equinox (1968)

Amigos cultos e ocultos, continuo metendo a mão no gavetão, buscando aquilo que já está pronto, porque a preguiça aqui parou e ficou. Quando não é falta de tempo é mesmo falta de ânimo.
Mas vamos lá com o disco deste sábado. Vamos com Sérgio Mendes e seu Brasil ’66, no álbum Equinox, lançado em 1967 nos Estados Unidos e no ano seguinte aqui no Brasil. Foi o segundo álbum gravado por ele com o grupo Brasil ’66. No repertorio temos 10 faixas, sendo em sua maioria produção nacional da bossa nova, com aqueles retoques necessários para fazer o gringo feliz. Este é mais um daqueles discos que todo blog já postou e o Toque Musical vai nessa também 😉

chove chuva
cinnamon and clove
watch what happens
for me (arrastão)
bim bom
night and day
triste
gente
wave
só danço samba
.

 

Papo De Anjo – Vamos Sorrir (1982)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Aqui vai mais disco de gaveta, aqueles sempre pronto para uma emergência, para tapar qualquer buraco ou na falta de algo melhor. Este foi na base do sortido, do acaso…
Temos aqui o lp “Vamos sorrir”, do conjunto Papo de Anjo. Disco lançado pelo selo Ariola em 1982. Este grupo, pelo que sei era um conjunto de baile. Conseguiu emplacar uma de suas músicas numa novela da Globo, a faixa “Chuva de verão, que chegou a fazer um relativo sucesso nas rádios. Mas como a música, o Papo de Anjo foi apenas uma chuva de verão. Não sobrou nem sequer uma gota no YouTube, onde eu imaginei que pelo menos essa música alguém teria postado. Qual o que… Não há na rede nenhuma informação sobre o destino do Papo de Anjo. Esse passou batido. Mas vamos  dar uma chance aqui no Toque Musical. Confiram

chuva de verão
dia corrido
alguma coisa nova
mágoa
brasil, sempre brasil
vamos sorrir
pé na estrada
ele é o bom
super doce
.

Tuca (1968)

Boa tarde, amigos cultos e ocultos! Espero que todos tenham tido um bom carnaval. Por aqui a festa musical continua, dando agora atenção para o que está na fila. E desta vez, para a nossa quarta não ficar muito cinza, vamos com o talento da cantora e compositora paulista, Valenza Zagni da Silva, mais conhecida como Tuca. Foi uma artista muito atuante nos anos 60 e 70. Esteve a frente de festivais, compôs e interpretou ao lado de outros grandes artistas da época. Esteve por um período morando na Europa, onde também chegou a gravar algumas coisas. De volta ao Brasil nos anos 70, lançou pela Som Livre o que foi o seu último lp, “Drácula, I love you”, gravado na França. Ela falaceu em 1978, em consequência de uso abusivo de remédios para emagrecer, segundo contam.
O lp que eu aqui apresento não é nenhuma novidade. Trata-se de um disco bem divulgado em tudo quanto é blog, tipo o Toque Musical. Todos porém cometem o mesmo erro. Rotulam este como se chamasse “Eu, Tuca” e para alguns é considerando o primeiro disco. Mas a verdade é que o primeiro lp, lançado pelo selo Chantecler é de 1966 e se chama “Meu eu”. O problema é que alguém copiou a informação do site Dicionário da MPB (do Cravo Albim) e essa, por sua vez foi replicada como a verdade. Daí é que vem os enganos… Somente em 68 ela gravaria este, seu segundo lp, sem título, apenas Tuca, lançado pela Philips, com arranjos de Guerra Peixe, Oscar Castro Neves e Mário de Castro. No repertório temos composições próprias, parcerias e belas interpretações de músicas de outros autores. Um excelente trabalho que merce também o nosso toque musical, não é mesmo?

atire a primeira pedra
cuidado, malandro
o cavaleiro e a virgem
frevo
sereta
não fale alto, fale baixo
verde
o cavaleiro das mão tão frias
curare
passarinho da lagoa
até quarta feira – carnaval pra valer
abstrato n. 1
.

Ronald Golias – Carnaval Copacabana 68 (1968)

Amigos foliões, aqui vai mais um disco de carnaval. Para fechar as publicações carnavalescas temos para esta terça feira um compacto. É, um compacto é mais fácil e rápido de se postar. Já tô atrasado para a farra na rua… segue então este curioso compacto lançado pelo selo Copacabana para o Carnaval de 1968. Temos aqui como intérprete o humorista Ronald Golias no auge da sua carreira, na época do popular programa de TV, a impagável, Família Trapo, lembram? No disquinho Golias nos traz duas marchinhas, “Noite de amor”, de Zé Ketti e Randal Juliano e “A Familia Trapo”, composição do próprio humorista e Homero Ferreira.
Dou por encerradas as postagens de Carnaval. Ano que vem tem mais! Boa terça de festa para todos!

noite de amor
família trapo
.

