Christophe Rousseau – Na Casa Do Músico (2009)

Bonjour! Hoje meu dia vai ser foda! Daí, serei ainda mais vespertino, agilizando para não ficar no atraso. Tenho uma boa surpresa, que preparei ao longo da semana.
Apresento a vocês o franco-uruguaio-carioca, Christophe Rousseau, um artista independente que vive entre o Brasil e a Europa. Ele passa seis meses na França, tocando em diversos lugares e nos outros seis ele está no Rio. Chris é uma figura conhecida do blog. Foi através dele que o Toque Musical lançou as polêmicas fitas de João Gilberto na casa de Chico Pereira. Desta vez ele volta às nossas postagens, mas como um artista, o elemento principal.
Há pouco mais de um mês ele me mostrou essas gravações despretensiosas que fez no Estúdio Casa do Músico, em São Gonçalo, Rio. De maneira bem intimista ele toca violão e canta, demonstrando muito bom gosto e qualidade. As gravações não foram feitas com a intenção de irem a público, percebe-se logo que são apenas ensaios. Mesmo assim ficou muito legal e eu insisti em apresenta-lo como se fosse um álbum de verdade. Criei a capinha com a arte em anexo, como qualquer outro álbum. Espero que vocês gostem do resultado e caso alguém tenha interesse em contratar o Christophe, o contato segue na embalagem. Pode chamar que vai ser show 😉

joão e maria
la javanaise
sorry seems to be the hardest world
l’écran noir de mes nuits blanches
j’ai rendez-vouz avec vous
dansez sur moi
les petits pavés
l’orage
the man i love
il faut tourner la page
dans mon ile
jeanne la française
le sud
ne me quittes pas
les moulins de mon coeur
nature boy
muito a vontade
bebê
c’était pour jouer
carinhoso

Dila – Podes Crer Bicho, Esta Mulata Canta “Paca”(1971)

Olá amigos cultos e ocultos, bom dia! Aqui vou trazendo para vocês mais uma grande raridade. Um álbum/arquivo que me acompanha desde outras encarnações ‘bloguísticas’.
Temos aqui a cantora Dila, revelação no início dos anos 70, mas que acabou ficando na promessa. Eu digo isso partindo do lacônico texto no verso da capa do disco, onde o compositor Arnoldo Medeiros nos apresenta a cantora. Nele, Dila é apontada como a intérprete esperada, do nível de Leny Andrade (ups!). Realmente, Dila é uma excelente cantora, mas me lembrou mais a Elis Regina (sem comparações, por favor!), talvez pela interpretação de “Madalena” de Ivan Lins, música a qual ela canta buscando a mesma garra da Pimentinha, talvez até por influências, sei lá… Mas percebe-se logo que ela tem uma identidade própria. E o fato é que a cantora realmente ‘bota pra quebrar’ ao lado de feras como Durval Ferreira na guitarra/violão, Romildo Cardoso no contrabaixo, Sidney no piano e Fernando e Horácio na bateria e percussão. Há também a presença de metais, sax e piston, mas no lp não temos informações. Segundo me foi informado, a cantora Dila faleceu pouco tempo depois do lançamento deste disco em um acidente de automóvel. Um pena, pois ela era mesmo uma cantora para botar banca.

inez
adeus bonfim
madalena
fim de papo
saberás
o morro não tem vez
como é que é bicho?
as paredes têm ouvidos
festa para um rei negro (samba enredo do salgueiro/71)
seleção de mangueira
perdoei
refém da solidão
.

Paulinho Nogueira – Violão E Samba (1979)

Olá! Quando eu comentei que esta seria uma semana sortida, foi muito em função do meu tempo para as postagens. Só mesmo quem tem um blog de música pode saber como isso dá trabalho e toma tempo da gente. Por isso, a razão do sortido (como se já não fosse) é que neste mês estou tendo que recorrer aos ‘arquivos de gaveta’ e alguns pré-prontos já agendados.
Hoje temos aqui e novamente o violonista Paulinho Nogueira, figura que dá um bom ‘ibope’ e resgata a credibilidade de qualquer blog. Não que o Toque Musical esteja precisando, pois variedades musicais e fonográficas foi sempre a nossa meta.
Segue assim este álbum de Paulinho, originalmente lançado em 1973 pela Continental e relançado seis anos depois pela mesma gravadora, mas com o selo Phonodisc. “Violão e Samba” é realmente uma joia instrumental. Um lp com um repertório fino de sambas bem conhecidos de todos nós. Tem, além de duas únicas composições próprias, Vinícius, Toquinho, Pixinguinha, Sérgio Ricardo, Chico Buarque, Fernando Lôbo, Tom e outros mais… Joia, joia, joia…

lamentos
mais um adeus
desespero
chuvas de verão
jogo de xadrez
rosa dos ventos
águas de março
zelão
da cor do pecado
a mesma rosa amarela
tímido
eu sei que vou te amar
 
 

Roberto Carlos – En Inglés (1981)

Manhã fria, anunciando o inverno que se aproxima. Está ficando cada vez mais difícil levantar da cama. Mesmo assim procurarei manter as postagens matinais, acompanhado por uma boa xícara de chocolate bem quente ou mesmo uma de café feito na hora. Meu fraco é chocolate e café forte, fico logo animadinho 🙂
Nesta semana, como eu já avisei, teremos um drops sortido com sabores variados a cada bala. Já andei separando algumas coisas para ir postando ao longo dos dias e para variar, agradando à gregos, troianos, mineiros e baianos. Você que é de outro estado, país ou região também pode se manifestar. Aqui tem para bregas, chics, sofisticados, eruditos, cultos e ocultos.
Desta vez nós iremos com o Roberto Carlos em um disco que só está aqui pela curiosidade. Trata-se de um dos muitos álbuns que ele gravou para o mercado internacional. Este, em especial, me chamou a atenção. Gravado em inglês para o mercado latino americano, mais especificamente o argentino (impressionante como os argentinos gostam de falar inglês!). O álbum vem recheado de ‘pérolas’ ultra-românticas, retiradas ou transpostas para ‘el inglés’, que fazem a alegria deste público poliglota, afinado com músicas do tipo Morris Albert (lembram dele?). Aliás, nesse sentido o Morris Albert foi mais original, compôs diretamente em inglês e com certeza vendeu mais lá fora que o nosso Bob. O certo é que este álbum foi produzido para levar a música de Roberto Carlos para além do horizonte e fazer um milhão de amigos, coisa que sem dúvida ele conseguiu. Por outro lado ele deixou orfãos, muitos daqueles que o seguiam na década anterior. Eu por exemplo, fui parar na Febem e acabei me tornando um revoltado. Estão vendo só no que dá um abandono? hehehe… :)))

honestly (falando sério)
at peace in your smile (na paz do seu sorriso)
loneliness
sail away
niagara
buttons on your blouse (os seus botões)
breakfast (café da manhã)
come to me tonight
you will remember me (detalhes)
it’s me again

