It’s Rock 1 – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 44 (2012)

Esta semana, em sua quadragésima-quarta edição, o Grand Record Brazil apresenta a primeira de duas partes de uma seleção de rock (ou coisa parecida) produzida e digitalizada pelo blog Sintonia Musikal, na pessoa de seu administrador Chico, um autêntico especialista em resgatar o passado de nossa música dita “jovem”, e seguidor de carteirinha do TM. Aquele abraço, Chico!

Permitam-me os amigos cultos, ocultos e associados começar minha resenha desta primeira parte pela faixa 5. Ela foi justamente o começo, o pontapé inicial do rock tupiniquim. Estou falando da gravação feita pela carioca Nora Ney (Iracema de Souza Ferreira, 1922-2003) de “Rock around the clock”, de Jimmy de Knight e Max C. Freedman. A música era sucesso com Bill Haley e seus Cometas, e fazia parte do filme “Sementes da violência (The blackboard jungle)”, da MGM. Em 24 de outubro de 1955, Nora compareceu ao estúdio da Continental, no Edifício Cineac-Trianon (Avenida Rio Branco, esquina com Rua Bittencourt da Silva, em frente ao lendário Café Nice) para gravar sua personalíssima versão deste rock pioneiro, lançada em novembro-dezembro do mesmo ano com o n.o 17217-A, matriz C-3730. Foi assim que o rock and roll começou a balançar a juventude brasileira!

No restante do programa que o Chico nos oferece, outras doze peças raras, curiosas e interessantes do início do rock brasileiro, a chamada “pré-Jovem Guarda”. Nem mesmo a pianista Carolina Cardoso de Menezes (Rio de Janeiro, 1916-idem, 1999) resistiu aos encantos do chamado “ritmo alucinante”, compondo e executando o seu “Brasil rock”, em gravação Odeon de 14 de março de 1957 (14191-B, matriz 11601), lançada em maio daquele ano. Em seguida vem a faixa mais antiga desta seleção do amigo Chico: uma versão em português de “Jambalaya (On the bayou)”, clássico country de Hank Williams, assinada pelo comediante Edair Badaró, então atuando nas Emissoras Unidas (Rádio e TV Record de São Paulo). Na  interpretação, Neyde Fraga (São Paulo, 1924-Rio de Janeiro, 1987), então também atuando na Record. Gravado pela Odeon em 4 de setembro de 1953 e lançado em novembro do mesmo ano (13527-A, matriz 9873), este é considerado o maior sucesso da cantora. Em seguida, a versão de Aloysio de Oliveira para “In the mood”, clássico da big band de Glenn Miller, de Joe Garland e Andy Razaf, interpretada pelo Bando da Lua, formado e dirigido por Aloysio, com o nome de “Edmundo”. Gravação de 8 de junho de 1954, feita nos EUA pela Decca (hoje Universal Music), mas só lançada no Brasil vinte anos mais tarde, no LP “Bando da Lua nos EUA”, produzido por João Luiz Ferrete para a Chantecler, então representante da Decca/MCA. Depois, o curioso “rock-baião-samba” “Eu sou a tal”, de Murilo Vieira, Edel Ney e O.Vargas, interpretado por Mara Silva (Isabel Gomes da Silva, Campos, RJ, n.1930), em gravação lançada pela RGE em dezembro de 1957 (10076-A, matriz RGO-335). A faixa 6 traz aquele que é considerado o primeiro rock cem por cento brasileiro, letra e música: “Rock and roll em Copacabana”, assinado por esse verdadeiro cronista que foi Miguel Gustavo, e gravado na RCA Victor por Cauby Peixoto em 30 de janeiro de 1957, com lançamento em maio seguinte (80-1774-A, matriz 13-H2PB-0043). Temos depois a versão feita pelo radialista Paulo Rogério para o conhecido mambo-rock “Tequila”, de Chuck Rio, originalmente instrumental. A gravação coube à carioca Araci Costa (1932-1976) e saiu pela Continental em setembro-outubro de 1958, com o número 17595-A, matriz C-4123. “Tequila” era um dos números mais apreciados da orquestra do “bandleader” e vibrafonista Sylvio Mazzucca (São Paulo, 1929-idem, 2003), que curiosamente vem aqui com o chá-chá-chá “Cerveza”, de Boots Brown, em gravação lançada pela Columbia no mesmo ano de 1958 (CB-11079-A, matriz CBO-1767). O cantor Mário Augusto, criador de hits como “O amor de Terezinha” e “Calcutá”, aqui comparece com a versão de Fred Jorge para “Claudette”, de Roy Orbison, extraída de seu segundo disco, o Odeon 14372-B, gravado em 26 de agosto de 1958 e lançado em setembro do mesmo ano, matriz 12848. “A minha, a sua, a nossa favorita” (como César de Alencar a anunciava em seu programa na Rádio Nacional) Emilinha Borba vem aqui com a versão do misterioso A.Bourget para o chá-chá-rock “Patrícia”, de Pérez Prado, lançada pela Columbia também em 1958 (CB-11070-B, matriz CBO-1766). Marita Luizi, um daqueles nomes atualmente relegados ao mais completo esquecimento, apesar de terem tido sua época, aqui comparece com o calipso “Sonho maluco”, de Elzo Augusto e Miranda, lançado pela Copacabana em dezembro de 1959 com o n.o 6086-B, matriz M-2590, o segundo de seus três discos nesse formato. Marita também deixou um LP intitulado “Os grandes momentos” (Alvorada/Chantecler, 1978), ao que parece coletânea, e participou do álbum “Cinco estrelas apresentam Inara” (Copacabana, 1958), reunindo músicas de Inara Simões de Irajá (suas faixas nesse disco são”E ele não vem” e “Boca da noite”). Outro nome da pré-história de nosso rock and roll, Regina Célia, comparece aqui com a divertida “Aula de inglês em rock”, de Canarinho e Kid Sax, gravada na Polydor em 9 de dezembro de 1959 e lançada em janeiro de 60 no 78 rpm n.o 342-B, matriz POL-3774. Encerrando esta primeira seleção do amigo Chico, Cizinha Moura, que deixou apenas dois discos 78 com quatro músicas, aqui interpretando, do segundo e último deles, o Chantecler 78-0134-B, lançado em junho de 1959, o fox “Brotinho Lili”, de Alberto Roy e Domingos Paulo, matriz C8P-268. Enfim, um interessante panorama dos primórdios do rock and roll no Brasil, que continuaremos na próxima semana, sempre agradecendo ao Chico do Sintonia Musikal pela gentileza de permitir o aproveitamento desta seleção no GRB. Até lá!

SAMUEL MACHADO FILHO.

Moacyr Franco – Compacto (1963)

E eu já ia deixar passar batido, sem o compacto da semana. Nem me lembrei. Como ainda é domingo, vou logo cumprindo o prometido, um compacto por semana.

Segue aqui este que é duplo, ou seja, com duas músicas em cada lado. Onde ele interpreta “Tender is the night” em versão de Nazerno de Brito; o sucesso “Ninguém chora por mim” da dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim e as humoradas “Toureiro suburbano”, de Haroldo Barbosa e Luis Reis e “Meu querido lindo”, música de sua autoria em parceria com Canarinho. Não tenho certeza, mas creio que o disquinho é de 1963. Uma produção de Nazareno de Brito, com arranjos de Pachequinho, Severino Araújo e Ted Moreno.

meu querido lindo

suave é a noite

ninguém chora por mim

toureiro suburbano

Geraldo Vespar – Eu E O Violão (1968)

Bom dia a todos, amigos cultos e ocultos! Hoje eu acordei muito bem disposto. Nada como uma boa noite de sono. Melhor ainda com tantos e-mails e comentários. Percebo que por mais que eu quisesse, acho que nunca poderia fechar esse blog. O índice de popularidade e a quantos ele atinge é maior do que eu imaginava. A gente percebe isso até pelo amor invertido ao Toque Musical. Adoro isso… 😉 Dizem que eu sou polêmico, mas a verdade é que sem agitação as coisas não se transformam. Talvez seja por isso o Toque Musical tem passado por tantas mudanças e ao contrário da maioria dos outros blogs se renova em seu conceito. E nessas mudanças fica claro, só permanecem no ‘barco’ quem realmente gosta de navegar ao lado do comandante Augusto TM. O Toque Musical, vez por outra, pára em algum porto, mas logo volta ao mar. Quem desceu do barco e não seguiu as regras para retornar, ficou a ver navios ou está dando braçadas tentando nos alcançar. Mas não tem nada não, eu continuo jogando os botes salva-vidas. Aqui, ninguém fica de fora, até mesmo os ratos de porão. Afinal precisamos ter alguma coisa para alimentar os clandestinos.

