Geraldo Vandré – No Chile 1969 (1983)

Olá, meus amigos cultos e ocultos! Antes que eu me esquecesse de aproveitar o momento, lembrei que tinha este arquivo aqui que me foi enviado há algum tempo atrás. Como verifiquei, ainda não foi postado, então é agora mesmo… 🙂
Como se pode ver com clareza, aqui temos este compacto trazendo Geraldo Vandré em duas gravações feitas no Chile, em 1969, durante seu período de exílio naquele país. Temos no compacto simples “Desacordonar”, composta no Chile e em espanhol e uma versão para “Pra não dizer que não falei de flores”, aqui chamada apenas de “Caminando. Essas gravações nunca chegaram a ser lançadas aqui no Brasil até 1983, quando então apareceu em uma produção independente e limitada. Eu, sinceramente, nunca tive em mãos este disquinho. Coisa rara, mas já bem rodado em outros blogs musicais e lá no Youtube. Aqui está quentinho e completo, acabou de sair do forno 😉 Ou seja, já está lá no GTM aguardando vocês. 
 
desacordonar
caminhando
 
 

Geraldo Vandré (1968)

Boa hora a todos, amigos cultos e ocultos! Em outros momentos, aqui no nosso Toque Musical, fizemos uma série de postagens de compactos, nas quais ao invés de um, postamos em grupos de quatro ou mais disquinhos, que acabaram se misturando numa coisa só, como se fosse uma coletânea. Assim, achei por bem trazer alguns deles de volta em postagem individual e também para que pudéssemos  organizar melhor as coisas por aqui…
Temos então para hoje este compacto do Geraldo Vandré. Lançado pelo selo Som Maior, em 1968, o disquinho de sete polegadas chegou a ser censurado por conta da emblemática canção “Pra não dizer que não falei de flores”, também conhecida como “Caminhando”. Aqui, neste compacto, temos a gravação ao vivo feita no Festival Internacional da Canção de 1968, promovido pela Rede Globo. A canção, defendida pelo próprio cantor, era a favorita do público e também da maioria dos jurados, mas acabou ficando em segundo, dando lugar a “Sabiá”, música de Chico Buarque e Tom Jobim. Contam que houve uma intervenção do governo militar da época, que não admitiu que a música favorita chegasse ao primeiro lugar. Não fosse pela pressão popular, talvez não tivesse ficado nem em segundo. A noite de premiação foi revoltante, o público vaiou Cynara e Cybele (do Quarteto em Cy) que defendiam a música “Sabiá”. Houve brigas e quebra-quebra e no final “Caminhando” acabou sendo  censurada por onze anos e nem entrou nos discos oficiais do festival. Por certo, o momento e a gravação ficou na memória do povo e a canção se tornou um hino da resistência ao regime militar. Chegou a ser regravada, inclusive por outros artistas e diante a tudo isso, os ‘milicos’ acharam de apagar a música da memória brasileira, pois até o mais idiota conseguiria entender o recado da canção. Hoje em dia, percebo que o mais idiota ainda estava para nascer, basta olhar a que ponto chegamos, com insanos pedindo a volta do regime militar, é mole? Mas, enfim, temos aqui um compacto de respeito, histórico, merecedor de um lugar de destaque na estante de um verdadeiro colecionador. Porque raridade não é só disco de bossa nova, rock e aquilo que é caro no Mercado Livre e Discogs. Fico realmente impressionado com o descaso para os discos do Vandré. Acho que é mesmo por falta de conhecimento, de ouvir direito a produção fonográfica deste artista. E a isso eu me refiro não apenas a sua arte, mas também a toda a produção, envolvendo a participação inclusive de outros artistas de qualidade. Os discos de Geraldo Vandré são simplesmente maravilhosos. E antes que eu me esqueça, ainda temos outra pérola, a canção “Se a tristeza chegar”, composição em parceria com Baden Powell, que saiu em seu disco “5 Anos de Canção”, de 1966. Vamos conferir essa joinha? 🙂
 
pra não dizer que não falei de flores
se a tristeza chegar
 
 
 
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