Novos Baianos – Praga De Baiano (1977)

Hoje eu acordei pensando no que iria postar. Existem alguns discos que independente de já terem sido amplamente divulgados, ainda merecem uma segunda chamada (ou seria terceira ou quarta?). Não se trata de uma falta de opção, pois temos ainda milhares de títulos a serem apresentados e realmente não me interessa postar coisas que estão em catálogo ou dando sopa por aí. Acontece, que além das coincidências, existe o meu desejo de ter também aqui títulos na sua integralidade e de maneira correta. Se tem uma coisa que me dá nos nervos é baixar algo que muito me interessa e depois perceber que faltou isso ou aquilo. No meu entender e como ponto fundamental deste blog, o que é postado aqui não é somente a música, mas também todo o conceito que a envolve, fonograficamente falando. Quanto mais dados tivermos a respeito do disco melhor. Assim, aqui vou eu batendo na mesma tecla. Dó, ré, mi, fá…

Segue então este álbum dos Novos Baianos que era para ter entrado nos dias de carnaval, mas acabou ficando de fora. “Praga de baiano” foi um dos últimos discos da banda, que nessa altura já estava desfalcada de Moraes Moreira e Galvão. Este disco abriu as portas para um novo momento, o dos trios elétricos. Os Novos Baianos, liderados por Pepeu Gomes, passaram a fazer parte das festividades carnavalescas de Salvador de uma forma ainda mais intensa e explícida a partir deste disco. Segundo contam, Baby Consuelo foi a primeira cantora a fazer o povo tirar o pé do chão na Praça Castro Alves. Uma época em que não havia o Axé e nem Ivetes Sangalos.

Aproveitando o ensejo, estou incluindo este compacto duplo, lançado posteriomente pela CBS para o Carnaval de 1979, onde encontramos os últimos ecos de uma década cheia de muita ‘porraloquice’. Neste temos também o mesmo espírito de “Praga de baiano”, trio mais que elétrico. Um disco sem compromisso com carreiras, que nestas alturas já corria para individual. Já estavam todos com seus projetos solos, criando filhos e outras ‘coisitas mas’.

Os Novos Baianos só voltariam a se encontrar integralmente uma década depois, exatamente no Carnaval de Salvador de 1990. Em 97 eles se reuniram novamente para gravar o álbum duplo “Infinito Circular”. Será que ainda rola mais um?
praga de baiano
vassourinha
o clube do povo
haroldinho, filho e peixe
o petroleo é nosso
caia na estrada e perigas ver
campeão dos campeões
o patrão é meu pandeiro
pegando fogo
luzes do chão
pout-pourri
Compacto:
casei no natal, larguei no reveillon
pra enlouquecer na praça
alibabá, alibabou
apoteose do trio pra dodô

Painel De Controle – Desliga O Mundo (1978)

Bom dia! Hoje eu acordei meio de ressaca depois da festança de ontem. Ao contrário do que sempre acontece, desta vez foi o Toque Musical que ganhou muitos presentes. Mas como já fazia a minha tia, vou repassar todos para vocês (hehehe…). Ontem, no ‘batidão’, rolou muito som dos anos 70 e na inspiração, no clima da ‘night’, resolvi que postaria hoje o memorável disco do grupo Painel de Controle, “Desliga o Mundo”. Digo memorável porque me fez lembrar de velhos tempos, da cena dance, discoteca e embalos de sábados a noite. Quando saiu pelas caixas o balanço de “Black Coco” eu disse a mim mesmo, “vai ser este o post de amanhã!”. Embora já tenha sido rodado em outras tantas ‘pick ups’, “Desliga o Mundo” é o disco ideal para o nosso sábado no Toque Musical. Por certo vai haver aqui muitos que ainda não o ouviram. Na época em que este álbum saiu eu não dei muita bola. Eram tempos em que eu não ouvia música com outros olhos, tinha lá minhas restrições. Além do mais este grupo foi muito boicotado pela ‘crítitica’ da época. Havia um certo preconceito, sei lá… Mas nada como o tempo para fazer as coisas amadurecerem (só não pode deixar caducar, que fica melhor ainda).

O Painel de Controle surgiu no final dos anos 60, vindo do subúrbio carioca. Em 78, com uma nova formação, gravaram este que foi o seu grande disco de sucesso. Puxado pelo ‘hit’ “Black Coco”, tema de uma novela da Globo, a banda finalmente alcançou seu maior destaque. Acredito que depois deste álbum a turma se separou. “Desliga o Mundo” foi um disco muito bem produzido, começando pelo diretor de criação que era o Osmar Zan. Os arranjos e a regência são de Lincoln Olivetti. Confesso que gostei de ouvir novamente o Painel de Controle. A voz do Papi (vocalista) me fez lembrar o Manito do Som Nosso… Bons tempos…
black coco
malandrinha
meu destino mudou
coisas bobas
desliga o mundo
chegue, chegue, chegue (mais perto)
cada um na sua
sombras na parede
quero mais um rock’n’roll
vem
amantes

Grupo Ponte Aérea – Ponte Aérea (1981)


Bom dia meus caros amigos cultos e ocultos! Aqui estamos novamente, retomando nossas atividades dentro do maravilhoso universo fonográfico e musical nacional. Recomeçar numa sexta-feira não podia ser melhor, afinal, dos dias da semana este é o que dá mais ‘ibope’. Além do mais, hoje, o Toque Musical está completando 2 anos de atividades! Confesso que não esperava chegar até aqui, principalmente mantendo o blog ativo diariamente, com postagens muitas vezes inéditas em discos. Ao longo desse tempo percebo quanta coisa aconteceu, o quanto foi bom para mim o exercício musical e o da palavra. Tenho aprendido muito lendo, ouvindo e escrevendo. Através do blog fiquei conhecendo muita gente bacana, vocês meus eternos amigos cultos e ocultos, como sempre me refiro. Encontrei por aqui e através da música pessoas formidáveis que sempre me apoiaram (e sei que o fizeram não apenas pelo que eu tenho a oferecer, mas pela simpatia, pela empatia ou semelhança). Fiz amigos e até troquei figurinhas. Tive a oportunidade de conhecer pessoalmente artistas que sempre admirei e descobrir tantos outros admiráveis.

