Andre Lorieri E Marcel Klass (1981)

Vez por outra a gente tem que lembrar aqui que o Toque Musical é uma caixinha de surpresas. Cada dia pode sair algo completamente diferente do dia anteior. Depende muito da onda, do que temos disponível e o que temos a mão. E isso é que faz o TM ser um blog com um diferencial 🙂
Hoje nosso encontro é lírico, ou melhor dizendo, com dois artistas do mundo lírico, da música erudita, André Lorieri e Marcel Klass. O primeiro foi um cantor lírico, nascido em São Lourenço, MG. Só mesmo quem é do ‘métier’ sabe realmente a grandeza desse artista no universo da música erudita, em especial a ópera. Cantou os papéis principais em temporadas internacionais de óperas famosas, se apresentando em diversas capitais. Artista premiado sendo reconhecido internacionalmente. Também foi professor de canto. E a propósito, Marcel Klass foi seu professor. Este segundo, um maestro, formado em canto e em piano, na Europa. Ao que se entende, um artista estrangeiro que veio morar no Brasil e acabou se tornando professor de canto. Ao que se sabe também, gravaram este único lp de forma independente, no início dos anos 80. Um disco que como podemos ver pelo repertório, traz uma série extraída de diferentes cantos operísticos clássicos.
 
a la virgem del pilar
canto da saudade
rimpianto
la donna è mòbile
je cois entendre encore
la serenata
granadinas
una furtiva lácrima
granada
 
 

4ª Dimensão – O Poço Pelo Qual Se Chega À Mina (1992)

De volta aos lps, retomamos trazendo a banda 4ª Dimensão, grupo mineiro formado nos anos 80 na cidade de Caeté. Atuaram por mais de 15 anos fazendo shows por várias cidades brasileiras e principalmente em Minas. Um trio realmente muito bom, com músicas próprias e um domínio musical acima de muitas bandas badaladas da época. Curiosamente, não tiveram tanto destaque, isso talvez pelo fato de não terem descido para São Paulo ou Rio de Janeiro, onde poderiam ter tido uma maior projeção. Gravaram, oficialmente, trê lps e ainda um quarto que não chegou a ser lançado no mercado. “O poço pelo qual se chega à mina” foi o terceiro disco e com certeza o mais maduro. Um trabalho que alguns colecionadores e ‘crititicos’ músicais, talvez ainda não tenham passado os ‘zouvidos’. Talvez, a partir daqui a coisa chegue ao Youtube e os poucos que vemos à venda no Mercado Livre/Discogs dobre de preço, para a alegria de seus vendedores/especuladores…
 
jane
depois de você
danny
por seu perdão
acorda bh
noites de playboy
prefiro morrer do que te perder
duelo de amor
 
 
 
 

Luiz Santos Lima – Som De Música (1982)

Fechando nosso mês de setembro de discos compactos (o que não quer dizer que não venham mais por aí) temos aqui um disquinho independente, lançado no início dos anos 80 pelo músico Luiz Santos Lima, também conhecido por Lóla. Veio de Natal, no Rio Grande do Norte. Autodidata, mas que ainda jovem, acabou vindo morar em São Paulo e por lá gravou este seu primeiro disco, um compacto duplo com quatro músicas. Um trabalho autoral, bem produzido, inspirado em influências de rock progressivo, algo bem interessante e que nos soa bem mesmo em dias atuais. Ao que consta, Lóla gravou outro compacto, também de forma independente e seguindo a mesma linha chamado Solar nos anos 80. Continuou investido no estudo da música e logo depois se mudou para a Itália onde se aprimorou como instrumentista e chegou a dar aulas. Ficou por lá uma boa temporada, retornando ao Brasil, seguindo uma carreira acadêmica e artística. Ao que parece, gravou outros trabalhos independentes…
 
triste alegria
revolta dos peixes nº3
cio do som
revolta dos peixes nº4
 
 
 
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Santa Gang (1981)

