Boa noite, amigos cultos e ocultos! Aproveitando o embalo, aqui vai mais um disco promocional, lançado pela Brazilian Airlines Cruzeiro, em 1972. Um disco recheado de boa música. Uma seleção que busca ‘ilustrar’, ou melhor, referenciar as diferentes regiões e culturas do Brasil. Voltado para o público estrangeiro, acredito eu que este disco tenha sido distribuído promocionalmente aos seus clientes internacionais. Uma maneira elegante de mostrar o país com músicas que representam verdadeiramente o espírito brasileiro.
Embora houvesse como editar cada uma das músicas, achei mais interessante manter a linearidade do disco que não traz separação por faixa. Vocês ouvirão o lado A e depois o lado B, sem pausa. Fica melhor ouvir o disco assim.
Grupo Zurana – Sorte (1977)
Olá amigos cultos e ocultos! Tenho para hoje um disco especial, do tipo que eu gosto de postar por aqui. Um lp promocional produzido pelo Grupo Zurana, sob a supervisão da MPM Propaganda, apresentando as versões musicais dos jingles usados pela Caixa Economica Federal na divulgação das extrações da Loteria Federal, em 1977. As músicas são interpretadas pelo Grupo Zurana, que nada mais é que um time de músicos e cantores, gente que trabalha em estúdios fazendo música para além do mercado fonográfico. Temos aqui figuras como Sivuca, Gilson Peranzetta, Reginha, Márcio Lotti, Mamão, Altamiro Carrilho, Joel Nascimento e muitos outros. A produção musical e arranjos são de Tavito e Eduardo Souto Neto. As composições são de artistas como Ivan Lins, Mariozinho Rocha, Paulo Sérgio Valle, Ruy Maurity, Eduardo Souto Neto, entre outros…
Eis aí um disco interessante, promocional e certamente uma edição limitada que poucos devem conhecer. Vale a pena resgatar coisas assim. Confiram essa joinha, pois o tempo é limitado 😉
Zimbo Trio + Cordas – É Tempo De Samba (1967)
Olá, amigos cultos, ocultos e associados! O TM hoje oferece a vocês mais um álbum da extensa discografia do Zimbo Trio. Formado em março de 1964, em São Paulo, era originalmente formado por Luís Chaves Oliveira da Paz (contrabaixo) – que curiosamente iniciou sua carreira na Belém do Pará de origem, como violonista de um regional -, Rubens Alberto Barsotti, o Rubinho (bateria), e Amíton Godoy (piano). O nome do grupo vem do termo afro “zimbo”, que significa boa sorte, felicidade e sucesso, além de designar uma das tantas moedas que circulavam no Brasil colonial. Em 17 de março de 1964, o trio faz sua primeira aparição em público, na boate paulistana Oásis, em show produzido por Aloysio de Oliveira, acompanhando a cantora e atriz Norma Bengell. Ainda nesse ano, seriam intérpretes da trilha musical de Rogério Duprat para o filme “Noite vazia”, de Walter Hugo Khouri, que tinha Norma Bengell no elenco. Em 1965, passam a ser acompanhadores fixos do programa “O fino da bossa”, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues na TV Record, e que marcou época na telinha brasileira. Em 1968, o Zimbo Trio participa de um histórico recital no Teatro João Caetano do Rio de Janeiro, ao lado de Elizeth Cardoso e Jacob do Bandolim, que resulta em dois LPs gravados ao vivo pelo Museu da Imagem e do Som (MIS) carioca. Em 1973, o trio fundou, em parceria com o baterista Chumbinho (João Rodrigues Ariza), o CLAM (Centro Livre de Aprendizagem Musical), voltado para a formação musical ampla, sem barreiras entre erudito e popular. A escola formou gerações de músicos. Com a morte do contrabaixista Luís Chaves, em 2007, este é substituído por Itamar Collaço, que introduziu o baixo elétrico no Zimbo Trio. Porém, em 2010, o contrabaixo acústico volta ao trio, com a substituição de Collaço por Mário Andreotti. Nos últimos tempos, o Zimbo Trio, às vezes atuando como um quarteto , com Pércio Sápia dividindo a bateria com Rubinho Barsotti, vem apresentando um repertório autoral baseado em composições do pianista Amílton Godoy. Com 51 discos gravados em mais de meio século de carreira, o Zimbo Trio conquistou reconhecimento mundial, excursionando por países dos cinco continentes, e assim divulgando nossa melhor música instrumental. Este “´É tempo de samba”, editado pela RGE em 1967 nas versões mono e estéreo, e hoje oferecido a vocês pelo TM, vem a ser o quarto álbum de estúdio do Zimbo Trio. Desta vez, é um trabalho que vem acrescido de uma orquestra de cordas, com arranjos cuidadosamente elaborados pelo contrabaixista Luiz Chaves. No repertório, composições de autores brasileiros então em evidência, tipo Chico Buarque (“Quem te viu, quem te vê”. “Tereza tristeza”, “Tem mais samba”), Baden Powell (“Cidade vazia”, com Lula Freire, e “Olô pandeiro”, com o Poetinha Vinícius), Tom Jobim (“O amor em paz”, também com Vinícius de Moraes), Geraldo Vandré (“Arueira” e o clássico “Disparada”, imortal produto de sua parceria com Théo de Barros) e Luiz Bonfá, este com duas composições de filmes norte-americanos (ele então residia nos EUA) que ainda não estavam sendo exibidos em nossos cinemas. E tudo isso apresentado na contracapa por um entusiasmadíssimo Sérgio Porto, esse mesmo que marcou época na imprensa brasileira com o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, criando tipos inesquecíveis como 0707Tia Zulmira, Rosamundo e Primo Altamirando. A boa aceitação deste trabalho motivaria, em 1969, o lançamento de um segundo volume de “Zimbo Trio + cordas”. E este primeiro comprova a qualidade artística e a versatilidade do Zimbo Trio, que fizeram do grupo uma autêntica referência na música instrumental brasileira.
anoiteceu
disparada
non stop to brazil
arueira
é tempo de samba
quem te viu e quem te vê
cidade vazia
tereza tristeza
o amor em paz
olô pandeiro
tem mais samba
the gentle rain
* Texto de Samuel Machado Filho.
2001 – Uma Odisséia No Samba (1974)
Boa tarde, amiguíssimos cultos e ocultos! Hoje eu estive ouvindo e explorando o Deezer, um similar do ao iTunes e Spotify e por lá”eu me deparei com este disco, “2001 Uma Odisséia No Samba”. Coincidentemente foi um dos muitos discos que tenho recebido do amigo Fáres. Eu até então não o tinha ouvido e possivelmente viria a ser postado em outro momento. Mas depois de ouvir pelo Deezer eu não resisti. Tem logo que ser postado para que os amigos aqui o conheça. Trata-se de uma seleção de sambas dos mais populares da época em uma roupagem bem inusitada. Inspirado no sucesso do filme “2001 Uma Odisséia No Espaço”, de Stanley Krubick. Ou, mais exatamente no momento e no título, como um trocadilho e mantendo o clima ‘espacial-futurista’ em curiosos efeitos de sintetizador e teclado moog nas passagens de uma música para outra. É um disco bem interessante. Um bom repertório e dentro dessas estranhezas de efeitos soa bem nessa nossa atualidade. E a capa também é bem legal. Infelizmente, não há créditos para os intérpretes. Confiram…
Bolão E Seu Conjunto – Muito Legal (1964)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Depois da postagem do disco da Celly Campello, me lembrei de um outro disco que há tempos esperava sua vez e que por certo tem tudo a ver um com o outro, Bolão e Seu Conjunto. Estamos falando aqui dos pioneiros do rock brazuca. E assim como a Celly, Bolão foi um dos mais atuantes na cena rock’n’roll nacional, tendo inclusive participação nos discos da cantora, marcando presença com seu saxofone. Bolão atuou em orquestras, como músico de estúdio e nos mais diversos discos e gêneros da produção fonográfica brasileira. Mas seu destaque como artista se deu na onda do rock. Gravou, pelo menos uma meia dúzia de discos solos, todos voltados para o twist, hully gully e rockabilly, que na verdade nada mais é do que a surf music e rock’n’roll.