A Lyra De Xopotó – As Favoritas Do Carnaval Carioca (1957)

Olá amigos foliões cultos e ocultos! Para não perdermos o pique, aqui vai um clássico. Ou melhor, vários clássicos em um disco clássico da Lyra de Xopotó: “As Favoritas do Carnaval Carioca”. Pelo título já deu para perceber que se trata daquelas músicas de carnaval que ficaram na memória. E isso ainda lá pelos anos de 1957! Sob o comando do Mestre Filó, desfilam em blocos de três, como um pot-pourri, as músicas que ainda hoje embalam muitos carnavais. Vamos então relembrar

fanzoca de rádio
marcha da fofoca
não faz marola
lero lero
nào pago bonde
cordão dos puxa saco
gafanhoto
mamãe eu quero
maria rosa
jacarepagua
daqui não saio
sassaricando
formosa
linda morena
serpetina
touradas de madrid
tem gato na tuba
china pau
.

Viva O Carnaval – 14 Biggest Brazilian Carnival Hits (1965)

Olá amigos foliões, cultos e ocultos! Entramos no Carnaval e eu, na festa, acabei me esquecendo de vocês. É tanta folia aqui em BH que quando eu chego em casa, eu só quero mesmo tomar um banho e cair na cama. Até no Carnaval eu estou sem tempo para o Toque Musical. Mas não vamos perder o cordão, até quarta feira as marchinhas e sambas vão rolando por aqui.
Trago desta vez o álbum “Viva o Caranval – 14 Biggest Brazilian Carnival Hits”. Uma coletânea carnavalesca lançada pela Fermata para o Carnaval de 1965. Quem viveu esse carnaval há de lembrar de coisa como

garota exportação – waldemar roberto
mata borrão – miguel angelo
mamãe dê um jeitinho – marly marley
cravo no peito – josé augusto
chuva de arroz – sergio reis’
indio de bananal – zeny drumond
trenzinho – arrelia e pimentinha
cai nào cai – coral momo
amor de carnaval – roberto amaral
cara de pau – orlando sales
arlequim – luiz silva
quero morrer quarta feira – minguel angelo
só porque você que – arrelia e pimentinha
eu vou morena – paulo domingos
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Vários – Um Novo Carnaval (1968)

Olá amigos cultos e ocultos! Segue aqui mais um disco de Carnaval.desta vez, vamos para o de 1968, lançado pela CBS. Temos aqui uma seleção de marchinhas defendidas por Ary Cordovil, Noel Carlos, Zilda do Zé, Clério Moraes e Paulo Bob. Um novo Carnaval, ou mais um bom disco, coisa que hoje em dia a gente não ouve mais. Por isso é fundamental que revisitemos outros e antigos carnavais. Pra gente lembrar como se brinca de verdade. 😉

tá certo (tá certo meu amor) – ary cordovil
tô com diabo – noel carlos
caí do cavalo – zilda do zé
forrobodó – paulo bob
acorda maria – clerio moraes
vou jogar meu pandeiro fora (é triste brincar sem mulher) – noel carlos
menina de colegio – noel carlos
maré brava – zilda do zé
fim de carnaval – ary cordovil
bang bang no salão – paulo bob
vem me perdoar – clério moraes
coitada… coitada… – ary cordovil
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Lindo! Lindo! Lindo!… Ninguém Segura O Carnaval 71 (1970)

Olá, prezados amigos cultos e ocultos! Carnaval taí… e a gente aqui já pronto pra cair na folia (ou não?). Seguindo rumo a festa, vamos agora relembrar o Carnaval de 1971. Boa safra essa também e para este lp não há o que reclamar. Tem Lana Bitencourt, Gilberto Milfont, Francisco Carlos, Genival Lacerda e outros mais… Lançado no final de 1970, pelo selo Fontana para anunciar o Carnaval de fevereiro de 71.  Boas marchas, bons interpretes. Lindo! Lindo! Lindo!…

