Salinas – Atlantis (1973)

A década de 70 foi, sem dúvida, um dos melhores momentos da indústria fonográfica e porque não dizer, da música popular. Isso fica bem evidente nas produções daquela época. O ano de 1973 é notadamente sua melhor safra, quando então muitos discos bacanas e importantes foram lançados. Interessante também notar a qualidade que as gravadoras dispensavam às suas produções. Aqui um bom exemplo de um álbum lançado pela Top Tape, apresentando Salinas (Daniel Salinas), pianista, compositor e arranjador veterano com vários trabalhos em discos desde os anos 50. Aqui, nos anos 70, ele segue uma roupagem mais moderna, numa produção de Mickael e com a participação especial de Sérgio Sá. Um disco bem curioso e atraente, tanto na apresentação visual, capa dupla e laminada, com uma arte que lembra disco de banda de rock progressivo. Porém a pegada aqui é bem mais próxima de Eumir Deodato, inspiração total em “Prelude”, disco marcado pelo sucesso da versão para “Also Sprach Zarathustra”, de Stauss. Discaradamente, em Atlantis, Sérgio Sá traz sua “Straussmania” evidenciando as influencias no álbum americano. Mas tudo isso acaba tomando outro sentido considerando o repertório num todo e o empenho e a qualidade dos músicos envolvidos no projeto. Este disco voltou a ser relançado em 2005 em uma pequena tiragem para colecionadores. Vale a pena conhecer…
 
like a rainy night
no brooken heart
baião
straussmania
bridge over troubled water
a song
for a helping hand
atlantis
 
 

Sambas De Enredo Das Escolas De Samba Do Grupo 1 (1973)

Diz aí, gente boa, amigos cultos e ocultos, que tal um disco de carnaval? É… estamos no mês do Carnaval e por mais um ano a festa não vai se realizar, infelizmente… Não, não é infelizmente! Infelizmente seria se acontecesse, pois como todos nós sabemos a pandemia ainda não passou. O que passou foi só a ideia de que está tudo bem, isso, claro, na mente de quem passa o dia babando e comendo capim no pasto. Se dependesse dessa gente não se fechava nada e máscaras… “Ah, isso é bobagem, basta tomar uma cloroquina que está tudo bem. Vamos para a farra! E nosso direito de ir e vir?” Este é o pensamento vigente dessa raça negacionista, gente que não sabe o que é viver em sociedade. Gente que não sabe respeitar um pacto social, mas adora falar de individualidade. Putz! Como tem gente burra nesse mundo! E são exatamente esses que estão se fodendo, morrendo em hospitais por não terem tomado as vacinas e ainda de quebra contaminam e tomam o lugar de um outro  doente ou lotam os hospitais e clinicas. Isso sim é que é ser egoísta, individualista e porque não e só podem ser mesmo bolsonaristas. Eu não posso ficar falando sobre essas merdas aqui porque logo eu sofro retaliação, sou censurado e misteriosamente o site sai do ar. Mas tem hora que a gente precisa falar, se manifestar… Além do mais, este espaço é pessoal, eu e minha equipe temos o direito de nos manifestarmos como quisermos. Porém, a premissa da ‘livre expressão’ para essa gente só vale de um lado, o lado escroto da hipocrisia direitista. Não estranhe se por uns dias a versão WordPress do Toque Musical sair do ar, com certeza será retaliação. É preciso muito jogo de cintura para levar essa gente…
Mas, deixemos de lado as ‘escrotices’ e voltemos ao nosso toque musical de hoje. Como se pode ver, temos aqui um álbum de carnaval, disco lançado pela Top Tape em 1973. Uma seleção das dez melhores escolas de sambas do Rio de Janeiro e seus sambas enredos para a festa daquele ano. Realmente, é notável o nível e a qualidade de um carnaval que hoje já não temos mais. E a isso eu me refiro a questão cultural, a maneira como se fazia uma festa na avenida, num tempo onde a festa não era um espetáculo comercial, um bom negócio onde se ganha muito dinheiro. A indústria do carnaval cresceu, assim como tudo que é popular e pode ser taxado, pode ser vendido (um bom exemplo é também o futebol). Mas essas coisas trazem um algo além, a tradição e é por ela que tudo se sustenta. Quem hoje, em plena pandemia, pede festa e aglomeração está visando apenas lucro, fazer dinheiro, não deixar o negócio carnavale$co morrer, quando o certo seria se guardar para quando o verdadeiro Carnaval chegar. E tenho dito…
 
o mundo melhor de pixinguinha – portela
brasil ano dois mil – beija flor
heroínas do romance brasileiro – unidos de são carlos
réquiem por um sambista – silas de oliveira – imperatriz leopodinense
dona santa rainha do maracatu – império serrano
mangueira em tempo de folclore – mangueira
a festa do divino – mocidade independente de padre miguel
aruanã-açu – vila isabel
a festa dos deuses afrobrasileiros – em cima da hora
rei da frança na ilha da assombração – salgueiro
 
 
.

O Espírito Da Coisa (1986)

Olá, amigos cultos e ocultos! O Toque Musical traz hoje o único LP do Espírito da Coisa, banda de pop-rock formada em meados da década de 1980, no Rio de Janeiro. Formado pelos vocalistas Cláudio Barreto, Dila Guerra, Katita Moraes e Victor, mais Paulo Corrêa (guitarra, piano, violão, flauta e voz), Guilherme Brício (teclados, saxofone e flauta), Cláudio Matheus (baixo) e Sobral (bateria e percussão), o grupo apareceu pela primeira vez em disco no álbum misto “Indústria do rock”, de 1985, interpretando a faixa “Verônica”. Nesse mesmo ano, O Espírito da Coisa lançou em compacto simples seu único sucesso, “Ligeiramente grávida”, justamente a faixa que abre este único álbum da banda, editado em 1986 pela Top Tape. A proposta deles, como se poderá notar ouvindo este disco, era a mesma da Blitz, ou seja, canções leves com letras bem-humoradas, e até mesmo com pitadas de crítica social, como se percebe nas faixas “Mimi trotskista” e “Salário mínimo”. Enfim, é um disco que vale a pena baixar e ouvir.

ligeiramente gravida
manga com leite
lady newton
benedito
salário mínimo
e agora josé
teresa
zé roberto
nene
mimi trotskista




*Texto de Samuel Machado Filho