Miltinho – Miltiño – Dulce Veneno (1964)

Buenos dias! Estamos de volta à salada mista, numa semana bem variada para agradar à gregos e troianos. A semana passada foi ‘o fino’, com uma pequena amostra da erudição brasileira. Para aqueles que gostaram (e para os que não gostaram também), em breve teremos mais. Talvez ainda nesta semana de ‘drops sortidos’ entre mais algumas dessas raridades.
E por falar em raridade, coisa que pouco se vê aqui no Toque Musical (he, he he…), hoje teremos o tão prometido Miltinho cantando em espanhol. “Dulce Veneno” foi um álbum lançado na Venezuela em sua fase latino-americana. Ele gravou chegou a gravar uns dez discos de músicas brasileiras em espanhol, sendo lançados em vários países da América Latina. Até hoje ele ainda é muito lembrado e querido por esse público. Recentemente me enviaram um cd onde estão reunidos alguns de seus melhores momentos em ‘castellano’. Se “Dulce Veneno” for do agrado, postarei o cd também, é só pedir. Pessoalmente, eu prefiro o Miltinho no samba, mas esses já foram bem explorados, tanto aqui como em outros blogs. Vamos a escuchar? 🙂

dulce veneno
lastima me das
por qu no te quedas
delirio
estoy solo
del mismo barrio
el divorcio
otra copa
por que no te vas
quien yo quiero no me quiere
confidencia
todo de mi

Zequinha De Abreu – Evocação I – Interpretado Por Jacques Klein & Ezequiel Moreira (1979)

Sinalizando para outros gêneros, vou agora trazendo este álbum muito interessante, que com certeza irá agradar aos meus amigos cultos e os ocultos também. Vamos hoje conhecer um pouco a obra de Zequinha de Abreu, um dos grandes compositores brasileiros do início do século vinte.
José Gomes de Abreu foi um dos maiores compositores de valsinhas e choros. É o autor do famoso choro “Tico-Tico no Fubá”, que foi muito divulgado no exterior, nos anos 40 por Carmen Miranda, sendo uma das músicas brasileiras mais conhecidas.
O disco que hoje eu apresento é uma homenagem ao compositor, feito por dois renomados instrumentistas, os pianistas clássicos Jacques Klein e Ezequiel Moreira. Segundo o texto que acompanha o álbum, “trata-se de uma experiência descontraída, um lírico intervalo na carreira de dois músicos eruditos” E mais, e em síntese, “são quatro mãos ágeis que passeiam pela obra de Zequinha de Abreu tão a vontade como se fossem tico-ticos no fubá”. Os arranjos para piano de todas as composições são de Francisco Mignone. Belíssimos! Pode conferir… 😉

os pintinhos no terreiro
rosa desfolhada
longe dos olhos
não me toques
último beijo
branca
levanta poeira
amando sobre o mar
tardes em lindóia
tico-tico no fubá

Hekel Tavares – 2 Concertos Em Formas Brasileiras (195…)

Olá! Eu finalmente consegui um tempinho para a postagem do dia. Foi sorte, pois eu não pensava que conseguiria fazê-la hoje. Viajando e longe meu computador, ficou difícil manter a rotina. Felizmente eu já havia preparado este disco, levando-o comigo na gaveta, para uma eventual possibilidade, como está sendo agora.
Tenho para vocês um dos grandes (e esquecidos) nomes da nossa música, o maestro e compositor Hekel Tavares, músico que sempre transitou, como Radamés Gnatalli, no popular e no erudito. Autor de mais de uma centena de músicas entre canções, toadas sertanejas, maracatus, coco, fox-trot e também obras sinfônicas e peças eruditas como este “Concerto Para Piano E Orquestra Em Formas Brasileiras”, uma obra reconhecida mundialmente, de 1941.
A música Hekel Tavares é considerada neo-romântica e essencialmente ligada à cultura brasileira. Seus temas, refletem o contato direto com as manifestações nordestinas em reizados, congadas, maracatus, bumba-meu-boi, nau catarineta e toda sorte de ritmos, cores e sons. Muitas de suas composições, hoje em dia, são cantandas e consideradas erradamente como peças folclóricas ou de domínio público. Foi numa dessas que o cantor Fagner se deu mal, respondendo a um processo, ao gravar sem os devidos créditos a música de Hekel, a famosa “Penas do Tiê”, que na verdade se chama “Você”. Curiosamente, este caso só foi descoberto 26 anos depois e ninguém até então havia se tocado da ‘apropriação’ do cantor. Taí uma prova incontestável da falta de memória do nosso povo. (Ou seria uma falta de cultura musical?)
Segue aqui este disco raro, gravado possivelmente no final dos anos 50, com a obra maior de Hekel, o “Concerto Para Piano E Orquestra Em Formas Brasileiras – opus 105 n. 2” e também 0 “Concerto Para Violino E Orquestra Em Formas Brasileiras – opus 107 n. 4. Neste, temos o próprio autor regendo a Orquestra Sinfônica Nacional e a seu lado os solistas Oscar Borgerth para violino e Souza Lima para piano. Toque aí, que eu recomendo…

concerto p/ violino e orquestra em formas brasileiras – ops 107 n. 4
modinha – 1º mov. – andante com moto allegro
louvação – 2º mov. – lento
ponteio – 3º mov. allegro risoluto – sostenuto – allegro vivace
.
concerto p/ piano e orquestra em formas brasileiras – ops 105 n. 2
modinha – 1º mov. – tempo di batuque – lento con simplicitá
ponteiro – 2º mov. – largo – molto contabile ed expressivo
maracatú – 3º mov. – lento, ma vigoroso

Arthur Moreira Lima – De Repente (1984)