fanfarra – lana bitencourt
adeus amor – gilberto milfont
marcha do anjinho – nadia maria
o lenço e a rosa – eugenio gonzaga
gondoleiro de veneza – gilberto milfont
e nós dois a cantar – lana bitencourt
fundiu a cuca – roberto muniz
não quero demanda – mirian goulart
ninguém segura mais meu boi – genival lacerda
pra cá e pra lá – eugenio gonzaga
ser ou não ser – eddy fontana
sempre um amor – helio chaves
maria – leo vaz
passarada – bolivar
rio é carnaval – francisco carlos
alegria rapaz – helio chaves
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Quando As Escolas Se Encontram – Carnaval 1973 (1973)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Aqui estamos bem animados, dando sequência a festa. O carnaval por aqui já começou. Vamos pela semana relembrando sucessos, marchas, sambas, batuques…
Tenho para hoje um disco bem legal. Boa safra, com certeza, 1973. Uma seleção de sambas enredos e sambas de quadra de algumas das mais tradicionais Escolas do Rio. Vão aqui interpretadas por Alda Perdigão, Marlene, Ataulfo Junior, Joel de Castro, Carlinhos Pandeiro de Ouro e Dominguinho do Estácio. Produção da RCA, dirigida por Wilson Miranda, com arranjos dos maestros Nelsinho, Peruzzi e Pachequinho. Muito bom!

zodiaco no samba – alda perdigão
tem capoeira – carlinhos pandeiro de ouro
viagem encantada pindorama a dentro – marlene
pasárgada, o amigo do rei – ataulfo junior
tra lá lá lamartine babo – joel de castro
lendas do abaeté – carlinhos pandeiro de ouro
mexe mexe – marlene
tra lá lá lamartine babo, um hino ao carnaval brasileiro – alda perdigão
quero ver minha escola passar – ataulfo junior
eneida, amor e fantasia – joel de castro
o abc do carnaval – dominguinho
o saber poético da literatura de cordel – joel de castro
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Pixinguinha 2 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol.133 (2015)

E chegamos à edição de número 133 do Grand Record Brazil, “braço de cera” do Toque Musical. Aqui,apresentamos a segunda e última parte de nossa retrospectiva dedicada a esse grande mestre da MPB que foi Pixinguinha (1897-1973). Desta vez, apresentamos 14 raridades de fazer qualquer colecionador vibrar, gravações essas que, em sua maior parte, foram feitas ainda no processo mecânico ou acústico, correspondendo ao glorioso início da carreira do mestre Pizindim, sendo algumas outras já do processo elétrico, quase todas de sua própria autoria.

Para abrir esta seleção de verdadeiras raridades, foi escalada a primeiríssima gravação do mais popular, o mais difundido e o que recebeu maior número de arranjos  entre todos os sucessos de Pixinguinha: nada mais nada menos que “Carinhoso”, choro que ele compôs em 1917, mas que ficou engavetado por mais de 10 anos, uma vez que o próprio Pixinguinha o considerava extremamente “jazzificado”.  A Orquestra Típica Pixinguinha-Donga fez este histórico registro, que a Parlophon lançou em dezembro de 1928, no início das gravações elétricas brasileiras, com o número de disco 12877-B, matriz 2048. Ressalte-se que, só nove anos mais tarde (1937)  é que “Carinhoso” recebeu  letra, assinada por João de Barro, o Braguinha, e magistralmente gravada por Orlando Silva. Logo depois, outra relíquia imperdível:  a valsa “Rosa”, executada pelo próprio Pixinguinha à flauta, com a maestria habitual, à frente de seu “Choro”. Verdadeira relíquia mecânica da Odeon/Casa Edison, datada de 1917,disco 121365. E outra composição dele que Orlando Silva gravou em 1937, com letra de autoria controvertida, embora a partitura impressa  informe que Pixinguinha também fez os versos. Estes, segundo alguns estudiosos, teriam sido escritos, na verdade, por um mecânico do Engenho de Dentro, muito amigo de Pixinguinha, cujo nome era Otávio de Souza.  Já da fase elétrica de gravação é o choro “Vamos brincar”, em mais uma  magnífica execução de flauta do autor.  Saiu pela Odeon em maio de 1928,sob número 10163-A, matriz 1566. E em seguida ainda tem o lado B, “Ainda existe”, matriz 1567, choro com a qualidade habitual do mestre, em composição e execução de flauta.  O tango (nada a ver como argentino) “Os dois que se gostam” é gravação mecânica de 1919, disco Odeon /Casa Edison 121613. De 1926 é a gravação do choro “Tapa buraco”, disco Odeon/Casa Edison 123067. Em seguida temos a polca “Pretensiosa”, em solos de bandoneon, por executantes  não-identificados no selo original.  A gravação saiu pela Parlophon em outubro de 1928, disco 12848-A, matriz 1962. Voltamos depois a ouvir a flauta do então jovem Pixinguinha no seu samba “Eu também vou”, em registro Odeon/Casa Edison de 1926, disco 122100. O tango (brasileiro, é claro) “Os Oito Batutas” alude ao conjunto que o próprio Pixinguinha fundou, e foi gravado por ele à frente de seu grupo em 1919, disco Odeon/Casa Edison 121610. Logo depois, a Orquestra Típica Pixinguinha-Donga executa “Os teus beijos”, samba amaxixado de autoria de Felisberto Martins, que foi pianista e dirigente de gravadora.  Registro Parlophon de 24 de outubro de 1928, lançado em dezembro do mesmo ano sob número 12876-B, matriz 2062. A faixa  11 nos traz a gravação original do choro “Recordando”, com o próprio Pixinguinha em outro imperdível solo de flauta. Ele o imortalizou na Odeon em 19 de junho de 1934, mas o disco só saiu em março de 35, sob número 11204-A, matriz 4869. Confira, no volume anterior, a regravação feita por Jacob do Bandolim em 1950, com o título modificado para “Teu aniversário”. Depois temos outro choro clássico do mestre Pizindim na gravação original: o célebre “Lamento” (mais tarde “Lamentos”, no plural) executado pela Orquestra Típica Pixinguinha-Donga.  Saiu pela Parlophon em novembro de 1928 com o número 12867-A, matriz 2046. Teve duas regravações por Jacob do Bandolim (a primeira delas apresentada em nosso volume anterior) e receberia letra posterior de Vinícius de Moraes. A mesma orquestra executa  em seguida o maxixe “Desprezado”, igualmente do mestre Pizindim, em gravação lançada pela mesmíssima Parlophon em janeiro de 1929, disco 12893-A, matriz 2050. Encerrando com chave de ouro este festival de verdadeiras  joias raras, apresentamos o imperdível registro original do tango (depois choro) “Sofres porque queres”, verdadeira obra-prima de Pixinguinha que ele mesmo executa à frente de seu “choro”. Obra-prima que ele imortalizou na Odeon/Casa Edison em 1917, em disco número 121364. Mais tarde ele regravaria a música ao saxofone,em dupla (e com a co-autoria) do flautista Benedito Lacerda.  Enfim, são verdadeiras relíquias que, por certo, enriquecerão as coleções de tantos quantos apreciem nossa melhor música popular, sobretudo por seu inestimável valor artístico e histórico. Simplesmente imperdíveis!
* Texto de Samuel Machado Filho