Seguimos em nossa mostra de compactos (boa parte, discos do amigos Fáres). Desta vez temos a Santa Gang, banda de rock paulista que surgiu no final dos anos 70 e liderada por Lúcio Zapparoli, o vocalista. A Santa Gang foi uma dessa experiências de jovens em busca do rock’n’roll e na qual passaram Charles Gavin (dos Titãs) e posteriormente o amado e também odiado crítico Régis Tadeu. Gravaram apenas este compacto com três música autorais, fizeram alguns shows antológicos dentro da cena rock paulista, mas acabaram uns sete anos depois. Passados mais de 30 anos alguns membros se reuniram, mas foi só para recordar. Os tempos eram outros. Ficou apenas uma boa lembrança e esse disquinho para consolar. Confiram…
 
chiclet de hortelã
dourados anos 50
rock’nroll pra valer
 
 
 

Pedro Lua (1980) 

E aqui vamos nós com outro compacto obscuro. Aliás, o que há de obscuro está nos compactos, pois são discos que podemos chamar de experimentais e isso vale inclusive para os lançamentos que faziam as grandes gravadoras. É um disquinho para testar o público, é aquele formato que todo artista iniciante e independente e sem muita grana escolhe para mostrar um pouco do seu trabalho e hoje, mais ainda de maneira independente e vale para o artista que se fosse uma produção em cd. 
Aqui temos Pedro Lua, um nome não muito comum e aparentemente fácil de se destacar. Mas quando vamos procurar na rede, eis que já tem uma nova versão com o mesmo nome. Existe um outro Pedro Lua, sergipano, da nova geração. Certamentamente, não é o mesmo. Enfim, ficamos só nisso.. Mas o compacto duplo, produção independente, é bem agradável e vale conhecer.
 
reggae livre
balada 57
asteróides
no rolar das pedras
 
 
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Puratan (1984)

Uma das coisas mais interessantes numa investigação sobre um determinado artista/disco é que a gente esbarra em diferentes possibilidades e no final acaba se supreendendo: era o mordomo… Quer dizer, as vezes a gente acaba chegando a uma pessoa que jamais a gente esperava que fosse. (esse mundo dá muitas voltas). E olha a gente aqui, tentando descobrir quem é, ou foi, Puratan. Eis aqui mais um daqueles discos em que as informações são como peças de um quebra-cabeça. Depois de ‘caçar’ daqui e dali, voltamos a estaca zero. Puratan, compacto independente, lançado em 1984. Disquinho curioso, tanto pela figura do artista quanto pela músicas. Um compacto com três faixas. Um artista com vestes que nos remete a uma cultura oriental, indiana talvez… O compacto não nos traz maiores informações, o Youtube, como sempre, apenas monetarizando… De onde saiu esse Puratan??? Apelando para as poucas informações da capa do disquinho, vamos investigar quem fez as fotografias e mais ainda quem produziu a arte. Esbarramos então em Jurandir Gomes da Silveira. Vamos às redes socias e descobrimos que o cara era/ou é um publicitário, que produziu outras capas de discos. Pela foto do perfil, um velho senhor, mas que traz algumas semelhanças no olhar com o artista Puratan. Será que são a mesma pessoa? Pode ser… O mundo dá volta e as pessoas envelhecem, e mudam. Seria ele? Bom… isso na verdade, tanto faz. O fato é que o disquinho tem algo de especial, de diferente e por certo, nada comercial. Me fez lembrar, tanto pela iniciativa quanto pelo conteúdo o Bené Fonteles. Algo, realmente, espiritual, transcendente… viagem de maluco engajado. Taí, um compacto curioso…
 
transações
sali su (bolero de ravel)
não, let me down
 
 
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Leozi (1982)

Falamos na última postagem como é raro aparecer aqui artistas/discos paranaenses, eis que temos mais um. Desta vez trazemos outro compacto com este artista, que talvez só sendo mesmo curitibano para conhecer. Leozi é o nome dele. Não achamos informações sobre. Consta que existe existe um Leozi paraense que é DJ, mas certamente não é o mesmo artista. Nosso músico do compacto, hoje, deve ser um senhor sessentão, talvez um ilustre desconhecido, sabe-se lá… O certo é que este seu compacto é até interessante, bem produzido e com uma pegada que pode agradar. Confiram…
 
terra dos sonhos
esta sede
 
 
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Altino Soares Da Silva – Discos Voadores Dos Mundos Siderais (197…) 