De repente, eis que chegamos ao Dia do Independente (até rimou). Como estamos na semana dedicada à música erudita, o certo é que sejamos coerente, trazendo um disco do gênero e numa produção paralela. Temos então este álbum independente do pianista Arthur Moreira Lima, gravado nos Estados Unidos e lançado no Brasil pela L’Art Produções Artísticas, com capa e texto de Millor Fernandes. Este não é exatamente um disco de música erudita. A erudição está apenas no modo de tocar e na formação desse grande instrumentista, reconhecido mundialmente. As faixas trazidas no lp, como se pode ver logo a baixo, são em sua maioria de músicas populares e bem conhecidas do público. O álbum, também chamado “Retratos 3×4 de alguns amigos 6×9”, numa analogia fotográfica, refere-se ao seu singelo trabalho solo interpretando grandes compositores como Villa Lobos, Chico Buarque, Noel e Vadico, Radamés, Pixinguinha e outros mais… Disquinho bacana, confira…

tico-tico no fubá
vaidosa n.1
conversa de botequim
teclas e dedos
feitiço da vila
batuque
valsinha
canhoto
a condessa
therezinha de jesus
ave maria
carinhoso

Bidu Saião – Bachianas Brasileiras N. 5 (1973)

Dentro da semana dos eruditos, tenho para hoje a soprano brasileira mais famosa de todos os tempos, Bidú Sayão. Ela foi a primeira cantora brasileira a se apresentar no Metropolitan de Nova York, local onde trabalhou, entre 1937 e 52. Iniciou sua carreira na adolescência, indo estudar na França com Jean Reszke. Seguiu depois para Roma, onde teve contato e novas lições com La Corelli, Gemma Bellincioni, Marcel Journet, Titta Ruffo, entre outros nomes da ópera italiana. Nos anos trinta foi a passeio para os Estados Unidos e por lá acabou ficando, seguindo uma brilhante carreira. No Metropolitan ela participou de 155 apresentações, sendo que 31 delas interpretando Mimi, personagem de “La Bohème”, de Puccini, sendo seu papel mais frequente. Viveu na América por mais de meio século. Retirou-se do palco ainda jovem e sua última apresentação foi a mesma de estréia no Opera House, como Manon (de Massenet). Era a cantora favorita de Villa Lobos e foi por ele que ela cantou pela última vez em 1958, no Carnegie Hall, quando foi apresentada a suíte “A Floresta do Amazonas”, uma das últimas obras do compositor. Bidú voltou ao Brasil em 1995, já bem velhinha, quando participou do desfile da Escola de Samba Beija-Flor, que a homenageou em seu enredo. Disse ela na ocasião: “Fui a rainha da ópera. Agora, além de carioca, sou a rainha do samba.” Curioso lembrar que essa grande soprando, em seu país de origem, chegou a ser vaiada (trama criada pelos fãs da meio soprano gabriela Besanzoni) em uma de suas poucas apresentações por aqui. Só se apresentou num último instante de vida e em um desfile de carnaval. Só podia mesmo ser Brasil 🙂
O disco que aqui apresento nos traz como peça principal “As Bachianas N. 5” de Villa Lobos, regida pelo próprio autor. Seguem também outros trechos importantes de óperas que fizeram de Bidú Sayão a maior cantora lírica brasileira de todos os tempos.

mozart – porgi amor (as bodas de fígaro)
mozart – deh vieni non tardar (as bodas de fígaro)
mozart – batti, batti (don giovanni)
bellini – ah, non credea mirarti (a sonâmbula)
verdi – ah, fors’ è lui-sempre libera (la traviata)
villa lobos – bachianas brasileiras n. 5
massenet – je suis encore (manon)
massenet – voyons manon (manon)
massenet – adieu, notre petite table (manon)
massenet – gavotte, obeissons quand leur voix appelle (manon)

Radamés Gnatalli – Meditação (196…)

Bom dia a todos! Dando sequência às nossas postagens eruditas, tenho para hoje e com grande prazer a presença de Radamés Gnatalli, um nome bastante conhecido e divulgado na ‘blogosfera’ musical. Radamés foi um dos maiores arranjadores da música popular brasileira. Grande parte da produção musical dos anos 50, 60, 70 e 80 tem o dedo dele. Foi um dos responsáveis pelo renascimento do choro nos anos 70. Mestre e incentivador de novos talentos como Raphael Rabello, Joel Nascimento, Maurício Carrilho e a turma do Camerata Carioca. Revolucionou na música ao inserir instrumentos de orquestra de forma percussiva, criando sons até então inéditos para o formato orquestral. Compositor e instrumentista refinado, possuía um estilo pessoal mas com fortes influências de Debussy e do jazz americano. Um músico que sempre transitou com naturalidade entre o popular e o erudito.
Neste álbum, gravado pela Continental, possivelmente no início dos anos 60, temos o mestre ao piano e com sua orquestra, interpretando peças de diversos compositores clássicos como Grieg, Gluck, Tchaikowsky, Schuman, Chopin, entre outros… Um álbum como diz o título, para meditação, música repousante para ouvir e relaxar…

apenas um coração solitário
porque
noturno em mi bemol
berceuse
largo
ave maria
au printemps
romance
serenata
greensleeves
melodia da ópera de orfeu
canção solveig

Guiomar Novaes (1974)

Quando se ouve falar hoje em dia de Guiomar Novaes, normalmente estão se referindo a alguma sala de espetáculo ou um auditório. Poucos saberão dizer realmente quem foi Guiomar Novaes e provavelmente desses só alguns já tiveram o privilégio de ouví-la. E olha que não falta por aí informações sobre ela!
Guiomar Novaes foi uma importantíssima e lendária pianista brasileira. Considerada uma das maiores instrumentistas que já tivemos, ela começou a tocar piano aos 4 anos. Menina prodigiosa, aos 8 anos já tocava profissionalmente, se apresentando nas salas de concertos de São Paulo. Estudou na Europa, como bolsista do governo de São Paulo e conquistou o primeiro lugar no concurso de admissão ao Conservatório de Paris, examinada, entre outros, por Claude Debussy e Gabriel Fauré, nomes que dispensam maiores comentários. Prêmios e aplausos seguiram seu caminho. Tornou-se mais ainda uma notável instrumentista. Tocou e gravou dezenas de álbuns em diversos países, sendo sempre aclamada pelo público e a crítica especializada. Contam que numa de suas ‘tournées’ pelos Estados Unidos, um crítico americano escreveu: “Se ela tivesse nascido alguns séculos atrás, certamente teria sido queimada viva como feiticeira. Ela é jovem, bonita e toca como o diabo”. Mesmo sendo reconhecida internacionalmente, ela nunca esqueceu o Brasil e nem abandonou sua nacionalidade (como tem feito diversos artistas brasileiros que ganham o mundo). Seu estilo de tocar piano é nitidamente brasileiro. Prova disso é este álbum, seu único lp gravado no país, em 1974 pelo selo Fermata.
Este álbum é uma jóia rara. Rara mesmo e em todos os sentidos. Começando pelo fato de ser seu único disco gravado em terras tupiniquins. O disco nunca foi lançado em cd e com certeza as fitas masters desta gravação já estão em arquivos internacionais (ou vocês acham que a gravadora sabe ainda de sua existência?). O repertório maravilhoso traz peças de grandes nomes da música erudita brasileira, como Villa Lobos, Camargo Guarnieri, Marlos Nobre, Francisco Mignone, Otávio Pinto, entre outros… É, sem dúvida, uma obra preciosa que ultrapassa os limites da erudição, sendo acessível à mais bronca sensibilidade. Por falar em sensibilidade, gostaria de destacar a faixa “A Grande Fantasia Triunfal Sobre o Hino Nacional Brasileiro” de Gottschalk. Uma das coisas mais lindas que eu já ouvi, principalmente na interpretação desta grande pianista que foi Guiomar Novaes. Vou dizer apenas mais uma coisa: imperdível!