Quando eu disse não ganhar nada com o Toque Musical eu menti. Na verdade eu ganho muito, mas não é dinheiro não. Eu ganho amigos, que é muito melhor. Eu ganho prazer, satisfação e muita alegria. Vocês não fazem ideia, mas isso aqui é muito terapêutico. Se estamos aqui já há dois anos, pode crer, não foi graças aos inúmeros discos que tenho, mas sim a vocês. Obrigado pela presença e apoio! Parabéns para todos nós!
Seguindo… e voltando pela ponte aérea, não me lembrei de nada melhor que o Grupo Ponte Aérea. Retornando, verifiquei (para meu espanto) que até hoje ninguém postou esta jóia do instrumental nacional. Pelo menos até onde eu o procurei, não vi postando por nenhum outro blog, este que foi o primeiro disco do grupo que era até então a banda de apoio da dupla Sá & Guarabyra. Lançado em 1981, o Ponte Aérea surgiu em grande estilo, numa produção vigorosa que fez esta nave subir num vôo perfeito. Formada por Constant Papineanu (teclado), Beto Martins (violão e guitarra), Pedro Jaguaribe (baixo) e Nonato Teixeira (bateria e percussão), esta turma tem estrada. Só para nos situarmos: Constant foi integrante do Peso, grande banda de rock dos anos 70; Beto foi dos grupos Flor de Lotus e Apaluza, rock paulista e carioca dos anos 70; Pedro Jaguaribe tocou no Lôdo e Veludo ao lado de Lulú Santos, Fernando Gama e Túlio Mourão; finalizando com Nonato Texeira, grande batera que tocou com muita gente, inclusive Raul Seixas. A Ponte Aérea lançou apenas dois discos, sendo o primeiro, sem dúvida, o melhor. Todas as músicas são composições próprias, exceto “Brilho das pedras” de Sá e Guarabyra e”Rio da rã”, cuja a letra é de Guarabyra. A dupla do rock rural também participa do disco como convidados especiais, além dos sopros de Roberto Sion, Hector Costita, Marco Bosco, Paulinho, Otávio Bangla, Boccatto, Lino e Claudio Farias.
Para não ficarmos em meia boca, resolvi incluir o segundo álbum, que também é muito bom, mas já foi mostrado em outros blogs. Apenas para aqueles que ainda não o viram ou ouviram. Espero que vocês gostem 🙂 No mais, vamos ao bolo… vamos soprar as duas velinhas…
maracanã
movimento das ondas
rio da rã
mandrake
rio comprido
brilho das pedras
benvinda
promenade
baião I
bananal

Mário Lago – Retrato (1978)

Prezados, estou refazendo, excepcionalmente, uma de nossas últimas postagens que para meu espanto parece ter sido vítima de alguma ação misteriosa. Primeiro foi o link que ficou inativo, depois a postagem sumiu. Muito estranho… isso nunca havia acontecido antes. Se não fosse eu, num último instante, dar uma checada nos e-mails do Toque Musical, esta postagem ficaria para agosto. Mas devido a estranheza do fato, eu não poderia deixar passá-lo em branco. Fiquei com uma sensação de fragilidade e com uma dúvida na cabeça: quem, além de mim, teria acesso à minha conta no Rapidshare e no blog? Mistérios que eu pretendo descobrir… mas só daqui a 15 dias 🙂

Retomando… Eis aqui o Mário Lago, um artista merecedor de todo o nosso respeito e da nossa saudação. Poeta, compositor, ator, radialista, advogado e comunista! (será que foi por eu ter mencionado esse último ítem que tiraram minha postagem? hehehe…) Mas o Mário Lago foi muito mais que isso, um homem de sensibilidade, de muitos amigos e excelentes parceiros musicais.
Neste disco, que foi o primeiro gravado por ele, temos o artista interpretando alguns de seus clássicos, como “Nada além”, parceria com Custódio Mesquita; “Ai que saudades da Amélia” e “Atire a primeira pedra”, com Ataulfo Alves. Há também poesias e composições menos conhecidas e inéditas como a faixa “Deixa em paz”, uma parceria com Bide (Alcebíades Barcelos), composta no final dos anos 30. Confiram aí, antes que os censores tentem tirá-lo de novo 😉

ai que saudades da amélia
atire a primeira pedra
gilda
leva meu coração
não quero ser marisco
quem chegou já tá
nada além
dá-me tuas mãos
devolve
deixa em paz
não precisas bater
é tão gostoso seu moço
faz de conta
rosinha bonita
cantiguinha tristezíssima
no meio do mundo
poema: canção do não – tempo de lua

Orlando Silva – Enquanto Houver Saudade (1966)

Muito bem, meus prezados amigos cultos e ocultos, esta é a postagem de saideira. Pelo jeito, eu fui o último a pegar o trem. Parece que todos já saíram também para suas férias. Então, vamos descansar. No dia 31 eu prometo estar de volta, comemorando os dois anos de Toque Musical. Tragam os ‘comes e bebes’ que o som é por minha conta 😉

Encerrando, aqui vai um Orlando Silva para recordar. Me lembrei dele depois de ter postado o disco do Mário Lago. Neste álbum lançado em 1966 temos como titular, a valsa que dá nome ao disco, composição de Mário em parceria com Custódio Mesquita. O lp reúne também dois ‘pot-pourri’ de sambas, além de outros clássicos que marcaram época na voz do “cantor das multidões”. Taí um bom disco para se ouvir nesta quarta, quinta, sexta… ou até a minha volta 🙂
Um grande abraços à todos! Volto logo…
brasa
quero dizer-te adeus
abigail
enquanto houver saudade
potpourri de sambas:
a primeira vez
meu pranto ninguém vê
pela primeira vez
meu consolo é você
potpourri de sambas:
abre a janela
o homem sem mulher não vale nada
senhor me ajude
encontrei minha amada
eu chorarei amanhã
eu te amo
jornal de ontem
há sempre alguém
duas vidas

Lia Salgado E A Canção Brasileira (2009)

Bom dia! Finalmente chegou as minhas férias! Vou dar uma pausa de 15 dias e volto no final do mês para a gente comemorar os dois anos de Toque Musical. Teremos assim, mais três postagens nesta semana e ‘pé na estrada’!