Não faz muito tempo, voltou a aparecer na imprensa e em mídias sociais este curioso compacto. Um dos nossos ‘amigos cultos & ocultos’ já havia enviado para nós o arquivo do disquinho, mas por completa falta de informação ele acabou ficando na gaveta. Trata-se de um compacto simples, produção independente com duas músicas. Recentemente o assunto sobre o disco voltou a tona. Por conta de sua raridade e principalmente por ter sido elevado à classe dos discos mais caros gravados no Brasil (pode?). É o mundo das especulações, do modismo do colecionismo para quem tem dinheiro sobrando. 
Nos anos 90 o disquinho foi apresentado ao público através de um convidado, no programa do Jô Soares, que naturalmente também ficou curioso e ali mesmo iniciou uma campanha para localizar o artista para uma entrevista, mas Altino nunca apareceu e ninguém falou por ele. Os fonogramas acabaram indo parar no Youtube e no Spotfile e claro, com o ‘status’ de raridade. Do pouco que se sabe sobre o artista e que circula por aí é que Altino Soares da Silva era pernambucano, morava no Rio de Janeiro e era servente de pedreiro. A razão que levou Altino a gravar esse disco, supostamente tem a ver com alguma experiência que ele viveu com extraterrestres, seja na real ou numa alucinação. Talvez tenha sido mesmo abdusido. Talvez estivesse inspirado num assunto que muito chamava a atenção das pessoas naquela época. E o que evidencia ainda mais essas ideias é o pequeno texto na contracapa: “Relato interplanetário de uma viagem a outro planeta com Altino Soares da Silva e dois extraterrenos. Pilotando em uma nave que eles deram o nome de discos voadores.” 
Altino Soares da Silva nunca foi localizado, por certo já morreu ou foi levado em um disco voador. Deixou apenas este sete polegadas com esses dois sambas:
 
discos voadores dos mundos siderais
maria cecília
 
 
 

Joel Bello Soares – Valsas Polkas E Mazurcas – A Música Alagoana Do Início Do Século (1987) 

Temos para hoje um disco de música erudita: “A música alagoana do início do século”. O álbum é uma produção independente e como o próprio título já nos indica, trata-se da música feita em Alagoas feita no início do século passado. São valsas, polcas e mazurcas de compositores alagoanos interpretados por um dos grandes pianistas brasileiros, o alagoano, Joel Bello Soares, falecido no ano passado.
O arquivo deste disco, como cabe a todos os discos postados no Toque Musical, vem completo. No caso, com os encartes e todas as informações complementares. Confiram…
 
innahsinha – misael domingues
canção do jangadeiro – tavares de figueiredo
nove e meia – tavares de figueiredo
libinha – tavares de figueiredo
arrulhos – misael domingues
última ilusão – misael domingues
casa ou não casa – joão ulysses
maria do monte – misael domingues
os boemios – benedito silva
sonhando a bordo – tavares de figueiredo
esperança e desengano – heitor cardoso
 
 
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Silvia Benigno – Hianto Revivido (1983)

Abrimos hoje com um disco dos mais interessantes, principalmente pesquisadores da música popular brasileira. Trata-se de um lp produzido pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 1983 e que buscava divulgar um pouco da obra do compositor, nascido neste Estado, Hianto de Almeida. Por certo, não se trata de um disco comercial e isso se percebe pela capa, frente e verso, uma produção um tanto confusa, mas realmente interessante. O que temos, enfim, é um conjunto formado por músicos dessa Escola, tendo como intéprete vocal a cantora Sílvia Benigno (Silvinha). Este conjunto intepreta 12 composições de Hianto, sendo boa parte delas parcerias com outros compositores, entre esses se destaca o humorista Chico Anísio. Lembrando também que são composições dos anos 40 e 50. Hianto de Almeida é considerado um dos precursores da Bossa Nova.
 
segredo da meia noite
mão na mão
amei demais
meia luz
caju nasceu pra cachaça
mudou pra melhor
memórias
sodade doida
vento vadio
pedaço de coisa gostosa
um tiquinho mais
encontrei afinal
 
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Pascoal Meirelles – Anna (1987)

Neste ‘drops’ sortido do nosso mês de julho, mês de aniversário, que representa bem a diversidade fonomusical do Toque Musical, hoje vamos com música instrumental moderna. Temos aqui “Anna”, album pouco conhecido do grande baterista, compositor e arranjador Pascoal Meireles. Já apresentamos ele por aqui e agora temos este trabalho dedicado à sua filha. Um trabalho de caráter um tanto íntimo e emotivo, totalmente autoral. Pascoal vem acompanhado por um time de músicos de primeiríssima como Mauro Senise, Arthur Maia, Jacques Morelenbaum, Wagner Tiso, Victor Biglione e outros que podem ser conferidos nos créditos e nas faixas….
 