Sacha – Ao Vivo N. Três No Balaio (1970)

Amigos cultos e ocultos, uma pausa no salão! Pra continuarmos agradando a todos, vamos intercalando as postagem de carnaval com outras variedades. Quem sabe um disco rock, um disco de poesia, talvez um regional, ou mais ainda, um exclusivo aqui da casa? Pode também ser algo assim, como este disco do pianista Sacha Rubin, o terceiro da série gravado ao vivo na boate Balaio. Já postei aqui o n.2 e agora vamos ao número 3, com a promessa de ainda um dia postarmos aqui o primeiro. Uma hora ele aparece 😉
Neste lp temos duas sequencias (lado A e B) nas quais Sacha mescla alguns dos grandes ‘standards’ da música internacional com sambas e outros sucessos da mpb. O disco rola em uma única faixa de cada lado. Como disse, uma sequência, quase um ‘pot pourri’, onde ele toca, canta e vem também acompanhado pelo cantor Mano Rodrigues nos temas nacionais. Procurei manter o clima de boate que o disco procura transmitir, sem desmembrar as músicas apresentadas. Contudo, segue aqui a relação, como manda o figurino 😉

i’m getting sentimental over you
a pretty girl is like a melody
airport love theme
samba do avião
foi um rio que passou em minha vida
insensiblement
i only have eyes fou you
these foolish things
you were meant for me
non c’est rien
dream a little dream for me
love letters
deep purple
gente humilde
razão pra não chorar
coqueiro verde
te voglio bene 9tanto tanto)
stella by starlight
my melancholy baby
.

Rio Carnaval Do Brasil 64 (1964)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! O carnaval continua por aqui. Saímos de 1976 e vamos agora para o ano de 1964. Uma década ainda melhor, na minha opinião, para as fantasias musicais carnavalescas. E neste álbum, lançado pela Rosenblit, através de seu selo Mocambo para o Carnaval de 64, temos uma seleção de 14 sambas e marchas, interpretadas aqui também por grandes artistas como Nora Ney, Jorge Goulart, Aracy de Almeida, Linda Batista e outros. Vamos lá, cair na folia?

a india vai ter nenem – dircinha batista
devo a você – jorge goulart
mulher boa é quem manda – ivete garcia
quis fazer de mim palhaço – orlando corrêa
devagar – aracy de almeida
a hora é essa – gracinha miranda
deus é testemunha – nora ney
quem gosta de passado é museu – linda batista
a bola do maracanã – gilda de barros
cabeleira do zezé – jorge goulard
na hora que você precisou – zilda do zé
eclipse – orlando corrêa
o outro lado da vida – gilda de barros
de copo na mão – ivete garcia
tomara que seja você – nora ney
.