Sei que muitos aqui não devem estar se perguntando, que discurso é esse? Não é nada, liga não, apenas uma introdução ao gosto de um certo Zé Ruela. 😉

Bom, mas vamos ao que interessa. Olha aí o disco que tenho hoje para vocês. Vamos com o violonista, compositor e arranjador Geraldo Vespar, fazendo a sua estréia solo aqui no TM. Vespar é um desses músicos imprescindíveis à música popular brasileira e também, porque não dizer à internacional, como integrande da Orquestra de Paul Mauriat. Sua tragetória começa nos anos 50. Tocou com os mais diversos artistas. Está presente em tantos outros discos importantes, assim como em trilhas para cinema e televisão. O cara é mesmo muito bom. Neste álbum, lançado em 1968 pela Odeon, através do selo Parlophone, vamos encontra-lo bem a vontade com seu violão, tocando músicas consagradas de diversos e ótimos compositores. Apenas uma das faixas é de sua autoria, aliás, uma faixa dupla, digamos assim, “Por que?”, em parceria com Mário Telles e “Bourré”. Taí um excelente disco para se ouvir neste domingão. Querem conferir? Vão lá no GTM 🙂

sá marina

eu e a brisa

desencontro

fetiço da vila

viola enluarada

por que? / bourré

corcovado

até segunda feira

no brilho da faca

mancada

olé olá

lapinha

Luiz Bonfá – Recado Novo (1963)

Passei o dia ensaiando a postagem, mas a preguiça foi tanta que acabei deixando para a última hora. Para não dizerem que esqueci do Luiz Bonfá, segue aqui um segundo disco no Toque Musical. Desta vez vamos com o álbum “Recado Novo”, gravado em 1963, com direção artística de Ribamar. Trata-se de um disco dos mais interessantes de Bonfá, onde ele além de executar seu violão, ainda canta. Traz também um repertório fino, onde quase toda as músicas são de sua autoria junto com a esposa, a cantora Maria Helena Toledo. Cabe ainda “Fio da canção” e “Chorou, chorou”, de Luiz Antônio. Um belíssimo trabalho que conta também com a participação de Dalva Andrade fazendo a vocalização na faixa “Canção do mar”. Muito bom. Eu recomendo 😉

menina flor

amor demais

mania de Maria

melancolia

saudade vem correndo

canção do mar

fio de canção

sem esse céu

cheiro de saudade

reverso do verso

indiferença

chorou, chorou

Leo Romano – Lua Azul (1960)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Com as novas alterações que fiz por aqui, já consigo perceber quem são realmente os interessados no Toque Musical. Creio que muita gente se associou porque queria baixar algum determinado disco, depois que conseguiu não deu mais bola, se acomodou e ficou esperando eu servir na bandeja. Digo isso porque já houve um ‘Zé Ruela’, metido a besta, que me veio com essa. Servir de bandeja eu sirvo sim, mas tem que ser boa a gorjeta 😉 O certo é que agora a coisa ficou mais justa. Acabo com esse negócio de só dar o link se alguém pedir. Agora não precisa mais. Postei um álbum, ele de imediato já vai estar lá, disponível no GTM.  Bom, assim espero…:)

Para esta sexta-feira com cara de sábado eu venho trazendo um disco que por certo irá agradar muita gente. Leo Romano em seu álbum “Lua Azul”. Confesso que eu mesmo pouco o conhecia. Hoje, assistindo alguns filminhos no Youtube, dei de encontro com um vídeo que me chamou a atenção. Ouvindo a música, me lembrei do disco, o qual, por sorte eu já havia digitalizado. Daí, foi só busca-lo na minha discoteca virtual. E agora eu o apresento aqui para vocês.

Segundo as informações no próprio Youtube, soube que Leo Romano fez muito sucesso com este disco, em especial com a música “Lua Azul”, a qual é a do vídeo. Contam lá que a música foi gravada em 1959. Leo Romano, conforme li no Dicionário Cravo Albin foi um cantor gaúcho. Estreou em gravações no início dos anos 50, contratado pela Sinter. Gravou por lá alguns discos de 78 rpm e logo se transferiu para a Odeon. Nesta gravadora lançou outras bolachas e fez muito sucesso. Essas músicas, juntamente com outras, foram então lançadas neste lp, em 1960, contando com a Orquestra e Coral de Luiz Arruda Paes.

No repertório vamos encontrar um misto de coisas: samba, bolero, tango, rancheira, fox, calipso e ecos de rock (em seus primórdios) aplicados à tarantela, música cigana. São músicas, em sua maioria, estrangeiras em versões adaptadas. Segundo informam nos comentários do clipe no Youtube, várias dessas versões foram feitas por Sidney Espírito Santo Moraes, um dos fundadores do Conjunto Farroupilha, também integrante do trio vocal Os Três Moraes. Leo Romano atuou até o início dos anos 70. Gravou mais de vinte discos e participou de tantos outros, coletâneas carnavalescas.

Querem ouvi-lo? Então corram lá no GTM. Ele está à espera de vocês 🙂

lua azul

olha nos meus olhos

sarita

boa sorte

louca

minha vida

alegria

mar negro

noites de moscou

calypso ginga

preciso amar

remember this gumbá

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FICOU CLARO?

Maringá – A Cidade Que Nasceu De Uma Canção (1972)

Olá amigos cultos e ocultos! Custei mais cheguei… cansado, esgotado e quase dormindo. Antes, porém, deixa eu fazer aqui a minha postagem diária para não sair do compasso.

Hoje eu trago para vocês um disco que há muito eu venho ensaiando postar. Aliás, era para ter sido postado logo nos primeiros dias do Toque Musical. Acabou ficando na ‘gaveta’. Vamos com este álbum lançado pelo selo Copacabana, em 1972. Um disco que canta e tem como título a cidade paranaense de Maringá. Nele vamos encontrar diferentes intérpretes e um único autor, o mineiro de Uberaba, Joubert de Carvalho. Como todos aqui devem saber, Joubert de Carvalho era médico e compositor. Autor de inúmeras pérolas, entre essa, “Maringá”, canção celebrada por muitos cantores ainda hoje. O disco foi lançado em comemoração ao Jubileu da cidade, como um presente, conforme está escrito no texto da contracapa. E pelo que eu pude entender, Joubert de Carvalho, foi até a cidade, a qual apadrinhou, para prestar essa homenagem. Vamos encontrar aqui, além desta canção, outras também famosas, nas vozes de cantores como Agnaldo Rayol, Ângela Maria, Cyro Monteiro, Ataíde Beck, Jairo Aguiar, Silvio Caldas e o Coral Sabiá. Um bom disco que por certo os amigos irão querer ouvir. Tá na ponta da agulha, é só dar o toque 🙂

maringá – ataíde beck

minha casa – silvio caldas

hora da despedida – ataíde beck

silêncio do cantor – ângela maria

pierrot – agnaldo rayol

flamboyant – ataíde beck

a cidade que nasceu de uma canção – ataíde beck

tahi – ângela maria e cyro monteiro

lembro-me ainda – ataíde beck

rosalinda – agnaldo rayol

de papo pro á – coral sabiá

zingara – jairo aguiar

Francisco Mário – Pijama De Seda (1985)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Hoje eu trago para vocês um disco muito bonito do Chico Mário. Aliás, mais um, diga-se de passagem. Temos aqui no Toque Musical outros dois discos dele, na mesma linha, instrumental de primeiríssima. “Pijama de Seda” foi um disco de 1985, mais uma produção independente lançado com estréia em show na Sala Cecília Meireles, no dia 30 de setembro. Neste lp ele faz uma homenagem à Pixinguinha com a música que dá nome ao disco. Há também “Ressureição”, outra homenagem, desta vez ao irmão Henfil. Música esta onde ele toca com oito violões diferentes. De todas as músicas do disco, gosto em especial de “Violada”, me traz boas recordações, além de ser realmente linda. Todas as músicas são de autoria do próprio Francisco Mário. Este álbum foi também relançado em cd, mas com outra capa. Certamente ainda é possível encontra-lo em lojas.

ressureição

espanhola

terra queima

3ª guerra

lãs locas

pijama de seda

souza

venceremos

violada

faz que vai

coceirinha

saudade de mim

Nilo Sérgio, Dick Farney, Lúcio Alves, Tito Madi, Bill Farr, Johnny Alf – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 43 (2012)