maracatudo
ijexá
anna
duelo
pentotal
juruviara
tom
 
 
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Centenário Alberto Santos Dumont – 1873-1973 (1973)

Hoje vamos com um disco comemorativo, uma colaboração de um dos nossos bons amigos cultos. Aqui temos um lp comemorativo do centenário do nosso “Pai da Aviação”, Alberto Santos Dumont, em 1973. Espanta pensar que já naquele centenário o homem já viajava a jato e para não dizer, já tinha chegado a Lua. Este álbum, álbum duplo é bom lembrar, fez parte do pacote das comemorações do governo militar, do Ministério da Aeronáutica. O álbum duplo se divide em dois momentos, musical, com uma seleção temática com diferentes artistas e um segundo disco trazendo a história sobre Santos Dumont, “A Conquista do At”. Eis aí um disco, no mínimo curioso. Vale conhecer.
 
hino do centenário
bandeirantes do ar 
um dia aconteceu
exaltação a santos dumont
mineiro bom
canto do aviador brasileiro
hino dos aviadores brasileiros
14 bis
hino sa santos dumont
a conquiata do ar
salve santos dumont
alberto santos dumont
a conquista do ar (história de alberto santos dumont)
 
 
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Samba Enredo Em Juiz De Fora (1982) 

E bem no meio da festa, da folia do Carnaval, eis que a gente aparece para mais um toque musical carnavalesco. Trazemos agora um disco de samba de enredo das escolas de samba da cidade de Juiz de Fora, a mais carioca das cidades mineiras. No caso, temos aqui um momento memorável do carnaval da cidade, que mereceu até o esforço para o lançamento deste lp. Vamos deixar o disco rodando e bem no meio da festa, da folia e à francesa, vamos saindo… tirar um mês de férias!
Durante o mês de março vamos dar um descanso. As postagens voltam em abril, combinado?
 
mascarada veneziana
arvoredo
pra tudo se acabar na quarta feira
o circo
ao cair da noite na floresta encantada
zumbi rei negro dos palmares
canto a estrela
recife no folclore do maracatu
festas folcloricas do brasil
pernambuco leão do norte
exaltação ao rio são francisco
chica da silva
 
 

Aratanha Azul – Compacto (1979)

E desta vez vamos com um grupo pernambucano formado por quatro jovens adolescentes nos anos 70, o Aratanha Azul. A banda foi formada em 1974, no Recife. Em 1979 gravaram este compacto duplo de forma independente na fábrica de discos Rozenblit. O disco voltou a ser relançado em 2011 pelo selo gringo Mr. Bongo na leva de vários outros discos de rock, da lendária Rozenblit. Muito interessante, vale conhecer…
 
a história de vicente silva
escorregando
tema
como os aviões

 

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Faiska – Nevoeiro (1990)

Seguindo em nossas postagens, temos agora “Nevoeiro”, primeiro disco do guitarrista paulista Faiska, um dos mais requisitados músicos, atuando em diferentes frentes de gravações e com os mais diferntes artistas da música brasileira. Este álbum, lançado de maneira independente é o que se pode chamar de um pequeno mostruário de versatilidades onde o músico demonstra suas proesas em um trabalho essencialmente voltado para o instrumental. Muito bom,
 
nevoiero
funk blues
rita
dreg’s
a.h.
arame farpado
i.g.t.
 
 

Sagrado Coração Da Terra – Sagrado (1984)

Em nossa sempre colcha de retalhos, nosso drops sortido, nossa miscelânea fonomusical… hoje temos o Sagrado Coração da Terra. Para os que não conhecem, trata-se da mais importante banda de rock progressivo das Minas Geraes. Na verdade o Sagrado é bem mais que uma simples banda de rock progressivo. É uma concepção musical criada pelo violinista e compositor Marcus Viana, com diferentes elementos dos quais fazem parte, por exemplo, os do rock sinfônico, progressivo… Já tivemos a oportunidade de apresentar o Sagrado Coração da Terra em outra postagem e agora voltamos com este lp que foi o disco de estréia, lançado em 1984 de forma um tanto que alternativa. O trabalho foi todo gravado na Bemol. E conforme salienta a contracapa, letras, músicas e orquestrações por Marcus Viana. Neste sim há muitos elementos do rock progressivo e é considerado, hoje, um clássico do gênero, repeitado inclusive na Europa e Japão.
 