Carnaval 76 (1976)

Amigos cultos e ocultos, seguimos com mais um disco de Carnaval. Desta vez vamos para o Carnaval de 1976. Uma boa safra, com certeza! E aqui, neste lp lançado pela Chantecler, através de seu selo Rosicler, vamos encontrar uma excelente coletânea de marchinhas carnavalescas e sambas, interpretados por figuras de destaque como Jackson do Pandeiro, que aqui aparece em duas faixas exclusivas. Sem dúvida, um dos melhores discos de minha leva. Mas, aguardem, pois ainda tem mais

ela é muito boa – denilson
a hora do adeus – jacinto figueira junior
a marcha do quem é quem – tânia tally
eu vou de caipirinha – jackson do pandeiro
a marcha do pique-pique – milton lopes
o samba do galo – petrônio borges
amor eterno – luiz aguiar
dose pra elefante – jackson do pandeiro
a maré tá cheia – waldemar roberto
eu não volto atrás – milton lopes
a marcha do kung fu – os três moraes
a marcha do trouxa – bobby hilton
largando fogo – gimba
almerinda – adylson godoy
.

 

Sambas Enredos Dos Blocos Carnavalesco Do Estado Da Guanabara ’75 – 1. Grupo (1975)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Seguindo a tradição, fevereiro é mês de Carnaval e por aqui a gente vai dando aqueles pulinhos, trazendo de volta lembranças de outras tantas festas. É incrível como tem discos ligados ao tema. Eu todo ano, nessa época, tenho postado discos de carnaval e parece que eles nunca acabam. Desta vez eu separei uma meia dúzia de títulos, os quais eu irei publicando até antes da quarta feira de cinzas.
Temos aqui um interessante lp lançado pela Tapecar. Produção da Federação (federação?) dos Blocos Carnavalescos da Guanabara, apresentado os sambas enredos dos blocos carnavalescos do antigo Estado para 1975. Dizem que samba enredo é tudo igual. Talvez em sua essência, assim como o blues americano. Mas há algo de diferente em alguns nessa coisa sempre igual.

festa junina em dia de carnaval – bafo do bode
máscaras e plumas – vai se quiser
brasil, cultura e progresso – unidos do cabral
paraná e a dança das fitas – cara de boi
o talismã sagrado – do barriga
camafeu de oxossi – unidos da vila kennedy
revivendo o cassino da urca – flor da mina do andaraí
sua majestade miss brasil – quem quiser pode vir
praça onze, a boa praça do carnaval – leão de iguaçu
o prazer dos prazeres – mocidade de são mateus
o principe do efan – vila rica
o negro de ontem e de hoje – unidos do cantagalo
.

Os Saudosistas – Os Bons Carnavais De Ontem (1968)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Ontem eu finalmente inaugurei a nova página do Toque Musical no Facebook. Eu já tinha uma com o perfil do Augusto, mas achei melhor fazer uma outra exclusivamente para replicar as postagens do blog. Agora, toda a vez que eu fizer uma postagem aqui, ela também será publicada lá no Facebook. Convido os amigos aqui a se ligarem neste novo canal. Curtam e passem a segui-lo. O endereço é www.facebook.com/blogtoquemusical.
Como estamos nos aproximando do Carnaval, eu vou logo esquentando os tamborins. Para preparar o espírito carnavalesco, nada melhor que revermos antigos carnavais. Recordar antigas marchinhas e começar a cair na folia.
Tenho para hoje este lp lançado pela Odeon, através de seu selo Imperial. Como de costume, os discos da Imperial nem sempre nos traz informações relevantes sobre o trabalho. Muitas vezes até, parece que buscam mesmo um certo mistério. “Os Saudosistas”, por exemplo, deve ter sido apenas um bom nome criado para dar uma certa identidade ao álbum. Mas aqui pouco interessa quem são, o que vale mesmo é o conteúdo musical. Neste caso, temos um desfile dos mais diferentes clássicos carnavalescos, em sua maioria das décadas de 30 e 40. Marchinhas e sambas arranjadas em forma de ‘pot-pourri’, dando às músicas uma dinâmica apropriada, sem pausa para o folião. O disco se divide em seis longas faixas, mas aqui eu preferi desmembrar uma delas, onde há um corte mal feito na edição, criei assim sete ‘pot-pourris’. Verificando aqui agora, percebo que este disco eu já havia postado. Porém, o original, lançado em 1959, apresenta uma outra capa e com outro nome (Carnaval de Outros Tempos). Seja como for, esta postagem tá valendo. Quem foi que disse que os discos aqui não voltam? Confiram!