E chegamos à quadragésima-terceira edição do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil. Esta semana, apresentamos gravações de alguns intérpretes considerados precursores da bossa nova, e feitas antes da eclosão oficial do movimento, em 1958, com o LP “Canção do amor demais”, de Elizeth Cardoso, e o 78 rpm “Chega de saudade”/”Bim bom”, com João Gilberto.
Começamos com Nilo Sérgio, pseudônimo de Nilo Santos Pinto. Também compositor, arranjador e maestro, iniciou sua carreira nos áureos tempos da lendária Rádio Nacional, e gravou seus primeiros discos em 1943/44, com músicas americanas. Após gravar na RCA Victor, onde se iniciou, na Continental e na Todamérica, fundou, em 1953, sua própria gravadora: a Musidisc, por sinal uma das pioneiras do LP no Brasil. Embora pequena, a gravadora tornou-se notável no período em que atuou, e por lá passaram nomes do quilate de Ed Lincoln, Orlandivo, Eliana Pittman e o também maestro Léo Peracchi. Teve também o selo Nilser (iniciais de seu nome artístico). A Musidisc notabilizou-se por álbuns temáticos tipo “Música para adormecer”, “Datas felizes”, etc., e lançou orquestras ditas “grandiosas”, como Violinos Mágicos e Românticos de Cuba (ambas, na verdade, eram a Tabajara de Severino Araújo), esta última a de maior êxito, que executava versões aboleradas de hits nacionais e internacionais, até mesmo de Roberto Carlos. Este último álbum, de 1979, foi a última produção de Nilo, que faleceria dois anos mais tarde. Para esta seleção, o GRB escalou seu primeiríssimo disco interpretado em português, o Continental 16085, lançado entre julho e setembro de 1949. No lado A, matriz 2122, a “Canção de aniversário” (“Hoje é o dia do teu aniversário, parabéns, parabéns”…), de José Maria de Abreu e Alberto Ribeiro. No verso, matriz 2123, o samba (que na verdade é samba-canção) “Falta-me alguém”, de Pedro Caetano e Claudionor Cruz. No acompanhamento, a mesma Tabajara de Severino Araújo que se converteria na Violinos Mágicos (também conhecida como “Orquestra Romântica de Severino Araújo”) e na Românticos de Cuba, anos mais tarde.
Farnésio Dutra e Silva, aliás Dick Farney (Rio de Janeiro, 1921-São Paulo, 1987) é outro que também começou em disco interpretando músicas americanas, tendo inclusive feito longas temporadas nos EUA. Foi o primeiro, inclusive, a gravar um clássico da música popular americana, o fox ‘Tenderly”. E o disco escalado para esta edição do GRB, também da Continental, é o primeiro no qual interpretou música brasileira, com o número 15663, gravado em 2 de junho de 1946 e lançado em agosto do mesmo ano, com dois sambas. A faixa de abertura, matriz 1509, é o clássico “Copacabana”, de João de Barro, o Braguinha, e Alberto Ribeiro, e justamente a que chamou mais atenção, principalmente pela maneira de interpretar, calcada em cantores americanos como Bing Crosby (inevitavelmente criticada por conservadores da época), e pelo acompanhamento de orquestra de cordas, no caso a de Eduardo Carmelo Patané (São Paulo, 1906-idem, 1969), que passaram, desde então, a constituir modelo de sofisticação para a MPB. O verso, matriz 1508, é “Barqueiro do São Francisco”, também de Alberto Ribeiro, agora em parceria com Alcyr Pires Vermelho, que também teve repercussão, ainda que um pouquinho menor que a de “Copacabana”. Ambas as músicas seriam regravadas por Dick Farney inúmeras vezes ao longo de sua carreira, assim como outras expressivas páginas de seu repertório: “Marina”, “Alguém como tu”, “Somos dois”, “Ponto final” etc.
Lúcio Ciribelli Alves (Cataguazes, MG, 1927-Rio de Janeiro, 1993), de longa e vitoriosa carreira como intérprete, começou a tocar seu violão na mais tenra idade, estimulado pelo pai, maestro da banda de música de sua cidade natal, mudando-se com a família para o Rio de Janeiro quando tinha sete anos. Foi ironicamente apelidado pelo compositor e humorista Silvino Neto de “cantor das multidinhas” (em comparação a Orlando Silva, “o cantor das multidões”). Aos 14 anos, fundou o conjunto Namorados da Lua, do qual era cantor, violonista e arranjador, que fez grande sucesso e desfez-se em 1947 (já sem Lúcio Alves, passaria a chamar-se Os Namorados). Como compositor, seu maior hit foi o samba “De conversa em conversa”, em parceria com Haroldo Barbosa, que gravou junto com os Namorados da Lua mais Isaura Garcia. Outras páginas expressivas de seu repertório são “Nunca mais” (Dorival Caymmi), “Reverso” (Gilberto Milfont e Marino Pinto), “Valsa de uma cidade” (Ismael Neto e Antônio Maria), “Tereza da praia” (dueto com Dick Farney, de Tom Jobim e Billy Blanco), etc. De Lúcio, eis aqui o disco Continental 16730, gravado em 25 de fevereiro de 1953 e lançado em maio-junho do mesmo ano. Abrindo-o, matriz C-3056, o beguine “Cedo para amar”, dos compositores americanos Sidney Lippman e Sylvia Dee, em versão de Bruno Gomes, no original intitulado ‘Too young”e sucesso dois anos antes com Nat King Cole. Esta mesma versão teve outro registro em seguida, com Dóris Monteiro, na Todamérica. Bruno também assina, em parceria com Fernando Lobo, a música do lado B, matriz C-3057, o samba “Procurando meu bem”. Ambas as faixas com acompanhamento dirigido pelo notável maestro gaúcho Radamés Gnattali, com o pseudônimo de Vero.
Radamés também acompanha Chaiki Madi, aliás Tito Madi, paulista de Pirajuí (n.1929), em outro disco Continental, o de número 17416, gravado em 4 de setembro de 1956, porém só lançado em março-abril de 57, apresentando dois clássicos do repertório de Tito. No lado A, matriz C-3917, a valsa “Chove lá fora”, que mereceria inúmeras outras gravações, inclusive do próprio compositor, tendo até uma versão em inglês com os Platters, “It’s raining outside”. No verso, matriz C-3916, o samba-canção, com tendência mais para toada, “Gauchinha bem querer”, composto por Tito quando participou de festejos promovidos pela Rádio Farroupilha de Porto Alegre. Tito Madi teve inúmeros outros sucessos como compositor e intérprete, destacando-se “Não diga não” (dele com Georges Henry), “Sonho e saudade”, “Carinho e amor”, “Balanço Zona Sul” e “Menina moça” (esta última de Luiz Antônio).
Em seguida temos Bill Farr, pseudônimo de Antônio Medeiros Francisco (Sapucaia, RJ, 1925-Rio de Janeiro, 2010). Passou a infância em Petrópolis, e organizou um grupo vocal quando ainda estudava no Colégio Werneck, ingressando na carreira artística ao terminar o curso científico. Começou como vocalista no Hotel Quitandinha, e depois passou a atuar na Rádio Nacional carioca, por intermédio de César de Alencar. Gravou seu primeiro disco na Sinter, em 1952, com o samba-canção “Abraça-me”, de Luiz Bittencourt, e o bolero “Depois do amor”, de José Maria de Abreu e Oswaldo Santiago. Nos anos 1960, deixou a carreira de cantor, mudando-se para Madri, capital da Espanha, onde trabalhou em um escritório de comércio exterior. De Bill Farr apresentamos o disco Continental 16941, lançado em abril de 1954. No lado A, matriz C-3334, aquele que foi certamente o maior sucesso de sua carreira: o fox “Oh!”, de Byron Gay e Arnold Johnson, em versão de Haroldo Barbosa. No verso, matriz C-3335, um samba-canção do então estreante Billy Blanco, “Maria Tereza”.
E para encerrar com chave de ouro, apresentamos Johnny Alf, pseudônimo de Alfredo José da Silva (Rio de Janeiro, 1929-Santo André, SP, 2010). Cantor, compositor, pianista, autor de inúmeras músicas de sucesso (quem não se lembra, por exemplo, de “O que é amar” e “Eu e a brisa”?), gravou seu primeiro disco, apenas instrumental, em 1953, na Sinter, exectando ao piano com seu trio o samba-canção “De cigarro em cigarro” (Luiz Bonfá) e o choro “Falseta”, dele mesmo. De Alf apresentamos o disco Copacabana 5568, de 1956, com duas composições próprias. Abrindo-o, a matriz M-1392 traz o samba “Rapaz de bem”, autêntico precursor da bossa nova, não só pela maneira de Alf interpretá-lo, como também pela letra, que traduzia bem o modo de vida da juventude da Zona Sul do Rio de Janeiro. A música daria título, em 1961, ao primeiro LP do compositor, lançado pela RCA Victor. No verso desse 78 da Copacabana, matriz M-1391, o samba-canção “O tempo e o vento”, que aproveita apenas o título da famosa trilogia de romances do escritor gaúcho Érico Veríssimo, na época com dois volumes já publicados (“O continente”, de 1949, e “O retrato”, de 1951, sendo o terceiro e último, “O arquipélago”, de 1961). Um fecho realmente de ouro para esta edição do GRB, focalizando intérpretes precursores da bossa nova, inovadores para a época em que surgiram. Bom divertimento!