velho tema
cenas infantis
samba matuto
pregão
improvisação n.1
ponteio n.30
prole de bebê
o ginete do pierrozinho
guia prático villa lobos
a grande fantasia triunfal sobre o hino nacional brasileiro

Alice Ribeiro – A Voz De Alice Ribeiro Na Canção Do Brasil (1962)

Olá, bom dia! Boa tarde! Boa noite! Não importa a hora que você chegou até aqui, seja bem vindo. Para esta semana eu ando planejando postar alguns álbuns de música erudita e coisas do gênero. Temos muita coisa bacana e que merece ser melhor divulgada. No caso da música erudita mais ainda. Tem gente que acha que no Brasil só se faz música ‘prá pular’ e com isso acaba gostando apenas do popular. Vamos abrir o leque, a mente e os ouvidos. Que tal? 🙂
Começarei com algo próximo do que sempre temos visto e ouvido por aqui. Vamos hoje com uma ilustre cantora lírica, Alice Ribeiro, que como tantas outras do gênero, ficou no esquecimento ou limitada ao pequeno grupo de estudiosos da música e acadêmicos, referência (infelizmente) para poucos. Alice Ribeiro nasceu no Rio de Janeiro e foi uma das nossas mais importantes sopranos. Reconhecida internacionalmente, atuou, além do Brasil, nos Estados Unidos, Europa e Rússia. Foi sucessora de Luis Cosme na cadeira nº 8 da Academia Brasileira de Música.
O disco que aqui apresento faz parte da série Música Brasileira” gravada por ela e seu marido, o não menos ilustre compositor e maestro José Siqueira, nos anos 60 para o selo Corcovado. Neste álbum temos Alice intrepretando diversas composições da canção brasileira, sendo em sua maioria obras de José Siqueira, peças até bem populares. Vale a pena conferir essa jóia 😉

a casinha pequenina
coco peneruê
papai noel
natió
engenho novo
acalanto
azulão
querer bem não é pecado
balança eu
nesta rua
boi bumbá
virgens mortas

Dalva De Oliveira – Canta Boleros – O Encantamento Do Bolero (1968)

Ainda cheguei a tempo de fazer mais uma postagem neste domingo. E seguindo a trilha do sucesso, para complentar, aqui vai mais um de Dalva de Oliveira, desta vez cantando boleros. Confesso que deste disco o que eu gosto mais é a capa, ou melhor, a fotografia da capa. Linda mesmo, né não?
Os álbuns do selo Imperial (Odeon) foram criados para venda à domicílio. Eram lançamentos, em geral, de coletâneas de artistas famosos ou discos que por alguma razão não tiveram boa vendagem. Foi, sem dúvida, uma boa oportunidade para se ter acesso à fonogramas raros, gravações que no seu montante não voltariam a ser publicadas.
Eis aí um disco para os amantes do bolero… Escuta aí que eu vou dormir. Té mais! Zzz….

minha oração
nem deus, nem ninguém
tu me acostumaste
e a vida continua
lembrança
sabor de mim
sem ti
meu último fracasso
história de um amor
ai de quem
loucura, loucura
a barca

Dalva De Oliveira & Anisio Silva – Para Você Mamãe (1960)

Domingo de sol, linda manhã para alegrar meu espírito um tanto melancólico. Hoje é o Dia das Mães e eu não poderia deixá-lo passar em branco. Mesmo sem tempo, fiz questão de roubar 15 minutos de trabalho. Embora seja domingo, eu estou trabalhando. Estou em Ouro Preto no alto do morro, mais próximo do céu e com certeza da minha mãe, que a pouco mais de dois anos partiu. Luizinha, minha mãe, tenho saudades de você!
A postagem de hoje, como não podia deixar de ser, é dedicada às mães e também aos filhos que como eu sabem a falta que ela faz. Viva a mamãe! Mesmo agora, estando apenas em nossos corações. Salve todas as mulheres, cujo o dom maternal fez nascer e crescer os seus frutos com amor incondicional. Feliz aquele que ainda tem a sua. Mãe é mãe…
Aqui temos então a mãe Dalva de Oliveira ao lado de Anísio Silva, neste compacto de 45 rpm com quatro faixas, lançado em 1960 pela Odeon. Na verdade, trata-se de um relançamento de dois discos de 78 rpm gravados no ano anterior. Destinados às festividades do Dia das Mães, temos as valsas “Minha mãe, minha estrela”, de Rubem Gomes e Luiz Dantas e em dueto com Anísio Silva, “Amor de mãe”, de Raul Sampaio e “Minha mãe”, de Lindolfo Gaya sobre poema de Casemiro de Abreu. Dois discos em um, raro e nunca mais revisto. Confira o toque… e um feliz Dia das Mães!

minha mãe
minha mãe, minha estrela
amor de mãe
canção da minha mãe

Ronaldo Garcia – Pra Um Moleque (1982)