madureira chorou
rosa maria
se é pecado sambar
madalena
tumba lê lê
deixa a lua socegada
saca-rolha
china-pau
zum zum
pescador
ai! morena
não me diga adeus
recodar
enlouqueci
vai que depois eu vou
é com esse que eu vou
general da banda
touradas de madrid
a mulher do padeiro
clube dos barrigudos
maria rosa
marcha do gago
império do samba
facão bateu embaixo
despedida de magueira
promessa
grau 10
eva querida
nós os carecas
segura essa mulher
daqui não saio
tomara que chova

 

 

Milton Nascimento (1967)

Boa noite, meus caros amigos cultos e ocultos! Estou percebendo que a cada dia os blogs estão perdendo a graça, o interesse das pessoas muda conforme novas plataformas de comunicação vão surgindo. E tudo isso vem acontecendo muito rápido. Estou pensando seriamente em migrar de vez para o facebook, ou pelo menos de forma paralela. Continuarei mantendo as publicações tradicionais, mas vou invadir essa vitrine. Fiquem ligados!
Hoje eu trago para vocês o primeiro lp e disco solo gravado por Milton Nascimento. Um álbum marcante, não apenas por ser o primeiro, mas também pelo repertório e pela produção que envolveu um time de músicos impecáveis. Milton vem acompanhado pelo Tamba Trio, sendo Luiz Eça figura indispensável, responsável pelas orquestrações e regências. Outro nome importante na construção deste lp é Eumir Deodato, que é o autor dos belíssimos arranjos de “Travessia” e “Morro Velho”. Creio que nem preciso me prolongar, pois a contracapa já nos traz todas as informações. Este disco, originalmente, foi lançado pela Codil (Tapecar), através de seu selo Ritmos. Mas depois veio a ser relançado como título de “Travessia”. Sem sombra de dúvidas, um álbum excelente, bem a altura deste que viria a ser um dos mais importantes artistas da música popular brasileira. Salve o grande Bituca!

três pontas
crença
irmãos de fé
travessia
canção do sal
morro velho
gira girou
maria minha fé
catavento
outubro
.

Brasil Ritmo 67 – As Três Mais – Botando Pra Quebrar (1970)

Boa noite, meus caros amigos, cultos e ocultos! Havia preparado esta postagem ontem. Estava com tanta pressa que nem me dei ao trabalho de verificar o resultado. Aliás, nem publiquei na versão Blogger, nossa ‘filial’. Relendo as besteiras que escrevi, achei melhor refazer tudo.
Apresento a vocês um lp 2 em 1. Ou melhor dizendo, um disco para dois. Em 1970 a RCA Victor lançou este álbum de samba, trazendo dois grupos, o conjunto Brasil Ritmo 67 e o trio vocal feminino As Três Mais. Nomes que não chegaram a se tornar grandes destaques por serem antes de tudo grupos de apoio para outros artistas, discos e gravações. Infelizmente essa turma do estúdio nem sempre tinha lá os seus nomes nas fichas técnicas. Eventualmente surgia a brecha e daí nasciam discos como este. Um álbum que se divide, sendo um lado dos rapazes e do outro as moças. Mas para manter a harmonia do bom samba, tanto um quanto outro participam coletivamente em algumas faixas um do outro. São doze sambas de qualidade, do tempo em que o samba era mais samba.

belém do pará – brasil ritmo 67
samba do paquera – brasil ritmo 67
tristeza de sambista – brasil ritmo 67
você me balançou – brasil ritmo 67
valorização da mulata – brasil ritmo 67
o bloco – brasil ritmo 67
no meu barco eu vou de proa – as três mais
o gato – as três mais
a moça é menina – as três mais
um homem e uma mulher – as três mais
ginga de crioulo – as três mais
deixa serenar – as três mais
.