Texto de SAMUEL MACHADO FILHO

Tito Madi Canção Dos Olhos Tristes (1961)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Em minha última ida ao Rio (de Janeiro), andei comprando alguns discos. Entre esses trouxe também este disco do Tito Madi. Um álbum realmente muito bonito, lançado pela CBS em 1961, safra onde muita coisa boa apareceu (inclusive eu, hehehe…). Havia esquecido de posta-lo e só lembrei agora por conta do amigo Chris Rousseau que foi quem deu ‘um trato’ no som. Observando rapidamente pela Rede, não vi ainda este disco postado em nenhum outro blog. Será? Bom, mas isso não importa. Seja como for, aqui vai a minha ‘versão dos fatos’. Segue assim “Canção dos olhos tristes”, álbum onde Tito é acompanhado pela orquestra do maestro Lyrio Panicali e traz além de suas belas composições, músicas de Luiz Antônio (Chorou, chorou); Hianto de Almeida e Meira Guimarães (Pra você); Fernando César e Lyrio Panicali (Presente do céu); Luiz Bonfá e Reinaldo Dias Leme (Tanto amor) e Esther Delamare (Eu queria sonhar) que também escreve o texto da contracapa. Querem conferir o toque? Então aguardem que logo ele estará no GTM. Quem ainda não se associou, faça-o já. Mas, por favor, antes de vir com dúvidas de como ‘baixar’, leiam antes as orientações contidas aqui, ok? Ta tudo muito bem ‘mastigadinho’, é só engolir… 😉

canção dos olhos tristes

chorou, chorou…

graças a deus você voltou

pra você

presente do céu

até quando

é fácil dizer adeus

tanto amor

canção de sorrir… de chorar

onde andará minha saudade

eu queria sonhar

nem um adeus

Os Cariocas – Passaporte (1966)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Para não variar, continuo em dívidas com vocês. A lista de solicitações de novos links é bem grande e eu sem muito tempo, acabo deixando acumular. Vão aguardando aí. Eu tardo, mas não falho 🙂

Trago hoje um disco já bem conhecido de todos, possivelmente até postado em muitos blogs. Mas eu nem vou checar para não perder a decisão. Além do mais, tô mesmo sem tempo… Vamos com Os Cariocas em outro belíssimo trabalho, “Passaporte”, lançado pela Polydor em 1966. Aqui encontraremos músicas de Gilberto Gil, Chico Buarque, os manos Marcos e Paulo Sergio Valle e outras mais. Pessoalmente, acho essa a melhor formação do grupo vocal. Talvez até por conta dos repertórios, sei lá…

Desculpem, mas hoje eu estou cheio de reticências. Tão incompleto quanto os links das nossas postagens. É a pressa… é o tempo muito curto. Mesmo assim, vão curtindo aí…

o amor e chama

a banda

razão de voltar

fim de festa

mais vale uma canção

quem me dera um canto feliz

lunk 9

tão doce que é sal

vem cá, menina

amanhã ninguém sabe

marcha de todo mundo

amor até o fim

Joseph Battista – Villa Lobos – Cirandas (1953)

Tem mais sim, mas só que agora a onda é outra. Afinal, hoje é sexta feira!

Para saudar o fim de semana e aplacar possíveis críticas, nada como um disco diferente. E um cardápio musical variado como esse, vocês só encontram aqui no blog do Augusto TM.

Olha só que beleza o disco que trago agora. Como informa a contracapa, um ciclo de 16 peças de Villa Lobos para piano. As famosas “Cirandas”, baseadas em cantigas do folclore nacional. São aqui interpretadas pelo pianista clássico americano Joseph Battista. Pelo que eu entendi, esta foi a primeira gravação em ‘long play’ desta obra, feita em 1953. Battista, travou contato com Heitor Villa Lobos no final dos anos 40, através da pianista Guiomar Novaes. Ao que tudo indica, ficaram amigos. Em 1952 ele começou a trabalhar as Cirandas, contando com o apoio e orientação de Villa Lobos  para a gravação deste disco. O álbum, naturalmente, foi lançado nos Estados Unidos. Sua edição no Brasil, ao que tudo indica, veio há alguns anos depois, ainda nos anos 50, com certeza. Deve ser um dos primeiros discos de 12 polegadas lançados no Brasil. Curiosamente trazendo o selo americano da MGM, fabricado no país pela Odeon.

terezinha de jesus

condessa

senhora dona sancha

o cravo brigou com a rosa

pobre cego

passa, passa gavião

xô, xô passarinho

vamos atrás da serra

fui no Itororó

pintor de cannahy

nesta rua, nesta rua

olha o passarinho, domine

a procura de uma agulha

a canoa virou

que lindos olhos

co-co-co

 

 

Roberto Barreiros – Compacto (1967)

Olá amigos, boa tarde! Vamos chegando a mais um fim de semana e eu quase me esqueço da promessa que fiz de semanalmente postar um disco de 7 polegadas, os irresistíveis compactos. Felizmente a semana ainda não acabou, então vamos ao tal compacto. Vou aproveitar para matar dois coelhos num toque só, atendendo também ao pedido de uma paulista amiga minha. Foram tantos os seus pedidos que eu resolvi atende-lo. Difícil foi achar o disco. Ou melhor dizendo, finalmente ele apareceu.

Temos aqui o cantor romântico Roberto Barreiros, figura que ainda hoje possui uma legião de fãs espalhado por aí, inclusive em São Paulo 🙂 Do pouco que sei sobre ele, parece que começou a carreira no tempo da Jovem Guarda. Como tudo que era jovem, ingênuo e romântico na época, acabou indo na mesma onda e pelo que vejo aqui, como tantos outros artistas, partiu nos anos 70 para o romântico brega. O compacto que temos aqui foi lançado em 1967 pela Chantecler. Uma pequena amostra, com duas músicas, para anunciar o lp. Sorria, meu bem. Sorria…

eu duvido

tudo de bom

Elza Soares – Elza Negra Negra Elza (1980)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Tô atolado de serviço e para não variar, sem muito tempo para o Toque Musical. Tempo para postar e também para enviar novos links a vocês, através do GTM. Mais uma vez terei que recorrer aos meus providencias ‘discos de gaveta’.

Hoje vamos com sensacional Elza Soares em um disco gravado por ela logo no início dos anos 80. Uma boa safra, com um repertório pequeno, mas variado. Aqui iremos encontrar em dez faixas músicas conhecidas, como “Fim de Noite”, de Chico Feitosa e Ronaldo Bôscoli; “Cobra Caiana”, de João de Aquino e Hermínio Bello de Carvalho; “O Porteiro Me Enganou”, de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira e outra mais, sendo quatro do compositor Gerson Alves, com ela teve um relacionamento amoroso. Este álbum já foi apresentado em outros blogs, mas tudo bem. Muitos de vocês, por certo ainda não o ouviram. Fica aqui o toque…

como lutei

cobra caiana

timbó

o porteiro me enganou

oração das duas raças

artimanha

olindinha

fim de noite

é isso aí

samba do mirerê – capitão do mato

 

Luiz Bonfá – Violão Boêmio (1968)

Olá amigos cultos e ocultos! Na falta de tempo e mais ainda, numa indisposição estomacal que não me dá a menor motivação, sou obrigado a partir para os meus ‘discos de gaveta’.