asas
lições de história
arte do sol
a gloria dsa manhãs
feliz
deus dançarino
a memória das selvas
corpo veleiro
sagrado
a vida é terna
 
 

Rosinha De Valença – Encontro Das Águas (1983)

E mais uma vez, vamos com Rosinha de Valença, compositora e violonista de primeiríssima linha, neste lp, “Encontro das Águas”, disco lançado de forma quase independente, produzido por Stella Fonseca, em 1983. Os arranjos são de Nelson Angelo que também participa como compositor e artista. Disco super bacana e por certo, pouco conhecido do grande público.
 
o índio e a luz – vale do incas
sentimentos
encontro da águas
os peixes
carta ao brasil
tema de amor de gabriela
ligeirinho
tema de cuíca
tamarindo
sabor marron
periquito
 
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Grupo Acaba – Última Cheia (1989) 

Em nossa mostra de variedades fonomusicais, temos para hoje o Grupo Acaba. Conjunto musical regional nascido no Mato Grosso do Sul, no final dos anos 60 e cujo o trabalho é voltado ao folclore matogrossence e também sobre as questões ambientais do pantanal. O Grupo Acaba embora seja um conjunto semi-profissional, tem um carreira sólida e ao longo de mais de 50 anos de atividades participou de diversos projetos musicais em defesa do Pantanal. Gravaram uma dezena de discos, sendo este, “Última cheia” seu quarto lp, lançado de maneira independente. Já apresentamos aqui o primeiro disco, lançado pelo selo Marcus Pereira, em 79, mas por conta de algumas alterações acabou sendo deletado, mas vamos repostá-lo em breve.
 
papagaiada
fernando vieira
nos barrancos do rochedo
waradzu
raizes
nos mares de xaraés
cavalinho de apu
pássaro branco
vaca tucura boi pantaneiro
última cheia
assinatura
 
 
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Peri Pane – Canções Velhas Para Embrulhar Peixes – Volume 2 (2015)

Então… para não perdermos o fio da meada, aqui vai logo o segundo volume de “Canções Velhas Para Embrulhar Peixes”, este, lançado dois depois do primeiro, em 2015, mantendo as mesmas características conceituais de capa e o mais importante, o conteúdo poético-musical dessa feliz parceiria, Peri Pane e arrudA. Muito lindo este volume 2. Não deixem de conferir. Pra semana vem o terceiro, aguardem. 🙂
 
o tempo é onde
escápula
uma canção
certo tipo de dor
ponte de safena
la cumbia del mole
o sapo e o poeta
espavilo
recôndidos amores
assim me acende
 
 
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Ná Ozzetti – Balangandãs (2009)

Mais uma joinha aqui no nosso Toque Musical, desta vez destacando a cantora e compositora paulista Ná Ozzetti em um disco dos mais interessantes, “Balangandãs/’, uma releitura de uma série de sucessos que fizeram parte do repertório de Carmem Miranda.  Disco lançado em 2009, produção independente, Ná Records.
 
imperador do samba
camisa listada
tic tac do meu coração
disseram que eu voltei americanizada
touradsa em madri
e o mundo não se acabou
ao voltar do samba
na batucada da vida
diz que tem
a preta do acarajé
recenseamento
o samba e o tango
tico-tico no fubá
chattanooga choo-choo
adeus batucada
 
 
 

Peri Pane – Canções Velhas Para Embrulhar Peixes (2012)