Antes de fechar para o descanso, gostaria de deixar postado este disco recém-relançado da cantora lírica Lia Salgado. Ela já esteve presente em nosso toque musical à pouco mais de um ano atrás. Desta vez ela volta em grande estilo e em dose dupla no cd que reúne os álbuns “Interpretando Autores Brasileiros” de 1959, lançado pela Sinter (e postado aqui), juntamente com “Canção Brasileira” que saiu pela Chantecler nos aos 60. O relançamento dessas duas obras de Lia Salgado é de uma importância que vai muito além do próprio desejo de seus familiares em prestar-lhe uma homenagem. E eles, evidentemente, sabem disso, do valor artístico de uma grande intérprete. Ainda mais ao lado de Alceu Bocchino e Camargo Guarnieri, dois nomes de peso da música erudita brasileira, presentes não apenas nas músicas interpretadas, mas também (e principalmente) junto com a cantora, acompanhando-a ao piano. Vejam vocês a responsabilidade de Lia Salgado neste momento, gravando ao lado dos próprios autores. Mais que isso, a competência. Pois, poucos tiveram a oportunidade de estar em seu lugar, vivendo mais que um momento mágico, histórico! O presente álbum, em um delicado formato de livro, foi apresentado ao público a pouco mais de uma semana num lançamento acontecido no Museu Histórico Abílio Barreto, em Belo Horizonte. Este ‘mimo’ teve uma tiragem limitada e foi distribuído gratuitamente aos convidados e à diversos setores da cultura, além de bibliotecas e escolas. Sem dúvida, um ítem importante que enriquece nossos bancos de informação cultural.
Parabéns à família pela bela e necessária atitude, honrando não apenas à mãe e avó, mas também a um grande nome da música brasileira. Nós, os admiradores e amantes da boa música, só temos a agradecer. 🙂
Parte I
Ao piano: Alceu Bocchino e Camargo Guarnieri
amo-te muito
longe,bem longe
azulão
foi numa noite calmosa
quando uma flor desabrocha
canção das mães pretas
tayeras
aribu
segue-me
teus olhos verdes
vadeia caboclinho
Parte II
Ao piano: Alceu Bocchino
evocação
vida formosa
toada pra você
meu coração
cantiga de ninar
o doce nome de você
Ao piano: Camargo Guarnieri
pomba rola
viola quebrada
eu gosto de você
aceitei tua amizade
porque

Celio Balona – Imagens (1983)

Olá meus prezados amigos cultos e ocultos! Hoje eu me atrasei, mas ainda estamos em dia 😉 E o dia hoje está bom para a música instrumental de Célio Balona. Um artista que marca presença aqui pela terceira vez. Ao longo desse tempo vemos (e ouvimos) seus diversos momentos como instrumentista de primeira linha, escondido atrás das montanhas de Minas. Desta vez eu trago “Imagens”. Para mim, um de seus melhores discos, aquele pelo qual o artista será lembrado. Eu acredito que este trabalho só não ‘deslanchou’ por ter sido lançado de forma bem mineira, sem alardes. Só que no mundo da música, se não fizer barulho não chama atenção. O Balona nunca esteve muito preocupado com isso. Por certo, pelo seu talento, nunca lhe faltaram oportunidades, mas ele preferiu seguir pelas ‘Geraes’. Este álbum é algo que agrada de imediato. Música instrumental moderna de nível internacional, nada parecido com seus trabalhos anteriores. Um ‘fusion’ bem temperado com participações especiais de Ezequiel Lima, Mário Castelo, Nenen, Marcus Viana, Juarez Moreira e outros feras da música mineira. Discão!

imagens
cantiqua
choroso
grafitti
tropicana
estrelas e vagalumes
flor de verão
brasiliana

Biriba Boys (1969)

Olás! Hoje eu estou trazendo outro disquinho curioso, “Biriba Boys”, cujo o qual ainda não montei todas as peças de sua história. Eu bem que poderia me pontuar apenas no texto da contracapa, mas achei por bem correr atrás de mais alguns dados. Acabei complicando mais a situação. Ao procurar na rede informações sobre eles, me deparei com um dos pioneiros grupos jovens de música para bailes. Criado pelo maestro e pianista Sérgio Weiss no início dos anos 50, o Biriba Boys atuou durante os anos 50, 60 e início dos 70, quando ainda os bailes de clube eram a grande atração dos sábados e domingos. Foi o primeiro grupo a se apresentar de maneira informal, com roupas e estilo despojado. Faziam muito sucesso na época, principalmente em São Paulo e chegaram a percorrer vários clubes e festas particulares pelo Brasil. Pelo que eu pude entender, como conjunto para bailes, eles tocavam o que era sucesso e se reciclavam conforme às mudanças e estilos do momento. Ao longo do tempo eles passaram por mambos, chá-cha-chá, boleros, sambas, rock’n’roll… pela Bossa Nova e a Jovem Guarda. Chegaram a gravar discos de covers, mas em nenhuma das discografias encontradas aparece este álbum de 1969. Também não é citado em nenhum momento o nome de Sérgio Weiss. Taí a minha grande dúvida e confusão. Seria o mesmo Biriba Boys? Acredito que nesta época Sérgio já não estava mais fazendo parte do Biriba Boys, talvez envolvido com “Os Caçulas” ou o ‘Brasilia Modern Six”, dois outros grupos dele. Posso até estar enganado, mas tudo me leva a crer que foi assim.