Ufa! Finalmente consegui achar um tempinho para a nossa postagem. Hoje o meu dia foi puxado, mas amanhã vai ser mais ainda. Por isso, como e já havia dito anteriormente, neste fim de semana é bem possível que eu não consiga achar um tempo para as postagens. Vamos ver…
Hoje também é o Dia do Independente e eu não poderia deixar passar em branco, principalmente pelo apoio recebido de uns e os desafetos de outro, que vê nessa iniciativa uma atitude patética e constrangedora (mais alguém aqui sentiu isso?). Taí mais um e muitos outros que esperam sua vez. O Toque Musical é isso… um ‘drops’ misto com sabores diversos. Tem gente que prefere um torrão de sal. Fique a vontade, o pasto é amplo.
“Pra um moleque” é um álbum independente do cantor, compositor e violonista Ronaldo Garcia, lançado no início dos anos 80. Este disco conta com participações especiais do grupo Viva Voz, de Zé Renato e Claudio Nucci, Belinha Santiago (em “Largo ao sol”, com vocais de Cláudio Nucci).
Os arranjos do álbum são maestro Roberto Gnattali, que com Ronaldo Garcia fez toda a base. Ricardo Silveira, Jaques Morelembaum, Lúcia Morelembaum, Ricardo Medeiros, Luiz Otávio, Marcelo Salazar e Roberto Gnattali são outros músicos que também participaram desse disco. Daí é possível se ter uma ideia do nivel do artista que estou trazendo para vocês. Melhor que falar é conferir o toque 😉

pra um moleque
moinho
na trilha do som
morte e tempo
meninas de minas
janaína
salve os 40
barranco
lado bom
largo ao sol

Luiz Claudio – Cantigas (1973)

Mais uma vez, marcando presença no Toque Musical, temos aqui o grande cantor mineiro, Luiz Cláudio. Eu peguei este álbum para a postagem de hoje, mas não havia me tocado para o fato de que ele é 80% do disco que apresentei em Dezembro de 2007, o luxuoso livro-álbum “Minas Sempre-Viva”. Na verdade, das onze faixas de “Cantigas”, oito foram usadas no livro de 1982, que por sinal deverá ser relançado, desta vez incluíndo um cd. Seria mesmo uma boa, pois se trata de uma publicação de arte não apenas musical, mas também visual, plástica, com pinturas e desenhos do cantor-compositor-pintor. Eu posso me gabar de ter essa jóia rara 😉
Agora teremos o prazer de ouvir também as outras três faixas que ficaram de fora: “Menina das Tranças” de Luiz Claudio e Willian Prado, “Estrada Branca” de Tom e Vinícius e “Correnteza” de Tom e Bonfá. Confiram já este toque 🙂

amo-te muito
mucama
cantigas
é a ti flor do céu
sereno da madrugada
menina das tranças
estrada branca
elvira escuta
o galo cantou na serra
gavião de penacho
correnteza

Walter Wanderley – Bossa Nova (1967)

Olás! Hoje eu estou um pouco desanimado e sem o menor tesão para escrever minhas bobagens. Se já não bastassem às ‘crítiticas’ ao meu pobre e curto vocabulário, agora também tenho que ler falácias quanto ao conteúdo do que sempre postei no Toque Musical. Sem dúvida, aqui tem de tudo, não faço concessão. Publico o ‘chic’, o clássico, o aristocrático e também o popular, o brega, o novo e o velho. Até o ruim tem vez aqui. Agrado a mim e aos que me são agradáveis. Se não tenho conceito, terei muito menos preconceito.
A proposta do blog é essencialmente a postagem de fonogramas raros, antigos e fora de catálogo. Mas também cabe coisas recentes da era digital, do áudio em geral e dos artistas independentes, porque não? Por isso, continuamos com a ‘destoante’ ideia do Dia Independente. Você que é artista e quer um espaço para mostrar seu trabalho, vai encontrar aqui um público dedicado. Gente que gosta de música, formadores de opinião e apreciadores em geral. Há também os ‘crititicos’ que no fundo fazem um bom tempero. Diversão garantida!
Por falar em diversão, vamos a do dia. (não é que o tesão voltou?) Vamos de Walter Wanderley nesta coletânea prá lá de constrangedora de tão boa. Temos aqui uma seleção “Hecho en México”, enviada diretamente (sem gripe suína!) para o Japão, mas interceptada pelo Toque Musical. Há entre as jóias, faixas raras, que nunca foram lançadas no Brasil e que com certeza muitos ainda não ouviram. Este toque acaba com qualquer com ‘stress’, pode acreditar 😉

água de beber
perpetual motion love
surfboard
samba do avião
just the two of us
she told me (sonho de lugar)
o morro não tem vez
só danço samba
reza
little boat (o barquinho)
amazonas
recife
monica
astronauta
on my mind

Orlando Silva – Sempre Em Sucesso (1962)

Putz! O trânsito não pára… estou pra lá e pra cá… hoje tá foda! Entre uma pausa e outra aqui vou eu montando a postagem do dia. Serei breve… Hoje vamos de Orlando Silva, “o cantor das multidões”, fôrma de Nelson Gonçalves e tantos outros.
“Orlando Silva Sempre em Sucesso” foi um álbum lançado pela Musidisc no anos 60, através do selo Hi Fi Audiola, na trilha de outro álbum, lançado pela RCA Victor, o “Sempre Sucesso” de 1962. Este porém, reúne alguns de seus maiores sucessos em 78 rpm, nos anos 50, acompanhado pelo maestro Leo Peracchi e Sua Orquestra. Disquinho bacana, que pela capa já dá para se ter uma ideia. Mesmo assim, segue abaixo a relação das pérolas. Confira aí que eu já estou de saída. Sempre correndo de lá para cá e de cá para lá 🙂 Como diz o outro: Fui!

faceira
mulher
risque
valsa do meu subúrbio
caco velho
os rios correm p’ro mar
terra seca
velho realejo
tu
feitiçaria
inquietação
o pião

Almirante – Monumento Da Música Popular Brasileira (1976)