Aqui temos o álbum ‘Muito Legal’, lançado pela RCA Victor, em 1964. Um disco com um repertório recheado de sucessos, todos internacionais, com excessão de “Rua Augusta”, sucesso inesquecível, de autoria de Hervé Cordovil. Os arranjos são do maestro e pianista Wilson Mauro, que também participa do conjunto. Sem dúvida, um disco muito legal. Confiram…
Celly Campello – Brotinho Encantador (1961)
O Toque Musical traz hoje para seus amigos cultos, ocultos e associados um disco da primeira grande estrela feminina do rock brasileiro: Célia Benelli Campello, ou como ficou para a posteridade, Celly Campello (São Paulo, 18/6/1942-Campinas, SP, 4/3/2003). Paulistana criada em Taubaté, cidade da região paulista do Vale do Paraíba, ela fez sua primeira aparição pública aos 5 anos de idade, em um espetáculo mirim de balé, dançando “Tico-tico no fubá”. Aos seis anos, cantou pela primeira vez, ao microfone da Rádio Cacique. Paralelamente, estudava balé, piano e violão, e tornou-se uma das estrelinhas do “Clube do Guri”, apresentado aos domingos na Rádio Difusora de Taubaté. Aos 12 anos, ganhou seu próprio programa, na Cacique. Aos 16 anos incompletos, em 1958, ela estreou em gravações, na Odeon, interpretando “Handsome boy”, tendo, no outro lado do 78 (também lançado em compacto simples de 45 rpm, aliás o primeiro single brasileiro da gravadora), “Forgive me”, com o irmão, Tony. O estouro definitivo, porém, veio em março de 1959, quando saiu o clássico “Estúpido Cupido (Stupid Cupid)”, versão de Fred Jorge para um hit de Neil Sedaka, que logo tornou-se coqueluche nacional. Daí vieram outros sucessos até hoje lembrados, tais como “Lacinhos cor de rosa”, “Muito jovem”, “Banho de lua”, “Túnel do amor”, “Eu não tenho namorado”, “Frankie”, “Jingle bell rock”, “Trem do amor”, etc. Em 1962, para tristeza de seu público, Celly resolve abandonar precocemente a carreira para se casar, ainda no apogeu e com vinte anos de idade. Ainda gravaria outros discos em ocasiões esporádicas, mas sem repetir o êxito inicial. Só conseguiu voltar à evidência em 1976, quando a novela “Estúpido Cupido”, escrita por Mário Prata para a TV Globo, e ambientada em 1961, reviveu antigos sucessos dela e de outros contemporâneos, como Carlos Gonzaga, Ronnie Cord, Wilson Miranda, Sérgio Murilo, Demétrius e o irmão Tony. A própria Celly declarou à imprensa, certa vez, que chegou a ganhar mais dinheiro nos seis meses de exibição da novela do que no auge da carreira! “Brotinho encantador”, o álbum hoje oferecido a vocês pelo TM, foi o quinto LP-solo de Celly Campello e o último que ela fez antes de abandonar precocemente a carreira para se casar, lançado pela Odeon em outubro de 1961. É um trabalho que segue a linha dos anteriores, recheado de versões de sucessos do rock internacional, com direito até a algumas faixas em inglês (“Runaway”, “Little devil”, “Angel , angel”). A primeira faixa, “Presidente dos brotos”, é uma versão bem humorada do especialista Fred Jorge, curiosamente lançada quando o Brasil vivia em regime parlamentarista de governo, decretado após grave crise política causada pela renúncia do presidente Jânio Quadros,e a tentativa de impedir a posse do vice, João Goulart, que acabou assumindo a chefia da nação com poderes limitados. Fred assina quatro outras versões constantes aqui: “Índio sabido” (que, curiosamente, era bastante apreciada pelo cantor Cyro Monteiro!), “Ordens demais”, “Tchau, baby, tchau” e “O jolly joker”. A misteriosa Marilena assina a lírica “A lenda da conchinha”. Letras brazucas de Juvenal Fernandes (“Juntinhos/Together”), Romeu Nunes (“Flamengo rock”) e do misterioso Tassilo Marischka (“Hey, boys, how do you do?”) completam o presente LP, muito bem escorado por arranjos e regências de Waldemiro Lemke e Mário Gennari Filho, e pelo invejável padrão técnico de gravação da Odeon nessa época. “Brotinho encantador”, portanto, traz uma Celly Campello ainda em plena forma, tendo por isso, inestimável valor histórico. É ouvir e recordar…
presidente dos brotinhos
índio sabido
juntinhos
ordens demais
tchau tchau tchau
runaway
flamengo rock
o jolly joker
angel angel
hey boys how do you do
a lenda da conchinha
little devil
.
*Texto de Samuel Machado Filho
Zimbo Trio + Cordas Vol. 2 (1968)
Boa tarde, meus prezados amigos cultos e ocultos! Enfim, chegamos no mês de julho. Mês de aniversário do blog Toque Musical. Neste ano estamos completando 9 anos de atividades. Por conta disso e também por outras coisas, vou fazer o possível para neste mês termos postagens diárias, como sempre foi por aqui. Para a sorte de vocês, neste mês eu estou de férias e não pretendo viajar. Consequentemente, terei todo o tempo do mundo para incrementar nossas postagens. Vamos ver se rola tudo certo.
Começando as postagens de aniversário, eu trago hoje e mais uma vez, o excelente Zimbo Trio. Aliás, é bom dizer, acho que agora tenho todos os disco do Zimbo, graças ao bom amigo Fáres, que muito tem contribuído para a nossa sobrevivência. Ao longo do tempo irei postando todos os que faltam, ok? Segue aqui o Zimbo Trio + Cordas Vol. 2, disco que deu sequência ao sucesso do primeiro, onde o trio, fornado por Luiz Chaves, Amilton Godoy e Rubinho é acompanhado por violinos, violas e celos. Eu ainda não postei o primeiro volume, mas em breve ele também estará aqui. O repertório do disco que apresento aqui é dos mais interessantes, com um bocado de músicas do Chico Buarque e de quebra ainda tem a música de Milton Nascimento, Gilberto Gil e do Adylson Godoy, irmão do Amilton. Confiram…
Elebra 6 – Memória – Solistas Brasileiros (1989)
O TM tem a grata satisfação de oferecer hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados o sexto volume da série “Memórias”, produzida sob encomenda da extinta Elebra pelo pesquisador João Carlos Botezelli, o Pelão, que, como vocês já viram anteriormente, tem a seu credito inúmeros trabalhos importantes da discografia tupiniquim, como o primeiro LP de Cartola e os dois primeiros de Adoniran Barbosa. Este sexto LP da série, editado em 1989 para distribuição gratuita aos clientes da extinta empresa de informática, com incentivo de lei governamental, tem o nome de “Solistas brasileiros”. Como escreveu na contracapa o próprio Pelão, “é mais uma homenagem da Elebra à sensibilidade, ao talento e à competência do músico brasileiro”. Vem, também, a ser uma justíssima homenagem ao pianista e maestro Radamés Gnattali (Porto Alegre, RS, 27/1/1906-Rio de Janeiro, 13/2/1988), com faixas executadas por ele mesmo e seus discípulos. Gravado em estúdios do Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Recife e Porto Alegre, já se utilizando da tecnologia digital (o que garante a qualidade técnica), é mais um trabalho impecável de Pelão, reunindo clássicos inesquecíveis e até hoje relembrados. Abrindo o disco, o próprio Radamés sola ao piano o choro “Carinhoso”, do mestre Pixinguinha. Rafael Rabello, violonista prematuramente desaparecido, vem com o samba-canção “Molambo”, de Meira e Augusto Mesquita. Joel do Bandolim sola o antológico bolero “Dois pra lá, dois pra cá”, um dos primeiros hits da dupla João Bosco-Aldir Blanc. Chiquinho do Acordeom executa outro samba-canção célebre, “Balada triste”, de Dalton Vogeler e Esdras Silva. Em seguida uma curiosa interpretação para “Nossos momentos”, da parceria Haroldo Barbosa-Luiz Reis, a cargo do contrabaixista Toinho Alves, que também faz um interessante “vocalize”. “Pois é”, samba de Ataulfo Alves, é executado ao cavaquinho por um verdadeiro “cobra” do instrumento, Henrique Cazes. A viola caipira de Roberto Corrêa traz a nossos ouvidos a clássica toada “Tristeza do jeca”, de Angelino de Oliveira. O pianista Laércio de Freitas nos traz “Ceú e mar”, obra-prima de Johnny Alf. Zé Gomes, craque da rabeca, executa “Maria”, samba-canção de Ary Barroso e Luiz Peixoto. Rildo Hora sola, com sua gaita, “A noite do meu bem”, de Dolores Duran. O violonista Israel sola depois “Agora é cinza”, samba da parceria Bide-Marçal. Por fim, a não menos antológica “Canção de amor”, de Chocolate e Elano de Paula, nos floreados da flauta de Plauto Cruz. Tudo isso em um trabalho primoroso, antológico, verdadeiro tributo a Radamés Gnattali e seus discípulos. Simplesmente irresistível!
carinhoso – radamés gmattali
molambo – rafael rabelo
dois prá lá, dois prá cá – joel do bandolim
balada triste – chiquinho do acordeon
nossos momentos – antonio alves
pois é – henrique cazes
tristeza do jeca – roberto correa
céu e mar – laércio freitas
maria – zé gomes
a noite do meu bem – rildo hora
agora é cinza – bide e marçal
canção de amor – plauto cruz
.