Trago para vocês este álbum do compositor e violonista Luiz Bonfá, relançado pela Odeon, através de seu selo Imperial, em 1968. Este lp foi gravado 1958 e também pode ser encontrado no Abracadabra com sua capa original. A minha escolha foi meio na sorte. E que sorte tem vocês de poderem ouvir o violão do Bonfá interpretando além de composições próprias, músicas de Vinícius de Moraes, Bororó, Josué de Barros, Canhoto e a dupla Noel Rosa e Vadico. Esta é a primeira vez que eu posto um disco do Luiz Bonfá. Acho que estamos precisando ouvi-lo mais por aqui, concordam?

bom que dói

boulevard

abismo de rosas

índia

paramaribo

tinguá

dobradinho

eurídice

da cor do pecado

walquíria

dona carol

feitiço da vila

 

Zéluiz – E O Amor Falou (1984)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Para começar bem a terça feira, aqui vai um disquinho bem legal. Mais uma vez, marcando presença no Toque Musical, eu tenho o prazer de compartilhar com vocês outro disco desse carismático artista, o cantor e compositor Zé Luiz Mazziotti. Quando digo carismático não é à toa. O cara está sempre muito bem acompanhado, vejam na ficha técnica dos discos anteriores postados aqui. Este também não seria diferente. Em “…e o amor falou”, Zéluiz vem com um time de primeiríssima, músicos e artistas que fazem a diferença. Só por alto…, temos Nana Caymmi; Dori Caymmi; Antonio Adolfo; Théo de Barros; Laércio Freitas; Nelson Ayres; Roberto Sion; Heraldo do Monte… Caramba, essa lista é enorme! Tem ainda mais uma dúzia de grandes artistas, que me perdoem, deixo aqui de citar. Realmente, um disco assim, cheio de gente boa, tendo a frente um cantor cativante, de voz suave, não tem como ser ruim. Ou melhor dizendo, só pode ser ótimo! Mas tudo isso ainda não fecha se não tivermos também um excelente repertório. Músicas de diferentes compositores, algumas até bem conhecida do público. Para não espichar, pois o tempo é curto, deixo que vocês mesmos venham a descobrir os autores, os músicos e a voz de Zéluiz. Muito bom!

o amor falou

desacostumei de carinho

horizonte melhor

pare de me arranhar

na venda

fim de festa

doce de côco

súplica

escravo do amor

entre as cabras

gosto de mim

 

Orlando Silva / Nelson Gonçalves – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 42 (2012)

Já em sua quadragésima-segunda edição, o meu, o seu, o nosso Grand Record Brazil homenageia dois intérpretes inesquecíveis que deixaram inestimável contribuição para a história de nossa música popular: Orlando Silva e Nélson Gonçalves.

Orlando Garcia da Silva era carioca do Engenho de Dentro, nascido a 3 de outubro de 1915 na Rua General Clarindo, hoje Rua Augusta. Era filho do violonista José Celestino da Silva, que participou de serenatas, peixadas e feijoadas junto com o mestre Pixinguinha, ambiente em que também viveu Orlando por três anos, até o falecimento do pai, vitimado pela gripe espanhola. Orlando teve uma infância normal, sempre gostando muito de violão e já fã, na adolescência, de Carlos Galhardo e Francisco Alves. Seu primeiro emprego foi como estafeta da Western, indo depois para o comércio, onde foi sapateiro, vendedor de roupas e tecidos e trocador de ônibus. Quando era “office-boy”, ao saltar de um bonde para entregar uma encomenda, sofreu grave acidente que causou o amputamento de parte de um dos pés, ficando inativo por um ano. Estimulado por amigos, Orlando começou sua peregrinação pelas rádios, querendo ao menos ser ouvido, sem conseguir, dada sua aparência de moço pobre e mal trajado, que mancava. Quando já estava a ponto de desistir, foi ouvido pelo compositor Bororó (autor do clássico “Da cor do pecado”) nos corredores da Rádio Cajuti. Impressionado, Bororó arranjou uma audição com Francisco Alves, que aconteceu dentro de seu carro! E Chico, encantado com a voz de Orlando, o escalou imediatamente para seu programa dominical na Cajuti, e sua estreia aconteceu em 24 de junho de 1934. Em janeiro do ano seguinte, lançava seu primeiro disco, pela Columbia, para o carnaval, interpretando a marchinha “Ondas curtas” e o samba “Olha a baiana”. Ainda em 1935, foi para a RCA Victor, onde ficaria até 1942, lançando sucessos sobre sucessos (‘A última estrofe”, “Lábios que beijei”, “Carinhoso”, “Rosa”, “Abre a janela”, “A jardineira”, “Meu consolo é você”, recebendo do locutor esportivo Oduvaldo Cozzi o apelido de “cantor das multidões”, após o retumbante êxito de sua primeira apresentação em São Paulo, em janeiro de 1938. Um fenômeno de popularidade como poucos. Gravou também na Odeon, na Copacabana e na Mocambo, voltando definitivamente à RCA Victor em 1960. Morreu em 7 de agosto de 1978, em seu Rio natal, vitimado por uma trombose.

Para esta edição do GRB, foram selecionadas gravações de Orlando na Odeon, na Victor e na Copacabana. Da Copacabana temos: do disco 5067, lançado em maio-junho de 1953, os dois lados: no lado A, faixa 8 de nossa sequência, matriz M-392, o samba-canção “Meu lampião”, de Alberto Ribeiro e Alcyr Pires Vermelho e, no verso, matriz M-393 e faixa 7 de nossa sequência, o samba “Escravo do amor”, de J. Cascata, Leonel Azevedo (autores dos clássicos “Lábios que beijei” e “Juramento falso”, também gravados por Orlando) e Lilinha Fernandes. Ainda dessa marca, o lado B do disco 099, lançado em agosto de 1952 e faixa 9 de nossa sequência, apresentando o choro cantado “Moreninha”, de autoria do descobridor de Orlando, Bororó (de quem o cantor também gravou o hit “Curare”, em 1940). A faixa 10, da primeira fase de Orlando na Victor, tem outro choro cantado: “Mentirosa”, de Custódio Mesquita e Mário Lago, gravado em 9 de junho de 1941 e lançado em agosto seguinte, disco 34783-B, matriz S-052240. Por fim, apresentamos, da Odeon, a canção-marcha “A carta”, de Custódio Mesquita, que é, como o nome indica, uma carta escrita por um expedicionário da FEB, então lutando na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, a sua mãe no Brasil. Gravação de 21 de julho de 1944, lançada em setembro seguinte com o número 12487, ocupando os dois lados do disco, matrizes 7613 e 7614.

As 6 primeiras faixas desta nossa edição foram destinadas a Nélson Gonçalves, nome artístico de Antônio Gonçalves. O “gogó de ouro” nasceu na cidade gaúcha de Santana do Livramento, em 25 de junho de 1919, filho dos portugueses Manoel e Libânia, que ganhavam a vida vendendo cortes de tecidos a domicílio, de porta em porta. Era o irmão mais velho de Joaquim, o Quincas, que também seria cantor, gravando alguns discos de fados lusitanos. Conforme documentos disponíveis, a família mudou-se para São Paulo em 1926, morando primeiro no Canindé, e depois fixando-se no Brás. Ali Nélson e o irmão começaram a estudar, no Liceu Eduardo Prado. Para reforço da economia familiar, “seu” Manoel levava os filhos para cantar nas feiras livres, em cima de caixotes, acompanhando-os ao violão. Nélson (para a família apenas Nico) , apesar de ser gago (ou “taquilárico”), cantava com dicção normal, desenvolvendo seus dotes em bares, restaurantes, festas e rodas de amigos. Logo ele iria conhecer momentos de trabalho duro: primeiro como operário numa fábrica de tamancos e depois como polidor de metais na Wolff, atividades de fato insalubres, chegando até a praticar pugilismo amador. Em 1937, numa festa de casamento no Brás, é ouvido pela cantora Sônia Carvalho, que deixara a carreira para se casar, e, encantada, deu-lhe o nome artístico que o eternizou: Nélson Gonçalves. Sônia deu-lhe aulas de canto em sua casa por cerca de 4 meses, e o levou para um teste na Rádio São Paulo, PRA-5 (“a voz amiga”), então dirigida pelo maestro Gabriel Migliori, sendo aprovado e contratado, pedindo dispensa da Wolff. Em um período que ficou afastado do rádio, Nélson foi garçom no bar do irmão Quincas, na Avenida São João e, em 1940, cantou em programas da PRE-4, Rádio Cultura (“a voz do espaço”), com auditório na mesma avenida. Em 1941, vai ao Rio de Janeiro tentar a sorte em programas de calouros, sendo várias vezes reprovado. Dois meses mais tarde, volta ao Rio, agora com um acetato gravado na Rádio Record, onde cantava a valsa “Se eu pudesse um dia” e a canção “Os anos carregaram”, ambas de Orlando Monello e Oswaldo França, aprovado pelo diretor da Cássio Muniz, então representante da RCA Victor em São Paulo. Nélson vai até à gravadora apresentar o acetato para o diretor artístico Vittório Lattari, que o ouve mas não acredita ser ele o cantor, e que ele tinha “roubado” essa prova de alguém, dada sua gagueira. Com o ambiente pesado, Nélson só volta para pegar o acetato de volta no dia seguinte, e para sua sorte lá estava o compositor e flautista Benedito Lacerda, que resolve tirar a prova acompanhando Nélson com seu regional. Provado que o cantor era ele mesmo, e com a profecia de Benedito (“esse vai ser o maior cantor do Brasil!”), Nélson Gonçalves é finalmente contratado pela RCA Victor, que seria sua primeira, única e última gravadora. Sua primeira sessão de gravação acontece em 4 de agosto de 1941, com as músicas “Se eu pudesse um dia”, “Sinto-me bem” (primeiro disco), “Formosa mulher” e “A mulher dos sonhos meus” (segundo disco). Em quase 60 anos de atividade, Nélson gravaria 869 músicas, e seria um dos maiores vendedores de discos da RCA Victor em todo o mundo: mais de 50 milhões de cópias! Apresentou-se também nos EUA, mais precisamente em Nova York, no Radio City Music Hall, em novembro de 1960. Entre seus maiores sucessos estão: “Quem mente perde a razão”, “Deusa do Maracanã”, “Maria Betânia”, “Normalista”, “A volta do boêmio” (certamente o maior de todos), “Deusa do asfalto”, “Escultura”, “Fica comigo esta noite” e muitos, muitos mais. O envolvimento com cocaína prejudicou em muito sua carreira, mas ele conseguiu se recuperar do vício após um tratamento de choque no qual ficou quatro meses enclausurado em seu quarto (até batia na mulher!). Seu último trabalho em disco foi o CD “Ainda é cedo”, uma homenagem a cantores e compositores de nossa música pop surgidos nos anos 1980, lançado em 1997. Nélson morreria em 18 de abril do ano seguinte, 1998, no Rio de Janeiro, e vários episódios de sua vida e carreira só se esclareceram com a publicação, em 2002, do livro “A revolta do boêmio – A vida de Nélson Gonçalves”, escrito por Marco Aurélio Barroso.