Certa vez, recebi através de um ‘amigo culto’, um cd que ele havia me enviado, recomendando sua postagem aqui no Toque Musical. Como se tratava de um cd recém lançado e até então nossas publicações eram exclusivametne de lps/vinil, o disquinho prateado acabou ficando meio de lado e confesso, nem cheguei a ouvir. Demorou uns dez anos para que um dia, no acaso, eu resolvesse então olhar direito e ouvisse também, esse tal cd. Esse tal disquinho, no caso, é este ‘discão’ (no melhor sentido da expressão) que hoje eu apresento. “Canções Velhas Para Embrulhar Peixes” foi uma das coisas mais encantadoras que ouvi nesses últimos tempos. Um trabalho totalmente acústico, de uma beleza musical cuja sensibilidade também transborda nas letras originais, verdadeiras poesias. E tudo isso é obra de Peri Pane, um artista dos mais interessantes. Além de músico e compositor é também um artista performático.
“Canções Velhas Para Embrulhar Peixes” foi um projeto de múisca e poesia, em parceiria com o poeta arrudA. Se eu já estava encantado com este cd, fiquei mais ainda ao saber que esse projeto rendeu três discos, ou seja, três volumes lançados, este primeiro em 2012, depois veio o segundo volume em 2015 e completou a tríade em 2018. Adquiri os outros dois volumes, todos feitos, pelo menos as capas, de forma artesanal, usando restos de caixas de papelão com arte em spray, aerógrafo, talvez. Isso deu ao trabalho ainda maior originalidade, sendo que por mais que parecidas as capas nunca são iguais, pelo menos nas cores. Na primeira edição, inclusive, o lançamento era numerado. Infelizmente, alguém que gostou desses discos mais do que eu, acabou no meu discuido. Por sorte, consegui entrar em contato com o Peri e com ele adquirir os três volumes, com direito a autógrafo para ficar bem claro que esses aqui tem dono. 🙂
Por hoje, vou puclicar aqui só o primeiro volume, mas já aviso que os outros dois virão em seguida. Tenho certeza que muitos aqui que ainda não conhecem vão adorar. Música boa pra gente boa 🙂
 
note
a morte dos ácaros
tonta
canções velhas para embrulhar peixes
sambinha
ivete
dulcineia
pulo saudade
crânio
prana
 

Bené Fonteles – Benditos (2002) 

Aqui um ‘album’/cd dos mais interessantes, peça importante e decisiva na seleção de cds desta mostra. Trazemos agora “Beneditos”, de 2002, produção do Sesc/SP que reúne os três primeiros trabalhos do artista paraense Bené Fonteles: “Benedito” de 1983, “Silencioso” de 87 e “Aê” de 91. Os três trabalhos foram condensados em apenas um cd. Lembrando que “Silencioso” é um disco conceitual, ou seja, ele enquanto material fonográfico não existe, somente a capa. Quanto a “Benedito” e “Aê”, já foram publicados aqui em outros momentos. Mesmo assim, vale muito a pena conhecer essa produção de um artista que não é músico, mas está sempre rodeado e acompanhado de músicos de primeiríssima…
Imperdível!
 
aboio 
dentro da nuvem
na verdura do mar
aves e frutos
a chapada ensina
n’aaguay
o som da pessoa
exemplo de pedra
om
o silencio de um minuto
amar
onde navega o ser
so.li.dão
nômadi tarqui
tudo em todo
um novo dia
azul
sem olhar
mergulhador
onda azul
 
 

Antonio Nóbrega – Madeira Que Cupim Não Rói (1997)

Temos aqui, “Madeira que cupim não rói”, segundo disco solo do cantor, compositor e multinstrumentista  pernambucano Antonio Nóbrega. Entre outras qualidades, nosso artista também é ator, dançarino e um eterno pesquisador das manifestações culturais populares do Brasil. Antonio Nóbrega foi também um dos integrantes do maravilhoso Quinteto Armonial, cujo alguns de seus discos até já publicamos aqui no Toque Musical. 
Os trabalhos solos de Nóbrega foram até então, lançados somente em formato cd. Escolhemos este no acaso, considerando que qualquer outro de seus discos são tão bons ou melhores. Eis aqui “Madeira que cupim não rói” que seria uma espécie de continuação do primeiro disco. Tanto, que traz o subtítulo “Na pancanda do ganzá 2”. “Madeira que cupim não rói” é o nome de uma consagrada marcha de bloco, de Capiba, sempre lembrada no carnaval de Recife e Olinda. “Na pancada do ganzá” e “Madeira que cupim não rói” são, antes de tudo, espetáculos que viraram disco. Coisa linda de vê e ouvir.
 
abrição deportas
canudos
chegança
quinto imperio
olodumaré
nascimento do passo
andarilho
o vaqueiro e o pescador
quando as glórias que gozei
madeira que cupim não rói
corisco (instrumental)
monga
coco da lagartixa
maracatu misterioso
rasga do nordeste (instrumental)
lição de namoro
sambada de mestres
vou-me embora
 