Neste disco de 1969, temos um repertório variado, privilegiando temas internacionais e instrumentais. Mas também há espaço para a interpretação do ‘crooner’ e compositor Luiz Antonio – figura que mais tarde se destacaria na Europa, fazendo parte do grupo “Brasil Aquarius” (onde gravaram um disco na Espanha) e depois na França, em dupla com Rolando Farias, no irreverente “Les Etoiles”. Confiram aí e se puderem, complementem ou corrijam esta informação 😉
wade in the water
sentado a beira do caminho
together
sei lá
port mont (puerto mont)
border gate at tijuana
you showed me
knowing when to leave
e tuvoltarás num dia azul (il reviendrá le tres joli bateau)
romance de amor
petulia
prelúdio para um amor sem amor

Samba Rock – O Som Dos Blacks (1985)

Correndo contra o tempo, aqui vou eu rapidinho nesta sexta-feira, trazendo esta curiosa seleção musical denominada “Samba Rock – O Som dos Blacks”. Este ‘drops misto’ foi lançado pelo selo Copacabana (a Nova Copacabana) nos anos 80, correndo por fora no auge do ‘new wave’. Olhando assim de relance a gente vai logo pensando que vai encontrar a ‘soul music tupiniquim’, afinal, com um título tão sugestivo… Mas a Copacabana resolveu deixar a escolha musical por conta de um tal de Antonio Carlos (não me perguntequem é, pois eu nunca vi mais gordo). O cara até que não teve mal gosto, só que misturou pires de oliveira com pratinho de azeitona. Juntou rock, samba, reggae, funk, soul e ainda para completar o mexidão, deu uma pitada com hits internacionais. Ficou mesmo o trem mais estranho, que sinceramente não dá unidade ao disco. Porém, como 90% do lp tem artistas e músicas interessantes, vamos ingerir esta salada de frutas. Uma das grandes vantagens de coletâneas como esta é a de a vezes encontramos uma ou outra música que nunca chegou a lp. As vezes apenas em compactos e olhe lá… Confiram aí…

segura nêga – bebeto
rock around the clock – waldir calmon
chicken lickin’ – okie duke
crioulo glorificado – luis vagner
frutas e línguas – chico evangelista
be-bop-a-lula – lee jackson
hey amigo – o terço
everything you’ll ever need – swamp dogg
si manda (se manda) – jorge ben
mistre funk – miguel de deus
my pledge of love – joe jeffrey

Fabio Paes – Pensando Na Alegria (1984)

Bom dia! A semana passou depressa, eu quase nem percebi. Como já havia anunciado, a partir do dia 16 eu estarei de férias. Eu e o Toque Musical, que entra em recesso até o dia 30. No dia 31 estão todos convidados, no retorno, para comemorarmos juntos o terceiro ano do Toque Musical, completando nessa data 2 anos de atividades. Estranho falar assim, mas considerando que o blog iniciou em 2007, estamos no terceiro ano 🙂 Mas de existência e atividades ele está completando dois anos. Tô resistindo…

Vou fazer desta quinta-feira o Dia do Independente da semana, trazendo o poeta e compositor baiano Fábio Paes em seu primeiro lp, o “Pensando na alegria”. Fábio tem uma trajetória rica, iniciou sua carreira nos anos 70 em parceria com Raimundo Monte Santo, outro artista que não chegou a mostrar sua arte, vindo a falecer naquela mesma década. A partir dos anos 80 e com outros parceiros, Fábio retoma sua trilha, sempre ligada às raízes, cantando o sertão e os movimentos populares. Neste disco de estréia, muito bonito por sinal, temos canções feitas com parceiros ilustres que também participam do disco, como Elomar, Carlos Pita e Dércio Marques quem também dirigiu todo o trabalho. Vale a pena conferir esta raridade 😉
não tou só na natureza
batalha
arribação
pensando na alegria
boca fria / festa de moirão
forró de jaboatão (vinheta)
galope da manhã
canção da vida
truvejo
relampeio
forró de jaboatão
canto da serra

Raul Sampaio – Vai-se Um Amor E Vem Outro (1962)

Putz! Hoje quase que não sai… fiquei agarrado até agora. Vou então aproveitar a folga e mandar um de gaveta. Sem ficar escolhendo muito, fui logo puxando este disco do Raul Sampaio. Acho que foi uma boa opção, afinal é difícil ver e ouvir disco de artista por aí. Além do mais, parece que foi um pedido de alguém lá do meu inconsciente, me lembrando que segunda-feira passada foi aniversário dele. Completou 81 anos! Que bacana! Meus parabéns, Raul Sampaio!

Natural de Cachoeiro do Itapemirim, ele é mais um célebre cidadão da cidade capixaba. Conterrâneo de Roberto Carlos e tio de outro grande compositor, o Sérgio Sampaio. Iniciou a carreira nos anos 40 na dupla, que depois virou trio, Dois Valetes e Uma Dama, inspirado no famoso Trio de Ouro. Curiosamente, na segunda formação do trio de Herivelto Martins, Raul Sampaio seria um de seus integrantes juntamente com Lourdinha Bittencourt. Juntos, os três gravaram 30 discos de 78 rpm no período de 1952 a 64.
Este álbum foi lançado em 1962, trazendo entre outras o bolero “Vai-se um amor e vem outro” e o samba canção “Meu Cachoeiro”. Confira aí…
vai-se um amor e vem outro
transformação
a última tristeza
entre dois amores
noites cruéis
luz e sombra
deixa-me ficar
a procura de ti
estou perdido de amor
meu cachoeiro
ingratidão
falsidade

Trio Irakitan – Nossa Casa De Cha Cha Cha

Olá, meus prezados amigos cultos e ocultos. Sempre desnivelado e sem parâmetros, aqui estou eu desenterrando espíritos que encantam, surpreendem e também espantam. Tem gente que gosta, tem gente que não. Eu vou seguindo em frente… enfrentando crititicas e palavrões. Com já dizia o poeta Paulo César Pinheiro, “o importante é que a nossa emoção sobreviva”. A minha, eu garanto, está em ótima forma, obrigado!