Nesta edição do GRB, temos seis gravações de Nélson Gonçalves, todas, claro, pela RCA Victor:  “Primeira mulher”, de Kid Pepe e Theo Magalhães, gravado em 30 de maio de 1944 e lançado em agosto seguinte (80-0198-B, matriz S-052969), “Ciúme”, de Nóbrega de Macedo e José Batista, gravação de 4 de março de 1947 lançada em maio seguinte (80-0511-A, matriz S-078729), “Dona Rosa”, nostálgico e divertido dueto com Isaura Garcia, de autoria dos irmãos Aloysio e Armando Silva Araújo, gravação de 21 de novembro de 1946, lançada em março de 47 (80-0493-B, matriz S-078644), sendo as três músicas sambas. Depois, vem a canção “Os anos carregaram”, de Oswaldo França e Orlando Monello, que Nélson gravou em seu acetato de apresentação e registraria comercialmente em 13 de janeiro de 1942 com lançamento em seu quinto disco, em maio seguinte, com o número 34879-A, matriz S-052452. Para encerrar, mais dois sambas: “Seus olhos na canção”, de Marino Pinto e Waldemar Gomes, gravação de 29 de janeiro de 1946 lançada em maio seguinte (80-0400-A, matriz S-078427) e “Ela me beijou”, de Herivelto Martins e Artur Costa, gravado em 10 de agosto de 1944 e lançado em outubro seguinte sob número 80-0218-B, matriz S-078033. Desta gravação participa o Trio de Ouro original (Herivelto Martins, Dalva de Oliveira e Nilo Chagas), não creditado no selo certamente por serem então contratados da Odeon.

Enfim, dois cantores inesquecíveis, de vozes privilegiadas, que o GRB agora oferece para os amigos cultos, ocultos e associados do TM. Ouçam e recordem!

* TEXTO DE SAMUEL MACHADO FILHO

Os Rouxinóis – Compacto (1968)

Já valendo para a semana, aqui vai o primeiro compacto. Apresento a vocês o grupo vocal Os Rouxinóis do Rio. Para variar, não achei nada a respeito do deles., mas tenho certeza que logo aparecerá alguém por aqui esclarecendo o fato. Neste compacto duplo temos quatro sambas com aquela pegada de Bossa Nova. Embora eu tenha colocado a data de lançamento, esta não é de toda verdadeira. Foi apenas uma suposição. Aguardando informações… 😉

 

quais quais quais

moça no balanço

sambando sambando

bonequinha que balança

 

Paulinho Da Viola – Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida (1970)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Verificando minha coleção de compactos, percebi que há muitos que eu ainda não apresentei aqui no Toque Musical. Acho que vou voltar a postá-los com mais frenquencia e desta vez não mais em blocos como antes. Teremos agora semanalmente um compacto publicado juntamente com a postagem do dia. Não haverá dia certo, vale qualquer um. Mas sempre teremos ‘a surpresinha’, ok?

Nossa postagem de hoje é dedicada ao Paulinho da Viola. Um nome que dispensa maiores apresentações. Um artista genial que merece estar aqui mais vezes, nos brindando com seus sambas e também com os de outros bambas. “Foi um rio que passou em minha vida” é um clássico. Eu me refiro tanto ao álbum quanto à música. É, sem dúvida, um de seus melhores trabalhos e dos mais inspirados. Sendo um clássico, este nunca sai de catálogo. Suas músicas continuam tocando nas rádios e os relançamentos, sempre vendendo. Isso para não falar do quanto ele também já foi compartilhado na rede. Porém, eu não resisti. Este disco, aqui eu faço questão! Toquei e disse!

para não contrariar você

o meu pecado

estou marcado

lamentação

mesmo sem alegria

foi um rio que passou em minha vida

tudo se transformou

nada de novo

jurar com lágrimas

papo furado

não quero você assim

 

 

História Do Brasil Através Dos Sambas De Enredo – O Negro No Samba (1976)

Olá, amigos cultos e ocultos! Hoje pela manhã quando eu saí para dar umas pedaladas, ao longo do passeio, encontrei numa cesta de lixo uma sacola plástica que pelo formato eu de imediato identifiquei como sendo de discos de vinil. Não tive dúvida, abri para checar e lá estavam quatro lps de mpb e também um disco chinês de 10 polegadas. Que sorte! Acho que na verdade vivo sempre muito atento aos discos de vinil, por isso sempre estou localizando algum. Entre os discos encontrados, coinciendentemente, havia este de samba que achei bem apropriado para o nosso sábado. Como estamos em ritmo de samba, este aqui caí como uma luva.

Lançado em 1976 pela Som Livre, este é um álbum de samba dos mais interessantes. Conforme já anuncia o título, temos aqui a história do Brasil através dos sambas enredo, tendo como foco principal o negro. Estão reunidos aqui sambas enredo de diferentes agremiações do Rio de Janeiro e de épocas distintas, contando histórias como as de Chica da Silva, Zumbi de Palmares, Chico Rei e diversas outras. Senti falta neste disco de um encarte informativo que nos explicasse melhor o processo de produção. Embora haja na contracapa uma ficha técnica, faltou para mim, entender melhor essas participações. Independente de qualquer coisa, o disco é ótimo. Podem pedir para conferir 😉

navio negreiro

leilão de escravos

negro na senzala

magia africana no brasil e seus mistérios

palmares

ganga zumba

valongo

a festa dos deuses afrobrasileiro

chico rei

chica da silva

sublime  pergaminho

heróis da liberdade

Miltinho – Quanto Mais Samba Melhor (1967)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Eu hoje estou apelando para um ‘disco de gaveta’. Mais uma vez estou chegando tarde em casa e daí, pronto para cair na cama. Deixo vocês em boa companhia. No embalo do samba, vamos com mais um disco do Miltinho. Neste, como o título já anuncia, “quanto mais samba, melhor”. Mantendo o ritmo da semana…

Confiram aí que eu agora vou é dormir. Zzzz…

manchete

lampião vadio

onde a terra começa

mais um triste carnaval

o lindo de você

viver

telefone no morro

chorar em colorido

bicho papão

aqui eu hei de morrer

samba do pingo d’agua

história de uma roseira triste

Darcy Barbosa E Seu Conjunto – É Samba Mesmo… (1959)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Deixa eu fazer logo a postagem da quinta-feira, antes que ela caia na sexta. A falta de tempo tem atrasado um pouco as coisas por aqui. Aproveitando, volto a informar (obviamente para aqueles que lêem o que eu escrevo) que ao enviarem comentários, evitem incluir no texto endereços de sites, e-mail ou qualquer tipo de link, pois o meu filtro ‘anti spam’ está ativo e barra tudo. Algumas palavras típicas desse tipo de ‘spam’, como por exemplo: ‘sex’; generic; bingo; for sale e outras merdas em inglês, vão tudo para o lixo e eu nem dou atenção. Outra coisa, sobre o bendito disco “Ary Barroso – Meu Brasil Brasileiro” que nunca ninguém consegue acesso pelo Mediafire, eu acredito que o problema é que há um ‘espírito de porco’ infiltrado no GTM, denunciando o arquivo logo que o recebe por e-mail. Só pode… Infelizmente existem pessoas assim…