Pixinguinha 1 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 132 (2015)

Um verdadeiro gênio da música popular brasileira.  Uma perfeição em tudo que fez: flautista, saxofonista, compositor,  arranjador.  Um autêntico mestre.  E é justamente a obra de Alfredo da Rocha Viana Júnior, aliás, Pixinguinha, que o Grand Record Brazil tem a honra de focalizar nesta e na próxima edição.
Esta autêntica legenda de nossa música popular veio ao mundo no bairro do Catumbi, Rio de Janeiro, no dia 23 de abril de 1897. Seu pai, funcionário dos correios e também flautista, possuía uma vasta coleção de partituras de choros antigos.  Nosso focalizado aprendeu música em casa,tendo inclusive aulas de flauta com Irineu “Batina” de Almeida,  fazendo parte de uma família com vários irmãos músicos, entre eles Otávio Viana, o China. Foi ele quem conseguiu para o irmão seu primeiro emprego. Pixinguinha começou a atuar como músico ainda adolescente, em 1912, em cabarés da Lapa, e depois substituiu o flautista titular na orquestra da sala de projeção do Cine Rio Branco.  Continuou atuando, nos anos seguintes, em cinemas, casas noturnas, ranchos carnavalescos e no teatro de revista, e nessa época também fez suas primeiras gravações em disco.  Aos 14 anos, fez sua primeira composição, o choro “Lata de leite”. Integrou, ao lado de Donga e João Pernambuco, o Grupo Caxangá e, a partir deste, em 1919, formou outro conjunto que se tornaria famoso:  Os Oito Batutas, que tocava na sala de espera do Cine Palais.  Um dos mais assíduos frequentadores dessas audições dos Batutas era Ruy Barbosa, que sempre pedia que eles tocassem “Bem-te-vi”, de Catulo da Paixão Cearense.  Os Oito Batutas se apresentaram ainda na França e na Argentina, onde inclusive gravaram uma série de discos na Victor de Buenos Aires.  Mais tarde, formou a Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, que gravava na Parlophon, subsidiária da Odeon. Outro ilustre fã do mestre do choro era o escritor Mário de Andrade, a quem Pixinguinha forneceu, em 1926, os elementos para a cena de macumba de sua obra-prima, o romance “Macunaíma”.
Contribuindo para que o choro brasileiro encontrasse uma forma musical definitiva, Pixinguinha foi contratado, em 1929, pela recém-instalada filial brasileira da gravadora Victor (depois RCA Victor), como instrumentista, arranjador e maestro. Nessa época dividia com Radamés Gnattali a responsabilidade de reger a Orquestra Victor Brasileira (ou Orquestra Típica Victor). Nessa gravadora também formou o Grupo da Guarda Velha e, mais tarde, a orquestra Diabos do Céu, acompanhando nas gravações os cantores contratados da empresa nessa época, tais como Cármen Miranda, Sílvio Caldas, Gastão Formenti, Francisco Alves, Mário Reis, Patrício Teixeira, Carlos Galhardo,etc.  Também formou a Orquestra Columbia de Pixinguinha, igualmente acompanhando os cantores nas gravações de estúdio dessa marca, futura Continental. Mais tarde, em 1937, formou o conjunto Cinco Companheiros. Em 1940, a convite do maestro americano Leopold Stokowski, então em turnê no  Brasil, a bordo do navio “Uruguai”, Pixinguinha organizou um grupo de músicos e cantores brasileiros para fazer gravações . Estas, feitas no próprio navio, seriam lançadas nos EUA em dois álbuns de 78 rpm, a raríssima série “Native brazilian music”.
Nos anos 1940, talvez por dificuldades de embocadura, Pixinguinha teve de trocar a flauta pelo saxofone, e realizou, ao lado do flautista Benedito Lacerda,uma série de gravações  antológicas, até hoje bastante procuradas por estudiosos e pesquisadores da MPB.  Na década de 1950, formou a Turma da Velha Guarda, ao lado de velhos companheiros, tais como Almirante, Donga, Bide e J. Cascata, com quem inclusive gravou LPs rememorativos na Sinter e participou, em 1954, do Festival da Velha Guarda, promovido pela Rádio Record de São Paulo. Em 1962, fez a trilha sonora do filme “Sol sobre a lama”, e ganhou novos parceiros, tais como Vinícius de Moraes e Hermínio Bello de Carvalho. Com este último, fez a música “Fala baixinho”, escrita no hospital após um enfarte que sofrera, em 1964, e finalista em um festival.  