Para hoje temos, mais uma vez, o excelente Trio Irakitan desfilando um repertório variado e bem conhecido de todos em ritmo de Cha-cha-cha. Mas afinal, (a pergunta que não quer se calar) o que é mesmo o Cha-cha-cha? Eu ainda tenho as minhas dúvidas :))) mas vou ficar apenas como sendo uma derivação dos ritmos cubanos que no início dos anos 60 estavam bombando por aqui (e pelo mundo, né?). E com não podia deixar de ser, um bom prato para um trio tão versátil quanto foi o Irakitan. Este disco é muito bacana, ótimo para uma festinha retrô e principalmente para relembrar e descontrair. Relaxa que encaixa 😉
neurastênico
dá nela
dama das camélias
de papo pro á
aurora
você
tem gato na tuba
chiquita bacana
china pau
a mulata é a tal
marina
coisa linda

Gastão Garcia – Sax Italiano (1964)

Bom dia! Começo a semana trazendo um álbum que poucos tiveram, talvez, a oportunidade de ouvir. Um disco raro, cuja as informações encontradas na rede se limitam apenas ao preço (120, no mínimo), fornecido por alguns sebos. Não há, definitivamente, qualquer outra informação, nem mesmo sobre o artista. O jeito será me pontuar pelas informações da própria capa. No verso encontramos um texto de apresentação deste artista. Gastão Garcia foi um saxofonista, possivelmente mineiro, que atuava na cidade de Governador Valadares. Tocava em boates e no Esporte Clube Ilusão, tradicional clube social da cidade. Gravou este que foi o seu primeiro disco no selo Polydor e pelo texto da contracapa seria uma promessa, um artista para desbundar no mercado fonográfico. Se aconteceu, ninguém sabe. Tudo se resume neste lp, cujo o qual nem data de lançamento consta. Eu suponho que “Sax Italiano” tenha sido lançado no início dos anos 60 ou final dos 50. O repertório, como tudo indica, é de músicas italianas. Uma seleção das premiadas no famoso Festival de San Remo, evento anual da música que acontece naquele país desde 1951. As qualidades musicais de Gastão Garcia são inegáveis. Ele toca seu saxofone com maestria e sem querer comparar, nos faz lembrar o grande Moacyr Silva. Confiram aí e se possível comentem e complementem esta postagem 🙂 Toda informação é sempre bem vinda 😉

al di la
piove
io sono il vento
viale d’autunno
addio… addio
amor, mon amour, my love
aprite le finestre
romantica
tnbo italiano
una per tutte
nel blu dipinto di blu
l’edera

Roberto Luna – Luna Canta Para Você (1959)

…E porque hoje é domingo, vamos de volta ao túnel do tempo. Desta vez trazendo o cantor Roberto Luna. Há algum tempo atrás um de nossos visitantes mencionou este artista, sugerindo uma postagem. Eis que finalmente chegou a vez.

Luna nasceu Valdemar Farias, em 1929 na Paraíba. Começou a carreira artística no no final dos anos 40 como ‘crooner‘ de orquestra, cantando em boates, clubes e em seguida no rádio. Gravou seu primeiro disco em 52 pelo selo Star, passando pela Copacabana e Odeon. Em 58 assinou com a RGE onde gravou várias bolachas de 78 rpm. “Luna canta para você” foi seu primeiro lp, lançado em 1959, reunindo entre outras, gravações dos discos anteriores pela RGE. Continuou gravando discos até o início dos anos 70, depois parou de vez, se dedicando apenas a apresentações. Contam que parte de sua discografia chegou a ser relançada em cd. Eu confesso que nunca vi nada além de coletâneas. Este álbum é talvez um de seus melhores discos. Tem um repertório fino que inclui por exemplo Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Dolores Duran. Confiram aí…
o relógio
serenata do adeus
tempo será
tuas cartas
por onde andarão os teus olhos
bom café
céu
soneto da felicidade
chovia
estrada branca
castigo
o céu perdoa

Grande Baile N.3 (196?)

Porque hoje é sábado… Sábado já foi dia de baile, hoje virou ‘balada’. Mas ainda temos os grandes bailes, festas para dançar a dois. O que se vê nos dias atuais como uma festa de bailado é o forró. Pelo menos esse ainda existe, graças à Deus! Ainda é possível dançar coladinho com seu par. Ô tempo bom aquele… e olha que nessa época não havia ainda a desculpa do celular no bolso. Tinha nego que dizia que era o pente. “Pente o quê! Aquilo era um escovão!”, dizia a parceira hehehe… Tempo bom, heim?

Pois é, foi me lembrando dessas coisas que eu acabei trazendo mais um volume do “Grande Baile”. O certo seria entrar agora com o volume 2, mas esse eu não tenho. Daí vamos com o terceiro que é tão bom quanto o primeiro. Estão reunidos também neste volume alguns do maiores grupos de baile dos anos 60. Como cabe aos grupos de baile um eclético repertório, aqui também temos uma boa variedade musical. Vale a pena conferir, pois esses nunca tiveram uma segunda chance. Raridade total!
st. louis blues – gold piston and his orchestra
la mer – orquestra romântica dicastro
c’est si bon – orquestra romântica dicastro
poema do adeus – conjunto bossa bessa
é luxo só – dudú e seu conjunto
bim bam bum – orquestra la cubanchera
caravan – orquestra romântica dicastro
it’s romantic – gold piston and his orchestra
te quiero dijiste – star boys
só danço samba – fred e richard
mister bossa nova – fred e richard
atire a primeira pedra – conjunto bossa bessa

Luiz Celso & Jorge Murad – Bens (1986)

Bom dia a todos! Antes que a semana acabe e para não dizer que não falei de flores, tenho aqui um mineirinho independente. Embora tenhamos ficado sem postagens na semana passada para os artistas independentes, não quer dizer que a idéia acabou. Continuamos trazendo aqui, antigos ou novos artistas que buscam outros caminhos para chegarem ao disco.