Mantendo a roda de samba, mando agora para vocês um pouco de Ataulfo Alves na interpretação de Darcy Barbosa e Seu Conjunto. Taí outro disco raro e com certeza nunca antes compartilhado. Darcy Barbosa foi um dos grandes saxofonista brasileiros, presente em vários conjuntos e orquestra dos anos 40 e 50. Confesso que não sei muita coisa sobre ele e creio que este seja o único disco onde ele aparece como figura principal. O álbum se divide em apenas seis faixa, sendo essas uma sequência de sucessos de Ataulfo em forma de ‘medley’. Como sempre, o espaço está aberto para comentários e complementos. Senhores mestres e estudiosos da música brasileira, por favor…

saudade dela

leva meu samba

atire a primeira pedra

lagoa serena

infidelidade

sei que é covardia

se a saudade apertar

vai, mas vai mesmo

ai que saudade da Amélia

devagar morena é hoje

mulata assanhada

saudade do meu barracão

pela luz divina

pois é…

caminhando

lírio do campo

vida minha vida

Guilherme De Brito (1980)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Acabei de chegar cansado e sem a menor condição de fazer qualquer coisa que não seja dormir. Estou um bagaço! Esta postagem vai por honra da firma. E que honra! Trago para vocês um disco do grande poeta do samba, Guilherme de Brito. Este, creio eu, dispensa comentários. Parceiro de outro grande, Nelson Cavaquinho. Autor de pérolas que são sempre relembradas e neste lp, nós iremos comprovar isso. Se não me engano, este foi o primeiro disco gravado por ele! Guilherme sempre apareceu por trás das cortinas, mais como compositor do que como intérprete. Aliás, é bom lembrar, intérpretes para as suas músicas é que nunca faltou. Desculpem, mas Morfeu me chama… Zzzz…

me esquece

minha paz

a flor e o espinho

minha solidão

meu dilema

pranto de poeta

quando eu me chamar saudade

rosa do mato

mulher sem alma

traço de união

folhas secas

o bem querer

Guerra Peixe E Seus Músicos – Sambas Clássicos (1962)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! E o calor continua pegando por aqui. Por isso vou ser breve. Breve e generoso. Aqui vai um disco bem aos moldes do Toque Musical e bem ao gosto do Augusto 🙂 Trago hoje para vocês este excelente lp lançado pelo selo Chantecler, em 1962. Um belíssimo álbum esquecido na poeira do tempo e até onde eu sei, nunca postado em qualquer outro blog. Certamente, muita gente aqui vai querer conhecer. Temos o maestro e compositor Guerra Peixe em um de seus momentos de aventura pela música popular e desta vez sem usar pseudônimos! Não sei se os amigos sabem, mas Guerra Peixe costumava usar outros nomes quando não estava atuando como músico erudito. O mais conhecido era Jean Kelson, ou Orquestra Jean Kelson. Eu, inclusive, acho que tenho um disco dele. Vou procurar… Mas aqui neste “Sambas Clássicos” a coisa é ainda melhor. É música essencialmente brasileira. É samba! Guerra Peixe nos apresenta uma seleção de doze sambas nota 10, realmente clássicos indiscutíveis, em arranjos espetaculares. Um disco para se ouvir várias vezes. Imperdível! Vamos ver quem vai ser o primeiro a solicitar a jóia 🙂

ai que saudade da amélia

agora é cinza

não tenho lágrimas

implorar

foi ela

pelo telefone

helena helena

o orvalho vem caindo

não me diga adeus

adeus

até amanhã

cadê vira mundo

 

 

Vários Cantores – Seleção 78 RPM Do Toque Musical – Vol. 41 (2012)

E chegamos à quadragésima-primeira edição do meu, do seu, do nosso Grand Record Brazil. Desta vez, apresentamos uma seleção de sambas, do acervo do blog Coisa da Antiga (http://coisadaantiga.blogspot.com.br), pertencente ao grande Ary do Baralho, dono de um autêntico tesouro do gênero, cheio de raridades absolutas. A você, Ary, os nossos mais sinceros agradecimentos.
Esta seleção, com doze preciosas gravações, dá bem uma ideia do que o Ary tem no Coisa da Antiga, autênticas joias do samba. E começamos com o carioca Moreira da Silva (1902-2000), o eterno rei do samba de breque, de vida (98 anos) e carreira lôngevas. O eterno Kid Morenguera se faz presente através do disco Columbia 22165, lançado em dezembro de 1932, com vistas ao carnaval de 33. A faixa de abertura, matriz 381362, apresenta este que foi o primeiro grande sucesso do Moreira: “Arrasta a sandália”, de Aurélio Gomes e Osvaldo Vasques, este último conhecido como Baiaco (Rio de Janeiro, c.1913-idem, c.1935), ritmista e um dos fundadores da primeira escola de samba, a Deixa Falar, no bairro carioca do Estácio. Entoado num esquema pergunta-resposta típico do partido alto, caiu no agrado popular e tornou-se um clássico. No verso, matriz 381363, outra composição do Baiaco, agora em parceria com Ventura: “Vejo lágrimas”.O acompanhmento neste disco é do grupo Gente do Morro, liderado por Benedito Lacerda, com sua flauta inconfundível.
Patrício Teixeira (1893-1972) era também carioca, da Rua Senador Eusébio, no coração da lendária Praça Onze, autêntico reduto de sambistas e boêmios, e onde aconteciam os desfiles da escolas de samba cariocas até sua demolição, para dar lugar à Avenida Presidente Vargas. Cantor e violonista, também foi professor de violão, e entre suas alunas mais famosas estão Linda Batista, Aurora Miranda e as irmãs Danusa e Nara Leão. Dele apresentamos, inicialmente, outra composição de Osvaldo “Baiaco” Vasques, em parceria com o grande flautista Benedito Lacerda: “Tenho uma nêga”, gravação Victor de 14 de novembro de 1932, lançada em dezembro seguinte com o número 33600-B, matriz 65535, também para a folia de 1933. Em seguida, de Max Bulhões e Mílton de Oliveira, outro samba bastante conhecido: “Sabiá-laranjeira” (“ouvi teu cantar bem perto”…), de Max Bulhões e Mílton de Oliveira, gravação Victor de 13 de maio de 1937, lançada em agosto seguinte com o número 34137-B, matriz 80404. Apesar de ser o outro lado do clássico “Não tenho lágrimas”, dos mesmos autores, este “Sabiá” também fez sucesso, e ambas as músicas seriam bastante cantadas no carnaval de 1938.
No disco seguinte, o Columbia 22238, de 1933, mais uma vez Osvaldo Vasques, o Baiaco, se faz presente, com dois sambas interpretados em dueto por Léo Vilar (futuro líder do conjunto vocal Anjos do Inferno) e Arnaldo Amaral (que também foi galã de cinema): de um lado, matriz 381527, “Rindo e chorando”, parceria de Baiaco com Bucy Moreira (1909-1982), neto da Tia Ciata, em cuja residência aconteciam rodas de samba na qual se reuniam autênticos bambas da MPB no início do século XX, como Pixinguinha, Donga e João da Baiana. Bucy também fundou uma escola de samba de nome pitoresco: Vê se Pode! No verso, matriz 381526, “Se passar da hora”, em que Baiaco tem a parceria de Boaventura dos Santos.
Relembramos depois o grande Ciro Monteiro (1913-1973), o “cantor das mil e uma fãs”, também conhecido como “Formigão”, sem dúvida um dos maiores expoentes de nosso samba, com uma carreira repleta de sucessos. Ele comparece aqui com dois sambas de Djalma Mafra (Rio de Janeiro, c.1900-idem, 1974), gravados na Victor: “Obrigação”, parceria de Djalma com Alcides Rosa, registrado em 3 de maio de 1945 e lançado em julho seguinte sob n.o 80-0294-B, matriz S-078163, e “Oh seu Djalma”, parceria de Mafra com Raul Marques (1913-1991), gravado em 13 de outubro de 1943 e lançado em dezembro seguinte com o n.o 80-0138-A, matriz S-052856.
Apresentamos em seguida duas composições de Geraldo Pereira (Juiz de Fora, MG, 1918-Rio de Janeiro, 1955), responsável por clássicos como “Falsa baiana”, “Sem compromisso”, “Escurinha” e “Escurinho”, interpretadas por Roberto Paiva (pseudônimo de Helim Silveira Neves). Primeiro, “Se você sair chorando”, de Geraldo com Nélson Teixeira, gravação Odeon de 26 de setembro de 1939, lançada em novembro seguinte com o n.o 11788-B, matriz 6206, visando ao carnaval de 1940. Depois Roberto canta “Tenha santa paciência”, parceria de Geraldo com Augusto Garcez, em gravação Victor de 6 de março de 1942, lançada em maio seguinte, disco 34923-A, matriz S-052489.
Para encerrar, o notável Otávio Henrique de Oliveira, aliás, Blecaute (Espírito Santo do Pinhal, SP, 1919-Rio de Janeiro, 1963), detentor de inúmeros êxitos no meio de ano e no carnaval (quem nunca cantou “Maria Candelária”, “General da banda”, “Papai Adão”, “Pedreiro Valdemar” e tantas outras?), e que recebeu esse apelido do Capitão Furtado (Ariowaldo Pires), por causa dos blecautes (apagões) que havia em toda a orla marítima do Brasil na época da Segunda Guerra Mundial durante a noite, a fim de evitar ataques inimigos. Blecaute aqui comparece com dois clássicos de Geraldo Pereira, gravados na Continental: Primeiro o delicioso “Chegou a bonitona”, de Geraldo com José Batista, gravado em 11 de agosto de 1948, com lançamento entre outubro e dezembro do mesmo ano, disco 15954-A, matriz 1922. Depois outro clássico do Geraldo Pereira, agora em parceria com Arnaldo Passos, o famoso “Que samba bom”, lançado em janeiro de 1949 para o carnaval daquele ano com o número 15981-B, matriz 2002. Um fecho realmente de ouro para esta sambística seleção do GRB, para enriquecer os acervos de muitos amigos cultos, ocultos e associados. E olha: pretendemos aproveitar muito mais coisas do blog Coisa da Antiga, pois o Ary do Baralho tem bastante coisa boa nele. Aguardem!
Texto de SAMUEL MACHADO FILHO.