 
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Kadu Vianna (2003)

Começamos outubro dedicado aos cd’s, aos discos da geração digital, lançamentos pensados para este formato que continua sendo a opção mais em conta para os artistas de hoje em dia e também para o colecionador. Aliás, observa-se que o colecionismo fonomusical para o cd tem voltado, ou por outra, diríamos que muita gente aprecia o formato. Além do quê, o cd tem sua própria história, ou seja, tem sua produção e muito desta, ou até mesmo sua maioria, não tem versão em vinil. Daí a necessidade de pontuarmos também essa produção e nessa altura do campeonato, cai também como uma luva em nosso Toque Musical.
E nesta, temos desta vez, mais um artista mineiro, o cantor e compositor Kadu Vianna em seu disco de estréia, lançado em 2003 tranzendo um repertório muito bem selecionado, com músicas próprias e de autores como Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, Edu Lobo e Chico Buarque, seu parceiro Magno Mello e (com destaque) Lô Borges e Fernando Brant com a música que abre o disco, “Flor de Minas”, lindíssima. Este trabalho foi  produzido, arranjado e conduzido por Luiz Brasil. Kadu ainda conta com participações especiais de Carlinhos Brown e Jaque Morelenbaum. Tudo isso garantiu ao artista uma super estréia, a altura de seu talento. Confiram…
 
flor de minas
sonhei que estava todo mundo nu
radio
nada será como antes
bala perdida
mãos de poeta
coração polar
falso
só me dão solidão
quantas religiões tem o mundo
é onde você mora
cambaio
amar você é como me perder
 
 
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Telo Borges – Centelha No Olhar (2005)

Outubro começando e a gente aqui, abrindo um mês exclusivo para as edições em formato ‘compact disc’, o CD. E neste segundo dia vamos trazendo o músico mineiro, Marcelo Borges, ou como é conhecido, Telo Borges. Instrumentista, cantor e compositor, mais um da Família Borges, irmão de Lô, Marcio, Marilton e Solange Borges. Aqui temos ele em seu terceiro disco solo, “Centelha no olhar’, uma produção independente, gravado em 2005. Disco bacana, totalmente autoral e com parceirias, entre essas com Milton Nascimento na múisca “Tristesse”, que em 2013 faturou o Grammy Awards.
Confiram no GTM…
 
cidade do amor
ouro da palavra
parece
meninos de araçuai
minha
tristesse
seis horas da manhã
centelha no olhar
amar o amor
 
 
 

Jardim Elétrico – Laranja Mecânica (2005)

Abrimos outubro com uma nova proposta para o mês… Que tal uma mostra voltada apenas para as produções musicais lançadas em cd’s? Em outros momentos já publicamos no Toque Musical produções em cd’s, isso não é novidade. Mas considerando que a partir do sugimento do compact disc muitos artistas e produções importantes ficaram limitadas a apenas esse formato. Alguns até ganharam versões em vinil, mas isso é para poucos e mesmo assim há também a questão de adaptação, do conceito que diferencia os dois formatos. É mais fácil colocar um lp em um cd do que o contrário. A produção em cd permitiu ao artista, entre muitas coisas, a facilidade em gravar um disco longo, coisa que se em formato lp poderia gerar um álbum duplo ou triplo, coisa que poucos irão querer produzir. Enfim, por essas e muitas outras, achamos que devemos também dar um toque naquilo que percence a geração compact disc laser. Daí, neste mês de outubro vamos postar apenas publicações lançadas em cd’s. E pelo jeito, este formato também vai passar a fazer parte comum em nossas postagem, pois só trinta dias não bastam, não é mesmo?
Então, pra começar, ainda vibrando e sentido ecoar o rock e as guitarras, vamos trazendo aqui este cd, procução independente, gravado e lançado em 2005, da banda de Belo Horizonte, Jardim Elétrico. Um ‘power trio’ de rock instrumental, com músicas autorais, que impressionam pelo seu vigor e qualidade da banda. Infelizmente, não foi possivel achar informações sobre o Jardim Elétrico, mas certamente foi um desses muitos projetos que rolam na cidade, duram um tempo e depois ficam só na lembrança. Então, já que é para lembrar, aqui está… Confiram, pois é bem legal 🙂
 
caixa de pandora
a hora do rush
naja de vidro
laranja mecânica
navio fantasma
treze macacos
tornado
miragem
apocalipse
rei vermelho
 