Dick Farney – Momentos (1985)
Bom dia, amigos cultos e ocultos! Hoje eu trago para vocês mais um disco da série lançada pelo saudoso restaurante Inverno & Verão, que existiu em Sampa na década de 80. Já falamos dessa casa de show aqui no Toque Musical. Por ela passaram grandes nomes da música nacional e até internacional. E para mim, seu grande mérito foi o registrar e lançar em discos os muitos artistas que por lá estiveram. Com o apoio do Credicard/Visa, o I&V promoveu e lançou de forma quase independente uma dezena de títulos, em discos não comerciais. Ao que sei, esses lps eram oferecidos aos clientes e fornecedores da casa de shows. Por aqui eu já publiquei várias dessas produções e na sequencia temos outro artista, que também sempre esteve presente em nossas postagens, o grande Dick Farney. Embora gravado em estúdio, este lp registra alguns bons momentos do repertório da temporada do artista, em março de 1985. Que eu saiba, essas gravações nunca chegaram a ser lançadas comercialmente. Assim sendo, a oportunidade de conhecer e ouvir o disco é essa. Confiram já, pois o tempo do link é uma baforada 🙂
Cauby Peixoto – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 148 (2016) Parte 2
O Grand Record Brazil oferece hoje aos amigos cultos, ocultos e associados a segunda parte do retrospecto especial dedicado ao grande e notável Cauby Peixoto, que partiu para a eternidade em 15 de maio último, deixando muitas saudades em todos aqueles que apreciam o que é bom em matéria de música. Oferecemos aqui mais 14 gravações de Cauby, várias delas prensadas simultaneamente em 78 rpm e vinil. Abrindo esta segunda parte, o bolero “Meu amor por você”, de Lourival Faissal e Edson Menezes, que Cauby gravou na RCA Victor em 20 de dezembro de 1957, com lançamento em abril de 58, sob número 80-1928-B, matriz 13-H2PB-0312. E a faixa seguinte é justamente o lado A, matriz 13-H2PB-0311, e um clássico do repertório dele: o samba-canção “Nono mandamento”, de Renê Bittencourt, retumbante êxito na época, e que o nosso saudoso Cauby também interpretou no filme “De pernas pro ar”, co-produção Herbert Richers-Cinedistri. Na quarta faixa, temos o primeiro hit maiúsculo do “professor da MPB”: o fox “Blue gardenia”, dos norte-americanos Bob Russell e Lester Lee, em versão de Antônio Carlos. Foi composto para o filme de mesmo nome, exibido no Brasil como “Gardênia azul”, e nele interpretado por Nat King Cole, tornando a música bem mais lembrada do que a própria película. O registro de Cauby saiu pela Columbia em maio de 1954, sob número CB-10042-A, matriz CBO-215, e, mais tarde, “Blue gardenia” seria faixa-título e de abertura do primeiro LP do cantor, em dez polegadas. Ainda em 54, apareceu outra gravação em português deste fox, por Lúcio Alves, mas o sucesso foi mesmo de Cauby. Aqui também apresentamos o lado B desse 78, matriz CBO-214: o samba-canção “Só desejo você”, assinado pelo então empresário de Cauby, Di Veras, em parceria com Osmar Campos Filho, e, ainda em 1954, também gravado na Copacabana por Ângela Maria. A música entrou mais tarde no segundo LP de Cauby, o dez polegadas “Canção do rouxinol”. A quinta faixa desta seleção é “Canção de sentir saudade”, samba-canção de Durval Ferreira e Orlando Henriques, que Cauby gravou na RCA Victor em 11 de outubro de 1960, com lançamento em janeiro de 61, sob número 80-2286-A, matriz L2CAB-1132. Mais tarde, seria faixa de encerramento do compacto duplo de 45 rpm número 583-5068. O lado B do 78, matriz L2CAB-1133, que também abriu o compacto em questão e um LP do cantor com o mesmo título, é a faixa seguinte: a balada “Perdão para dois”, de Palmeira e Alfredo Corleto, lançada pouco antes por Leila Silva na Chantecler. Em seguida, temos o beguine “Tentação”, de Edson Borges e Sidney Morais (que integrou o Conjunto Farroupilha e Os Três Morais, e gravou discos de música latina como Santo Morales). Foi lançado pela Columbia, na voz de Cauby, em abril de 1956, sob número CB-10250-B, matriz CBO-727. Logo depois, vem o lado B, matriz CBO-729, o fado “Lisboa antiga”, standard do cancioneiro lusitano, de autoria de Raul Portela, Amadeu do Vale e José Galhardo. Em LP, e de dez polegadas, esta faixa só apareceu na coletânea mista “Meus favoritos – vol. 5”. A faixa 9, “Bibape do Ceará”, é um baião de Catulo de Paula e Carlos Galindo, originalmente gravado pelo próprio Catulo em 1955. O registro de Cauby foi lançado em setembro de 56 pela Columbia, sob número CB-10285-B, matriz CBO-818 (o lado A é o clássico “Conceição”, já oferecido a vocês em nosso volume anterior). Na décima faixa, temos o fox “É tão sublime o amor (Love is a many splendored thing)”, dos norte-americanos Paul Francis e Sammy Fain, em versão de Alberto Almeida. A música deu título a um filme também de sucesso, estrelado por William Holden e Jennifer Jones, e exibido no Brasil como “Suplício de uma saudade”. O registro de Cauby foi lançado pela Columbia em maio-junho de 1956, sob número CB-11002-A, matriz CO-55565, abrindo também seu terceiro LP, o dez polegadas “Você, a música e Cauby”. Em seguida, outro clássico: o bolero “Espera-me no céu (Esperame em el cielo)”, do portorriquenho Francisco López Vidal (Paquito), em versão do pistonista Araken Peixoto, irmão de nosso Cauby, que a imortalizou na RCA Victor em 30 de janeiro de 1957, com lançamento em julho do mesmo ano, sob número 80-1812-B, matriz 13-H2PB-0044. A gravação entrou mais tarde no LP de dez polegadas “Música e romance”, já oferecido a vocês pelo Toque Musical. A faixa seguinte é o lado B do disco de estreia de Cauby, o Carnaval/Star 013, lançado bem em cima do carnaval de 1951, em fevereiro: a marchinha “Ai, que carestia”, de Victor Simon e Liz Monteiro (nada mais atual, não é mesmo?). A penúltima faixa é o clássico “Molambo”, samba-canção do violonista Jayme Florence, o Meira dos regionais, em parceria com Augusto Mesquita. Lançado em 1953 por Julinha Silva, tem vários outros registros, e o de Cauby foi lançado pela Columbia em maio-junho de 1956, em seu terceiro LP, o dez polegadas “Você, a música e Cauby”, chegando ao 78 rpm em agosto seguinte sob número CB-10267-A, matriz CBO-769. E, encerrando esta seleção, o fox “Tudo lembra você (These foolish things/Remind me of you)”. A música foi feita em 1936 pelos britânicos Jack Strachey e Eric Maschwitz (também conhecido por Holt Marvel), mais o norte-americano Harry Link, e tem vários registros. O de Cauby, com letra brasileira de Mário Donato, tem acompanhamento do conjunto do violonista Ângelo Apolônio, o Poly, e saiu pela Todamérica em março de 1953, com o número TA-5259-A, matriz TA-1153. Um fecho realmente de ouro para este retrospecto especial que o GRB dedica ao agora imortal Cauby Peixoto!