Em 1968, gravou, ao lado de João da Baiana e Clementina de Jesus, o álbum “Gente da antiga”, produzido justamente por Hermínio. Mestre Pixinguinha faleceu em seu Rio de Janeiro natal, a 17 de fevereiro de 1973, de infarto, na sacristia da Igreja da Paz, no bairro de Ipanema, onde assistia a um batizado, ostentando a mesma elegância com que sempre viveu. E deixando um legado precioso e importante para quem estuda e pesquisa nossa música popular. Uma parte dele o GRB começa a oferecer agora, apresentando, neste primeiro volume, 12 gravações preciosíssimas, todas feitas na RCA Victor.  Para começar, Jacob do Bandolim executa o choro “Teu aniversario”, originalmente intitulado “Recordando” e assim gravado pelo próprio Pixinguinha em 1935. O registro de Jacob data de 30 de junho de 1950 e saiu em setembro do mesmo ano, disco 80-0688-B, matriz S-092700. O próprio Pixinguinha, ao saxofone, em dueto com Benedito Lacerda, vem em seguida com outro expressivo choro, “Proezas de Sólon”, em gravação de 4 de junho de 1946, lançada em agosto de 47 sob número 80-0534-B, matriz S-078536. E logo depois, uma raridade: Pixinguinha cantando (!) um lundu que fez com Gastão Viana,“Yaô”, originalmente lançado em 1938 por Patrício Teixeira, com palavras africanas na letra: “akicó” (galo), “pelu adié” (o peru rodopia entre as galinhas), “jacutá” (casa) e “Yaô” (mulher filha de santo). Pixinguinha fez seu registro na RCA Victor em 7 de julho de 1950, com lançamento em setembro do mesmo ano, disco 80-0692-A, matriz S-092707. O duo Pixinguinha (sax)-Benedito Lacerda (flauta) volta em seguida apresentando “Segura ele”, choro  que o próprio mestre gravou pela primeira vez, como solista de flauta, em 1930. Esta regravação Victor  (com Benedito Lacerda na co-autoria, por acordo comercial que havia entre ele e Pixinguinha) data de 20 de maio de 1946, lançada em outubro do mesmo ano, disco 80-0447-B, matriz S-078520. Uma amostra do talento de Pixinguinha como orquestrador e maestro vem em seguida com a polca (de sua autoria, assim como todas as faixas aqui reunidas) “Marreco quer água”, com ele mesmo regendo sua orquestra. Gravação RCA Victor de 16 de abril de 1959, lançada em julho seguinte sob número 80-2081-A,matriz 13-K2PB-0627. Jacob do Bandolim volta em seguida, recordando outra obra-prima de Pixinguinha, o choro “Sofres porque queres”, que mestre Pizindim (apelido que lhe teria sido dado por sua avó, significando,em africano, “menino bom”)  lançou como solista de flauta, em 1917. Jacob o regravou pela RCA Victor em 10 de julho de 1957, com lançamento em  setembro seguinte sob número 80-1845-A, matriz 13-H2PB-0165. Temos depois o lado B desse mesmíssimo 78, matriz 13-H2PB-0166, onde Jacob revive outro choro conhecidíssimo do mestre Pixinguinha: “Cochichando”, que antes se chamava “Cochicho” e teve sua primeira gravação em 1944, na voz do cantor Déo, com letra de Braguinha e Alberto Ribeiro. Depois, vem o clássico “Lamento” (que, mais tarde, teria seu título mudado para “Lamentos”, no plural). Lançado originalmente em 1928 pela Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, é revivido aqui pelo bandolim mágico do mestre Jacob em gravação RCA Victor de 14 de março de1951, lançada em junho do mesmo ano, disco 80-0767-A, matriz S-092905. Jacob do Bandolim faria uma gravação ainda melhor deste choro em 1967, integrando o LP “Vibrações”.  O duo Pixinguinha-Benedito Lacerda retorna depois com outro grande choro, “Pagão”, gravação RCA Victor de 12 de junho de 1946, lançada em março de 47, disco 80-0498-B, matriz S-078662. Eles executam ainda outro choro, “Vagando”, gravação de 26 de dezembro de 1950, lançada pela marca do cachorrinho Nipper em março de 51,disco 80-0746-B, matriz S-092817. “Paciente”, choro executado pela orquestra do próprio Pixinguinha com ele à frente, foi gravado em 16 de abril de 1959, matriz 13-K2PB-0628, e é o lado B do 78 de “Marreco quer água”. A faixa seguinte, outro choro clássico, é “Um a zero”, que Pixinguinha compôs em 1919, por ocasião da conquista do Campeonato Sul-Americano de Futebol pelo Brasil, frente ao Uruguai,. pela contagem que dá título á composição.  Lançado originalmente pela dupla Pixinguinha-Benedito Lacerda em 1946, é aqui revivido por Jacob do Bandolim em gravação RCA Victor de 13 de junho de 1955, lançada em  agosto seguinte sob número 80-1476-B, matriz BE5VB-0770. Um belo começo para a retrospectiva que o GRB faz, alusiva à obra do mestre Pixinguinha. E teremos ainda muito mais no próximo volume… Aguardem!

 

 * Texto de Samuel Machado Filho