Salve! Acho que nesta semana eu vou deixar vocês na mão. Provavelmente nos próximos fins de semana. Estou envolvido em um projeto o qual vai me tomar tempo e também me tirar do ar (ou melhor, da rede). Procurarei alguma forma de manter as postagens diárias, mas não garanto nada. Ficam assim, os amigos cultos e ocultos avisados…
Hoje nós iremos de Almirante. Estou postando este disco porque até então eu ainda não vi nada dele em outros blogs. Possivelmente deve ter, mas por onde eu tenho andado, ele ainda não me apareceu. Um nome importantíssimo na história do rádio e, claro, da música popular brasileira. Henrique Foréis Domingues, recebeu o apelido de ‘Almirante’ por ter servido na marinha. Cantor, compositor e pandeirista, foi um dos integrantes do grupo Bando de Tangarás ao lado de Noel Rosa e Braguinha. Tornou-se em seguida radialista e uma de suas maiores autoridades, recebendo o título de “A maior patente do rádio”, pois era o tipo que sabia de tudo. Tornou-se um pesquisador da nossa música. Organizou um arquivo com milhares de partituras de piano, além de livros, fichários, classificadores, contendo informações importantes sobre a vida e a obra de nossos grandes compositores e intérpretes, num total de cerca de 50.000 mil peças. Conseguiu fazer o que poucos pesquisadores/colecionadores almejam. Vendeu seu acervo para o Museu da Imagem e do Som, no Rio, através do governo do estado e continuou a ser o seu guardião.
O álbum que aqui segue é simplesmente uma maravilha. Será que está incluído nos 300 de Esparta (hehehe…), quer dizer, os 300 do Gavin? Se não está, deveria, pois é um básico! Temos nele uma seleção como o que há de mais expressivo gravado por Almirante. No lado 1 ele vem acompanhado por Pixinguinha e sua banda. O lado 2 faz parte do lp de 10 polegadas que ele gravou na Sinter em 1955. Sem sombra de dúvidas, um discão! Confira já este toque 😉

pelo telefone
faustina
joão da conceição
gavião calçudo
patrão, prenda seu gado
essa nêga que me dá
me leva, me leva seu rafael
vou me casar no uruguai
que barulho é esse
tudo em ‘p’
levei um bolo
apanhei um resfriado
olha o grude formado

Brasil – França (2008)

Eis aqui uma seleção musical interessante que ficou na gaveta. Esta me foi passada pelo meu amigo ‘franco-uruguaio-brasileiro’, Christophe Rousseau, que nessa altura deve estar lá na França, tocando e cantando para os compatriotas. Aliás, aproveitando o ensejo, eu estou preparando uma boa amostra do talento desse cara para mostrar no Toque Musical. Tenho certeza que vocês irão gostar. Ele canta e toca que é uma beleza 🙂
Brasil-França é uma coletânea especial. Não tenho certeza, mas acho que chegou a ser lançada em 2005, nas ‘Saisons Culturelles’ (Temporadas Culturais) – manifestações do Governo da França organizadas pela Associação Francesa para a Ação Artística do Ministério das Relações Exteriores francês – ano em que o Brasil foi o convidado.
Temos reunidos neste “disco” diversos artistas internacionais, pinçados daqui e dali, cantando em francês a música popular brasileira. Há também outras que não são exatamente brasileiras, mas que tem relação com o Brasil. Temos até a Elis Regina cantando “Récit de Cassard” – do filme “Les parapluies de Cherbourg” e do disco de 69 “Como & Porque”. E também “Noites Dos Mascarados” em francês com George Moustaki. Vale a pena ouvir esta coletânea, pois há muita coisa bacana e difícil de encontrar por aí. Toque este toque… ‘et ont un bon dimanche!’

tico tico no fubá – dalila
la chupeta – maurice chevalier
fais comme l’oiseau – michel fugain
fio maravilha – nicoletta
les eaux de mars – george moustaki
bip bip – joe dassin
récit de cassard – eleis regina
qui c’est celui-là – pierre vassilu
noite dos mascarados – elis et george moustaki
balancê – george moustaki
brésilein – claude nougaro
samba saravah – pierre barouh
portugal – george moustaki
tu verras – claude nougaro

Lusco Fusco (2008)

Olá! A partir de hoje estou criando no blog o “Dia do Artista Independente”. Toda a semana estarei (se possível) postando um trabalho de artistas que não estão ligados às grandes gravadoras. Será uma maneira de levar até vocês nomes pouco conhecidos, novidades, curiosidades ou projetos da mesma natureza. Vou abrindo espaço para aqueles que precisam de divulgação. Gente competente que desenvolve um trabalho profissional de qualidade e que esteja interessada em mostrá-lo aqui. Ao contrário do habitual, só serão publicados aqueles que pedirem ou autorizarem a divulgação. O Toque Musical está aberto a propostas, independente do estilo ou gênero. Só não vale coisas toscas, mal produzidas, ideológicamente incorretas ou que venham a denegrir a imagem da boa música popular brasileira. No mais, vamos mostrar para esse povo que a música atual não é apenas releituras ou reciclagem de antigos modelos.
Um outro detalhe importante: darei preferência àqueles artistas cujo trabalho seja apresentado aqui com exclusividade ou algum diferencial. Não faz sentido para mim, publicar a mesma postagem que se encontra em outros blogs. Sejamos originais.
Para começar, tenho aqui o Lusco Fusco. Um duo formado em Minas Gerais pelos instrumentistas Emerson Fonseca e Luiz Gabriel Lopes. Eles foram a grande revelação no I Festival de Inverno da cidade de Entre Rios de Minas em 2007. O trabalho dos caras é tão bom que de imediato tiveram o apoio da Ecology do Brasil e o Instituto Maria Helena Andrés, patrocinando e produzindo este que é o primeiro cd do Lusco Fusco.
Bom, eu não estou postando este trabalho apenas por postar. Como eu disse, para estar aqui tem que ter qualidade e nesse ponto eles estão bem acima do esperado. Eu confirmo e repito o texto do encarte é “impossível não se sentir tocado pelas belas composições e arranjos desses músicos”. Lindo demais. Tem que ouvir…

PS. dedico esta postagem aos amigos aniversariantes de hoje. Parabéns prá vocês!
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quando o sol nasce
a morte da bezerra (vaka)
as incríveis aventuras de casanova
sonata das ideias
a dança das lebres saltitantes
enquanto a morte não vem
10 a 20 kg de sal grosso
perna bamba
paty d mão grossa
dico da dona tanika blues
samba in krisiun
quando o sol se põe

Show 1º De Maio (1980)