Candeia – Seguinte…: Raiz Candeia (1971)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Não sei como anda a temperatura aí para o lado de vocês, mas por aqui tá bravo! Só gosto dessa temperatura quando estou de férias e preferencialmente na praia, tomando uma gelada.

Hoje o nosso toque musical é de samba. Samba de raiz. Samba de Candeia. Mais uma vez temos o prazer de ter em nosso blog o grande sambista Antonio Candeia. Trago para vocês um disco até já bem rodado em outros blogs. Mesmo assim, faço questão de tê-lo também em nossa lista de toques musicais. O presente lp foi lançado em 1971. Uma das excelentes produções de Oswaldo Cadaxo e seu selo Equipe. Este álbum voltaria a ser relançado em 1976 com o nome de “Filosofia do Samba”, tendo inclusive alterada a ordem original das faixas. Saiu pelo selo Padrão com algumas alterações também na capa. Foi lançado também em cd, caso alguém aqui esteja interessado. Trata-se de um disco clássico de samba. Sua audição é obrigatória! Vão daí que eu de cá vou também… tomar mais uma Becker da série 3 Lobos. Bão demais!

vem é lua

filosofia do samba

silencia tamborim

saudade

hora e a vez do samba

saudação a tôco preto

vai pro lado de lá

regresso

de qualquer maneira

imaginação

minhas madrugadas

quarto escuro

João Dias – Mais Moderno & Mais Romântico (1968)

Boa noite, prezados amigos cultos e ocultos! O calor por aqui está pegando. Não consigo ficar muito tempo na frente do computador, parece que o calor aumenta. Estou doido para sair e tomar uma cerveja. Hoje tá valendo 🙂

Antes, porém, deixo aqui mais um disquinho para quem escuta música com outros olhos. Este eu escolhi no acaso. Vamos com o cantor João Dias. Lembram-se dele? Com certeza muitos aqui devem lembrar. Foi descoberto por Francisco Alves no final dos anos 40 e o levou para gravar no Rio de Janeiro. A década seguinte foi seu período de maior atuação. Gravou diversos discos em 78 rpm e emplacou outros tantos sucessos. Na década de 60 passou a gravar em dueto com a Dalva de Oliveira. Esteve também nessa época envolvido com em associações de proteção ao direito dos compositores e intérpretes. Ao que parece, deixou de gravar na década seguinte. “Mais romântico e mais moderno”, acho que foi um de seus últimos trabalhos. Na verdade eu até já postei dele aqui um outro disco, de 1979, interpretando canções de Adelino Moreira e Lupicínio Rodrigues. Neste, lançado em 68 pela Odeon, temos o cantor interpretando uma leva de versões da música romântica internacional. Vamos conferir?

la la la

o meu lugar

meu mundo

leila

a cerca

novamente livre

perdido pela noite

a fonte

tem que ser ela

longe do mundo

tonto

uma casa sobre o mundo

Ted Moreno – Sambas Que A Vida Escreveu (1960)

Olás! Noite encalorada. Sexta feira boa para se tomar uma cervejinha. Vamos nessa?

Então, vou mandar brasa aqui para não demorar.

Nosso encontro hoje é com o cantor, compositor e maestro Ted Moreno. Este artista esteve atuante durante os anos 50 e 60. Começou como cantor romântico, depois tornou-se maestro, trabalhando com orquestras da Rede Globo. Não há muita informação sobre ele na Rede, além de anúncios de venda de discos. Inclusive nos ‘sites enciclopédias’ de música brasileira, seu nome é apenas citado.

Bom, mas falando aqui do disco, que beleza é este álbum. Lançado em 1960 pela gravadora Continental, temos nele um repertório de sambas canção da melhor qualidade, alguns inclusive de autoria do próprio Ted Moreno. Vale a pena conferir 🙂

samba que a vida escreveu

carinho e amor

onde estava eu

enquanto houver amor

mestre vicente

mulher, simples mulher

um nome de mulher

lamento no morro

o amor e a rosa

mundo mau

mudemos de assunto

a banca do distinto

céu e mar

Rádio JB – A História De 67 Em Música E Informação (1969)

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Desculpem, mas hoje eu estou excessivamente irritado. Não fosse por honra da firma, eu já teria chutado o balde, deixando o nosso diário fonomusical em falta. Acho que estou assim meio que por conta desse maldito horário de verão. Parece que não dar tempo de fazer nada. Merda!

Vou assim puxando na sorte um ‘disco de gaveta’ e por acaso mesmo o sorteio acabou trazendo um disco curioso. Como todos podem ver, trata-se de um disco especial. Um lançamento promocional da Rádio Jornal do Brasil, fazendo uma retrospectiva do ano de 1967 em música e informação. Podemos observar também que este é o volume 5, o que nos leva a crer que desde 1962 a Rádio JB vem fazendo esses discos. Eu só conheço esse de 1967. Aliás, deve ter sido lançado em 1968, ou quem sabe até alguns anos depois, reunindo gravações de momentos históricos pelo mundo. Vou deixar vocês aqui pedindo para recordar 67. Quem for saudosista, dê o toque. Amanhã mesmo eu subo o link para o GTM.

Deixa eu agora ir dormir, ou tentar, nesse calor infernal. Continuo suando em bicas…

Orquestra Serenata Tropical – Beguine Solamente Beguine

Boa noite, amigos cultos e ocultos! Que calor está por aqui! De suar em bicas. Para piorar, tem também o tal de horário de verão. Olha aí, o tempo passou e já está quase na hora de dormir e eu ainda não fiz a metade das coisas que precisava fazer…

Para dar uma relaxada, eu estou trazendo aqui mais um disco da Orquestra Serenata Tropical. No álbum apresentado anteriormente, eu até então pouco soube informar sobre quem era a orquestra, parti até para suposições. Mas creio que nesta segunda apresentação iremos esclarecer os pontos obscuros. Descobri que a Orquestra Serenata Tropical era comandada por Henrique Gandelman, pai do saxofonista Leo Gandelman. Henrique Gandelman era advogado, maestro, violonista e diretor artístico da gravadora CBS. Foi também o idealizador e diretor do selo Plaza Discos, onde lançou outros dois discos de sua orquestra: “Boleros Solamente Boleros” e “Rumbas Solamente Rumbas”. Completando a trilogia a OST vem na sequência com o “Beguine Solamente Beguine”. Um álbum muito bom. Gostoso mesmo de ouvir e até dançar, porque não? Um repertório internacional, dentro de uma roupagem rítmica muito bem definida e apreciada naquela época. Ao que parece, houve até um segundo volume, mas eu não o conheço.Sem data localizada, volto à suposição, creio que este lp foi lançado no início dos anos 60. Quer conhecer? Dá um toque. Pelo jeito, vão pedir também um novo link para o disco anterior. Vou ficar aguardando alguma manifestação 😉

never on sunday

la novia

béguin the beguine

sonho de amor

lês feuilles mortes

amapola

la violetera

exodus

solamente una vez

concerto nº 1

estrellita

tua