Desta vez temos a dupla Luiz Celso e Jorge Murad. Desses dois eu não sei muita coisa além do que temos no encarte do lp. São músicos mineiros, possivelmente da cidade de Itajubá. O disco foi produzido pelo Diretório Acadêmico da AFEI, com apoio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. Foi gravado no Estúdio Bemol, sob os cuidados do Dirceu Cheib, no início de 1986. Luiz e Jorge conseguiram lançar este álbum, também graças ao projeto de construção do Centro Cultural de Itajubá. O dinheiro arrecadado com a venda deste disco seria o de juntar recursos para as obras desse espaço. Não sei dizer se o Centro Cultural chegou às vias de fato. O certo, e o que nos interessa mais, é que o disco é muito bom. Bem acima da média de muita coisa independente feita naquela época. Um álbum acústico, singelo e extremamente agradável. Letras e músicas bem compostas. Coisa bem de mineiro. Me faz lembrar entre outros o grupo Boca Livre, Burnier & Cartier ou ainda a dupla Alberto Rosenblit & Mário Adnet. Confiram…
bens
estrada de terra
ventos de maio
claro
de volta às galerias
amanheceu
velha estação
recado
canto forte
saudades de minas
bananíadas
mário

Jograis De São Paulo – Moderna Poesia Brasileira (1956)

Olá amigos cultos, ocultos e demais visitantes! Inicialmente eu gostaria de pedir as minhas desculpas pela infinidade de erros ortográficos que vez por outra eu cometo aqui no blog. Aliás, meus erros não ficam só nisso. Eu sei bem das minhas falhas e limitações, mas tenho procurado sempre corrigir, melhorar e me lapidar. Minha pretensão ao escrever textos que acompanham a publicação dos discos se fez pela própria necessidade que vejo de alguma informação paralela ou explicativa na postagem. Obviamente, para se fazer um trabalho dessa forma o ‘cabra’ tem que saber escrever. Eu sempre gostei mais de falar e diferente da escrita, a fala em sua informalidade é sempre cheia de erros. Este blog procura manter a informalidade de uma maneira de expressar muito pessoal. Ao passar da forma oral para a escrita, acabo trazendo os erros e vícios da minha fala. Isto não justifica erros bôbos como confundir “enfrente” com “em frente”. É mesmo uma falha, um mal hábito que só corrigimos depois de tomarmos na cabeça várias vezes. Mas como disse um de nossos frequentadores, “só erra quem faz”. A gente vai errando, fazendo e aprendendo…

E por falar em letras, palavras e frases, que tal um disco de poesias? Hoje eu tenho o prazer de trazer um disco que a cada dia ao ouví-lo me parece ainda mais bonito. Hoje temos aqui os Jograis de São Paulo, um grupo inspirado nas tradições dos jograis de poesia da Idade Média, idealizado pelo ator, diretor e autor, Ruy Affonso. Os Jograis de São Paulo estrearam em 1955, no Teatro de Arena, em São Paulo. O grupo, inicialmente foi formado por Rubens de Falco, Armando Bogus, Carlos Vergueiro e Ruy Affonso. Ao longo de quase três décadas de existência passaram pelo Jogral outros diversos atores como Carlos Zara, Felipe Wagner, Fulvio Stefanini, Raul Cortez, Ítalo Rossi e muitos mais. Não vou entrar em detalhes, esperando que vocês vistem o site dedicado ao Jogral de São Paulo. Nele vocês irão encontrar mais informações sobre o grupo e poderão ouvir ‘on line’, além deste disco que eu estou postando, outros trabalhos do grupo. Quem gosta de poesia não pode perder esse toque.

A bolachinha que temos aqui foi o disco de estréia, lançado em 56 pelo selo de Irineu Garcia, o excelente Festa. Nele temos a interpretação de alguns dos maiores nomes da moderna poesia brasileira. Um trabalho de fôlego e bastante inovador para a época. Adorável! Confiram…
carnaval carioca – mário de andrade
evocação do recife – manuel bandeira
catimbó – ascenso ferreira
poema – augusto frederico schimidt
josé – carlos drummond de andrade
o estrangeiro – guilherme de almeida
canção de alta noite – cecília meireles
jandira – murilo mendes
o dia da criação – vinicius de moraes
o alto – mário de andrade

Bolão – Forró Do Bolão (1979)

Olá! Estamos entrando hoje no mês em que o Toque Musical completa dois anos de existência. Ainda vou preparar o bolo, a festa e covidar mais alguns amigos cultos e ocultos. Aliás, como presente de aniversário eu estou dando ao blog 15 dias de férias. Isto que dizer que na segunda quinzena deste mês nós não teremos postagens. Elas voltam justamente no dia 31 de julho, data do início de nossas atividades.

E por falar em bolo, eu hoje estou postando um disco do Bolão. Taí, um lp raro, diferente e para variar, sem muitas informações. Mas afinal, quem é este Bolão? Na música brasileira eu conheço pelo menos uns três. Pesquisando rapidamente cheguei a uns cinco. De todos, acho que o mais provável é mesmo o Isidoro Longano, clarinetista, saxofonista e também flautista. Um instrumentista de bola cheia, que já tocou com os mais diversos artistas brasileiros. Seu sopro está presente também em outros tantos discos e normalmente aparece apenas como “Bolão”. Isidoro foi também um dos pioneiros do rock’n’roll tupiniquim. Iniciou sua carreira nos anos 40, integrando várias orquestras de bailes. Nos anos 50 e 60 enveredou para lado do rock, gravando o lp Bolão e Seus Rockettes – Viva a Brotolândia, disco este já postado no Toque Musical em janeiro de 2008. Também atuou com pseudônimos de Bob Longano e Edward Long e fez parte do grupo The Crazy Cats. Em 1976 ele tocou com o Made In Brazil no disco “Jack, O Estripador”. Foi também professor de muitos músicos e atuou como instrumentista de estúdio, sendo pau para toda obra. Um músico desse quilate não podia ficar só no rock, pelo menos no que diz ao seu trabalho multifacetado. Embora sem qualquer outra informação, posso afirmar que este disco é mesmo do Isidoro Longano. Um álbum basicamente pautado no instrumental, onde a referencia rítmica é o forró. Há inclusive a participação especial de Dominguinhos. Sem sombras de dúvida, um disco nota 10! Se vocês ainda não o viram rodando em outras fontes, chega mais, porque aqui é 320! 😉


forró do zé pirrita
discotheque no forró
forró do zé lagoa
forró do seu vavá
lá vai forró
até a guela
tenho sede
carta a mãeinha
fortaleza e ceará
não vou lá
não ligo isso
o bom tocador


Noel Rosa – Uma Rosa Para Noel – 50 Anos Depois (1987)

Bom dia Cultos e Ocultos, gente de todo o mundo! Sei que vocês não tem nada com isso, mas apenas para justificar. Meu tempo anda curtíssimo e com isso acabo sem ter como preparar devidamente as minhas postagens. Estou tendo que recorrer aos meus arquivos de gaveta e em alguns casos, percebo que os mesmos precisavam de uma revisão. Infelizmente e de imediato não poderei fazer muita coisa. Vida de blogueiro não é só ficar direto na frente de um computador. Peço a todos paciência. O mingau de vez enquanto é de araruta.