Bom dia para todos nós! Hoje, 1º de maio, é comemorado o Dia Mundial do Trabalho. Curiosamente, todos nós estamos de folga, é feriado. Será que é feriado no mundo todo? Eu nunca havia me perguntado isso antes. Taí, não sei… mas pelo jeito deve ser apenas no Brasil, ou não? Falou que é feriado tá pra nós. Neste ano temos muitos, para compensar o excesso de trabalho (e mal remunerado) que a população é obrigada a encarar. Dizem que o brasileiro não gosta de trabalho. E quem gosta? Trabalho bom é aquele que nos dá prazer, que nos realiza como pessoa e como profissional. Consequentemente, nos traz dinheiro e prosperidade. Mas para a grande maioria, essa realidade está longe de se concretizar. Trabalho no Brasil é sinônimo de sobrevivência!
Para celebrar a data, eu tenho aqui este álbum que é uma pequena amostra do memorável ‘Show 1º de Maio” de 1980 que aconteceu no pavilhão Rio Centro. Para um público com aproximadamente trinta mil pessoas, participaram um dos maiores blocos de artistas, cantores e compositores, já reunidos num mesmo espetáculo. O show foi promovido pelo Centro Brasil Democrático no sentido de angariar fundos para o Encontro Nacional de Músicos, no CONCLAT (Congresso da Classe Trabalhadora). Participaram do espetáculo dezenas de artistas dos mais consagrados. Não vou relacioná-los aqui, pois tudo pode ser conferido na contracapa.
O certo é que foi um tremendo show, começando as 21 horas e só foi terminar nas altas da madrugada. Um espetáculo dessa grandeza levantou as orelhas (e focinhos) dos militares da época. No ano seguinte tivemos o episódio do atentado terrorista, perpetrado por radicais militares que não viam com bons olhos a ‘Abetura’ iniciada naquela década. Esse lance foi de amargar. Pior ainda é saber que o então Capitão Wilson Dias Machado, (in)responsável pelo ataque, vive hoje numa boa, com a patente de Coronel e é educador do Exército no Colégio Militar de Brasília. Pode???
Este disco só tem um grave defeito. Ao pensarmos em quantos e ótimos artistas estiveram se apresentando no show, fica a pergunta: porque não fizeram um álbum duplo, triplo ou coisa assim? Resposta simples: questões contratuais com as gravadoras, limitaram a oito os artistas presentes no lp. Boca Livre, Dorival Caymmi, Sérgio Ricardo e João do Vale eram artistas independentes, os demais foram estrategicamente liberados pela Ariola e WEA.
Nessas horas é que se percebe como nas gravadoras só tem gente sem visão comercial. Ao invés de liberar o artista ou fonograma, que indiretamente promoveria a gravadora, eles preferiram resguardar seus tesouros. É isso aí seus Manés, continuem dando tiro nos pés!

prá não dizer que não falei de flores – o público
toada (na direção do dia) – boca livre
ele disse / assum preto – alceu valença
um cafuné na cabeça, malandro, eu quero até de macaco – milton nascimento
não deixo de pensar / segredo do sertanejo / pisa na fulô – joão do vale
o preto que satisfaz (feijão maravilha) – as frenéticas
vou renovar – sérgio ricardo
lá vem o brasil descendo a ladeira
história de pescadores – dorival caymmi
prá não dizer que não falei de flores – o público

João Dias – Interpreta Adelino Moreira E Lupiscino Rodrigues (1979)

Bom dia, amigos cultos e ocultos! Finalmente é quinta-feira e amanhã é feriado, bão demas 🙂
Para encerrar o mês de abril, eu tenho hoje para vocês este disco do cantor João Dias. Alguém aqui se lembra dele? Digo isso porque pouco se ouve falar nele. João Dias Rodrigues Filho foi um cantor paulista bastante popular nos anos 50 e 60. Descoberto por Francisco Alves, gravou seu primeiro disco na Odeon, com “Guacyra” de Hekel Tavares e Joraci Camargo e “Canta, Maria” de Ary Barroso. No início dos anos 60 fez dupla com Dalva de Oliveira, percorrendo diversas cidade brasileiras, tendo feito também muito sucesso com a música “Brasil” de Benedito Lacerda e Aldo Cabral. Sua atuação não se limitou apenas a função de intérprete. Nos bastidores, João Dias também trabalhou em prol da classe dos cantores, idealizando a chamada “Lei de Direito Conexo” na qual intérprete passava a receber também pela execução posterior de suas gravações. Foi dirigente da Socimpro – Sociedade Brasileira de Intérpretes e Produtores Fonográficos.
Eu acredito que este foi o seu último álbum, gravado em 1979. Um disco especial, num repertório super bacana, com dois grandes compositores, Adelino Moreira e Lupiscinio Rodrigues. O lp foi todo produzido, arranjado e orquestrado pelo maestro Lindolfo Gaya, o que garante um trabalho da melhor qualidade. Confiram o toque 😉

é tanto amor
volta
segredo
taberna
falando ao coração
nunca
eu e meu coração
escultura
eu não sou de reclamar
ilustre desconhecida
bairro pobre
não tenho medo

Alaide Costa – Amiga De Verdade (1988)

Entre um gole de café, uma mordida no pão e esta postagem, aqui vou eu fazendo tudo ao mesmo tempo para não perder o bonde do dia.
Hoje tenho para vocês uma das cantoras que e mais admiro, cuja a voz é uma maravilha de se ouvir. Pela primeira vez no Toque Musical, tenho o prazer de apresentar, Alaide Costa. Além de uma grande intérprete é também compositora de mão cheia. Suas parcerias não são poucas, vai de Vinícius de Morais, Geraldo Vandré, Johnny Alf, Tom Jobim e muitos outros. Está na estrada da música desde os 13 anos de idade quando começou a cantar, vencendo um concurso de cantores infatins num programa de rádio do saudoso ator Paulo Gracindo.
Escolhi este álbum, uma produção independente, gravado nos anos 80, que eu acho o máximo. Para mim, este disco deveria se chamar “Alaide No Céu Com Diamantes”. Isto porque ela canta para anjos e ao seu lado estão verdadeiros pedras preciosas da nossa música. Grandes compositores e grandes instrumentistas. Não é preciso nem falar, está na capa. Ouçam e tirem as suas conclusões 😉

amiga de verdade
quem sabe
estrada do sertão
teus olhos, meu lugar
cinema antigo
bela, bela
absinto
choro das águas
morrer de amor
mais que a paixão

Os Bons De Bossa (com Walter Wanderley) – Balanço A Beça (196…)