*Texto de Samuel Machado Filho
Isto É Musicanossa (1968) Rozenblit
Olá amiguíssimos cultos e ocultos! Atendendo aos pedidos, eu finalmente consegui o lp “Isto é Músicanossa”, versão lançada pela Rozenblit e como o lp da Odeon, também datado de 1968. Neste disco da gravadora pernambucana vamos encontrar outros artistas, mas todos do mesmo ‘naipe’ do outro. Como destaque, temos o genial Johnny Alf, o Trio 3D de Antonio Adolfo com Novelli nos vocais, Maurício Einhorn e Mário Telles. Também aparecem intérpretes pouco conhecidos como, Henrique Beni, Iracema Werneck e Neide Mariarrosa. No todo, temos um conjunto impecável de artistas que também fizeram parte do movimento Músicanossa.
Elebra – Memória 5 (1988)
O TM hoje oferece aos seus amigos cultos e ocultos e associados o quinto volume de uma série denominada “Memórias”, destinada à preservação de nossa memória musical, oferecida como brinde aos clientes da Elebra, uma empresa de informática que não existe mais, e que foi a maior do setor na época em que havia reserva de mercado para o mesmo no Brasil.
A série foi produzida pelo incansável pesquisador João Carlos Botezelli, o popular Pelão, que tem um respeitável currículo no setor fonográfico. Basta dizer, por exemplo, que ele produziu, em 1974, o primeiro LP do mestre Cartola. Trabalhos de Nélson Cavaquinho , Adoniran Barbosa, Théo de Barros, Inezita Barroso e Raphael Rabello também estão entre suas mais esmeradas produções discográficas. E tudo na base da amizade…
Este quinto LP da série “Memórias”, editado em 1988, é dedicado a conjuntos vocais e/ou instrumentais brasileiros de várias épocas e estilos. Para a seleção de repertório, mestre Pelão contou com a colaboração, entre outros, do jornalista Arley Pereira e do autor de novelas Walther Negrão. Seleção esta muito bem feita, com masters cedidos por quatro gravadoras, em que desfilam conjuntos marcantes na história de nossa música popular, interpretando clássicos inesquecíveis. A seleção inclui “Trem das onze”, do mestre Adoniran, com os sempre notáveis Demônios da Garoa, “Gauchinha bem querer”, de Tito Madi, na interpretação impecável e plena de autenticidade do Conjunto Farroupilha, “Forró de Mané Vito”, de Gonzagão e Zé Dantas, com o Quinteto Violado, um raro registro de “Nêga do cabelo duro”, de Rubens Soares e David Nasser, com o Bando da Lua, “Estrada do sol”, de Tom Jobim e Dolores Duran, com o Trio Irakitan, o saltitante “Tico-tico no fubá”, de Zequinha de Abreu, com Os Três Morais, “É com esse que eu vou”, de Pedro Caetano, com seus criadores, os Quatro Ases e um Coringa… A bossa nova vem com o Zimbo Trio, executando “Balanço Zona Sul”, de Tito Madi, o Sambalanço Trio numa releitura de “Pra machucar meu coração”, de mestre Ary Barroso, e o Jongo Trio com “Menino das laranjas”, de Théo de Barros. Os Titulares do Ritmo aqui interpretam “Ponteio”, de Edu Lobo e Capinam. E, para finalizar, “A voz do morro’, de Zé Kéti, com o conjunto de mesmo nome, organizado pelo próprio autor, e no qual despontaram nomes importantes da MPB, como Paulinho da Viola e Élton Medeiros. Repertório de qualidade, conjuntos expressivos, ótimas performances… Que mais se pode querer?
pra machucar meu coração – sambalanço trio
tico tico no fubá – os três morais
balanço zona sul – zimbo trio
o menino das laranjeiras – jongo trio
forró do mané vito – quinteto violado
estrada do sol – trio irakitan
nega do cabelo duro – bando da lua
gauchinha bem querer – conjunto farroupilha
é com esse que eu vou – quatro azes e um coringa
ponteiro – titulares do ritmo
trêm das onze – demônios da garôa
a voz do morro – conjunto a voz do morro
.* Texto de Samuel Machado Filho
Orlando Silva (1955)
O TM oferece hoje a seus amigos cultos, ocultos e associados uma autêntica raridade, bastante difícil de se encontrar por aí. Trata-se de um LP de dez polegadas que reúne oito gravações feitas por Orlando Silva (Rio de Janeiro, 3/10/1915-idem, 7/8/1978) na Copacabana, gravadora com a qual assinou contrato em 1951 (ano em que também foi eleito Rei do Rádio), e onde permaneceria pelos quatro anos seguintes. À época destes preciosos registros, o “cantor das multidões” já tinha voltado aos braços emocionados do grande público brasileiro, que sempre o teve como ídolo, depois de haver superado os problemas particulares, inclusive de ordem amorosa, que foram obstaculizando sua carreira. Os anos 1950 foram, para ele, mais tranquilos, mas nem por isso menos importantes. Seu timbre de voz estava um pouco mais grave, porque esse é o curso natural da voz humana e ele havia surgido para a glória na adolescência dos 18 anos. Mas ainda era o mesmo Orlando Silva de recursos técnicos impecáveis, voz prodigiosa e interpretação comovente. É o que vocês poderão comprovar através deste preciosíssimo vinil de dez polegadas, lançado em 1955, ano em que Orlando Silva retornou à Odeon. São oito faixas originalmente lançadas em discos de 78 rpm, que evidenciam o bom gosto musical do intérprete, afinal ninguém como Orlando para escolher tão bem o repertório. E, como se trata de uma espécie de “edição extraordinária” de nosso Grand Record Brazil, convém relacionar as bolachas de cera em que estas faixas saíram originalmente. Abrindo o disco, o fox -bolero “Aquela mascarada”, de Cyro Monteiro e Dias da Cruz, editado em agosto-setembro de 1953 sob número 5113-A, matriz M-518. O choro “Amanhecendo”, de Cícero Nunes, Arcênio de Carvalho e Rogério Lucas, foi inicialmente lançado em versão instrumental, pelo trombonista Raul de Barros. E coube a Orlando Silva registrar a versão cantada, que a Copacabana lançou em abril de 1954 sob número 5240-B, matriz M-761. A valsa “De que vale a vida sem amor” é dos mesmos J. Cascata e Leonel Azevedo que deram a Orlando, em 1937, os clássicos “Lábios que beijei” e “Juramento falso”, e aqui contam com a parceria de José de Sá Roris. O 78 original saiu por volta de maio de 1954, e levou o número 5254-A, matriz M-814. O samba “Não… e sim”, do flautista Altamiro Carrilho em parceria com Armando Nunes, é o lado B de “Amanhecendo”, matriz M-815. Da parceria Herivelto Martins-Mário Rossi é o samba “Obrigado, Maria”, editado em setembro de 1954 sob número 5302-A, matriz M-914. O ótimo samba “Exaltação à cor”, bem na tradição de seu autor, Ataulfo Alves, aqui em parceria com J. Audi, vem a ser o lado B de “Aquela mascarada”, matriz M-519. “Renúncia”, samba-canção de exclusiva autoria de Marino Pinto, teve lançamento em 78 rpm quase simultâneo a este LP, em março-abril de 1955, sob número 5382-B, matriz M-915. Para encerrar, Orlando Silva homenageia seu grande amigo Francisco Alves, que o lançou em seu programa da Rádio Cajuti, do Rio de Janeiro, em 1934, com a regravação de “Cinco letras que choram (Adeus)”, samba-canção de Silvino Neto, que o Rei da Voz lançou em 1947 e seria a música mais tocada pelas rádios quando do trágico falecimento dele em acidente rodoviário, em 1952. O registro de Orlando foi lançado logo em seguida, em outubro-novembro desse ano, sob número 5010-A, matriz M-261. Enfim, uma seleção primorosa e imperdível, que mostra um Orlando Silva com os pés no presente, com força para trilhar e projetar o momento em que vivia. É ouvir e confirmar.