Para hoje então, temos este disquinho curioso, lançado pela gravadora Continental em 1987, celebrando o Poeta da Vila, no cinquentenário de sua morte. A curiosidade vai por conta do trabalho de mixagem que fundiu suas antigas gravações, realizadas entre 1931 e 33, com outra recente, seguinda a risco pelo maestro Edson José Alves, responsável pelos arranjos e reconstituição instrumental. O resultado desta fusão é bem interessante, muito embora, a diferença de som tenha gerado algumas distorções. Há momentos que o som do antigo distorce. Pensei que fosse um problema na minha digitalização, mas percebo que ela está no próprio disco. Como estou meio corrido, não terei tempo para os ajustes. Gostaria que vocês conferissem e me dessem um retorno. Tentarei mais tarde ripá-lo novamente, caso necessário.
positivismo
mentiras de mulher
coisas nossas
devo esquecer
vejo amanhecer
mulher indigesta
felicidade
gago apaixonado

Luiz Wanderley – Baiano Burro Nasce Morto (1959)

Bom dia gente do Brasil e do mundo! Começamos a semana muito bem, ainda impregnado com a cultura nordestina, estou trazendo hoje um disco que tem tudo a ver. Alguém aqui se lembra do Luiz Wanderley? Provavelmente poucos. Eu também já nem me lembrava desse ‘peça rara’, um cabra que fez sucesso nos anos 50 e 60. Cantor e compositor, Luiz Wanderley iniciou sua carreira nos aos 50 quando foi para o Rio de Janeiro. Ele era alfaiate. Começou como cantor de orquestra no bairro da Lapa. Depois foi para o rádio e daí então passou a fazer sucesso com seu gênero bem popular. Gravou diversos discos em 78 rotações. Seu maior sucesso como cantor foi “Baiano burro nasce morto”, composição do sambista baiano Gordurinha. Outro grande sucesso foi “Matuto transviado”, também conhecida como “Coronel Antonio Bento”, música feita em parceria com João do Vale e que veio a se tornar conhecida nacionalmente através de Tim Maia.

Neste álbum, que foi o seu primeiro lp, temos reunidas essas e outras gravações que ele fez durante os anos 50 em bolachas de 78 rpm. O lp, embora sem data e sem registro em sua discografia, foi lançado entre 59 e 60. Acredito também que ele chegou a ser relançado tempos depois, ainda em vinil. Trata-se de uma raridade que vale ser conferida.
baiano burro nasce morto
moça velha
que vontade de cumê goiaba
por onde deus passa
moisés da prestação
bode cheiroso
trabalhadores do brasil
matuto transviado
boi na cajarana
chora menino
rosário de amargura
cadeia da vila

Jackson Do Pandeiro – Nossas Raízes (1974)

Olá meus prezados amigos, cultos e ocultos. Mais uma vez, na tentativa de espantar a friagem, vamos forrozar. Começamos a semana com alguns discos para quadrilha e festas juninas, que por sinal continuam tendo uma boa saída, principalmente para aqueles que entendem que mesmo numa produção popular e comercial, também se extrai coisas boas. Acho que o texto das últimas postagens, comentando sobre os artifícios da CID, tiraram um pouco o tesão daqueles que olham a coisa só na superfície. Assim, sem fazermos uma mudança radical nos estilos e postagens, resolvi incluir um disco da Marinês e hoje um do Jackson do Pandeiro. Agora, alguns, já não vão mais torcer o nariz. Espero…

Taí então, para o nosso domingo especial, um disco do genial Jackson do Pandeiro. Este é mais um exclusivo que agora, num toque musical, resurge para a felicidade de todos. “Nossas Raízes” foi um lp lançado em 1974, pelo selo Alvorada. Nele temos o Rei do Ritmo acompanhado pelo Conjunto Borborema. Acredito que este disco nunca chegou a ser relançado. Apenas algumas músicas vieram mais tarde a fazer parte de coletâneas. Salvo o engano. Ficou apenas uma curiosidade que diz respeito à música “O bem amado” de Antonio Barros e José Gomes Filho. Esta foi feita de encomenda para o Odorico Paragussú, personagem principal da novela da Globo com o mesmo nome. Acontece que ela não faz parte da trilha original, que é de Toquinho e Vinicius. Fiquei sem entender… Seria mesmo uma encomenda que acabou não vngando? Alguém saberia me dizer? Quem quiser, pode comentar, não vai ficar mais caro 😉
sou invocado
vou de tutano
mundo de paz e amor
o que vai com a maré
coração bateu
forrobodó
o rei pelé
quero aprender
eu vim de longe
o samba e o pandeiro
minha zabelê
o bem amado

Marinês – Meu Carirí (1976)

Olás! Já que a festança está boa, vamos até o fim da semana neste ritmo. Ninguém reclamou, sigamos em frente que a fogueira está queimando…

Nos últimos dias tivemos aqui dois personagens, o Coroné Pereira e o Zeferino, inspirados num misto de caipira e nordestino, figuras comuns às tradições de festejos joaninos. As festas juninas estão presente em todo o Brasil, mas se concentram mais no sudeste e nordeste, onde as tradições são ainda mais fortes. E nessa de “fulando de tal e sua gente’, acabei me lembrando da Marinês e Sua Gente. Êta forró arretado de bão! Daí não de outra… Marinês na cabeça! Ou melhor, na postagem do dia. Ainda mais num sabadão como este. Tá na festa! 🙂
Marinês foi a primeira mulher a formar um grupo de forró. Recebeu merecidamente o título de “A Rainha do Xaxado”. Ao lado de Luiz Gonzaga ela hoje se tornou um mito da música nordestina. Era inclusive chamada de “Luiz Gonzaga de Saia”. Sua fase de maior sucesso foi nos anos 50 e 60, mas nas décadas seguintes ela continuou sempre muito ativa, principalmente no norte do país.
“Meu Carirí” foi um álbum lançado (supostamente) em 1976 pela CBS, através do selo Veleiro. Nele encontramos uma espécie de coletânea, reunindo entre novas gravações outras lançadas em discos anteriores pela mesma gravadora. Um disco bem no clima e no espírito das festas de São João, mas serve para qualquer outro momento. Vai um quentão aí?
meu carirí
nordeste valente
só pra machucar
matando na unha
explosão
desse jeito não dá pé
sou o estopim
nosso amor foi uma aposta
cerca velha
casa de marimbondo
e a sêca continua
vivendo e aprendendo
sem vergonheira
amor sem fim