E eu que pensava que esta semana seria mais tranquila para mim. Que nada… 🙁 Continuo daquele jeito, correndo atrás do tempo. Por isso, lá vou eu puxando a gaveta das reservas, pois só disponho de meia hora. Se não for agora, só amanhã de manhã…
Tenho aqui este disco que me foi enviado pelo ‘brother’ Chris Rousseau. Eu ainda nem tive tempo de ouví-lo direito e minha intenção era antes a de procurar maiores informações, pois pouco ou nada sei sobre ele. Mas diante à situação e longe do acervo, me vejo obrigado a botá-lo para rodar antes da hora. Contudo (ou com nada) vejo agora que pouco adiantaria tê-lo guardado para uma outra ocasião. Procurei rapidamente pela rede e não achei absolutamente nada sobre Os (obscuros) Bons de Bossa e seu “Balanço a beça”. Fica claro apenas que se trata de um disco gravado (ou lançado) pelo selo argentino Trova e um dos seus integrantes é nada mais, nada menos que Walter Wanderley. Eu suponho que este disco ele tenha gravado na Argentina, sem que aparecesse o seu nome, por motivos de contrato com a Philips. Vários artistas brasileiros, em apresentações na Argentina, gravaram dessa forma pelo selo Trova. Infelizmente não achei nenhuma referência ao Walter Wanderley ou sobre sua participação neste disco. Porém, se alguém duvida de que seja ele mesmo, basta ouvir… (e se alguém tiver informações, dê também o toque no comentários)

samba do avião
samba da madrugada
samba de bossa
samba triste
samba da minha terra
samba novo
samba brasileiro
samba no japão
samba pra filante
samba de uma nota só
samba em prelúdio
samba só

Araken Peixoto – Um Piston Dentro Da Noite Vol. 2 (1987)


Bom dia! Levemente recuperado do domingão, aqui vou eu para a segunda-feira enfrentar os bichos e as ‘bambis’ saltitantes que hoje circulam pela cidade felizes da vida. Mas não tem nada não… toda araruta tem seu dia de mingau.
Deixemos a araruta e as ‘bambices’ de lado, vamos ao disco do dia. Hoje temos a presença do pistonista Araken Peixoto, irmão do Cauby. Araken era um músico da noite, sempre foi. Gostava de tocar em casas noturnas do eixo Rio-SãoPaulo. Era um instrumentista com um toque ao estilo americano, redondo e limpo. Faleceu no ano passado aos 77 anos.
Depois do sucesso de “Um piston dentro da noite” gravado em 1986, Araken resolveu dar sequência, lançando no ano seguinte este que é o volume dois. Como no primeiro, ele conta com a participação especial do irmão Moacyr Peixoto ao piano. Tocam também Evaldo Rui Guedes no contrabaixo e Ricardo Vaz Teixeira na bateria. Um disco totalmente acústico e, cá pra nós, o melhor da série que se estendeu (acho) até o volume 4. Neste podemos encontrar as seguintes pérolas…

balada triste
folha morta
gente humilde
chuvas de verão
o amor em paz
se queres saber
apelo
franqueza
meditação
na batucada da vida
nossos momentos
bom dia tristeza

Tito Madi – Na Intimidade (1986)

Hoje eu vou procurar esquecer que meu time levou uma goleada de seu maior rival. Foda-se para ele e também para o rival. Vão todos tomar naquele lugar… Hoje eu quero é chocolate!
Apesar dos pesares, meu dia foi ótimo! Hoje foi o Dia Mundial da Fotografia Pinhole. Vocês sabem o que é isso? A dica está aqui e aqui 🙂 Eu tomei o meu dia para essa atividade lúdica, deliciosamente prazerosa e que aconteceu simultaneamente em mais de 70 países!
Como eu disse, estou ‘na boa’, mais ainda neste início de noite, ouvindo este disco do Tito Madi. Já ouviu? O toque está aqui… Gravado ao vivo no Inverno & Verão em 18 de agosto de 1985, o álbum é 10! Fico imaginando como foi o show ao vivo. Privilegiado foi aquele que o assistiu, pois é perfeito! Tito Madi está impecável nesta apresentação que traz alguns de seu maiores sucessos e outras que não ficam por menos.
Enquanto os loucos gritam lá fora, eu doido escuto aqui dentro o som do grande Tito Madi. Manda vê, que hoje eu estou a mil 😉

neste mesmo lugar
duas contas
não diga não
cansei de ilusões
balanço zona sul
molambo
gauchinhabem querer
ternura antiga
mulher
sonho e saudade
ligia
chove lá fora

Araci Cortes – Arquivo Funarte (1984)

Como diz o outro, tá osso! Duro de roer… Estou envolvido em algumas atividades e eventos que acontecem neste fim de semana e acabo ficando sem tempo e sem cabeça para pensar no blog. Pior é que não estou tendo nem condições para ler os e-mails, que nessa altura já se acumulam. Peço desculpas àqueles cujos quais eu ainda não respondi e-mails ou comentários. Por enquanto eu irei me concentrando apenas nas postagens, que não podem faltar, não é mesmo? 🙂
Hoje iremos com este disco lançado pela Funarte em 1984, parte integrante do Projeto Almirante, onde foram recolhidos alguns fonogramas da cantora Araci Cortes. O Projeto Almirante foi criando por essa fundação, no sentido de viabilizar e divulgar uma produção artística cujo o interesse já não existe no circuito fonográfico comercial.
Araci Cortes traz seu nome atrelado ao gênero que ajudou a firmar, o teatro de revistas. É considerada, segundo Jairo Severiano, o pesquisador responsável por este trabalho, como “a primeira grande intérprete genuinamente brasileira de nossa canção popular”
Este disco procura resgatar alguns de seus maiores sucessos em gravações originais, Confiram…

depoimento de araci cortes – carinhoso
iaiá (linda flor)
tu qué tomá meu home
quem me compreende
teu desprezo
baianinha
quem quiser ver
jura
vão por mim (harmonia)
a polícia já foi lá em casa
um sorriso
que é que?
no morro (eh! eh!)
versos de jota maia – tem francesa no morro

Waldir Calmon – E Seus Multisons (1982)

Olá amigos cultos e ocultos, bom dia! Aproveito logo cedo, enquanto passa o café, para fazer a postagem do dia. Até o fim do mês eu fico assim, correndo… cheio de trabalho e pouco dinheiro. Mas está bom, pois o que não me falta é disposição e garra. Vou enfrente…
Tenho para hoje o Waldir Calmon, num formato moderninho, bem diferente daquele que a gente conhece das horas dançantes. Aliás o Waldir, aqui nesta capa, parece até mais novo do que nos discos da década de 50, né não? Este álbum, originalmente foi lançado em 1970, período em que ele andou flertando com outros tipos de teclados e fazendo um som a la Walter Wanderley com seu orgão eletrônico. Quer dizer, não exatamente parecido, apenas lembra e tem um clima meio ‘lounge-brega’ que é o máximo! Pessoalmente, eu acho bem legal. E você, já ouviu?

airport love theme
quantos anos você tem
see
maria izabel
afro son
metro som
bi-bip
tema de márcia
la virgem de la macareña
zorra
ellen soul