aquela máscara
amanhecendo
de que vale a vida sem amor
não é sim
obrigado maria
exaltação a cor
renúnica
adeus
* Texto de Samuel Machado Filho
Dorival Caymmi – Acalanto (1972)
Olá, amigos cultos, ocultos e associados! O TM vem oferecer a vocês hoje um dos melhores trabalhos discográficos deste grande poeta seresteiro da Bahia que foi Dorival Caymmi (Salvador, BA, 30/4/1914-Rio de Janeiro, 16/8/2008). Este foi o sexto LP-solo de Caymmi, originalmente lançado pela Odeon (depois EMI e hoje Universal Music), então com Aloysio de Oliveira, ex-Bando da Lua, em sua direção artística, em 1960, com o título de “Eu não tenho onde morar”, e voltou às lojas em 1972, como “Acalanto – Dorival interpreta Caymmi” (o curioso é que, no selo dessa reedição, o título que aparece é o original), e áudio reprocessado de mono para estéreo. O álbum teve também reedições em CD, uma delas como parte do boxe “Caymmi, amor e mar”. Detalhes à parte, o fato é que o disco apresenta o mestre Caymmi em sua melhor forma, quando já havia sido adotado pela bossa nova, então em plena efervescência, mesmo sem pertencer à sua tribo específica, influenciando autores como Sérgio Ricardo (“Barravento”) e tendo suas composições regravadas por alguns de seus principais intérpretes, inclusive por seu então colega de gravadora (e também conterrâneo), João Gilberto. Muito bem apoiado pelas orquestrações do maestro Lindolfo Gaya, e com o impecável padrão técnico de gravação da “marca do templo”, Caymmi aqui está, de acordo com o breve texto de contracapa, “mais solto, mais livre e mais espontâneo do que nunca”. Evidentemente, todas as faixas levam a assinatura do mestre soteropolitano, e são verdadeiros clássicos, até hoje presentes na memória e no imaginário popular. A faixa-título, “Eu não tenho onde morar”, e “São Salvador”, para começar, figuraram entre os maiores hits de 1960. Ainda no programa, regravações de músicas lançadas em disco ou pelo próprio Caymmi ou por outros intérpretes, que sempre vale a pena a gente ouvir e reouvir: “Rosa morena”, “Acontece que eu sou baiano”, “Vestido de bolero”, “O dengo que a nêga tem” (feita para Cármen Miranda apresentar em sua última temporada brasileira, em 1940, no Cassino da Urca), “Dora” (“rainha do frevo e do maracatu”), “O que é que a baiana tem?”(primeiro hit maiúsculo do mestre baiano, lançado por ele mesmo em dueto com Cármen Miranda, em 1939), “A vizinha do lado”, “Adeus”, “Marina”… E a faixa “Acalanto”, música regravada até mesmo por Roberto Carlos, é revestida de importância por ser a estreia em disco da filha do compositor, Nana Caymmi, na plenitude de seus 19 anos, em comovente dueto com o pai. Tão comovente que, terminada a gravação, pai, filha e a mãe, dona Estela, saíram do estúdio chorando de emoção. Enfim, um trabalho imperdível, para se ouvir do começo ao fim. Confiram!
* Texto de Samuel Machado Filho
Cartola – Documento Inédito (1982)
Cristina – Vejo Amanhecer (1980)
Olá, amigos cultos, ocultos e associados! Hoje o TM tem a satisfação de lhes oferecer um álbum de Cristina Buarque, irmã caçula de Chico e também de Miúcha e Ana de Hollanda, todos filhos do historiador Sérgio Buarque de Hollanda e de Maria Amélia Alvim Buarque de Hollanda. Foi em São Paulo que nossa Cristina veio ao mundo, no dia 23 de dezembro de 1950. Sua casa era frequentada por intelectuais amigos de seus pais, como os poetas Mário de Andrade e Vinícius de Moraes. Em 1952, a família Buarque de Hollanda mudou-se para Roma, capital da Itália, onde o patriarca Sérgio Buarque foi lecionar, voltando depois ao Brasil. Por volta de 1965, formou um quarteto vocal com duas irmãs (Ana Maria e Maria do Carmo) e uma amiga (Helena), que se apresentava em shows em colégios de São Paulo e, esporadicamente, em programas de televisão, acompanhando ás vezes o irmão Chico. Cristina estreou em disco em 1967, no álbum misto “Onze sambas e uma capoeira”, dedicado á obra de Paulo Vanzolini, com produção do publicitário Marcus Pereira, interpretando “Chorava no meio da rua”. Um ano depois, gravou com o irmão Chico a música “Sem fantasia”, obtendo relativo êxito. No início dos anos 1970, apresentou-se no Bar Violeiro, no bairro carioca da Barra da Tijuca, ao lado de João do Valle e da irmã Miúcha. Em 1974, grava seu primeiro álbum-solo, sem título, obtendo êxito nacional com “Quantas lágrimas”, samba de Manacéa da Portela. Nessa ocasião, ela começou a resgatar a obra de antigos e grandes sambistas, destacando-se como fiel divulgadora do samba de raiz, o que transparece em praticamente toda a sua discografia. “Vejo amanhecer”, que o TM hoje nos oferece, é o quarto álbum-solo de Cristina Buarque, lançado em 1980 pela então recém-instalada Ariola, com a maior parte dos arranjos assinada por Cristóvão Bastos. A faixa-título é um samba de Noel Rosa e Francisco Alves, refletindo a proposta da intérprete em divulgar e resgatar grandes sambas do passado, o que também é comprovado pelas regravações de “Vá trabalhar” (Cyro de Souza), “Sinhá Rosinha” (Geraldo Pereira e Célio Ferreira), “Ironia” (Paulinho da Viola) e “Duro com duro” (Ary Barroso). A faixa de abertura é do irmão Chico Buarque, “Bastidores”, música que, por sinal, foi lançada neste disco, mas, como todos sabem, obteria maior êxito como recém-falecido Cauby Peixoto. Trabalhos da dupla Novelli (produtor executivo deste disco)-Cacaso (“Triste Baía da Guanabara”, “Andorinha”, “A madrasta”), Djavan (“Sim ou não”, com arranjo dele mesmo), Godofredo Guedes (“Cantar”) e da dupla Mílton Nascimento-Fernando Brant (a sempre lembrada “Canção da América”, que encerra o disco) completam o cardápio musical deste primoroso disco de Cristina Buarque, sem dúvida digno de figurar nos acervos de todos aqueles que prestigiam o que é bom.
bastidores
ironia
triste baia da guanabara
sim ou não
vá trabalhar
andorinha
cantar
sinhá rosinha
duro com duro
a madrastra
vejo amanhecer
canção da américa
.
Zaccarias E Sua Orquestra – Frevos (1958)
Olá amigos cultos e ocultos! No Carnaval deste ano eu fiquei mais por conta de repostar links no GTM do que postar novos/velhos discos relacionados ao tema. Um dos que eu deixei passar foi este com o maestro Zaccarias e sua Orquestra. Mas, sempre é tempo de festa, sempre é tempo de carnaval. Aliás, eu diria, é sempre tempo de frevo. Este não se limita apenas ao carnaval. E aqui temos um lp de dez polegas lançado pela RCA Victor no final dos anos 50 com o Maestro Zaccarias, que um dos grande incentivadores do gênero, sendo orquestra de destaque nas festas do Recife, nos anos 50 e 60. Neste disco estão contidas algumas das marchas/frevos mais tradicionais do carnaval pernambucano.
Para esclarecer isso melhor, nada como um álbum em que sua contracapa nos traz toda a informação necessária. Isso me poupa tempo e evita possíveis erros. (…e deixa eu correr, pois o relógio de ponto me espera). Um bom dia a todos!
Evinha – Cartão Postal (1971)
Olá amiguíssimos cultos e ocultos! Para alegrar o nosso dia tenho aqui este disco da Evinha, que sempre que ouço, associo a uma bela manhã de domingo. E hoje, por aqui está sendo um domingo ensolarado. Um presente para os namorados, afinal hoje é o dia deles!