 
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Stress (1982)

Bicho tá pegando? Que nada! Vamos desestressar… Setembro é só mais uma semana, hehehe… E por hora, vamos de rocks e toques. Desta vez com a pioneira banda paraense, Stress, que nasceu no final dos anos 70. Segundo as fontes, o Stress foi a primeira banda brasileira a lançar um disco de heavy metal e que no caso, seria este, produção independente. Gravado em apenas 16 horas e de maneira precária, o resultado não estava agradando ao pessoal da banda que acabou abandonando o estúdio. Porém levaram uma cópia da gravação e pelo que dizem, foi desta que se originou o presente lp. O Stress se tornou uma lenda no universo do metal, reconhecida internacionalmente pelo seu pioneirismo e certamente é também a que está a mais tempo em atividade.
 
sodoma e gomorra
a chacina
2031
oráculo de judas
stressencefalodama
o viciado
mate o reu
o lixo
 
 
 
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Arnaldo Baptista & Patrulha Do Espaço – Faremos Uma Noitada Excelente (1989) 

Outro disco que vale a pena o nosso toque musical é este ‘pirata oficial’. No caso, um registro ao vivo e dos mais “inspirados’ (em todos os sentidos e derivações da palavra) com Arnaldo Baptista e a Patrulha do Espaço, banda essa que surgiu para acompanhá-lo e depois seguiu em vôo solo. Conforme já nos fala a contracapa, este disco foi lançado para comemorar, os então, dez anos de formação do grupo ao lado de Arnaldo com registros de ensaios e do lendário show no Teatro São Pedro, em SP. Sem pretenção, essas gravações históricas acabaram sendo usadas para esse lançamento. Agora, já imaginou isso bem produzido com a devida qualidade de uma gravação ao vivo, ou melhor ainda em estúdio? Seria (muito mais) um discão, heim?
 
emergindo da ciência
um pouco assustador
arnaldo solista
feel in love day
cowboy
hoje de manhã eu acordei
 
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Aguilar E Banda Performática (1981)

E para hoje temos Aguilar e Banda Performática. Um disco de artista para artistas. Uma proposta poetica visual e musical criada em no início dos anos 80 pelo artista José Roberto Aguilar. Segundo ele, “foi uma epécie de ícone transgressivo que aconteceu na contracultura daquele momento. Fundada por (ele) um pintor performático que não sabia nem cantar…” Reunindo uma turma de jovens amigos (Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Lanny Gordin e outros…) E assim nascia a Banda Performática e este lp, produção independente e por essas e outras, também um disco raro. Aguilar daria sequencia a banda que mais tarde se tornaria a Orquestra Perfomática e depois, mais uma vez, Banda Performática. Este lp recebeu uma segunda edição com uma capa um pouco diferente. Aguilar gravou outros discos com sua Banda Performática com outras formações. Vale a pena conhecer…
 
você escolhe errado o seu super herói
carioca canibal
monsieur duchamp
revolução francesa
tribo
ma
nos espancaremos o urubu
estranheza
parangolé
 
 
 
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Sergio Murillo – Tira Teima (1989)

E entramos em setembro… Neste mês vamos dar atenção aos discos a partir da década de 70. Tem muita coisa pedindo um toque musical 🙂 E entre nossos interesse há um pouco de tudo, seja pela raridade, pela curiosidade, seja pela necessidade…
E aqui temos um disco do cantor Sérgio Murilo, alías, o último disco que ele gravou. Uma produção independente que infelizmente não ajudou muito o nosso artista que já passava por uma fase de depressão. “Tira-teima” foi um verdadeiro fracasso. Disco um tanto inexpressivo, talvez por conta da própria produção. Porém, é um lp raro, deve ter tido uma tiragem pequena. O peso do nome do artista faz a coisa valer.
 
tira-teima
fuga
curvas e ciladas
calamaria do meu porto
na próxima semana
viver é ser bom
outro astral
armadilhas
tapete mágico
rebuscando
tarde de verão
os dia não são iguais
apesar dos pesares
descendo pelo são francisco
 
 
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