Zeferino & Sua Gente – Isto É Que É São João (1976)

Bom dia! Para darmos por completa nossa missão junina/joanina, finalizo com mais um disquinho da CID/Itamaraty, na mesma linha do anterior. Aliás, verificando agora neste instante, percebo que quase a metade das músicas deste lp estão contidas no que foi postado ontem. Daí a prova inquestionável dos tais artifícios da CID para lançar seus álbuns datados e criar artistas fictícios. O nosso Zeferino (e Sua Gente) é mais uma invenção da lavra de Harry Zuckermann. E pela capa”Isto é que é São João” podemos ver que ele já é o oitavo volume. Mas conforme às ‘peripécias’ desta gravadora, este pequeno detalhe pode também ser desconsiderado. De verdadeiro e autêntico aqui só mesmo a música, a redentora de todos os males, inclusive das produções ‘capengas’ que visam apenas um bom negócio. Eu digo isso, mas no fundo até entendo a posição comercial da gravadora. Álbuns como este são criados com esta intenção, apenas para marcarem presença numa determinada data de celebração. Em geral, o público consumidor não está interessado na ficha técnica do trabalho e a própria gravadora não os classifica como lançamentos autorais por serem registros de acervo, cujos intérpretes são músicos/artistas contratados apenas para a execução, sem maiores ‘status’.

Segue assim o “Isto é que é São João”, reforçando, complementando e finalizando nossa trilha musical para quadrilha de 2009. Putz! Depois dessa, me deu uma vontade de tomar uma Coca-Cola, não sei porquê… 🙂
lá vem são joão
forró de carretel
quadrilha brasileira
olha pro céu
noites de junho
capelinha de melão
cai, cai balão
noites brasileiras
chegou a hora da fogueira
a roça é nossa
o sanfoneiro só tocava isso
anarié no arraiá
antonio, pedro e joão
pula fogueira
prece a santo antonio

Coroné Pereira E Sua Gente – Pula Fogueira – Quadrilha Marcada (1978)

Olás! Ainda no espírito das festas joaninas, tenho aqui mais um bom disquinho para animar a festança. Desta vez vamos com este lp do possível Coroné Pereira e Sua Gente. Digo possível porque nos discos da CID/Itamaraty as vezes se usava de artifícios como a criação de um nome artístico para compor trabalhos meramente comerciais. Discos temáticos, de celebração e populares eram um dos pontos fortes da gravadora de Harry Zuckermann. Suponho que o tal Coroné Pereira seja apenas um nome fictício, para dar uma certa identidade e intencionalidade à este trabalho. Embora fique claro o intuito comercial e oportunista deste disco, ele não deixa de ter seus encantos e dotes de qualidade através dos anônimos artistas/músicos e das músicas que nele aparecem.

Vai fazer uma festinha particular? Não deixe o Coroné Pereira faltar. É animação garantida!
quadrilha brasileira
capelinha de melão
cai, cai balão
noites brasileiras
o sanfoneiro só tocava isso
antonio, pedro e joão
pula a fogueira
chgou a hora da fogueira
a roça é nossa
é proibido cochilar
o xamego é da mulata
calango longo
sebastiana capim novo

Luiz Gonzaga – Quadrilhas E Marchinhas Juninas (1973)

Bom, já que entramos na quadrilha, vamos dançar! Desta vez trazendo uma autoridade no assunto e assuntos, o grande Lua. Temos para hoje este álbum do Luiz Gonzaga lançado pela RCA, originalmente em 1965 e que em 73 foi relançado com esta capinha. Um disco dedicado às tradições joaninas, aos festejos de São João e às noites estreladas.

Neste exato instante percebo que nosso disco está que nem bolacha (em qualquer blog se acha). Mas como sempre, no Toque Musical há um diferencial. Aqui vem completo e com direito a pé de moleque, quentão e milho cozido. Tá bom ou querem também dançar com a Rosinha? 😉

fim de festa
polca fogueteira
lascando cano
pagode russo
fogueira de são joão
olha pro céu
são joão na roça
fogo sem fuzil
quero chá
matuto de opinião
boi bumbá
o mair tocador
piriri

Alberto Calçada – Vamos Dançar A Quadrilha (1969)

Nesta semana, um de nossos visitantes me chamou a atenção para o fato de que estamos em junho e que faltava aqui uma postagem dedicada às festas juninas, que acontecem pelo Brasil a fora. A verdade é que eu realmente havia me esquecido, embora eu veja tantas festas e quadrilhas pipocando aqui para os meus lados. Até o meu filhote vai dançar quadrilha na escola e eu nem me toquei. Mas nunca é tarde para um forró. Aliás, cheguei mesmo numa boa hora e vou garantir nos próximos dias uma boa trilha para esta festa.

Inicio com este típico disco para dançar quadrilha. Um álbum perfeito, sem pausa, como manda o figurinho… Feito para dançar! Alberto Calçada, seu acordeon e conjunto dão o tom da festa. Acompanha aqui e no disco o esquema das danças para quem quer seguir a risco as tradições.
Como no texto da contracapa deste disco, eu também comungo da idéia de que não devemos dizer “Festas Juninas” e sim “Festas Joaninas”, pelo fato de que as celebrações existem em função do ciclo de São João, que embora seja no mês de junho, também se extende por julho. Além do mais, a expressão “Festa Joanina” é que é a tradicional. Vamos então manter as tradições, não é mesmo? 🙂