Temos aqui a cantora Evinha em seu terceiro lp. Como todos devem saber, Evinha iniciou a carreira ainda criança, cantando ao lado dos irmãos Mário e Regina, com que formava o Trio Esperança. Em 68 ela partiu para uma vitoriosa carreira solo, sempre fazendo muito sucesso. Neste lp “Cartão Postal” temos vários destaques. Músicas como “Que bandeira”, de Marcos Valle, Paulo Sérgio Valle e Mariozinho Rocha; “Feira Moderna”, de Beto Guedes e Fernando Brant; “Cartão Postal”, de Renato Correia e Guarabyra e vai por aí… Um disquinho realmente bom, para se ouvir hoje ou em qualquer outro dia 😉
Trio Surdina – Romance Em Surdina (1958)
Olá, amigos cultos, ocultos e associados! O TM oferece hoje mais um álbum do Trio Surdina. A primeira formação do grupo surgiu em 1952, com Garoto ao violão, Fafá Lemos no violino e Chiquinho ao acordeom. Na ocasião, o trio lançou vários LPs de dez polegadas para a Musidisc de Nilo Sérgio, e foi no primeiro deles, inclusive, que foi lançado o samba-canção clássico “Duas contas”, de Garoto, com solo vocal de Fafá Lemos, muitíssimo regravado até hoje. Com a morte prematura de Garoto, em 1955, o Trio Surdina se desfez. Entretanto, no ano seguinte, a Musidisc decidiu relançar o grupo, com nova formação: Nestor Campos ao violão, Al Quincas ao violino e El Gaúcho ao acordeom, que durou até 1958. A última formação do grupo, com Waltel Branco ao violão, Eduardo Patané ao violino e novamente Chiquinho ao acordeom, gravou apenas um álbum em 1963, “Trio Surdina em bossa nova”. Este “Romance em surdina”, oferecido hoje a vocês pelo TM, embora o texto de contracapa não faça qualquer esclarecimento a respeito, é na verdade uma coletânea das melhores gravações da segunda fase do Trio Surdina, editada pela Musidisc com o selo Audiola, em 1958. Do LP de dez polegadas “Ouvindo Trio Surdina – vol. 3”, de 1956, foram extraídas as faixas “Mattinata”, “Over the rainbow”, “Molambo”, “Aquellos ojos verdes”, “J’attendrai”, “Serenata” e “Por que brilham os teus olhos”. E do volume 2 da série, que naturalmente é anterior, e também de 56, são as cinco faixas restantes, “Moonlight serenade”, “Jalousie”, “Linda flor (Ai, Ioiô”), “Maria la ô” e “Charmaine”. Uma coletânea, sim, mas muito bem feita e que é um precioso documento do trabalho desenvolvido pelo Trio Surdina em sua segunda fase, trazendo clássicos nacionais e internacionais que sempre vale a pena ouvir e reouvir. Divirtam-se…
mattinata
over the rainbow
molambo
ojos verdes
fattendrai
moonlight serenade
serenata
porque brilham os teus olhos
jealousie
linda flor
maria lá-o
charmaine
.
Músicanossa – O Som & O Tempo (1968)
Bom dia, prezados amigos cultos e ocultos! Aqui vou eu trazendo para vocês um disco muito bacana, presente do meu amigo Fáres. Aliás, intercalando com outro amigo, o Samuca, vamos dar sequencia a mais uma leva de discos enviada pelo primeiro. Tem muita coisa interessante ainda para a gente mostrar.
Hoje vamos com este lp, coisa fina, lançado pela Odeon em 1968. Trata-se do “Músicanossa – O Som & O Tempo”, um movimento musical, criado pelo jornalista Armando Henrique e pelo maestro Hugo Bellard, no qual participaram vários artistas. Era um movimento em favor da música popular brasileira, um eco da Bossa Nova que começou com apresentações no antigo Teatro Santa Rosa (RJ) de onde nasceriam (até onde eu sei), pelo menos dois discos, um lançado pelo selo Rosenblit, trazendo artistas como Johnny Alf, Maurício Einhorn e Marcos Valle e o outro é este aqui, produzido pela Odeon. Como se pode ver pela capa e contracapa, temos neste outros grandes nomes: Taiguara; Beth Carvalho, na época, fazendo sua estréia; a cantora Mariá; o instrumentista/flautista Franklin; o grupo vocal feminino O Trevo e a cantora Luiza. Enfim, nomes de peso, alguns estreantes, como a Beth Carvalho, que teve ali a sua chance, lançando no mesmo ano de 68 o seu primeiro lp, também pela Odeon. Só para resumir, porque meu tempo é curto, temos aqui um disco que podemos considerar histórico, traçando um momento efervescente da MPB, com artistas e músicas que hoje são mais que clássicos. são nosso patrimônio.
Coletânea Dayco (1985)
Olá, amigos cultos, ocultos e associados! Hoje o TM oferece a vocês um álbum-coletânea que foi oferecido como brinde da Natal aos clientes da antiga Dayco do Brasil. A história da empresa começou em 1967, com a fundação da Fultrac, empresa da família Uliano, e, em 1971, o empresário Abraham Graicar entrou como sócio. Desde o início, a empresa importa, fabrica e distribui produtos destinados à construção civil, à comunicação visual e à arquitetura: selantes de silicone, fitas adesivas, chapas e telhas de policarbonato e alumínio composto etc. Em 1987, a antiga Dayco mudou de nome, passando a chamar-se Day Brasil, e hoje tem fábricas em Jandira (SP) e Manaus (AM). Treze anos mais tarde, porém, instalou-se no Brasil uma outra empresa com o mesmo nome: a Dayco Power Transmission, fabricante de autopeças (em especial correias automotivas e cabos de ignição), pertencente ao grupo norte-americano Mark IV, fundado em 1905 na cidade de Dayton, estado de Ohio. A atual Dayco é fornecedora das principais montadoras de automóveis do mundo, como GM, Volks, Fiat e Ferrari. Este álbum que o TM hoje oferece a vocês, portanto, foi produzido sob encomenda da antiga Dayco, hoje Day Brasil, pela Polygram, hoje Universal Music, e possivelmente foi distribuído aos clientes da empresa ás vésperas do Natal de 1985. São dez faixas marcantes e expressivas, colhidas nos vastos e ricos arquivos da gravadora, trazendo um pouco do melhor da música popular brasileira nessa ocasião, por alguns de seus monstros sagrados. Para começar, Mílton Nascimento, o carioca que se criou em Minas, aqui vem com três faixas: “Coração de estudante” (parceria com Wagner Tiso), “A noite do meu bem”, de Dolores Duran (ambas do disco ao vivo que lançou em 1983), e “Nos bailes da vida” (parceria com Fernando Brant), com a participação do grupo Roupa Nova, lançada originalmente em 1981 no álbum “Caçador de mim”. Edu Lobo, outro notável expoente da MPB, veio com as faixas “Lero-lero” (parceria com Cacaso), com a participação especialíssima do MPB-4, e “O trenzinho do caipira” (de Heitor Villa-Lobos, com letra de Ferreira Gullar), ambas extraídas do álbum “Camaleão”, de 1978. Caetano Veloso aqui nos traz a belíssima “Você é linda” (do disco “Uns”, de 1983), e mais duas faixas do álbum “Velô”, editado um ano depois: “Podres poderes”, com forte crítica social em sua letra, e “Shy moon”, composta em inglês, que conta com a participação especial de Ritchie, britânico radicado no Brasil, e então conhecido por hits como “Menina veneno” e “A vida tem dessas coisas”. Por fim, o inesquecível mestre Tom Jobim, com duas de suas obras-primas, verdadeiros clássicos de nossa música popular: “Águas de março”, na versão editada em 1973, no disco “Matitaperê”, e a sempre lembrada “Garota de Ipanema”, aqui em versão instrumental (sem a letra de Vinícius de Moraes), gravação feita para o álbum “Antônio Carlos Jobim – The composer of ‘Desafinado’ plays”, que fez nos EUA para a Verve, em 1963, e foi lançado no Brasil pela Elenco. Enfim, uma seleção primorosa e bem feita, sob medida para todos aqueles que apreciam o que é bom.
coração de estudante – milton nacimento
lero lero – edu lobo
você é linda – caetano veloso
águas de março – tom jobim
a noite do meu bem – milton nascimento
podres poderes – caetno veloso
trem caipira – edu lobo
nos bares da vida – milton nascimento
garota de ipanema – tom jobim
shy moon – caetano veloso
* Texto de Samuel Machado Filho
Nelson Ferraz – Lamento Negro (1956)
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Cauby Peixoto (parte 1) – Seleção 78 RPM Do Toque Musical Vol. 147 (2016)
No dia 15 de maio último, um domingo, por volta das 23h50, em São Paulo, o Brasil perdia um de seus mais expressivos cantores, e o último remanescente da fase áurea do rádio: Cauby Peixoto. Há tempos ele vinha enfrentando problemas de saúde (em 2000, por exemplo, Cauby implantou seis pontes de safena no coração), mas ainda assim continuou a se apresentar artisticamente, inclusive em um show ao lado de Ângela Maria, grande amiga e colega de profissão, comemorando os 60 anos de carreira de cada um, cuja temporada terminaria no sábado, 21 de maio. E o Grand Record Brazil, “braço de cera” do TM, evidentemente, não poderia deixar de homenagear este notável astro da MPB, apresentando, em duas partes, um retrospecto musical de sua carreira. Com o nome completo de Cauby Peixoto Barros, nosso focalizado veio ao mundo no bairro de Santa Rosa, em Niterói, litoral do estado do Rio de Janeiro, em 10 de fevereiro de 1931, oriundo de uma família musical: era sobrinho do pianista Romualdo Peixoto, o Nonô, seu pai, Eliziário, era violonista, a mãe, Alice, adorava cantar, e seus cinco irmãos (Cauby era o caçula) também tinham dotes musicais: Moacyr era pianista, Araken, pistonista, e as irmãs Aracy, Andyara e Iracema também cantavam. Mas seu parente mais famoso era Cyro Monteiro, “o cantor das mil e uma fãs”. Foi ouvindo discos de Orlando Silva e Sílvio Caldas (e também, logicamente, pelo rádio, então já veículo de massa) que nosso Cauby teve seus primeiros contatos com a música. Aos 14 anos de idade, para ajudar nas finanças da casa, ele começou a trabalhar no comércio, além de estudar à noite. Em 1949, antes de demitir-se de uma perfumaria em que trabalhava, fez suas primeiras apresentações no rádio, através do programa “Hora do comerciário”, da PRG-3, Rádio Tupi, transmitido nos finais de tarde dos sábados. Depois, passou a se apresentar no Teatro Rival, na Cinelândia, além de pedir para dar “canjas” em boates como a Vogue. Em 1951, grava seu primeiro disco, no selo Carnaval, da Star, com duas músicas para a folia daquele ano: o samba “Saia branca” e a marchinha “Ai, que carestia”. No ano seguinte, transferiu-se para São Paulo, cantando nas boates Arpége e Oasis,e na Rádio Excelsior. Suas performances impressionaram o futuro empresário Di Veras, q ue aos poucos lhe criou uma estratégia de marketing completa: repertório, roupas, atitudes nos palcos etc. Após dois discos na Todamérica, em 1953, Cauby é contratado pela Columbia, hoje Sony Music, e, um ano mais tarde, obtém seu primeiro grande hit: “Blue gardenia”, versão de Antônio Carlos para a música-tema do filme de mesmo nome, que daria título, mais tarde, a seu primeiro LP. Ainda em 54, ingressa na lendária Rádio Nacional do Rio, e consolida sua popularidade, lançando êxitos sobre êxitos em disco, o maior deles, por certo, “Conceição”, seu prefixo pessoal para sempre, além de aparecer cantando em alguns filmes. Foi o primeiro a gravar um rock cem por cento brasileiro, letra e música, em 1957, “Rock and roll em Copacabana”, de Miguel Gustavo. Cauby passou várias temporadas nos EUA, e em uma delas, com o pseudônimo de Ron Coby, gravou em inglês, e em ritmo de calipso, o clássico “Maracangalha”, de Dorival Caymmi, com o título de “I go”. No decorrer dos anos 1960, foi proprietário da boate Drink, do Rio de Janeiro, em sociedade com os irmãos. Encantando gerações com sua voz e interpretação, ao longo da carreira, Cauby recebeu inúmeros prêmios, e sempre foi reconhecido como notável intérprete, que cantava de tudo e em qualquer idioma, sem qualquer embaraço. Em 2015, foi lançado o documentário “Cauby – Começaria tudo outra vez”, de Nélson Hoineff, contando toda a sua trajetória. Nos últimos anos de vida, apresentava-se às segundas-feiras no Bar Brahma, em São Paulo, onde permaneceu por mais de uma década.
Nesta primeira parte da homenagem que o GRB faz a Cauby Peixoto, estão catorze preciosíssimas gravações, várias delas prensadas em 78 rpm e também em LP (nunca esquecendo que foram feitas numa época de transição de formatos). Abrindo esta seleção, o bolero “A pérola e o rubi (The ruby and the pearl)”, de Jay Livingstone e Ray Evans, em versão de Haroldo Barbosa., composto para o filme “Uma aventura na Índia (Thunder at the East)”, produzido em 1952 pela Paramount. Cauby o gravou em Hollywood, EUA, durante sua primeira temporada naquele país, com a orquestra do maestro Paul Weston, e a Columbia o lançou no Brasil por volta de agosto de 1955, sob número CB-11000-B, matriz RHCO-33427. Curiosamente, o lado A é a última faixa desta seleção, o samba-canção “Final de amor”, de Haroldo Barbosa, Cidinho e Di Veras (o polêmico empresário do cantor), matriz RHCO-33427. Ambas as músicas entraram depois no primeiro LP do cantor, o dez polegadas “Blue gardênia” (cuja faixa-título estará em nosso próximo volume). A segunda faixa revela o Cauby compositor, no samba-canção “Lealdade”, parceria com Santos Silva, gravação RCA Victor de 20 de julho de 1960, lançada em setembro do mesmo ano, sob número 80-2243-A, matriz L2CAB-1032. Em seguida temos justamente o lado B do 78: o bolero clássico “Ninguém é de ninguém”, de Umberto Silva, Toso Gomes e Luiz Mergulhão, matriz L2CAB-1033, bastante regravado e até hoje conhecido. As duas faixas apareceram depois no compacto duplo de 45 rpm n.o 583-5062, também chamado “Ninguém é de ninguém”, e a faixa-título ainda entrou no LP “Perdão para dois”. A quarta música é simplesmente o maior sucesso da carreira de Cauby: “Conceição”, samba-canção de Waldemar “Dunga” de Abreu e Jair Amorim, seu eterno prefixo e obrigatório em qualquer show que ele fizesse. Lançado pela Columbia em maio-junho de 1956 no LP de dez polegadas “Você, a música e Cauby”, chegaria ao 78 rpm em setembro do mesmo ano, com o número CB-10285-A, matriz CBO-770. Dircinha Batista também gravou “Conceição” no mesmo ano, mas o sucesso foi mesmo de Cauby, que ainda interpretou a música no filme “Com água na boca”, da Herbert Richers. Originalmente uma balada-fado, “De degrau em degrau”, dos portugueses Jerônimo Bragança e Nóbrega e Souza, é apresentado por Cauby em ritmo de fox, numa gravação Columbia de 1960, editada sob número 3114-A, matriz CBO-2231. O lado carnavalesco de nosso Cauby é mostrado na faixa seguinte, “Mil mulheres”, marchinha da folia de 1955, Assinada por Herivelto Martins, Cyro Monteiro e Salvador Miceli, saiu pela Columbia ainda em dezembro de 54, sob número CB-10109-A, matriz CBO-374. Originalmente gravado em 1938 por Orlando Silva, o fox-canção clássico “Nada além”, de Custódio Mesquita e Evaldo Ruy, é aqui revivido por Cauby em gravação RCA Victor de 22 de agosto de 1956, lançada em novembro seguinte com o número 80-1691-A, matriz BE6VB-1261, aparecendo ainda no LP de dez polegadas “Ouvindo Cauby” e no compacto duplo de 45 rpm n.o 583-0031. “Ser triste sozinho (Learning the blues)”, fox de Dolores Vicki Silvers em versão de Lourival Faissal, saiu originalmente no LP de dez polegadas “Você, a música e Cauby”, em 1956, só chegando ao 78 rpm em julho de 57, sob número CB-10353-B, matriz CO-55562. “Prece de amor”, samba-canção de Renê Bittencourt, foi um dos maiores hits de Cauby, lançado originalmente em fins de 1956 pela Columbia no LP de dez polegadas “O show vai começar” e reeditado depois em 78 rpm com o número CB-10337-A, matriz CBO-772. Ainda teve outra gravação, por Dalva de Oliveira. “Enrolando o rock”, de Heitor Carillo e Betinho, foi lançado por este último em 1957, e Cauby aqui o interpreta em gravação que a Columbia editou por volta de março de 58, sob número CB-11008-B, matriz CBO-1299. A balada “A noiva (La novia)”, de origem chilena, é de autoria de Joaquín Prieto, e foi gravada na Argentina por seu irmão, o ator e cantor Antonio Prieto. Com letra brazuca de Fred Jorge, logo recebeu várias gravações, como esta de Cauby, feita na RCA Victor em 15 de março de 1961 e lançada em abril seguinte com o número 80-2321-B, matriz M2CAB-1242, aparecendo depois no compacto duplo de 45 rpm n.o 583-5068 e no LP “Perdão para dois”. “Muito além” é versão do radialista Júlio Nagib para o fox italiano “Al di la”, de Carlo Donida e Mogol, e é o lado A de “A noiva”, matriz M2CAB-1243, também constando do mesmo compacto duplo dessa faixa. Composto pelo lendário César de Alencar, colega de Cauby na Rádio Nacional, o samba “Se você pensa” foi lançado pela Columbia ainda em dezembro de 54, no lado B de “Mil mulheres”, matriz CBO-375. Enfim, uma homenagem à altura para aquele foi, com justiça, “o professor da MPB”. Aguardem o próximo volume, com mais Cauby pra vocês!
* Texto de Samuel Machado Filho
Demônios Da Garôa – Saudosa Maloca (1957)
Olá, amigos cultos e ocultos! Rapidinho… Hoje eu tenho para vocês os Demônios da Garoa, grupo vocal paulista que, acredito, dispensa maiores apresentações. Temos aqui um lp de 1957. Na verdade o primeiro lp gravado por eles, interpretando, como nenhum outro, a música de Adoniran Barbosa. São oito sambas clássicos e gravações que até já vimos (e ouvimos) por aqui. Mas nada como apresentar o trabalho original, não é mesmo? 😉
Chiquinho E Seu Acordeão (1956)
Olá amiguíssimos cultos e o ocultos! Olha só como andam as nossas postagens nesta semana. Ainda vamos de dez polegadas, aproveitando a onda… E nessa levada eu trago agora uma beleza de disquinho, coisa fina e rara. Temos aqui o primeiro lp do gaúcho Romeo Seibel, ou mais conhecido como Chiquinho do Acordeon. Este disco foi lançado nos anos 50 e ao contrário de outros lps de 10 polegadas da época, não se trata de copilação de gravações em 78 rpm. Chiquinho do Acordeon vem acompanhado por um conjunto (regional). Trata-se de um disco de carreira. O que dá ao lp uma maior autenticidade. Curiosamente, não consta em discografias de muitos sites especializados. Daí, vale mesmo a pena ouvir este disco 🙂
Britinho – Convite Ao Samba (1956)
Boa tarde, amigos cultos e ocultos! A partir desta semana eu não mais estarei deixando links, como de costume, nas postagens do blog. Voltamos a velha prática de ir buscar o link no Grupo do Toque Musical, o GTM. Estou fazendo isso para garantir a permanência do Toque Musical, visto que a caça as bruxas foi retomada, em nome dos ‘Spotfy da vida’. Felizmente, eles. por enquanto só estão interessados naquilo que dá dinheiro. Como os discos que posto são obras antigas, sem interesse comercial, eles me deixam sossegados. Mas é sempre bom estar atento.
Seguindo em nossas postagens, temos aqui o maestro João Leal Brito, ou como era mais conhecido, Britinho. que no comando de sua orquestra desfila um pot pourri de sambas, sucessos, hoje clássicos em faixa única de cada lado. Seguindo o esquema do tal disco dançante, sem pausas entre as músicas. Realmente, um disco que merece se ouvido e dançado, por que não? Confiram…
Paulo Burgos – Seleções De Portugal (1957)
Olá amigos cultos e ocultos! Dando sequencia a série dos 10 polegadas, eu trago hoje um disco dedicado aqueles que são fãs da música portuguesa. Temos aqui uma seleção com algumas das mais conhecidas música portuguesas interpretadas pelo pianista pernambucano Paulo Burgos em disco lançado pelo selo Mocambo, da fábrica de discos Rozenblit, em 1957. O lp é de faixa contínua, ou seja, não há separação entre as música. Feito assim especialmente para dançar, sem pausa, pelo menos a cada lado. Não vou estender na apresentação, pois o verso da capa já nos traz toda a informação complementar. Confiram já…
Escola De Samba Acadêmicos Do Salgueiro – Samba (1957)
Boa noite, prezados amigos cultos e ocultos! Conforme disse, nesta sequência de postagens estarei trazendo alguns lps de 10 polegadas para alegrar aos frequentadores mais antigos, acostumados aqui com essas raridades.
Hoje temos um lp do selo Todamérica, um disquinho muito interessante que apresenta a Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, na época, era uma das mais novas agremiações do carnaval carioca. Aqui, a Escola desfila oito sambas numa interpretação rítmica e vocal clássica, como deveria ser sempre nos sambas enredos e de escolas. Confiram essa joinha… 😉
Ismael Silva – O Samba Na Voz Do Sambista (1955)
Boa noite, amigos cultos e ocultos! Foi na busca pelo “Blue Gardenia”, do Cauby, que eu acabei encontrando mais alguns saborosos disquinhos de 10 polegadas para postar aqui nesta semana. Discos, na verdade, é o que não falta para postar. Além desses temos ainda um lote ilimitado de coisas das mais diversas para apresentar. Só falta mesmo achar um tempo, um tempinho que seja como esse, suficiente para valer o dia.
E para valer esse nosso sábado, eu hoje trago essa belezinha de 10 polegadas, lançada no ano de 1955, pelo selo Sinter. Estamos falando aqui de Ismael Silva, um dos grandes nomes da música popular brasileira, compositor, patrimônio do samba. Neste pequeno lp vamos encontrar um dos raros momentos gravados do sambista, interpretando algumas de suas mais famosas composições. Um disco clássico e histórico, cujas as músicas já foram apresentadas aqui no Toque Musical através de outros discos e coletâneas, inclusive a exclusiva série, Grand Record Brazil, onde temos boa parte de suas composições. Publicar músicas de um artista como esse é sempre bom, mesmo quando nos repetimos. Ainda mais se for esse um disco original de época. Vale pelas músicas, vale pelos encartes, aqui sempre na integralidade, com direito a capa, contracapa e selos 😉 Confiram já essa belezinha…
Cauby Peixoto – Blue Gardenia (1955)
Muito bom dia, amigos cultos e ocultos! Peço a todos que me desculpe a falta de assiduidade, pelas espaçadas postagens que um dia já chegaram a ser diárias. Infelizmente, os tempos são outros, ainda mais curto, mas mesmo assim, procuro manter o carro funcionando, mesmo em marcha lenta 🙂
Há menos de uma semana perdemos um de nossos maiores cantores, o grande Cauby Peixoto. E eu aqui não poderia deixar de prestar uma homenagem a ele e a todos os seus fãs. Como no dia de seu falecimento eu não tive condições de fazer uma postagem, optei por renovar alguns links de outros discos já apresentados aqui, no Toque Musical. Nessa hora, só mesmo quem frequenta o grupo, o GTM, vai saber desses novos links. Por isso é importante está ligado tanto aqui no TM quanto no GTM, ok? 😉
Muito bem, hoje, finalmente, estou conseguindo prestar essa homenagem e apresento a vocês, “Blue Gardenia”, o primeiro lp gravado por Cauby Peixoto, em 1955. Trata-se de um lp de 10 polegadas reunindo oito músicas, incluindo a que dá nome ao disco. São gravações feitas pelo artista na Columbia, em discos de 78 rpm. A propósito disso, hoje ainda estou encaminhando para no nosso amigo Samuel Machado Filho uma farta seleção de músicas gravadas por Cauby em 78 rpm, para compormos mais uma edição da série Grand Record Brazil. Fiquem ligados aqui no Toque Musical. Os próximos dias prometem!